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Contra a absolvição de JULIO CÉSAR de parte das imputações de prática do delito de lavagem de capitais (itens 4.3.2 e 4.3.5 da denúncia), por falta de

No documento Ministério Público Federal (páginas 41-43)

prova suficiente para a condenação (art. 386, VII, do CPP)

JULIO CÉSAR foi denunciado pela prática dos delitos de organização criminosa e por três séries independentes de atos de lavagem de capitais, quais sejam:

i) a dissimulação da origem, movimentação e disposição de R$ 387.000,00 depositados pela JAMP Engenheiros Associados na conta-corrente do Escritório LEITE & ROSSETTI, em 27/12/2011, com a finalidade de efetuar o pagamento parcial do preço do imóvel em que está localizada a sede da JD ASSESSORIA, na Av. República do Líbano, nº 1827, Ibirapuera, São Paulo/SP, em conjunto com JOSÉ DIRCEU, LUIZ EDUARDO, MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH;

ii) a ocultação e dissimulação da origem, movimentação, disposição e propriedade e propriedade de R$ 750.000,00, no período entre 25/05/2012 e 30/07/2012, mediante a realização de 5 (cinco) transferências bancárias através da conta da JAMP Engenheiros Associados à CAMILA RAMOS, filha de JOSÉ DIRCEU, sob o pretexto de adquirir o imóvel localizado na Rua Assungui, nº 971, Saúde, São Paulo/SP, matrícula 22.249 do 14º Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo/SP, em conjunto com JOSÉ DIRCEU, LUIZ EDUARDO, MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH;

iii) a ocultação e dissimulação da origem, movimentação, disposição e propriedade de R$ 1.814.546,00, mediante a realização de 22 (vinte e duas) transferências eletrônicas, no valor de R$ 1.508.391,91, e outros repasses de valores em espécie à arquiteta DANIELA FACCHINI, no período entre 02/05/2012 e 23/12/2014, em contraprestação aos serviços de reforma por ela prestados no imóvel designado como Chácara nº 1, da Gleba N, no lugar denominado “Parque do Vale da Santa Fé”, Vinhedo/SP, em conjunto com JOSÉ DIRCEU, MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH.

748. Júlio Cesar dos Santos era sócio da JD Assessoria e Consultoria, empresa utilizada para recebimento das propinas dissimuladas em contratos de consultoria. Ingressou no quadro social da empresa desde a sua constituição (evento 3, comp12).

749. Também é o titular e proprietário da empresa TGS Consultoria e Assessoria em Administração Ltda.

750. As provas são no sentido de que ele não estaria envolvido diretamente nos crimes de corrupção, mas que José Dirceu de Oliveira e Silva utiliza os seus serviços para ocultação do patrimônio.

751. Como visto (itens 486-492), o imóvel em Vinhedo, que recebeu valores substanciais para reforma de Milton Pascowitch, encontra-se em nome da TGS Consultoria e Assessoria, por aquisição registrada em 24/04/2014 (matrícula 16.728, evento 3, comp138), muito embora o proprietário de fato, confesso quanto ao ponto, seja José Dirceu de Oliveira e Silva, desde pelo menos 2010.

752. Como se não bastasse, também encontra-se em nome da TGS Consultoria imóvel na cidade de Passa Quatro/MG, na qual reside a mãe de José Dirceu de Oliveira e Silva e que pertence de fato a José Dirceu de Oliveira e Silva, como por ele mesmo admitido, desde pelo menos 2004 (item 493). Como ver-se-á adiante, consta, porém, que o imóvel teria sido adquirido pela TGS em 1988.

753. Há provas de que Júlio Cesar dos Santos tem relacionamento próximo com José Dirceu de Oliveira e Silva, prestando-lhe serviços para aquisições e vendas imobiliárias, além de intermediação de contatos de outra natureza.

754. No processo 5031929-41.2015.4.04.7000, foi decretado, a pedido da autoridade policial e do MPF, a quebra do sigilo telemático de comunicações armazenadas em endereços eletrônicos dos acusados, entre eles de Júlio Cesar dos Santos (decisão de 07/07/2015, evento 8, daquele processo).

755. A Polícia Federal elaborou o Relatório nº 460 acerca de mensagens encontradas no endereço jcesar.tgs@hotmail.com (evento 3, comp13, junto à denúncia). Destaquem-se alguns:

a) mensagem de 17/06/2008, de Júlio Cesar para José Dirceu de Oliveira e Silva relativamente à negócio não esclarecido envolvendo a empresa "Brascan" (fl. 4 do relatório);

b) mensagem de 18/06/2008, de José Dirceu de Oliveira e Silva a terceiro informando que Júlio do Cesar Santos é o responsável por tratativas de imóveis de seu interesse (fl. 10 do relatório);

c) mensagem de 11/10/2012, de Luiz Eduardo de Oliveira e Silva a Júlio do Cesar Santos solicitando informações sobre a "situação dos imóveis Vinhedo" (fl. 28 do relatório);

d) mensagem de 28/07/2008, de Júlio Cesar para José Dirceu de Oliveira e Silva intermediando contato de deputado federal para discussão de "campanha, ajudas e apoio" (fl. 36 do relatório);

e) mensagens de 21/05/2008 a 24/05/2008, entre Júlio Cesar dos Santos e José Dirceu de Oliveira e Silva, acerca de contrato para transferência do imóvel de matrícula M. 2.548 do Registro de Imóveis de Passa Quatro e no qual consta que teria sido adquirido pela TGS em 1988, tratando-se aqui de venda simulada pois o imóvel, como visto no item 493, já era, desde pelo menos 2004, de José Dirceu de Oliveira e Silva. (fls. 75-82 do relatório);

f) mensagem de 14/07/2011 de Júlio Cesar dos Santos para Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, acerca de contrato para transferência do imóvel de matrícula 14.831 de Vinhedo da TGS para a JD Assessoria, com preço de R$ 110.000,00, tratando-se aqui de venda simulada pois o imóvel, como visto no item 492, já era de José Dirceu de Oliveira e Silva. (fls. 83-87 do relatório);

g) mensagem de 15/09/2009 de Júlio Cesar dos Santos para terceiro, acerca de contrato para transferência do imóvel de matrícula 14.831 de Vinhedo de Floriano da Silva para a TGS, com o preço de R$ 500.000,00, indicando que no contrato de venda simulada da TGS para a JD Assessoria teria havido subfaturamento (fls. 101- 108 do relatório);

h) mensagem de 20/12/2006 de José Dirceu de Oliveira e Silva para Júlio Cesar dos Santos acerca da aquisição de imóvel em nome da filha do primeiro (fls. 265-266 do relatório).

756. Como adiantado, Júlio Cesar dos Santos, em Juízo, preferiu ficar em silêncio (evento 692). Antes, porém, no inquérito, havia admitido que a TGS figurava como proprietária formal dos imóveis em Vinhedo e de Passa Quatro, embora de propriedade de José Dirceu de Oliveira e Silva (item 489).

757. Não há justificativa para aquisição e permanência por tão longo tempo de imóveis por José Dirceu de Oliveira e Silva em nome de pessoa interposta junto ao registro imobiliário.

758. A única justificativa apresentada foi no sentido de que a utilização da TGS teria por finalidade evitar "inflacionar" o preço do imóvel, já que o adquirente seria José Dirceu de Oliveira e Silva. Entretanto, os imóveis não só foram adquiridos pela TGS mas permaneceram anos registrados em nome da TGS, o que retira credibilidade da justificativa apresentada.

759. Os fatos podem caracterizar crimes de lavagem de dinheiro, observando que o imóvel em Vinhedo foi adquirido pela TGS por R$ 500.000,00 e que foi lavrado instrumento particular de compra e venda do mesmo imóvel da TGS para a JD Assessoria pelo preço de R$ 110.000,00 em absoluta discrepância, mais um possível expediente de lavagem de dinheiro.

760. Não obstante, a aquisição e manutenção desses dois imóveis em nome da TGS não constitui objeto da acusação.

761. Relativamente aos crimes de lavagem que constituem objeto da

presente ação penal, Júlio Cesar dos Santo deve ser reputado partícipe da ocultação e dissimulação que envolveram os repasses de valores de Milton Pascowitch para reforma do imóvel em Vinhedo, já que manutenção da propriedade beneficiada em nome da TGS fazia parte da ocultação do real beneficiário da reforma.

762. Já quanto à lavagem envolvendo a aquisição simulada do imóvel de

matrícula 22.249 da filha de José Dirceu para a Jamp Engenheiros, embora o

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