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da presente apelação, incluindo, portanto, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES.

No documento Ministério Público Federal (páginas 91-102)

GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK, JOSÉ ANTUNES, MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH incorreram, assim, na prática do delito de corrupção ativa,

3.1 da presente apelação, incluindo, portanto, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES.

alto escalão da Petrobras e a atores do núcleo político, empreiteiros e Diretores contaram com o auxílio de operadores financeiros. Esses disponibilizaram um “serviço” ou “facilidade” para criar, em favor da empreiteira, uma justificativa econômica para a saída do dinheiro dos cofres da empresa como se fosse um pagamento regular. O pagamento da propina (produto e proveito de crimes anteriores) encontrou nesse contexto uma maneira de se disfarçar de operação lícita.

No caso dos autos, consoante narrado no item “4” da exordial acusatória, o repasse da propina observou diversos modi operandi e variados agentes, além de contextos de local e data bastante distintos:

i) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-8983/00- M0-PJ-1011/07, datado de 13/04/2007, no valor de R$ 28.866.786,00, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras de Cacimbas – Fase III, em razão do qual foram emitidas quarenta e seis notas fiscais e realizadas quarenta e seis transferências bancárias no valor total de R$ 27.091.478,77, no interregno entre 25/06/2007 e 16/11/2010, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

ii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P- 8983/00-M0-PJ-1031-07, datado de 01/09/2007, no valor R$ 1.549.047,06, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras de Cacimbas – Fase III, em razão do qual foram emitidas doze notas fiscais e realizadas doze transferências bancárias no valor total de R$ 909.324,36, no interregno entre 16/11/2007 e 16/01/2012, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens

indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

iii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-8983/00- I0-PJ-1008-10, datado de 01/10/2010, no valor R$ 1.411.377,63, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras de Cacimbas – Fase III, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

iv) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-8983/00- I0-PJ-6009-11, datado de 23/08/2011, no valor R$ 414.102,85, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras de Cacimbas – Fase III, em razão do qual foi emitida uma nota fiscal e realizada, em 03/10/2011, uma transferência bancária no valor total de R$ 388.635,53, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

v) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-1015/00- MO-PJ-1000/08, datado de 19/03/2008, no valor R$ 2.369.333,00, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras da URE da Refinaria Presidente Bernardes - RPBC, em razão do qual foram emitidas dezoito notas fiscais e realizadas dezoito transferências bancárias no valor total de R$ 1.495.771,91, no interregno entre 30/05/2008 e 15/03/2010, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

vi) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores

financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-1169/00- IO-PJ-0094/10, datado de 09/10/2010, no valor R$ 4.815.083,18, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras da URC da Refinaria Presidente Bernardes - RPBC, em razão do qual foram emitidas nove notas fiscais e realizadas nove transferências bancárias no valor total de R$ 2.453.491,56, no interregno entre 10/11/2010 e 02/02/2012, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

vii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-8984/00- M0-PJ-1005/08, datado de 19/03/2008, no valor R$ 3.484.206,00, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras da Unidade de Propeno na Refinaria Presidente Getúlio Vargas – REPAR, em razão do qual foram emitidas dezessete notas fiscais e realizadas dezoito transferências bancárias no valor total de R$ 3.363.777,33, no interregno entre 10/09/2008 e 20/01/2009, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

viii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-8984/00- M0-PJ-1000/10, datado de 01/03/2010, no valor R$ 929.304,00, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras da Unidade de Propeno na Refinaria Presidente Getúlio Vargas – REPAR, em razão do qual foram emitidas duas notas fiscais e realizadas duas transferências bancárias no valor total de R$ 187.700,00, no interregno entre 25/05/2010 e 25/06/2010, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-1079/00- M0-PJ-1001/09, datado de 01/11/2008, no valor R$ 6.377.504,80, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras do offsite da Carteira de Dísel da Refinaria Landulpho Alves - RLAM, em razão do qual foram emitidas vinte e seis notas fiscais e realizadas vinte e seis transferências bancárias no valor total de R$ 5.834.199,43, no interregno entre 27/07/2009 e 21/09/2011, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

x) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-1079/00- I0-PJ-0008/11, datado de 25/08/2011, no valor R$ 381.879,33, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras do offsite da Carteira de Dísel da Refinaria Landulpho Alves – RLAM, em razão do qual foi emitida uma nota fiscal e realizada uma transferência bancária no valor total de R$ 747.029,28, em 21/10/2011, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

xi) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-1079/00- I0-PJ-1001/11, datado de 17/05/2011, no valor R$ 2.487.102,75, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras do offsite da Carteira de Dísel da Refinaria Landulpho Alves – RLAM, em razão do qual foram emitidas quatro notas fiscais e realizadas quatro transferências bancárias no valor total de R$ 787.271,65, no interregno entre 21/10/2011 e 20/03/2012, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

xii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-1079/00- I0-PJ-0013/12, datado de 23/03/2012, no valor R$ 1.396.734,04, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras do offsite da Carteira de Dísel da Refinaria Landulpho Alves – RLAM, em razão do qual foram emitidas seis notas fiscais e realizadas oito transferências bancárias no valor total de R$ 2.656.489,10, no interregno entre 20/04/2012 e 21/12/2012, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

xiii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JD ASSESSORIA, empresa de JOSÉ DIRCEU e LUIZ EDUARDO, o contrato nº 4000/01-MO-PJ-1010/09, datado de 01/03/2009, no valor R$ 120.000,00, em razão do qual foram emitidas seis notas fiscais e realizadas seis transferências bancárias no valor total de R$ 112.620,00, no interregno entre 09/04/2009 e 17/08/2009, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas à Diretoria de Serviços da Petrobras repassadas ao núcleo político, especialmente JOSÉ DIRCEU e pessoas a ele relacionadas, como LUIZ EDUARDO;

xiv) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JD ASSESSORIA, empresa de JOSÉ DIRCEU e LUIZ EDUARDO, o contrato nº 4000/01-MO-PJ-1038/09, datado de 01/09/2009, no valor R$ 300.000,00, em razão do qual foram emitidas oito notas fiscais e realizadas oito transferências bancárias no valor total de R$ 300.320,00, no interregno entre 05/10/2009 e 05/04/2010, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas à Diretoria de Serviços da Petrobras repassadas ao núcleo político, especialmente JOSÉ DIRCEU e pessoas a ele relacionadas, como LUIZ EDUARDO;

xv) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JD ASSESSORIA, empresa de JOSÉ DIRCEU e LUIZ EDUARDO, o contrato nº 4000/01-MO-PJ-1037/10, datado de 02/05/2010, no valor R$ 300.000,00, em razão do qual foram emitidas seis notas fiscais e realizadas seis transferências bancárias no valor total de R$ 281.550,00, no interregno entre 05/05/2010 e 05/10/2010, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas à Diretoria de Serviços da Petrobras repassadas ao núcleo político, especialmente JOSÉ DIRCEU e pessoas a ele relacionadas, como LUIZ EDUARDO;

xvi) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JD ASSESSORIA, empresa de JOSÉ DIRCEU e LUIZ EDUARDO, o contrato nº 4000/01-MO-PJ-1000/11, datado de 02/11/2010, no valor R$ 300.000,00, em razão do qual foram emitidas cinco notas fiscais e realizadas cinco transferências bancárias no valor total de R$ 234.625,00, no interregno entre 05/11/2010 e 09/03/2011, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas à Diretoria de Serviços da Petrobras repassadas ao núcleo político, especialmente JOSÉ DIRCEU e pessoas a ele relacionadas, como LUIZ EDUARDO;

xvii) A JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, representada por MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, celebrou com a JD ASSESSORIA, empresa de JOSÉ DIRCEU e LUIZ EDUARDO, contrato simulado no valor de R$ 1.500.000,00, datado de 15/04/2011, em razão do qual foram emitidas notas fiscais fraudulentas e realizadas treze transferências bancárias em favor da JD ASSESSORIA, no valor total de R$ 1.006.235,00, no período entre 20/04/2011 e 03/12/2011, bem como a transferência do valor de R$ 387.000,00, em 27/12/2011, para a conta bancária do Escritório LEITE & ROSSETTI com a finalidade de efetuar o pagamento parcial do preço do imóvel em que está localizada a sede da JD ASSESSORIA, na Av. República do Líbano, nº 1827, Ibirapuera, São Paulo/SP, ato para o qual contaram com o auxílio de JULIO CÉSAR. Foi, desta forma,

repassada, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, através de 14 transferências bancárias, parcela das vantagens indevidas prometidas à Diretoria de Serviços da Petrobras ao núcleo político, especialmente JOSÉ DIRCEU e pessoas a ele ligadas, como LUIZ EDUARDO;

xviii) JOSÉ DIRCEU e LUIZ EDUARDO, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimularam e ocultaram a origem, movimentação, disposição e propriedade de R$ 388.366,00, mediante a realização de 17 (dezessete) pagamentos, entre 14/08/2009 e 06/05/2010, à HALEMBECK ENGENHARIA LTDA, em contraprestação aos serviços de reforma prestados no imóvel localizado na Rua Estado de Israel, nº 379, ap. 131, Saúde, São Paulo/SP;

xix) JOSÉ DIRCEU e JÚLIO CÉSAR, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimularam e ocultaram a origem, movimentação, disposição e propriedade de R$ 1.814.546,00 (item 495), mediante a realização de 14 (catorze) transferências eletrônicas, no valor de R$ 1.491.608,10, e outros repasses de valores em espécie à arquiteta DANIELA FACCHINI, no período entre 02/05/2012 e 13/11/2013, em contraprestação aos serviços de reforma por ela prestados no imóvel designado como Chácara nº 1, da Gleba N, no lugar denominado “Parque do Vale da Santa Fé”, Vinhedo/SP;

xx) JOSÉ DIRCEU, LUIZ EDUARDO e JULIO CÉSAR, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimularam e ocultaram a origem, movimentação, disposição e propriedade de R$ 750.000,00, no período entre 25/05/2012 e 30/07/2012, mediante a realização de 5 (cinco) transferências bancárias à CAMILA RAMOS, filha de JOSÉ DIRCEU, sob o pretexto de adquirir o imóvel localizado na Rua Assungui, nº 971, Saúde, São Paulo/SP, matrícula 22.249 do 14º Ofício de Registro de Imóveis de São Paulo/SP;

xxi) FERNANDO MOURA, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimulou e ocultou a origem, movimentação, disposição e propriedade de ao menos R$ 950.000,00, no período entre

24/04/2009 e 20/08/2010, mediante 12 (doze) transferências bancárias realizadas a partir da conta da JAMP para a conta de LEONARDO ERBELLA HOURNEAUX DE MOURA, sob a simulada forma de doações;

xxii) FERNANDO MOURA, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimulou e ocultou a origem, movimentação, disposição e propriedade de ao menos R$ 1.888.560,00, no período de 09/06/2008 e 02/08/2011, mediante 23 (vinte e três) transferências bancárias realizadas a partir das contas da JAMP e de MILTON PASCOWITCH para a conta de LÍVIA HOURNEAUX DE MOURA, boa parte das quais como se fossem doações regulares;

xxiii) FERNANDO MOURA, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimulou e ocultou a origem, movimentação, disposição e propriedade de ao menos R$ 940.400,00, no período de 01/06/2009 e 04/05/2010, mediante 09 (nove) transferências bancárias realizadas a partir das contas da JAMP e de MILTON PASCOWITCH para a conta de ANITA ERBELLA HOURNEAUX DE MOURA, boa parte das quais como se fossem doações regulares;

xxiv) FERNANDO MOURA, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimularam e ocultaram a origem, movimentação, disposição e propriedade de ao menos R$ 290.000,00, no período entre 01/03/2010 e 16/09/2010, mediante 08 (oito) transferências realizadas da conta da JAMP para a conta de THIAGO COTROFE HOURNEAUX DE MOURA;

xxv) FERNANDO MOURA, em conjunto com os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, dissimulou e ocultou a origem, movimentação, disposição e propriedade de ao menos R$ 645.000,00, no período entre 15/01/2010 e 30/03/2011, mediante 18 (dezoito) transferências realizadas a partir da conta da JAMP para a conta de OLAVO HOURNEAUX DE MOURA FILHO.

Caso seja provido o presente recurso no que tange ao item “3.5”, observa-se, ainda a realização dos seguintes atos de lavagem de capitais:

xxvi) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, contrato nº P-8887/01-MO-PJ-1014/05, datado de 01/12/2005, no valor de R$ 5.450.016,00, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras de Cacimbas – Fase II, em razão do qual foram emitidas vinte e quatro notas fiscais e realizadas vinte e quatro transferências bancárias no valor total de R$ 5.114.840,05, no interregno entre 09/01/2006 e 05/12/2007, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

xxvii) A ENGEVIX, representada por GERSON ALMADA, CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES, celebrou com a JAMP ENGENHEIROS ASSOCIADOS, empresa dos operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH, o contrato nº P-8887/01MO-PJ-1018/09, datado de 01/08/2007, no valor de R$ 1.412.698,22, vinculado ao contrato da ENGEVIX para as obras de Cacimbas – Fase II, em razão do qual foram emitidas dezoito notas fiscais, e realizadas dezoito transferências bancárias no valor total de R$ 1.325.817,28, no interregno entre 06/12/2007 e 27/04/2009, a fim de que, mediante a dissimulação da origem, movimentação e disposição dos valores, fossem as vantagens indevidas prometidas repassadas a RENATO DUQUE e PEDRO BARUSCO;

Os vários conjuntos de fatos acima descritos, para o Juízo a quo, pertenceriam a um mesmo processo contínuo de lavagem e consistiriam na colocação, circularização e integração dos valores. Ou seja, de acordo com o entendimento firmado na r. sentença recorrida, tais condutas seriam fases de operações de lavagem que, embora compostas por atos distintos de ocultação e dissimulação, não caracterizariam crimes separados.

Todavia, nesse ponto, encontra-se equivocado o entendimento firmado na r. sentença, uma vez que as sucessivas manobras realizadas constituem fatos diversos,

caracterizando cada um dos grupos de operações uma conduta autônoma de lavagem de dinheiro.

Para a caracterização do crime continuado não basta a simples reiteração dos fatos delitivos sob pena de tornar letra morta a regra do concurso material. É necessário que haja homogeneidade de circunstâncias de cada delito, de modo que os subsequentes possam ser considerados desdobramentos dos antecedentes. Não se observou, assim, conforme evidenciado nos itens acima, semelhança de modus operandi, agentes, empresas, tempo e lugar, afastando-se a continuidade delitiva.

Ademais, a ideia de continuidade delitiva, que recebe reprimenda menor que a verificada no cúmulo material, não se mostra compatível com o caso concreto, em que, na verdade, os agentes se valeram de diferentes expedientes exatamente para dificultar a fiscalização Estatal, merecendo, assim, maior repreensão.

Sustenta-se que a unicidade de crimes deve ser reconhecida apenas entre os crimes praticados no âmbito de cada grupo (intragrupo) de movimentações que integram cada um dos fatos, no contexto, por exemplo, de um contrato, e não entre crimes relacionados a fatos distintos. Isto é, entre crimes de grupos distintos (relação intergrupo), como os crimes delineados nos itens “i” a “xxvii” supra, até mesmo entre os diversos modos adotados em cada um dos itens, não é o caso de continuidade.

A proximidade comportamental entre condutas pode ser reconhecida no contexto de um mesmo contrato, entre as transações dentro de cada agrupamento de fatos (transferências intragrupo), na medida em que guardam nexo de continuidade entre si.

Na relação intergrupo, contudo, não há que se cogitar de crime continuado. Isso porque, como o modo de execução e os agentes envolvidos, além de condições de tempo e local, foram distintos em cada “fase”, rompeu-se o nexo de continuidade entre as operações de lavagem executadas entre os diferentes grupos de empresa, a afastar, então, a incidência da regra do art. 71, CP.

O reconhecimento de um só crime continuado, ao invés do concurso material de crimes continuados, ignora a múltipla lesão a bens jurídicos, gerando uma pena similar para aquele que pratica um ato de lavagem e aquele que pratica diferentes lavagens dos mesmos recursos, em momentos distintos, por modos distintos, usando empresas distintas e com a atuação direta de agentes diferentes.

Assim, merece guarida a tese de que a continuidade delitiva se impõe apenas no que toca aos distintos crimes de lavagem praticados no âmbito de cada grupo de operações, devendo incidir a regra do concurso material entre os distintos delitos de lavagem refletidos no emprego de diversos grupos de operações.

No documento Ministério Público Federal (páginas 91-102)