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Contra a absolvição de RENATO DUQUE das imputações do crime de lavagem de ativos

No documento Ministério Público Federal (páginas 31-41)

12.683/2012)), por 18 séries independentes de branqueamento de capitais, consubstanciadas nos pagamentos decorrentes da celebração de 14 contratos de prestação de serviços fraudulentos com a JAMP Engenheiros Associados e de 4 contratos de prestação de serviços fraudulentos com a JD ASSESSORIA, na forma do art. 69 do Código Penal. Requer-se, ademais, seja considerado o quanto alegado no item “3.7” desta manifestação no que tange à dosimetria das penas a serem a eles aplicadas.

3.2. Contra a absolvição de RENATO DUQUE das imputações do crime de lavagem de ativos

Restou comprovada a materialidade dos delitos de lavagem de ativos praticados através da celebração de contratos de prestação de serviços fraudulentos entre a ENGEVIX e a JAMP Engenheiros Associados, a fim de que fossem a origem, movimentação e disposição de valores espúrios prometidos a funcionários da Diretoria de Serviços da Petrobras dissimuladas:

647. Como os valores utilizados para pagamento da propina tinham como parcial procedência contratos obtidos por intermédio de crimes de cartel (art. 4º, I, da Lei nº 8.137/1990) e de frustração, por ajuste, de licitações (art. 90 da Lei nº 8.666/1993), e como, para os repasses, foram utilizados diversos mecanismos de ocultação e dissimulação da natureza e origem criminosa dos bens, os fatos também caracterizam crimes de lavagem de dinheiro tendo por antecedentes os referidos crimes, especialmente o segundo contra a Administração Pública (art. 1.º, V, da Lei n.º 9.613/1998).

648. Com efeito, caracterizadas diversas condutas de ocultação e dissimulação, tudo isso no âmbito das obras contratadas pela Petrobrás.

649. Os crimes de lavagem ocorreram, em um primeiro momento, pelos

repasses mediante superfaturamento dos doze contratos de consultoria e assessoria celebrados, no período de 13/04/2007 a 21/12/2012, entre a Jamp Engenheiros e a Engevix Engenharia. O valor da vantagem indevida devida a Milton Pascowitch, aos agentes da Petrobrás e ao grupo político foi embutido no contrato, a fim de conferir às transações a aparência de licitude.(grifos

nossos)

O d. Magistrado, porém, condenou apenas o executivo da ENGEVIX GERSON ALMADA, bem como os operadores financeiros MILTON PASCOWITCH e JOSÉ ADOLFO PASCOWITCH pela prática de referidos delitos de lavagem de ativos. A autoria de CRISTIANO KOK e JOSÉ ANTUNES foi anteriormente analisada no item “3.1” desta apelação.

RENATO DUQUE, por sua vez, foi absolvido por falta de provas:

692. Renato de Souza Duque, Pedro José Barusco Filho e João Vaccari Neto já foram condenados criminalmente na ação penal 5012331-04.2015404.7000 por crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro por, em síntese, terem recebido propinas em contratos da Petrobrás com o Consórcio Interpar, o Consórcio CMMS, o Consórcio CMMS e a Construtora OAS, e as submetido a esquemas de ocultação e de dissimulação (evento 714, arquivo sent4).

693. Importante não olvidar que Pedro José Barusco Filho, além de ter colaborado com as investigações, promoveu a devolução de cerca de noventa e sete milhões de dólares que mantinha em contas secretas no exterior. Como se verifica nos documentos constantes no evento 715, arquivos extr3 e extr4, a conta judicial que acolheu os depósitos chegou a ter saldo de R$ 205.003.392,78, tendo sido repassados R$ 157.000.000,00 em devolução parcial dos valores das propinas às vítimas.

694. Embora não tenha celebrado acordo de colaboração, importante não olvidar que foram descobertas contas secretas milionárias mantidas por Renato de Souza Duque no Principado de Mônaco. A prova consistente nessas contas foi objeto de exame na sentença prolatada em 21/09/2015 na ação penal 5012331- 04.2015.4.04.7000, especificamente nos itens 492 a 526 dela (evento 714, arquivo sent4). Como ali consignado identificadas duas contas em nome de off-shores controladas por Renato de Souza Duque no Banco Julius Baer, no Principado de Mônaco, com saldo total de 20.568.654,12 euros, montante absolutamente incompatível com os rendimentos declarados de Renato de Souza Duque.

695. Mesmo nesta ação penal, constam os depoimentos incriminatórios contra Pedro José Barusco Filho e de Renato de Souza Duque dos criminosos colaboradores Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Júlio Gerin de Almeida Camargo, Milton Pascowitch, José Adolfo Pascowitch, Ricardo Ribeiro Pessoa, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e Dalton dos Santos Avancini (tópicos II.10 e II.11).

696. Especificamente Júlio Gerin de Almeida Camargo declarou que repassou valores de propinas a José Dirceu de Oliveira e Silva (item 408) a pedido de Renato de Souza Duque, embora em outros contratos que não os da Engevix Engenharia.

697. Especificamente Milton Pascowitch declarou que os repasses de propinas ao grupo político decorriam dos acertos com os dois referidos agentes da Petrobrás.

698. Isso sem olvidar que Pedro José Barusco Filho, acusado colaborador, admitiu os crimes e que Renato de Souza Duque encontrava-se entre os beneficiários, além de que parte dos valores era destinado a agentes ligados ao Partido dos Trabalhadores.

699. Além disso, foram produzidas provas documentais de repasses pontuais efetuados diretamente por Milton Pascowitch para Pedro José Barusco Filho e para Renato de Souza Duque. Ressalve-se que tais condutas não integram o objeto da imputação, sendo apenas referidas incidentemente no curso da denúncia.

700. Então devem responder Pedro José Barusco Filho e Renato de Souza Duque por cinco crimes de corrupção passiva, já que responsáveis pelo direcionamento de parte da propina para o grupo político de José Dirceu de Oliveira e Silva.

701. Não há prova, porém, de que ambos teria participado dos estragemas

de ocultação e dissimulação desses repasses, devendo ser absolvidos da imputação por crime de lavagem.

Neste ponto, porém, merece reforma a decisão.

Conforme restou consignado nos autos, RENATO DUQUE, assim como seu Gerente Executivo de Engenharia, PEDRO BARUSCO, recebia os valores indevidos do esquema em razão de contratos de empreiteiras com a PETROBRAS em espécie ou por meio de transações bancárias, algumas com destino no exterior, para outras contas de titularidade de offshores mantidas pelos denunciados, sendo que eram os operadores financeiros os responsáveis por executar tais pagamentos.

ALBERTO YOUSSEF, em depoimento judicial, confirmou que RENATO DUQUE recebia pagamentos de JÚLIO CAMARGO, representante e operador de empresas que participavam do esquema, operacionalizados por ALBERTO YOUSSEF:

Ministério Público Federal:- Sobre o senhor Julio Camargo, qual que era a sua relação com ele?

Depoente:- Além de fazer os recebimentos das obras da Toyo, que o Julio representava, a Mitsui e na Toyo, eu também operacionalizava alguma coisa de caixa 2 para ele.

Ministério Público Federal:- Para ele em decorrência de obras da Petrobras ou...? Depoente:- Em decorrência de obras da Petrobras e que ele tinha que fazer pagamentos para essas pessoas.

Ministério Público Federal:- O Julio fazia pagamentos, então, em favor de empresas, dessas que o senhor citou?

Depoente:- Sim.

Ministério Público Federal:- Mas, para qual diretoria?

Depoente:- Tanto para a diretoria de abastecimento, quanto para a diretoria de serviço.

Ministério Público Federal:- E ele alguma vez falou ao senhor a quem ele pagava na diretoria de serviços?

Depoente:- Várias vezes eu mandei dinheiro para o Rio de Janeiro para ele pagar a diretoria de serviços, no caso o Barusco, o Duque.

Juiz Federal:- O senhor sabia disso na época, ele falou disso para o senhor? Depoente:- Na época ele comentava, às vezes comentava.

Ministério Público Federal:- Que ia entregar valores para Duque e Barusco? Depoente:- Sim18.

AUGUSTO MENDONÇA, colaborador e proprietário da SOG, empresa partícipe do esquema, em depoimento judicial, confirmou que efetuou pagamentos não apenas para RENATO DUQUE, como também PEDRO BARUSCO. Anotou o depoente que tais pagamentos ocorriam com o trânsito dos valores por contas de empresas de terceiros e eram justificados com base em contratos simulados:

Ministério Público Federal:- E como que os pagamentos eram feitos, à parte política o senhor já citou, e ao diretor Renato Duque, ao diretor Paulo Roberto Costa, ao Pedro Barusco?

Depoente:- Ao Paulo Roberto Costa, esse acerto foi feito com o José Janene, os dois contratos que nós pegamos foram mais ou menos na mesma época, esse acerto foi quase que concomitante para os dois contratos com o José Janene, que me introduziu o Alberto Youssef que me propôs que nós poderíamos comprar notas fiscais das empresas que de alguma forma ele controlava, então ele me apresentou o Valdomiro e nós acabamos fazendo esses negócios com eles, assinávamos um contrato, eles nos forneciam a nota fiscal, nós pagávamos, e ele se encarregava de pagar ao Paulo Roberto Costa ou a quem quer que seja, o nosso compromisso estaria liquidado. Na de serviços, inicialmente no contrato da Repar nós utilizamos outras empresas, que foram 4 ou 5 empresas, aonde nós fazíamos os pagamentos e eles se encarregavam de entregar o dinheiro, ou seja em espécie, ou seja em depósitos no exterior.

Ministério Público Federal:- Para os componentes da diretoria? Depoente:- Exatamente. Para contas indicadas pelo Pedro Barusco.

Ministério Público Federal:- Alguma vez o senhor pediu que fosse entregue a Pedro Barusco ou a Renato Duque valores em espécie no Brasil?

Depoente:- Sim. Valores em espécie, durante um período eles mandavam retirar no meu escritório, então eu pedia para eles irem pegar no meu escritório e eu pessoalmente entregava a um portador que eles mandavam lá.

Ministério Público Federal:- Ambos, tanto o Pedro Barusco quanto o Renato Duque, tinham seus portadores, seus emissários?

Depoente:- Não, não existia separação entre eles, para mim era uma coisa só. Ministério Público Federal:- E o senhor discutia isso abertamente com eles também, conversava sobre isso com eles?

Depoente:- Sim19.

No mesmo sentido, o depoimento de RICARDO PESSOA. Ele reconheceu que 18 Processo 5045241-84.2015.4.04.7000, Evento 464, TERMOTRANSCDEP1, Página 35.

efetuou pagamentos de valores ilícitos para RENATO DUQUE, para o que se valeu do uso de empresas de outros operadores:

Ministério Público Federal:- Os valores que eram transferidos a eles, como funcionava essa transferência?

Depoente:- No caso específico de Barusco sempre foi dado em dinheiro e no caso de Alberto Youssef também.

Ministério Público Federal:- O dinheiro que era passado para Barusco era também para Renato Duque?

Depoente:- Pelo menos ele me informava isso. (…).

Ministério Público Federal:- Como que o senhor fazia para gerar essa disponibilidade em dinheiro?

Depoente:- A disponibilidade em dinheiro? Ministério Público Federal:- Isso, para…

Depoente:- Eu nunca usei nenhuma empresa do senhor Alberto Youssef, a gente usava as empresas do senhor Adir Assad, a SM Terra Planagem e a Rock Star, e durante um período também as empresas do Advogado Trombetta. E alguma coisa muito pequena com Mário Góes20.

Cite-se, outrossim, no mesmo sentido, o depoimento judicial do colaborador EDUARDO LEITE, vice-presidente da CAMARGO CORRÊA, outra empreiteira que participava do esquema. O colaborador reconheceu que a CAMARGO CORRÊA pagava valores ilícitos no âmbito da Diretoria de Serviços da PETROBRAS para RENATO DUQUE valendo-se de empresas de fachada de JÚLIO CAMARGO:

Ministério Público Federal:- E o senhor, nesse período, o senhor tomou conhecimento de, em primeiro lugar de ajustes entre concorrentes nos contratos da Petrobras?

Depoente:- Isso. Quando eu assumi em 2009 a diretoria comercial de óleo e gás, me foi transferido pelo diretor anterior da Camargo, que cuidava dos assuntos de Petrobras o que ocorria naquele cliente, basicamente nós tínhamos algumas obras contratadas, um contrato em início de execução que era o da REPAR aqui no Paraná e uma licitação ganha que ainda não havia sido assinado o contrato que era a RNEST, refinaria do nordeste. Em ambos os contratos ele me informou que havia tido um acordo de mercado, no qual a Camargo tinha mantido esses contratos e que existiam responsabilidades, ou melhor, propinas a serem pagas fruto desses contratos na proporção de 1% para a diretoria de abastecimento e 1% para a diretoria de engenharia. Já existiam alguns contratos celebrados com os chamados intermediários, que efetuavam os pagamentos, no caso da diretoria de serviços o doutor Júlio Camargo, através da Piemonte e Treviso, que já tinham contratos com a Camargo e também me foi apresentado posterior o senhor Alberto Youssef ficou sendo responsável por operacionalizar os pagamentos à diretoria de abastecimento.

(…).

Ministério Público Federal:- Certo. Com relação aos pagamentos de propinas que o senhor referiu para as duas diretorias da Petrobras, qual era a dinâmica, percentuais, como isso acontecia?

Depoente:- Quando me foi passado que era 1% para cada uma das diretorias, de abastecimento e de serviços, engenharia e serviços, eu cheguei a ser cobrado pelos interlocutores dessas diretorias e pelos próprios diretores em algum momento realizaram essa cobrança. Mais o Renato Duque, o Paulo Roberto nem tanto, foi o Alberto Youssef que o representou. Então, eu tive uma reunião com o Renato Duque e Pedro Barusco conjuntamente com o doutor Júlio na casa do doutor Júlio Camargo aonde me foi passado o que a Camargo devia de contratos anteriores e quais eram os contratos futuros que fariam parte desse 1% que era devido, e no caso da diretoria do Paulo Roberto o Youssef que me foi apresentado em torno de 2009 era quem fazia essas cobranças.

Ministério Público Federal:- Essa oportunidade então que o senhor se reuniu com o Duque, Barusco e Júlio todos ali falaram abertamente sobre esses pagamentos, vinculando a obras, projetos específicos?

Depoente:- Sim. Sim. Sim. Quem tinha o controle de tudo que era devido efetivamente era o Pedro Barusco, mas a conversa foi aberta21.

Dessumi-se diante do quadro probatório reunido que os instrumentos empregados para os pagamentos no presente caso eram basicamente os mesmos em relação a pagamentos de outras empresas operacionalizados por outros operadores.

PEDRO BARUSCO confirmou que manteve contato com o operador MILTON PASCOWITCH, a fim de tratar do pagamento e recebimento de valores indevidos da ENGEVIX. PEDRO BARUSCO também afirmou que gerenciava para RENATO DUQUE os valores que recebia de MILTON PASCOWITCH em decorrência de contratos celebrados entre a Petrobras e a ENGEVIX:

Juiz Federal:-A Engevix, essa empresa o senhor conhece? Interrogado:-Sim.

Juiz Federal:-Ela era uma das empresas que pagava esses valores? Interrogado:-Sim.

Juiz Federal:-O senhor teve contato com executivos da Engevix? Interrogado:-Sim.

Juiz Federal:-Sobre esses pagamentos?

Interrogado:-Não, essa questão dos pagamentos eu discutia com o representante, o Senhor Milton Pascowitch.

(…).

Juiz Federal:-O senhor recebia então, já que o senhor entrou nesse assunto, o senhor recebia como esses pagamentos de vantagem indevida, de propina?

Interrogado:-Lá fora.

Juiz Federal:-Em contas no exterior?

Interrogado:-Nesse caso do Senhor Milton Pascowitch, né? Sim.

Juiz Federal:-Quais contas o senhor recebeu da Engevix, o senhor se recorda? Interrogado:-Eu acho que teve uma chamada Aquarius Partner, está nos autos. Eu me recordo dessa Aquarius e a outra, eu não lembro se foi no Banco Delta ou no Banco Cramer, mas foi em um dos dois, foi nessa Aquarius Partner, em uma dessas contas, em um desses bancos.

Juiz Federal:-O Ministério Público na folha 18 da denúncia ele se reporta a uma conta Aquarius Partner.

Interrogado:-Isso.

Juiz Federal:-Banco Pictet. Interrogado:-É Pictet.

Juiz Federal:-O senhor teria recebido um depósito de 260 mil dólares? Interrogado:-Isso. E teve outro depósito de 600 mil dólares.

Juiz Federal:-E na folha seguinte ele se reporta a uma conta Daydream.

Interrogado:-Ah, Daydream, é Lombard Odier, exatamente, Banco Lombard Odier. Juiz Federal:-Essas contas Aquarius e Daydream, eram do senhor?

Interrogado:-Sim, eu era o beneficiário, né? (…).

Juiz Federal:-Esse um milhão de dólares que o senhor se refere é a sua parte apenas?

Interrogado:-Sim, sim. Agora eu não me recordo bem, porque o Senhor Milton ele também tinha um canal assim de relacionamento com o Diretor Renato Duque, porque também tinham alguns contratos na área de serviço, compartilhado, porque o Senhor Milton trabalhava com o Senhor Renato Duque. Então, eu entendo que esse dinheiro era para mim.

Juiz Federal:-O Senhor Renato Duque também recebia esses pagamentos do Senhor Milton Pascowitch, que o senhor mencionou anteriormente.

Interrogado:-Meritíssimo, eu até ler o depoimento do próprio Senhor Milton Pascowitch, eu achava que sim, mas eu não tinha certeza, eu não tinha a informação. Mas ao ler o depoimento do Senhor Milton Pacowitch, do acordo dele, ele fala claramente que também depositava para o Senhor Renato Duque.

Juiz Federal:-Mas não fazia parte dos acertos, independentemente do que o senhor leu no depoimento do Senhor Milton Pascowitch, não fazia parte dos acertos que o senhor recebia e também recebia o Senhor Renato Duque?

Interrogado:-Não, mas é que o seguinte, era uma questão de gerenciamento. Por exemplo, nessa tabela normalmente eu gerenciava a parte do Doutor Renato Duque, porque depois eu até cheguei a fazer um acerto de contas com ele, porque eu estava acumulando o dinheiro dele. Mas eu vi que o Senhor Milton também pagava diretamente ao Doutor Renato Duque. E eu saí em 2011, Meritíssimo, da PETROBRAS. Depois nesse período eu parei de receber da Engevix e provavelmente o Doutor Milton continuou pagando diretamente ao Diretor Renato Duque, que o Diretor Renato Duque continuou na PETROBRAS.

Juiz Federal:-O senhor tratou desses assuntos diretamente com o Senhor Renato Duque sobre propina?

Interrogado:-Sim.

Juiz Federal:-Uma vez, várias vezes? Interrogado:-Algumas vezes. (…).

Juiz Federal:-O senhor chegou a receber propinas da Engevix por outro intermediador ou de outra maneira sem interferência do Senhor Milton Pascowitch?

Interrogado:-Não, Engevix sempre foi tratada com o Senhor Milton Pascowitch22. O colaborador MILTON PASCOWITCH corroborou as declarações de PEDRO BARUSCO:

Juiz Federal:-Certo. Na PETROBRAS, com quem o senhor tratou sobre esses assuntos?

Interrogado:-Sempre Pedro Barusco, no caso de obras de refino, que é o que estamos apreciando agora, que são essas obras em refinaria.

(…).

Juiz Federal:-De remuneração que o senhor diz é de propina? Interrogado:-De propina, exato.

(…).

Interrogado:-O Pedro mencionou que eu paguei R$ 100 mil a ele, eu até estranhei, mas efetivamente eu fiz o pagamento de R$ 100 mil a ele, o Pedro. E não me recordo de ter dado, posso ter pago uma ou outra despesa para o Pedro nesse tempo todo, mas não me recordo de ter pago nada, posso ter pago algumas despesas. E para o Renato Duque eu não paguei nada nesse período.

Juiz Federal:-Transferências no exterior, o senhor fez? Interrogado:-Não, não fiz nenhuma. Até essa altura então. Juiz Federal:-E depois o senhor fez?

Interrogado:-Depois eu fiz. Juiz Federal:-Para quem?

Interrogado:- Fiz para o Pedro Barusco duas remessas, uma de 600 mil dólares na conta Daydream e uma de 200 mil dólares na conta Aquarius Partner e fiz ao Renato Duque, no exterior, um pagamento de uma obra de arte que ele comprou aqui no Brasil e esse pagamento foi prometido e pago a uma conta indicada pelo marchant que vendeu o quadro.

Juiz Federal:-E quanto foi? Interrogado:-380 mil dólares.

Juiz Federal:-E esse pagamento era relativo a algum contrato específico?

Interrogado:-Aos contratos dos cascos, na verdade eles não eram, os recursos que nós tínhamos lá no exterior que foram utilizados a origem é o faturamento que nós tínhamos do contrato dos cascos, da nossa parte. Mas na verdade isso fazia parte

de um valor global, que era devido e que, seria pago, no futuro seria pago.

Juiz Federal:-Mas era um valor global não entendi, envolvendo... Interrogado:-Envolvendo esses e envolvendo os outros, isso. Juiz Federal:-Os cascos e da refinaria?

Interrogado:-Os cascos e da refinaria.

Juiz Federal:-Ah, então esses pagamentos no exterior não foram só relativos

aos cascos?

Interrogado:-Não, foi relativo aos cascos e foram relativos a esse total que

existia, vamos dizer assim reprovado23. (grifos nossos)

A ciência de RENATO DUQUE quanto aos artifícios utilizados pela ENGEVIX para o repasse de valores indevidos restou comprovada, ademais, não apenas pelo fato de 22 Processo 5045241-84.2015.4.04.7000, Evento 670, TERMOTRANSCDEP1, Páginas 6-12.

manter tratativas com MILTON PASCOWITCH, como também por ser o responsável por determinar que o operador financeiro destinasse parcela das vantagens indevidas a ele prometidas ao Partido dos Trabalhadores – PT. Neste sentido, impende destacar as declarações de MILTON PASCOWITCH:

Juiz Federal:- E antes dessas reuniões que o senhor tinha diretamente com o Senhor Vaccari, o senhor tinha conhecimento que ainda, mesmo antes disso, havia valores destinados ao partido dos trabalhadores?

Interrogado:- Ah sim, porque como está na tabela, o Senhor Renato Duque falava:- “Tanto para o partido, tanto para cá.”, depois esse negócio de 1 para o abastecimento, 1 para a Diretoria de Serviços também foi ele que determinou.

Juiz Federal:- Isso era informado pelo Senhor Renato Duque? Interrogado:- Sim.

Juiz Federal:- E o senhor tinha alguma outra fonte de conhecimento, fora o

No documento Ministério Público Federal (páginas 31-41)