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Capítulo 7. Considerações finais

7.5 Contribuições desta pesquisa

As atividades desenvolvidas nesta pesquisa resultaram em duas publicações. O artigo apresentado no 10o P&D – Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design –

traz uma descrição da edição de 2011.2 da disciplina Design de Tipos, na qual a

pesquisadora atuou como estagiária-docente. O relato tem foco nas práticas pedagógicas empregadas na disciplina, em especial os exercícios. Foi publicado também um artigo para o 6o CIDI – Congresso Internacional de Design da Informação – , que trata

especificamente das entrevistas realizadas com professores locais de design de tipos. Os dois artigos estão disponíveis nos Anexos 2 e 3.

Acreditamos que uma contribuição significativa deste trabalho foi o registro sistematizado da situação de ensino observada, prática que deve ser estimulada na comunidade científica. Tem-se conhecimento de várias experiências pedagógicas em curso atualmente, não apenas dentro do ambiente da universidade, que poderiam servir de referência ou inspiração para outros contextos, mas infelizmente ficam restritas a um universo particular e à memória dos indivíduos que um dia participaram.

É importante salientar que a descrição e análise detalhada da situação de ensino retratada nesta pesquisa só foi possível com a colaboração irrestrita das docentes, que, além de permitir a presença da pesquisadora em todos os momentos de aula e sua interação com os alunos, disponibilizaram informações imensamente valiosas, tais como seus comentários pessoais nas planilhas de avaliação dos projetos. Desejamos que este tipo de colaboração entre pesquisa e ensino se torne mais constante no universo acadêmico.

O que emerge como principal contribuição deste trabalho não diz respeito apenas ao ensino de design de tipos. A sistematização do processo de aquisição de conhecimento através de ferramentas cognitivas – no caso da pesquisa em questão, exercícios de projeto tipográfico – pode ser aplicada a diversos contextos educacionais, tanto na fase de formatação das atividades a serem desenvolvidas em sala de aula como

posteriormente, durante sua análise. Quando o professor, enquanto mediador da aprendizagem, entende quais conhecimentos são mais necessários para

instrumentalizar os alunos em determinada prática e qual é a melhor maneira de introduzi-los, este é capaz de propor experiências mais eficientes, motivadoras e prazerosas.

137 Falando especificamente dentro do contexto do design de tipos no Brasil, que não possui uma grande tradição na área mas já há algum tempo passa por um período de

amadurecimento de sua produção tipográfica, ressaltamos a importância da troca de conhecimento entre profissionais, professores e pesquisadores – que já ocorre atualmente, mas pode e deve ser intensificada –, para que as oportunidades de aprendizado desta prática se tornem cada vez melhores.

Sabemos que o ensino de design de tipos dentro de uma disciplina da graduação, em apenas um período letivo, não é suficiente para formar type designers completos, que vários aspectos desta prática deixam de ser abordados devido ao tempo limitado, e que bons profissionais se formam na prática. Mas sabemos também que, com uma boa primeira experiência, existem melhores chances de que sejam formados bons profissionais.

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INFORMAÇÕES GERAIS:

1. Qual o seu período no curso? ________________

2. Você já teve alguma experiência com design de tipografias antes desta disciplina? ❑ sim

❑ não

PERGUNTAS SOBRE A DISCIPLINA:

4. Você leu algum dos livros indicados na bibliografia da disciplina? Caso sim, quais?

___________________________________________________________________________________________________________

5. O conteúdo do(s) livro(s) teve utilidade na prática (na hora de desenhar a fonte)? ❑ sim

❑ não

6. Quais foram os materiais e as ferramentas utilizadas por você no desenvolvimento da tipografia? ❑ lápis e papel

❑ máquina fotográfica

❑ computador: que software(s)? _______________ ❑ outros: _____________________________________

7. Quantas orientações você teve com o professor no desenvolvimento da tipografia? _____________________

8. Na sua opinião, os momentos de orientação facilitaram seu trabalho? Como?

__________________________________________________________________________________________________________

9. Que conhecimentos sobre tipografia você aprendeu durante a disciplina?

___________________________________________________________________________________________________________

10. As outras disciplinas do curso ajudaram ou atrapalharam o desenvolvimento da sua tipografia? Por que? ___________________________________________________________________________________________________________

11. Na sua opinião, o prazo dado pelo professor para o projeto foi:

❑ muito curto ❑ suficiente ❑ muito longo

12. Na sua opinião, qual foi a principal contribuição da disciplina para sua prática profissional?

___________________________________________________________________________________________________________

13. Você gostou da experiência de desenhar uma fonte? Por que?

Design de Tipos em Pernambuco: um estudo das situações de ensino

Anexo 1. Questionário aplicado aos alunos da disciplina Design de Tipos – IFPE, durante o piloto

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Uma Discussão sobre Metodologia de Ensino para Design

de Fontes Digitais

A Discussion of Methods for Teaching the Design of Digital Typefaces

Silveira, Aline; Bacharel; Universidade Federal de Pernambuco email@alinesilveira.com

Barreto Campello, Silvio; PhD; Universidade Federal de Pernambuco sbcampello@gmail.com

Aragão, Isabella; Msc; Universidade Federal de Pernambuco Isabella.aragao@gmail.com

Resumo

Este artigo apresenta uma experiência de ensino de Design de Tipos no curso de graduação em Design da UFPE, campus Recife. A metodologia utilizada é apresentada e discutida, procurando realçar as vantagens e desvantagens do método. Três diferentes abordagens foram

empreendidas, possibilitando trabalhar conceitos fundamentais para o design tipográfico. Os resultados indicam que, apesar da complexidade do tema ensinado e da variedade de

conhecimentos do grupo, foi possível trabalhar satisfatoriamente os conceitos e conhecimentos relacionados.

Palavras Chave: Tipografia; Metodologia de Ensino; Memória Gráfica.

Abstract

This paper presents the method applied and results from a type Design course taught in the

undergraduate programme of the UFPE, Recife campus. A discussion of the exercises and achievements is held, focusing on the advantages and disadvantages of the methods applied. three different type design approaches were employed, making possible to work fundamental concepts of the field. The results suggest that it is possible to teach such techniques and concepts, even though the students’ background may vary greatly.

Keywords: Typography; Teaching Method; Graphic Memory.

1. Introdução

O interesse em tipografia tem crescido no Brasil nas últimas décadas. Há hoje publicações, exposições, cursos livres e disciplinas em universidades dedicadas ao tema. (Esteves, 2010). Apesar de ser bastante recente se comparado a outros nichos do design (osprimeiros tipos

145 digitais brasileiros datam de 1990), o mercado tipográfico nacional produz espécimes em

abundância, e que vêm ganhando qualidade. Para acompanhar esta demanda, o ensino do design de tipos também experimentou um crescimento significativo dentro das grades curriculares de cursos superiores de design em todo o país (Finizola & Chaccur, 2010). E um instrumento de comunicação tão rico e cheio de possibilidades como é a tipografia dá aos professores voltados para essa área inúmeras abordagens de ensino: desde oficinas rápidas, focadas no desenho de alfabetos simples, até cursos de pós-graduação, onde se estuda a fundo a anatomia das letras, as relações entre os caracteres e as maneiras de produzir uma tipografia eficiente em seus propósitos comunicacionais.

Neste artigo, será descrita e analisada a experiência da disciplina de Design de Tipos, oferecida no período 2011.2 do curso de design da Universidade Federal de Pernambuco, campus Recife. A disciplina teve como principal objetivo a capacitação dos alunos para projetar fontes

tipográficas, e foi composta por aulas expositivas e exercícios práticos. Com este trabalho de observação e análise, busca-se compreender quais ferramentas pedagógicas se mostraram mais eficientes em termos de engajamento dos alunos (Barreto Campello, 2009) e resultados obtidos. As seções seguintes apresentam a abordagem e as ferramentas de ensino utilizadas na

disciplina, o conteúdo teórico oferecido aos alunos e a dinâmica das aulas e dos exercícios. Serão analisados os resultados práticos obtidos pelos estudantes, e por fim a visão de alguns alunos sobre a experiência de aprender a desenhartipografias.

2. Descrição da disciplina

O grupo de estudantes que cursou a disciplina de Design de Tipos era bastanteheterogêneo. A turma era composta de 23 alunos de períodos variados, estando a maioria deles entre o quarto e o sexto período. Em comum, apresentavam forte interesse em aprofundar seus conhecimentos tipográficos. Uma parte dos alunos já havia cursado outrasdisciplinas com foco em tipografia, mas antes de iniciar a prática de exercícios, foram necessárias algumas aulas para nivelar o conhecimento dos menos experientes no assunto. As aulas da disciplina ocorriam uma vez por semana, pela manhã, durante 4 horas, com um intervalo de 20 minutos. Em sua maioria, eram divididas entre exposição de conteúdos necessários ao projeto de tipografias e pequenas atividades realizadas na sala de aula, para exercitar os conceitos expostos anteriormente. As aulas expositivas eram intercaladas com palestras ministradas por designers detipos atuantes no mercado e alunos de edições passadas da mesma disciplina, que trouxeram um pouco de sua experiência com projetos tipográficos. A disciplina se beneficiou também do workshop de pesquisa do grupo Memória Gráfica Brasileira, sediado na UFPE. O encontro contou com palestras de Priscila Farias, Isabella Aragão e Hans Waechter sobre seus trabalhos de pesquisa com acervos tipográficos de outras épocas, e uma oficina de tipografia stencil, ministrada pela professora Catherine Dixon, atividades das quais alguns alunos da disciplina tiveram a oportunidade de participar.

Design de Tipos em Pernambuco: um estudo das situações de ensino

Anexo 1. Questionário aplicado aos alunos da disciplina Design de Tipos – IFPE, durante o piloto

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Figura 1: Conteúdo programático da disciplina.

2.1 Metodologias utilizadas

Na disciplina de Design de Tipos, o conjunto de ferramentas de ensino foi formado

por aulas teóricas, técnicas e exercícios extraídos de diversos métodos, como o MECOTipo, de Leonardo Buggy (2010), o livro Designing Type, de Karen Cheng (2005) e alguns exercícios tipográficos propostos por Ellen Lupton (2006), além do software de desenhomodular de tipos FontStruct, da FontShop. Esses recursos foram combinados e adaptados conforme as

necessidades da disciplina. Como apoio, foi criado também um grupo online usado pelos alunos e professores para troca de emails, arquivos e links considerados de interesse.

Algumas das técnicas utilizadas na disciplina foram extraídas do MECOTipo, um método de ensino de desenho coletivo de caracteres tipográficos proposto pelo designer de tipos Leonardo Buggy (2010). O método parte da premissa de que é possível desenvolver uma fonte display através da combinação e repetição de 3 formas distintas, chamadas de módulos. As formas básicas das letras, construídas a partir dos módulos, sofrem, posteriormente, compensações ópticas e pequenas adaptações, para melhor equilíbrio visual.

Outro conceito apresentado aos alunos e aplicado em alguns exercícios foi a árvore de derivação de tipos proposta por Farias (2000), que sugere uma ordem para o desenho das letras,

começando por aquelas que fornecem o maior número de informações básicas necessárias à estética da fonte como um todo. Várias formas presentes nessas primeiras letras se repetem nas seguintes, facilitando o trabalho e dando consistência visual à tipografia. Assim como as outras ferramentas, a árvore foi adaptada pelos próprios alunos no exercício final, que consistia em criar um set tipográfico a partir de um letreiramento previamente existente.

Uma característica marcante da disciplina foi a opção pelo uso de manifestações tipográficas pernambucanas de um período histórico anterior (Freire & Silveira 2010) como material de

147 estudo e inspiração de projetos tipográficos. Acredita-se que o uso desses materiais não apenas contribua para um movimento de resgate da memória gráfica do estado, como também seja capaz de enriquecer culturalmente o repertório visual dos alunos. Além disso, o uso de um material com essas características coloca questões projetuais importantes, na medida em que práticas de outro período e com outros meios de produção implicam em ajustes e decisões oriundas da transposição para os instrumentos atuais de design tipográfico.

Figura 2: Rótulos da coleção Imagens Comerciais de Pernambuco, usados como base para projetos tipográficos na disciplina.

Com o tempo da disciplina limitado a um semestre, o principal objetivo era que todos os alunos, ao final do período, tivessem construído uma fonte funcional com um conjunto de pelo menos 66 caracteres. A principal estratégia para habituar os alunos à linguagem e à prática tipográfica foi a realização de exercícios durante todo o período da disciplina, e atividades debaixa complexidade em sala de aula para fixar o conteúdo apresentado nas aulas expositivas. Por exemplo, em uma dessas atividades, cada aluno recebeu uma folha de papelbranca e outra preta, e teve como tarefa desenhar uma letra do alfabeto, através de recortes na folha preta, como forma de pôr em prática, de forma palpável, o conceito de forma econtraforma,

fundamental para o design de tipos. Ao final da atividade, o resultado obtido foium alfabeto em minúsculas, construído coletivamente, através do qual foi possível avaliar o nível de assimilação do conteúdo atingido por cada um dos alunos, e pela turma como um todo. A figura 3 ilustra o resultado dessa atividade.

Design de Tipos em Pernambuco: um estudo das situações de ensino

Anexo 1. Questionário aplicado aos alunos da disciplina Design de Tipos – IFPE, durante o piloto

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Figura 3: Alfabeto coletivo desenvolvido em sala de aula.

Além das atividades em sala, os alunos desenvolveram, ao longo do semestre, três projetos tipográficos distintos, com limitações projetuais decrescentes e complexidade crescente, à medida em que a disciplina avançava. Essas atividades foram realizadas individualmente, embora o grupo online servisse como suporte aos alunos, que tiravam dúvidas com colegas e professores ao longo da semana, por email.

2.2.1 Exercício 1 – Alfabeto de Baixa Complexidade

O primeiro exercício consistia em desenhar um conjunto de letras em caixa alta e baixa, a partir de módulos quadrados, dentro de uma malha de 9x9 módulos. Os alunos foram instruídos a

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