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Capítulo 4. Entrevistas com professores de design de tipos

4.2 Análise dos dados: relatos dos professores

4.2.2 Prática docente

O quadro a seguir (figura 19) apresenta as principais características das disciplinas ministradas pelos entrevistados, tais como obrigatoriedade, quantidade de alunos na turma, presença ou não de monitores e o caráter dos projetos desenvolvidos

(individuais ou em grupo).

Figura 19. Informações básicas e características particulares das disciplinas relatadas por cada professor.

Buggy mencionou a existência de duas disciplinas que abordam o design de tipos no campus Caruaru, ministradas por ele. Em Tipografia Experimental, os alunos realizam atividades lúdicas manipulando a forma das letras, e nem sempre é exigida a fonte em formato digital. A disciplina funciona como uma apresentação ao universo tipográfico. Já na disciplina Introdução ao Design de Tipos, a turma deve se ater a procedimentos mais metódicos para a criação tipográfica, utilizando o MecoTIPO para criar um conjunto de

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caracteres, e o arquivo-fonte é exigido na entrega final. Como o interesse maior dessa pesquisa se concentra no ensino de design de fontes digitais, a experiência abordada em mais detalhes na entrevista com Buggy foi a da disciplina Introdução ao Design de Tipos. Ainda em caráter de esclarecimento, cabe um comentário sobre a experiência de Finizola como docente, relatada nesta pesquisa. A professora titular da disciplina Memória Gráfica Pernambucana era Solange Coutinho, e Finizola estava presente no papel de estagiária docente. Entretanto, como todas as decisões pedagógicas eram tomadas em conjunto e a grande maioria das atividades desenvolvidas pela turma durante o período (i.e coleta de referências, design de caracteres, orientação de projetos) esteve sob a responsabilidade de Finizola, esta teve condições de relatar a experiência como docente na disciplina. O primeiro dos entrevistados a ter experiência de ensino foi Buggy. Como professor substituto, ofereceu a primeira disciplina de design tipográfico na graduação em Programação Visual da UFPE, em 2002. Sem um conteúdo programático consolidado, a disciplina Introdução à Tipografia acabou por se tornar seu laboratório para experimentos metodológicos. Durante diversas edições, o professor foi aperfeiçoando a bibliografia, os exercícios e o sistema de avaliação da disciplina, culminando com a publicação, em 2007, do MecoTIPO – um método de ensino coletivo de design de tipos, formatado

especialmente para uso em sala de aula.

Dentre os professores entrevistados, Buggy é o único que utiliza integralmente seu próprio método. No entanto, alguns elementos compilados no MecoTIPO são utilizados de forma parcial como apoio pedagógico para outros professores. Podem ser destacadas as árvores de derivação de letras minúsculas (Adams, 1989, apud Buggy, 2007) e

maiúsculas (Buggy, 2007), e o exercício que propõe a criação de um conjunto de caracteres a partir de três módulos diferentes, que foi aperfeiçoado por Buggy a partir dos experimentos de Briem (2003) e pode ser visto na figura 20.

Figura 20. Sistema de módulos e malha de construção, utilizado no MecoTIPO como base para um dos exercícios de design tipográfico. Adaptado de Buggy, 2007 p. 24-25.

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A

A ddiinnââmmiiccaa ddaass aauullaass

O uso de apresentação de slides em aulas expositivas, em sua maioria durante o início da disciplina, foi relatado por todos os entrevistados. O conteúdo dessas aulas compreende principalmente anatomia tipográfica, história do alfabeto e das tecnologias de design de tipos, e as árvores de derivação de letras maiúsculas, minúsculas e numerais,

amplamente recomendadas aos alunos na fase de projeto.

Os professores recomendam livros sobre design de tipos aos alunos como fonte de informação complementar, embora não haja tempo suficiente para abordá-los na carga horária da disciplina. Buggy relata que, apesar do acesso a livros sobre o tema ser mais fácil hoje do que há 10 anos atrás, boa parte de suas turmas prefere buscar informação sobre design de tipos online, em sites, blogs e fóruns sobre o tema.

Todos os professores, à exceção de Finizola, relataram a realização de exercícios de menor complexidade, tais como o desenho de alfabetos ou faces modulares, a identificação de partes da anatomia tipográfica, entre outros, com o objetivo de

familiarizar os alunos com os principais aspectos da construção de fontes. Os exercícios, entretanto, variam entre as disciplinas.

Além de exercícios de baixa complexidade realizados em sala de aula, as turmas ensinadas por Aragão e Campello experimentam pelo menos um dia de prática de caligrafia. O exercício foi proposto por Campello ainda na primeira edição da disciplina, e se manteve nas edições subsequentes, devido aos bons resultados observados na

introdução de conceitos como contraste e modulação das letras.

Barbosa, por sua vez, realiza algumas aulas em um ateliê do IFPE onde os alunos podem construir letras a partir de objetos e materiais físicos, e.g. grãos, tecido, fios metálicos etc., fugindo do uso massivo do computador e atribuindo características mais plásticas a seus projetos. O professor relatou que este costuma ser o exercício mais aguardado pela turma, e os resultados, quase instantâneos, contribuem para a empolgação dos alunos. Uma prática bastante comum, e que denota a relação bastante próxima entre os entrevistados, é a abertura das disciplinas para outros designers e professores apresentarem palestras sobre tipografia e aulas especiais. Esse intercâmbio de experiências é visto como benéfico pelos entrevistados, tanto para o aprendizado dos alunos quanto para o ensino de design de tipos no estado.

Apesar das diferenças entre os contextos, algumas características importantes se repetem entre as situações de ensino relatadas pelos professores. Esses aspectos serão abordados nos parágrafos seguintes.

O

O ccaarráátteerr ddooss pprroojjeettooss ttiippooggrrááffiiccooss ee oo eennggaajjaammeennttoo ddaa ttuurrmmaa

Todos disseram abordar, em suas disciplinas, o desenvolvimento de fontes display. Quando perguntados por que não propor aos alunos o design de fontes para texto, a resposta unânime foi de que estes projetos exigem conhecimento profundo de aspectos

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da anatomia tipográfica, além de um tempo maior de trabalho e refinamento do desenho, tempo este que não é disponível numa disciplina de graduação.

Barbosa levantou ainda a hipótese de que seus alunos ficariam intimidados com a complexidade do desafio, ou entediados por não poder ousar muito nos projetos. O professor, que, dentre os entrevistados é o que apresenta menos rigidez metodológica em sua prática docente, considera que projetos experimentais funcionam como uma espécie de “isca” para alunos como os do IFPE, que, em sua maioria, estão tendo o primeiro contato com o universo tipográfico.

Entretanto, mesmo que o foco de todas as situações de ensino seja o desenvolvimento de fontes display, o grau de dificuldade dos exercícios propostos pode variar bastante dependendo das limitações e requisitos impostos pelos professores. Os entrevistados relataram que esse aspecto pode influenciar, tanto de forma positiva como negativa, o engajamento da turma.

Aragão ressaltou a importância da sensibilidade do professor em saber o contexto em que está trabalhando, para formatar os exercícios de ensino de acordo com o grau de conhecimento dos alunos. A professora menciona que já precisou fazer ajustes no nível de dificuldade de alguns exercícios durante a disciplina, a partir de comentários dos alunos ou da percepção da evolução da turma em sala de aula, e que esse equilíbrio é crucial para manter os alunos motivados.

Os professores cujas disciplinas são eletivas relataram maior engajamento da turma do que os professores que lecionam disciplinas obrigatórias. Buggy e Aragão mencionam como evidências desse interesse a alta procura pela disciplina no período de matrícula, a assiduidade da grande maioria dos alunos e sua participação ativa nas discussões e exercícios tanto na sala de aula quanto fora dela, através de grupos em redes sociais e listas de e-mail. Como apontado por Santana, design de tipos é um conteúdo bastante específico, que exige dedicação e um profundo interesse de quem o estuda e pratica, então é natural que as disciplinas eletivas atraiam alunos mais curiosos e motivados a aprender.

No caso das disciplinas obrigatórias, é evidente a necessidade de dispositivos para manter os alunos engajados nas atividades e exercícios. As aulas tendem a assumir um caráter mais lúdico e experimental nesses contextos, enquanto nas disciplinas eletivas o professor pode fazer exigências mais rígidas nos exercícios e introduzir conteúdos mais complexos, já que boa parte dos alunos possui interesse pelo design de tipos, além de algum conhecimento prévio sobre o tema.

Além do uso de referências como base para projetos tipográficos no trabalho final, outra característica que se repete entre as diversas situações de ensino (todos os entrevistados, exceto Finizola) é a realização de pelo menos um exercício de desenho de alfabeto baixa complexidade no decorrer do período. A principal função desse tipo de exercício é familiarizar os alunos com a prática de design de tipos e introduzir conceitos

59 é um conjunto, e seus elementos (as letras) devem apresentar, de forma equilibrada, similaridades e diferenças entre si.

É bastante popular a proposta do desenho de alfabeto ou face a partir de módulos quadrados, com uma quantidade limitada de módulos a serem utilizados por caractere. O alto grau de restrição projetual desse exercício elimina as etapas menos práticas do processo de design tipográfico, leva os alunos a focarem no mais importante, que é resolver aquele quebra-cabeças de módulos e gerar, rapidamente, um conjunto de caracteres. Três dos cinco entrevistados – Aragão, Santana e Barbosa – ressaltaram o uso do software FontStruct 17 como ferramenta nessa etapa do trabalho, dada a sua facilidade

de manuseio e a intimidade dos alunos com o meio digital.

A disciplina oferecida por Coutinho e Finizola é um caso especial. Por ter um caráter mais teórico e reflexivo, o foco era na pesquisa e reinterpretação das manifestações tipográficas vernaculares locais. Por isso, ficaram ausentes alguns conteúdos básicos sobre design de tipos. Segundo a professora, os alunos da disciplina entraram

conscientes de que o objetivo não era “aprender design de tipos”, mas usar o design de tipos como ferramenta para o resgate das características estéticas do letreiramento manual, uma prática cada vez mais rara na cidade (Finizola, 2010).

O

O uussoo ddee rreeffeerrêênncciiaass

Figura 21. Diagrama de polaridades, demonstrando como o uso de referências é tratado em cada disciplina.

17 O Fontstruct é um software para desenho de fontes digitais modulares, disponível gratuitamente para

uso online. Sua interface, mais simples e intuitiva do que os aplicativos de desenho vetorial e de geração de fontes, é bastante apropriada para usuários iniciantes, que estão experimentando design tipográfico pela primeira vez. O arquivo-fonte é gerado rapidamente, possibilitando também grande agilidade nos testes com a fonte em programas de edição gráfica.

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Outra característica comum entre os contextos é o uso de referências concretas para os projetos tipográficos desenvolvidos. Cada professor lida de uma maneira diferente com esse recurso, mas ele esteve sempre presente nos relatos.

O quadro na página seguinte (figura 21) demonstra o uso de referências em cada disciplina, em relação a dois aspectos, representados por eixos ortogonais. O eixo y diz respeito ao caráter da referência, que pode ser conceitual ou concreta (Lopes, 2009). O eixo y se refere ao nível de liberdade dado à turma na escolha das referências. O conjunto pode ser fechado (definido e fornecido aos alunos pelo professor, mas com possibilidade de escolha pelos alunos dentro daquele conjunto), aberto (definido completamente pelos alunos, de forma individual ou em grupo) ou um meio termo (o professor sugere uma categoria de referência, e os alunos pesquisam suas referências dentro desse universo por conta própria).

É interessante notar como as referências propostas nas disciplinas apresentam ligação com as experiências anteriores de cada professor em seu próprio aprendizado

tipográfico. O conjunto de referências utilizado como ponto de partida para os projetos tipográficos nas duas edições da disciplina Design de Tipos, ministrada por Aragão e Campello, consistiu em rótulos litográficos de meados do século XX, parte da coleção Imagens Comerciais de Pernambuco, que desde 2006 era alvo de estudos conduzidos pelos professores.

Finizola propôs à sua turma uma busca por letreiramentos manuais nas ruas de Recife, como base para o desenho de um alfabeto. Também fazia parte dos requisitos da disciplina a produção de um artigo científico sobre aspectos históricos e culturais das manifestações tipográficas vernaculares.

Santana usou uma abordagem semelhante nas duas edições da disciplina Tipografia 1. O escopo das referências possíveis, no entanto, era maior. Durante uma aula de campo, os alunos fotografaram placas, grafites e outras ocorrências de tipografia urbana, que podiam servir como referência concreta ou conceitual para o design de uma fonte display.

Os dois professores que atuam há mais tempo, Buggy e Barbosa, mantém o foco mais no processo de design das fontes do que no tipo de referência para o projeto. Na disciplina Tipografia Básica, de Buggy, ocorre um momento de geração de ideias pelas equipes de trabalho que, por meio de discussão e votação em diversas alternativas, entram em consenso sobre o conceito da fonte a ser desenvolvida.

Barbosa já experimentou diversos níveis de liberdade projetual com os alunos, ao longo dos 9 anos em que sua disciplina é oferecida. O professor relata que oferecer muita liberdade temática para a turma pode ser prejudicial ao ritmo de desenvolvimento dos trabalhos, pois é adicionada uma etapa a mais no design da fonte, que é a busca por referência. Sua percepção é de que as turmas tiveram seus melhores resultados quando foi proposto um tema ou escopo.

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A

A aapprreennddiizzaaggeemm ddooss aalluunnooss

A habilidade dos alunos no uso dos softwares necessários para o design de tipos pesa muito na qualidade final dos trabalhos, e a inexperiência técnica da turma pode se tornar uma barreira para o bom aprendizado de design de tipos.

Aragão relata que sentiu muita diferença no conhecimento prévio dos alunos com relação ao uso de softwares de desenho vetorial entre a primeira e a segunda edições de sua disciplina Design de Tipos. Segundo a professora, os resultados da segunda turma foram mais satisfatórios, em boa parte devido ao fato de que os alunos aparentavam ser mais experientes em programas de desenho, o que deixava mais tempo em sala de aula para a orientação voltada a aspectos construtivos das letras, que realmente dizem respeito ao desenho tipográfico.

Barbosa também notou essa relação entre conhecimento técnico e resultado: alguns desenhos de caracteres que pareciam muito bons no papel, no primeiro estágio de desenvolvimento, sofreram ao serem transpostos para o computador, por conta da dificuldade dos alunos em lidar com a ferramenta de desenho vetorial. O professor observa que, durante as aulas expositivas, não são abordados conteúdos técnicos, devido à carga horária da disciplina, que é bastante curta. Nos momentos de orientação, entre tanto, a maior parte dos questionamentos dos alunos é voltada a resolver problemas de uso do software.

Finizola não observou grandes problemas nesse aspecto, e um dos principais motivos pode ter sido o fato de que boa parte dos alunos que cursaram sua disciplina se encontrava em períodos avançados no curso, já tendo, portanto, os conhecimentos técnicos necessários – alguns, inclusive, cursavam simultaneamente a disciplina Design de Tipos. A maior dificuldade observada pela professora foi de um grupo específico de alunos, que escolheu como base para seu projeto um letreiramento caligráfico, de complexidade maior que a média. Essa diferença no grau de dificuldade foi levada em conta na avaliação.

O

Oss rreessuullttaaddooss pprrááttiiccooss

Em todas as disciplinas, exceto a ministrada por Finizola, são exigidos os arquivos-fonte dos projetos desenvolvidos pelos alunos, como parte da entrega final. Barbosa e Buggy exigem a fonte digital desde o início de sua experiência docente, nos primeiros anos da década de 2000. Questionado sobre como os alunos conseguiam entregar as tipografias digitais ao final do período letivo, numa época que computadores pessoais não eram tão acessíveis, Barbosa relatou que a maior parte do trabalho era feito na sala de aula, que é também o laboratório de computação gráfica do curso de Design do IFPE. Buggy utiliza esta mesma abordagem até hoje em sua disciplina.

Já Aragão incluiu o arquivo-fonte como requisito projetual de sua disciplina apenas na segunda edição (2011.2). Na primeira, foi exigido apenas o desenho vetorial do set tipográfico, em conjunto com um memorial descritivo e uma aplicação prática da fonte.

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O conjunto de caracteres exigido por cada um dos professores entrevistados varia. Buggy e Santana exigem a entrega das letras maiúsculas, minúsculas, algarismos e os

principais acentos e símbolos, totalizando cerca de 100 caracteres. Já o set tipográfico exigido por Barbosa, Aragão e Finizola no exercício final é mais reduzido,

compreendendo maiúsculas ou minúsculas, algarismos, acentos e símbolos – cerca de 70 caracteres.

Aragão acredita que seria possível exigir um conjunto de caracteres mais extenso em edições futuras de sua disciplina. A professora observa que a segunda turma de Design de Tipos aparentou ter mais conhecimento técnico – de uso de softwares – do que a anterior, e isso ajudou a otimizar o tempo gasto na explanação de conteúdo e resolução de problemas práticos. Embora a experiência de apenas duas edições não seja suficiente para apontar uma tendência, esta observação ganhou relevância durante o período em que a pesquisadora esteve imersa na terceira edição desta mesma disciplina: a melhora no nível de conhecimento técnico foi ainda mais evidente. No capítulo 6, esta questão é abordada em mais detalhes.

As figuras 22 a 26 trazem uma amostra dos projetos tipográficos desenvolvidos em cada uma das disciplinas abordadas nas entrevistas, e as referências nas quais se basearam. Algumas fontes foram criadas a partir de referências concretas (figuras 22 e 23), outras fizeram uso de referências conceituais (figuras 24 e 25), e um deles (figura 26) foi bastante condicionado pela ferramenta de trabalho utilizada (o programa Fontstruct).

Figura 22. Vitamina, tipografia desenvolvida na disciplina Memória Gráfica Pernambucana, edição de 2011

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Figura 23. Chora na Rampa, tipografia desenvolvida na disciplina Design de Tipos, edição de 2011

(profs. Isabella Aragão e Silvio Campello).

Figura 24. Miró, tipografia desenvolvida na disciplina Design de Tipos, edição de 2012

(prof. Josinaldo Barbosa).

Figura 25. Maracatu Rural, tipografia desenvolvida na disciplina Tipografia Básica, edição de 2010

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Figura 26. Origami, fonte desenvolvida na disciplina Tipografia 1, edição de 2010

(prof. Damião Santana).

O

Oss ssiisstteemmaass ddee aavvaalliiaaççããoo

Os dois professores que lecionam em cursos tecnológicos, cuja duração é menor que a dos cursos de bacharelado, tendem a ser mais flexíveis na avaliação dos alunos. Tanto Barbosa quanto Santana apresentaram discursos parecidos: num contexto em que a disciplina é obrigatória no curso, e parte da turma não é genuinamente interessada em aprender a desenhar tipografias, não é aconselhável fazer exigências projetuais que demandem um alto grau de dedicação da turma.

Barbosa afirma que seus parâmetros de avaliação levam mais em conta a evolução no aprendizado do aluno do que a qualidade estética e técnica do seu trabalho. É comum, portanto, tipografias de qualidade inferior, projetadas sem muito cuidado técnico, atingirem a mesma nota que projetos muito melhores. Como o professor acompanha os alunos individualmente no período da orientação, é possível ter a noção de quem evoluiu mais e estava mais engajado, ainda que o projeto não apresente alta qualidade técnica. Buggy foi o professor que, dentre os entrevistados, aparentou mais rigidez no seu sistema de avaliação. Como boa parte do trabalho de design tipográfico é desenvolvido dentro da sala de aula, em grupo, o professor pode acompanhar bem de perto o que cada aluno está fazendo. A presença dos alunos é essencial para o andamento do projeto, assim como um bom relacionamento entre o grupo, já que a nota é atribuída em conjunto.

Aragão, em conjunto com Campello, leva em conta os seguintes aspectos na hora de avaliar projetos tipográficos: originalidade formal, qualidade técnica, adequação do projeto aos requisitos predefinidos e presença do aluno nos momentos de orientação. O peso para cada um desses fatores varia de acordo com os exercícios, e sofreu ajustes entre a primeira e a segunda edições da disciplina. Nesta última, a qualidade técnica e estética do desenho ganhou mais importância. Uma prática que, segundo a professora, é

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