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Capítulo 4. Entrevistas com professores de design de tipos

5.4 Descrição da experiência

5.4.5 Observação das aulas

A ementa da disciplina especifica as seguintes atividades a serem realizadas durante o período:

 aulas expositivas;

 atividades em sala de aula;  palestras de convidados;

 exercícios (projetos tipográficos) para casa;  orientação de exercícios;

 análise crítica dos projetos desenvolvidos.

Em vez de seguir uma ordem cronológica no relato e análise da situação de ensino, a experiência observada durante o período letivo será descrita a partir desta divisão de atividades.

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A

Auullaass eexxppoossiittiivvaass ee aattiivviiddaaddeess eemm ssaallaa ddee aauullaa

O programa da disciplina foi estruturado de modo que os principais conhecimentos teóricos sobre tipografia concentraram-se no início do semestre. Até o quinto encontro, a dinâmica das aulas consistia em um momento de exposição de conteúdos, seguido de uma atividade de fixação, e por isso esses dois procedimentos são aqui descritos de maneira conjunta. Durante esse período, não foi exigida dos alunos nenhuma tarefa a ser realizada fora da sala de aula. O principal recurso utilizado pelas professoras nas aulas expositivas foi o uso de apresentações digitais de slides, posteriormente disponibilizadas na internet para toda a turma.

A aula 01 serviu como uma introdução à disciplina. Foi apresentado o plano de aulas, com todas as atividades a serem realizadas durante o período. Os alunos também se apresentaram, dando às professoras uma noção do perfil da turma. O primeiro momento de exposição de conteúdo envolveu conceitos básicos sobre tipografia, com ênfase em anatomia e nomenclatura tipográfica. No segundo momento, após o intervalo, os alunos fizeram um exercício, no qual deveriam reconhecer partes da anatomia tipográfica e relacionar cada parte a uma letra correspondente, desenhando-a no papel. O principal objetivo deste exercício, segundo a estagiária docente, era o de saber qual era o grau de familiaridade dos alunos com o universo tipográfico.

Na aula 02, foi apresentada por Almeida uma linha do tempo com os vários processos de composição e impressão tipográfica, relacionando as tecnologias de impressão

disponíveis em cada época com o processo de design tipográfico. No segundo momento, em vez de realizar um exercício de fixação do conteúdo, foi exibido o documentário Linotype (2012), sobre a história da máquina de composição tipográfica homônima. Esta atividade conseguiu atrair a atenção dos alunos, mantendo-os concentrados. Entretanto, no momento seguinte, quando Almeida procurou levantar uma discussão sobre o filme, a participação da turma foi quase nula. Apenas dois alunos se

manifestaram, e a discussão não se prolongou.

A aula 03, (figura 40) cujo tema foi caligrafia, fugiu à configuração normal da disciplina. Em vez da sala de aula, foi utilizado como ambiente de trabalho um dos ateliês do CAC (Centro de Artes e Comunicação), equipado com mesas grandes, próprias para desenho e para a prática da caligrafia.

A experiência caligráfica da prof. Coutinho beneficiou bastante a experiência da aula. Para os alunos que não dispunham de penas caligráficas, foram disponibilizadas algumas do acervo pessoal da professora. Os alunos receberam também uma pequena apostila impressa, contendo explicações sobre angulação da pena, contraste, modulação e alguns modelos de letras em estilos variados. Esta aula foi a última antes do recesso de final de ano, e foi proposto aos alunos que praticassem o que aprenderam durante a aula, mas sem compromisso de avaliação quantitativa (notas) para esta atividade.

93 Figura 40. Alunos praticam caligrafia durante a aula 03, na disciplina Design de Tipos. Na fotografia à direita, uma aluna utiliza pena especial para canhotos, fornecida pela professora.

Na aula 04, após o recesso, dezesseis alunos trouxeram resultados de sua prática no período. A prof. Coutinho retomou o conteúdo sobre caligrafia, desta vez a partir de uma perspectiva histórica. A influência da caligrafia sobre o design de tipos também foi abordada.

Esta foi a primeira aula diferente das especificações do programa da disciplina. Estava prevista apenas a exposição de conceitos de forma e contraforma, que foram

apresentados por Almeida de forma breve na segunda parte da aula, suprimindo a realização do exercício de fixação correspondente. Nessa mesma aula, a proposta do primeiro exercício de projeto tipográfico foi apresentada aos alunos.

Figura 41. Árvores de derivação de caracteres para os alfabetos maiúsculo e minúsculo. Adaptado de Buggy, 2007.

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Na aula 05, após uma breve palestra da pesquisadora, Almeida apresentou o conceito de módulos e as árvores de derivação de caracteres recomendadas por Farias (2000) e Buggy (2007) (figura 41), que seriam utilizadas na prática pelos alunos durante o design de sua primeira tipografia, no exercício 1. Após a exposição do conteúdo, foi realizado um exercício no qual os alunos deveriam apontar, em um alfabeto de determinada tipografia, quais eram as partes modularizadas, que se repetiam em diversas letras.

Após as primeiras aulas, a exposição de conteúdo teórico passou a ter um peso cada vez menor dentro da disciplina, ocorrendo agora de forma intercalada com palestras, orientações e apresentação de trabalhos. Adicionalmente, as aulas expositivas passaram a se relacionar mais diretamente com os exercícios realizados pelos alunos. Na aula 12, em que foi proposto o exercício 3, a prof. Coutinho abordou as características da

linguagem gráfica verbal presente nos rótulos litográficos da coleção Almirante (Almeida & Coutinho, 2013), parte do acervo da Fundação Joaquim Nabuco, que seria usada pela turma como base para o projeto tipográfico final.

Em comparação com as disciplinas oferecidas em 2009 e 2011, a disciplina de 2012.2 foi a que teve a menor quantidade de atividades realizadas em sala de aula pelos alunos. A primeira edição trouxe discussões em grupo sobre características de fontes estêncil (tema de um dos exercícios), prática de caligrafia e pequenos exercícios de desenho e derivação de caracteres. A segunda edição foi a que teve mais atividades durante as aulas, com exercícios de construção de letras a partir de sua contraforma (Silveira & Barreto Campello, 2012), discussão de vídeos exibidos durante as aulas, derivação de caracteres e comparação entre tipografias projetadas para os meios físico e digital, além de um dia de prática caligráfica.

Entretanto, as duas aulas dedicadas à prática e à história da caligrafia foram

consideravelmente mais aprofundadas do que as oferecidas nos períodos anteriores, em parte devido à experiência da prof. Coutinho a respeito do tema. A possibilidade de uso de ferramentas específicas – penas de bambu e de metal de diversas espessuras, fornecidas pela professora – proporcionou aos alunos um entendimento preciso de conceitos como contraste, modulação e derivação de partes das letras.

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A partir da quinta aula, passou a haver alternância entre aulas expositivas, ministradas pelas professoras, e palestras com professores e designers de tipos convidados. Os temas abordados nas palestras eram, de certa forma, relacionados a algum aspecto prático que estava sendo trabalhado pelos alunos nos exercícios propostos.

A primeira palestra foi apresentada na aula 05 pela pesquisadora, que mostrou à turma os primeiros passos no processo de design de uma fonte, como a busca por referências, a definição de métricas e proporções e a derivação de caracteres. A apresentação durou cerca de 30 minutos, seguida pela exposição de conteúdos pela estagiária docente, e logo após houve orientação de projetos do exercício 1.

Leonardo Buggy foi responsável pela segunda palestra, na aula 06, durante a qual foram expostos os processos criativos de diversos designers de tipos, inclusive o MecoTIPO,

95 criado pelo professor para o design de fontes display em sala de aula. Buggy levou diversos livros sobre tipografia para mostrar aos alunos, e fez breves comentários sobre o conteúdo de cada um, indicando quais seriam mais interessantes como bibliografia auxiliar ou apenas a título de curiosidade tipográfica.

Sua participação foi a que deixou os alunos mais interessados e curiosos, apesar de ter durado mais tempo que o combinado, o que resultou em atraso no cronograma da disciplina: o exercício 2, que deveria ter sido proposto nessa aula, foi apresentado aos alunos apenas na aula seguinte. Logo após a palestra, os alunos entregaram as fontes projetadas no exercício 1, e um exemplar do livro MecoTIPO foi presenteado à aluna que teve seu trabalho eleito por Buggy como o melhor da turma.

Na aula 09, a designer Fátima Finizola falou sobre sua experiência com tipografia e iconografia vernacular. Foi abordada a prática de design de tipos combinada à pesquisa iconográfica, com foco em seu projeto mais recente, uma fonte dingbat que reinterpreta os clássicos desenhos das carrocerias de caminhão do estado (Finizola, 2013).

A palestra mostrou aos alunos várias possibilidades de uso de referências para projetos tipográficos, e que é possível encontrá-las em diversos lugares, além de fornecer um vislumbre de como é o trabalho com design de tipos no mercado local. Ao final da palestra, foi sorteado um cartaz promocional do dingbat Carrocerias de Caminhão, juntamente com um CD contendo a fonte.

Na aula 10, uma semana antes de o exercício 3 ser apresentado à turma, a pesquisadora foi convidada para mais uma palestra, desta vez relatando sua experiência com o design de uma fonte digital durante a edição de 2009 da disciplina Design de Tipos, em um contexto muito semelhante ao que seria proposto a seguir. Foi exposto o processo de criação da Hidromel, tipografia desenhada a partir de um rótulo de bebida da coleção Imagens Comerciais de Pernambuco (Silveira, 2010), pois este era o conjunto de referências então explorado. Discutiram-se as decisões projetuais acerca de quais características do rótulo original deveriam ser mantidas, e também foi apresentada a extração de módulos das letras originais e a adaptação da árvore de derivação de caracteres para aquela situação específica.

Em comparação com as disciplinas anteriores, esta edição foi a que trouxe menos diversidade em seus convidados, sendo todos designers locais e ligados ao ensino de tipografia e à UFPE. As três edições contaram com a presença de Buggy e Finizola como convidados. Como mencionado anteriormente, convites para palestras e aulas especiais são prática comum no contexto de ensino de tipografia em Pernambuco, e tanto Buggy como Finizola são bastante acessíveis e solícitos a esse tipo de convite.

Na disciplina de 2009.1 foram ministradas palestras de Gustavo Gusmão e Matheus Barbosa, dois jovens designers que tinham a tipografia como ferramenta central em seu trabalho, mas abordagens e processos criativos bastante diversos. A segunda edição teve a presença de Josinaldo Barbosa, professor de design de tipos do IFPE, cujo foco é tipografia experimental. Os alunos tiveram também a oportunidade de assistir a uma palestra de Catherine Dixon, designer e pesquisadora da universidade Central St. Martins, na Inglaterra, em visita à UFPE.

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Uma característica marcante da turma de 2012.2 foi a timidez da grande maioria dos alunos durante os momentos de discussão, principalmente após as palestras. É possível que, dada a pouca idade e falta de experiência no curso, estes ainda não se sentissem confortáveis ao falar em público, mesmo que apenas para fazer uma pergunta.

Esse desconforto foi, aos poucos, atenuado no decorrer da disciplina. Nos momentos de entrega dos trabalhos, a professora solicitava aos alunos que explicassem o conceito de suas fontes e seu processo criativo para os colegas, em apresentações curtas, de até 5 minutos. Posteriormente, a turma era estimulada a fazer comentários e críticas sobre os projetos apresentados, embora isso raramente acontecesse. A repetição dessa prática ao longo do período quebrou um pouco da inibição dos alunos, e na apresentação dos projetos finais, já se percebia moderada participação da turma na discussão dos resultados.

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Exercício 1

A aula 04 marcou o início efetivo do trabalho de design de tipos pelos alunos, com a proposta do primeiro exercício. Foi requisitado o desenho de um conjunto de caracteres composto pelos alfabetos maiúsculo e minúsculo. As letras deveriam ser construídas a partir de um módulo quadrado, respeitando uma malha de 9x12 módulos por letra. Os alunos foram instruídos, ainda durante a aula 04, a fazer os primeiros esboços das letras à mão, num papel quadriculado fornecido pelas professoras. Após essa primeira etapa, as formas deveriam ser transferidas para a ferramenta Fontstruct (ver nota na página 59), que possibilita a construção modular de caracteres. O software já havia sido utilizado, com bons resultados, nas duas edições anteriores da disciplina (Silveira & Barreto Campello, 2012), e se mostrou uma boa ferramenta de introdução à prática do design de tipos digitais, pois sua interface simples e intuitiva possibilita o desenho das letras e geração do arquivo-fonte de forma mais ágil que outros aplicativos de design tipográfico.

O prazo para desenvolvimento da tipogafia foi de duas semanas, com uma orientação individual na metade desse período. A entrega consistia no arquivo-fonte, acompanhado do type specimen20, impresso em formato A3. A peça gráfica, cuja única restrição dizia

respeito ao uso de imagens, serviu para balancear o alto grau de limitação projetual imposto aos alunos no exercício, e também para estimular a prática do design com tipos, usando a própria fonte digital como ferramenta. Na figura 42, pode ser visto o type specimen criado por um dos alunos.

20 Type specimen é o nome que se dá à prancha de apresentação de uma tipografia, e onde é possível fazer

97 Figura 42. Type specimen do exercício 1 de um dos alunos, composto apenas por elementos tipográficos.

As limitações do exercício e o pouco tempo estipulado para sua realização não davam possibilidade de ajustes óticos ou de kerning. Essas restrições projetuais serviram, segundo Almeida, para que os alunos mantivessem o foco em resolver problemas presentes na construção de um alfabeto: a definição de proporções consistentes e a ideia de que uma tipografia é um sistema, e as letras devem funcionar em diversas

combinações. Além disso, a turma experimentou pela primeira vez, ainda que de forma extremamente simplificada, o fluxo de trabalho do design de uma fonte digital.

Em relação às edições anteriores da disciplina, o primeiro exercício foi mais simples, e teve menos restrições projetuais. Em 2009, foi exigido dos alunos no primeiro exercício, além da construção com módulos quadrados, que o alfabeto desenvolvido tivesse características de fonte estêncil – bojos abertos e desenhos que possibilitassem o recorte das letras em uma máscara para pintura.

Na edição de 2011, o exercício estava atrelado a conceitos de forma e contraforma

abordados anteriormente. Era exigido que os caracteres fossem construídos com a menor quantidade possível de espaços em branco. Na disciplina oferecida em 2012, o único requisito projetual do exercício era a construção a partir de módulos quadrados. Ou seja, havia uma camada adicional de complexidade no exercício nas duas edições anteriores, e esta foi removida na última experiência.

Exercício 2

O segundo exercício, proposto na aula 07, apresentava um grau de complexidade

significativamente mais alto que o anterior. Baseado no exercício de desenho modular de caracteres proposto por Buggy (2007), foi a primeira experiência da turma com o uso de referências. Cada aluno deveria escolher uma tipografia de sua preferência, e a partir dela extrair uma quantidade máxima de três módulos, que serviriam para construir seu

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próprio conjunto de caracteres, respeitando também uma malha autoimposta. A figura 43 exemplifica a lógica de extração de módulos.

Os módulos poderiam ser rotacionados, replicados e espelhados livremente, e não havia limite mínimo ou máximo para seu tamanho. Entretanto, não era permitido o corte ou redimensionamento destes, uma vez que estivessem definidos. Sobreposições só poderiam ser feitas caso fosse respeitada a malha de construção.

Figura 43. Extração de três módulos de construção a

partir de partes da letra T, da fonte Times New Roman.

Créditos da imagem: Swanne Almeida, 2012. O prazo para desenvolvimento da tipografia neste exercício foi de três semanas, com duas orientações individuais antes da entrega. O conjunto mínimo de caracteres exigido neste exercício consistia em alfabetos maiúsculo e minúsculo, além dos algarismos. Dos 30 alunos que entregaram o exercício, quatro foram além dos requisitos mínimos, apresentando sinais de pontuação e acentos. Segundo Almeida, o desenho de caracteres extras não influenciou a avaliação.

Além do arquivo-fonte, foi exigida também uma peça gráfica, tridimensional ou digital com a aplicação da tipografia projetada. A entrega do exercício aconteceu na aula 10, e foi realizada em forma de apresentação de um breve memorial descritivo, no qual os alunos mostraram a tipografia usada como referência, os módulos, a malha de construção e o resultado final.

A liberdade concedida aos alunos para a criação de seus próprios módulos não só proporcionou uma gama maior de possibilidades construtivas, como também tornou possíveis ajustes visuais e espacejamento mais cuidadoso entre os caracteres. A maioria da turma soube tirar proveito desse novo cenário. Seis alunos, entretanto, se mantiveram presos à estrutura de módulos quadrados utilizada no exercício anterior.

O exercício 2 foi o que sofreu mais variações entre uma disciplina e outra. Sua configuração na edição de 2009 também consistia na construção do conjunto de caracteres por meio de módulos diferentes. Entretanto, era exigido o uso do Fontstruct para criação da fonte com um número máximo de três módulos, dentro de uma malha bastante reduzida. Na edição de 2011, havia a mesma imitação quanto ao uso de módulos, mas não era exigida sua construção dentro de uma malha, como nas outras edições. A forma dos módulos era de livre escolha, contanto que estes fossem inspirados em objetos do mundo real.

99 Na edição atual, o nível de refinamento modular ficou a critério dos alunos. Na figura 44, podem ser vistos alguns detalhes do desenvolvimento da tipografia da aluna A.M.

Figura 44. Processo de desenvolvimento de uma das fontes do exercício 2.

Créditos da imagem: memorial descritivo de uma das alunas.

Exercício 3

O último exercício de projeto tipográfico proposto aos alunos foi também o mais complexo. O ponto de partida para o desenvolvimento das fontes digitais foi a Coleção Almirante de rótulos de bebida (Almeida & Coutinho, 2013) (figura 45), parte do acervo da Fundação Joaquim Nabuco. Os alunos deveriam construir um conjunto de caracteres a partir de letreiramentos e logotipos presentes nos rótulos, buscando manter ao máximo as características presentes na referência original.

Na aula 11, a prof. Coutinho apresentou a Coleção Almirante aos alunos, e explicou em detalhes os requisitos, o cronograma e a dinâmica de orientações para o exercício 3. A professora apontou que já haviam sido apresentados vários caminhos para o design tipográfico, e neste projeto os alunos teriam mais liberdade no desenho das letras, não mais presos a uma estrutura modular.

Durante a semana, os 30 letreiramentos presentes nos rótulos, selecionados previamente por Almeida, foram sorteados entre os alunos através de uma ferramenta online de sorteio. Essa medida não foi bem aceita pela turma. Em entrevista, a estagiária docente relatou ter recebido diversas reclamações por e-mail no decorrer da semana, de alunos insatisfeitos com a referência que lhes coube, e um dos rótulos predefinidos foi

substituído. Apenas na semana seguinte, na aula 12, a turma entrou em acordo acerca das referências (alguns alunos trocaram rótulos entre si) e o trabalho de design de tipos foi iniciado.

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Figura 45. Alguns letreiramentos de rótulos de bebidas, usados como referências para as fontes desenvolvidas no exercício 3. Créditos da imagem: Coleção Almirante, acervo Fundação Joaquim Nabuco.

O conjunto de rótulos era bastante heterogêneo, como pode ser visto na figura 45. Alguns letreiramentos continham apenas letras maiúsculas, outros eram formados por

maiúsculas e minúsculas, alguns apresentavam caráter caligráfico e muitos deles continham elementos decorativos como contorno, sombreamento, hachuras,

preenchimento em duas cores etc. Além disso, a quantidade de letras nos logotipos era variável.

Essas características dificultavam a igualdade de condições entre os alunos. As docentes, então, decidiram por não exigir os alfabetos maiúsculo e minúsculo para todos os projetos, como havia sido feito nos exercícios anteriores. O conjunto de caracteres poderia ser formado, por exemplo, por um alfabeto maiúsculo e outro complementar, sombreado, além dos algarismos e principais símbolos, seguindo o estilo presente no

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