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CAPÍTULO 8 CONCLUSÕES

2. A CONSTRUÇÃO DE TAIPA E A SUA CONSERVAÇÃO

5.3. BLOCOS DE TAIPA

5.3.3. Controlo de secagem

Após a realização dos defeitos-padrão, os blocos de taipa foram colocados em prateleiras, por questões de disponibilidade de espaço, numa sala com ambiente controlado a 20°C e 50% de humidade relativa (Figura 5.11). A secagem dos blocos de taipa não podia ser controlada por pesagem, como é habitual, uma vez que estes blocos pesam mais de 35 kg cada; transportá-los e pesá-los com regularidade não se revelou viável. Os blocos permaneceram nessa sala durante aproximadamente vinte meses, período muito superior aos três meses considerados necessários e utilizados por Schroeder (2011) para secagem de uma parede de taipa com dimensões 1,50m1,00m0,50m (comprimentolarguraaltura) - em ambiente controlado, 12°C e 68% HR (ver secção 2.3.4). É ainda de salientar que os blocos do trabalho de Schroeder apresentam dimensões muito superiores aos do presente trabalho, o que poderá também influenciar na secagem.

Será, no entanto, de referir que uma parede de terra nunca se encontra completamente seca, mas sim em equilíbrio com o ambiente; contém sempre uma percentagem em água, embora esta possa ser mínima (Le Tiec e Paccoud 2006); ou seja, a água nunca evapora completamente pois está em equilíbrio higroscópico com a humidade relativa do ar circundante.

Figura 5.11. Disposição dos blocos de taipa na sala condicionada

A disposição dos blocos de taipa sobre as prateleiras teve de ser cuidadosa, na medida em que era importante que o ar circulasse por entre os blocos, para que a secagem se desse da forma mais homogénea possível. De maneira a controlar este aspeto, utilizou-se um método expedito que consistiu em monitorizar a secagem nos primeiros três meses, realizando vários ensaios ao longo deste período em provetes de pedra (cubos de calcário de Ançã com 2,5 cm de aresta). Os provetes estiveram imersos em água até à sua total saturação, tendo sido posteriormente colocados junto aos blocos de taipa, em posições estratégicas (Figura 5.11). A secagem destes cubos foi monitorizada por pesagens regulares, tendo-se verificado algumas diferenças. Contudo, não se verificaram diferenças significativas; considerou-se que as condições de evaporação da taipa eram mais ou menos semelhantes de face para face e de bloco para bloco.

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6. ESTUDO DAS ARGAMASSAS

Foi avaliada a influência do teor de água nas propriedades da argamassa fresca - trabalhabilidade e retração. Para possibilitar essa avaliação, foram primeiro escolhidos os ensaios que melhor traduzem a trabalhabilidade, cruzando os dados experimentais com informação sobre a aplicação das argamassas.

A partir dos resultados da trabalhabilidade e da retração foi definido o traço volumétrico das possíveis argamassas de reparação a aplicar nos blocos de taipa, com a adição de areia.

Depois de definidos os traços das argamassas, estas foram mais amplamente caracterizadas no estado fresco e endurecido - com e sem a adição de fibras e de estabilizantes químicos: cal aérea hidratada, cal hidráulica natural, cimento Portland e cimento natural -, com vista à caracterização e escolha das argamassas mais promissoras para aplicação nos blocos de taipa.

6.1. INTRODUÇÃO

Este capítulo foca uma campanha de ensaios realizados sobre argamassas de terra, nos estados fresco e endurecido, com vista à escolha dos traços mais promissores para argamassas de reparação de taipa. Tal como esquematizado na Figura 6.1, houve a necessidade numa primeira fase de avaliar a influência do teor de água nas propriedades da argamassa fresca (trabalhabilidade e retração) até à fase final da escolha do traço e caracterização das argamassas. As fases experimentais foram as seguintes:

(i) Fase I - realização de seis amassaduras por cada argamassa (AAv, APD, AVC e ATP), utilizando teores de água crescentes, com o objetivo de;

- escolher os ensaios (consistência por espalhamento e por penetrómetro e escoamento) mais apropriados para avaliar a trabalhabilidade numa argamassa de terra cruzando os dados experimentais com informação sobre a aplicação das argamassas;

- escolher uma metodologia para a preparação e aplicação das argamassas de terra;

(ii) Fase II - pré-seleção das argamassas em função do teor de água: avaliação da retração, propriedade que condiciona a viabilidade de uma argamassa;

(iii) Fase III - seleção do traço das argamassas com a incorporação de areia e fibras;

(iv) Fase IV - caracterização das argamassas, com e sem a introdução de estabilizantes minerais (cal aérea, cal hidráulica, cimento Portland, cimento natural), através de ensaios no estado fresco (consistência por espalhamento e massa volúmica) e no estado endurecido: ensaios hídricos (absorção de água por capilaridade e secagem) e ensaios mecânicos (módulo de elasticidade dinâmico e resistência à tração por flexão e à compressão).

Figura 6.1. Organigrama das etapas da campanha experimental para a escolha das argamassas mais promissoras para aplicação nos blocos de taipa

Fase I

- Definir os ensaios que melhor traduzem a trabalhabilidade, cruzando os dados experimentais com a aplicação das argamassas - Definir metodologia para preparação e aplicação

das argamassas

Objetivo: escolha das argamassas mais promissoras para aplicação nos blocos de taipa

Fase II - Pré-seleção das argamassas em função

do teor de água: avaliação da retração

Fase I e II - Avaliar a influência do teor

de água nas propriedades da argamassa fresca:

trabalhabilidade e retração

Fase III - Definir e corrigir o traço

volumétrico das argamassas (incorporando areia e fibras)

Fase IV - Caracterização das argamassas com e sem a

introdução de estabilizantes minerais: - estado fresco

- estado endurecido - ensaios hídricos e ensaios mecânicos

Seleção das argamassas a aplicar nos blocos de

As quatro fases dos trabalhos incidiram sobre quatro tipos de argamassas de reparação (Tabela 5.1):

(i) três argamassas (AAv, APD, AVC) baseadas nas terras colhidas dos três estudos de caso (MAv, MPD e MVC), utilizadas para simular o caso em que a reparação de uma taipa é efetuada com terra local;

(ii) a argamassa padrão (ATP) que utiliza terra argilosa comercial (MTP), que corresponde à alternativa de reparação das diferentes taipas utilizando um material diferente do das edificações; para além das argamassas não estabilizadas quimicamente ou com fibras, são ainda adicionados a este tipo de argamassa ligantes minerais em relação à massa de terra (MTP), em percentagens de 5%, 10% e 15%, de cal aérea hidratada (CA), cal hidráulica natural (CH), cimento Portland (CP) e cimento natural (CN) e ainda uma percentagem de 5% de fibras naturais.

6.2. FASE I: DEFINIÇÃO DOS ENSAIOS QUE MELHOR TRADUZEM A TRABALHABILIDADE DE