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CAPÍTULO 8 CONCLUSÕES

2. A CONSTRUÇÃO DE TAIPA E A SUA CONSERVAÇÃO

3.3. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS FRESCAS

A massa volúmica aparente (m) de um material é dada pelo quociente entre a sua massa e o volume que ela ocupa. Esta propriedade das argamassas foi determinada pelo procedimento descrito na norma EN 1015-6 (CEN 1998b).

Utilizou-se um recipiente de aço inox com volume e massa conhecidos (V = 1 litro; m1 = 599 g). O recipiente é preenchido até cerca de metade do seu volume. O conjunto do recipiente e argamassa são deixados cair 10 vezes sobre uma superfície rígida, em lados alternados. Seguidamente o recipiente é cheio na sua totalidade e é repetido o processo de compactação. O topo do recipiente é rasado com a ajuda de uma espátula, para remover o excesso de argamassa. Determina-se a massa do recipiente preenchido, m2 (g), e é calculada a massa

volúmica aparente, m, pela equação [3.12]. São realizadas duas determinações da massa volúmica aparente por amassadura. O resultado final é dado pela média aritmética dos dois ensaios.

3

1 2 / m Kg V m m m    [3.12]

3.3.2. Consistência por espalhamento

O ensaio da consistência por espalhamento é um dos ensaios mais utilizados para avaliar as características das argamassas no seu estado fresco e foi realizado através do procedimento descrito na norma EN 1015-3 (CEN 1999a) e respetivos aditamentos.

O ensaio consiste em colocar um molde tronco-cónico centrado na mesa de espalhamento, que se enche com a argamassa fresca até cerca de metade da sua capacidade; compacta-se a argamassa com 10 pancadas com um pilão de plástico, para eliminação de vazios. Seguidamente é preenchido o resto do molde com argamassa em excesso e esta é novamente compactada com mais 10 pancadas. O material em excesso é rasado ao nível do topo do molde. Retira-se o molde e a amostra é submetida à ação de 15 pancadas, obtidas por quedas sucessivas da mesa de espalhamento, durante 15 segundos (1 pancada/s). Em resultado das pancadas, a argamassa tende a espalhar-se na mesa. Com o auxílio de uma craveira, são medidos dois diâmetros ortogonais e o espalhamento corresponde à média dos diâmetros. São efetuados dois ensaios de espalhamento por amassadura e o resultado final é dado pela média aritmética dos dois ensaios.

3.3.3. Consistência por penetrómetro

O ensaio de consistência por penetrómetro foi efetuado com base no procedimento descrito na norma EN 1015- 4 (CEN 1998a).

O ensaio consiste em preencher um recipiente normalizado com a argamassa fresca, em 2 camadas, cada uma compactada com 10 pancadas com um pilão de plástico, para eliminação de vazios. Seguidamente a argamassa em excesso é removida e é colocado o recipiente na base do penetrómetro. Este equipamento é constituído por uma haste vertical, na base da qual está fixo um êmbolo com determinada massa. A haste é deixada cair sobre a argamassa, medindo-se a profundidade de penetração. São efetuados dois ensaios por penetrómetro por amassadura e o resultado final consiste na média aritmética dos dois ensaios.

3.3.4. Escoamento por cone de Marsh

O ensaio de escoamento foi efetuado com base no procedimento descrito na norma NP EN 445 (IPQ 2000). O diâmetro interno do tubo de saída do cone, que se designa cone de Marsh, indicado na norma é de 10 mm. Porém verificou-se que este valor é demasiado reduzido para argamassas de terra (a norma é específica para caldas de injeção, que são bastante mais fluidas). Assim utilizou-se um funil de vidro com capacidade de

aproximadamente 6 litros, com diâmetro interno do tubo de saída de 25 mm e com diâmetro do bocal de 292 mm, conforme se visualiza na Figura 3.3.

Com a saída do funil fechada, este é preenchido com uma determinada quantidade de argamassa, mexendo com uma vareta de vidro, para não deixar ar aprisionado no seu interior, mas sem fazer qualquer vibração ou compactação. A norma indica uma quantidade de 1 litro. Contudo, neste procedimento não houve um valor fixo, sendo a quantidade de argamassa sempre superior a 1,5 kg. A saída do funil é destapada e a argamassa deixada cair para dentro de um recipiente colocado sobre uma balança, previamente tarado. É registada a quantidade de material escoado a cada 5 segundos. Considerou-se que o ensaio estava finalizado quando o tubo de saída do funil ficava desobstruído.

Figura 3.3. Esquema do funil de vidro utilizado no ensaio de escoamento

A norma NP EN 445 é específica para caldas de injeção para armaduras de pré-esforço e, indica que se devem efetuar três ensaios com 30 minutos de intervalo, desprezando os valores do primeiro ensaio no tempo zero. Contudo, nesta tese apenas foi efetuado um único ensaio, uma vez que foram ensaiadas apenas argamassas sem qualquer ligante hidráulico, não havendo portanto o problema do tempo de presa (para além da evaporação da água para o ambiente, influenciando na secagem da argamassa).

O resultado do ensaio é dado pelo tempo de escoamento da argamassa através do cone. A fluidez da argamassa, que aqui se designa por escoamento da argamassa, é expressa pelo quociente entre a massa escoada e o período de tempo em que o escoamento decorreu (g/s). A quantidade de argamassa que ficava agarrada às paredes do funil foi também quantificada.

3.3.5. Avaliação direta da trabalhabilidade

Com a finalidade de verificar como a trabalhabilidade das argamassas em estudo era influenciada pelo teor em água, foram efetuadas aplicações sobre um suporte de taipa.

Não foram aplicadas todas as argamassas em todos os blocos de taipa; as três argamassas que correspondem a terras locais só foram aplicadas nos blocos da taipa correspondente (efetuados com o mesmo material), enquanto a argamassa de terra-padrão (ATP) foi aplicada em todos os tipos de blocos de taipa, uma vez que se pretende avaliar a sua adequabilidade para reparar qualquer taipa.

140 cm 25

292 mm

Análise da opinião do operador na trabalhabilidade da argamassa através do modelo de análise conjunta

Para avaliar a opinião do operador na trabalhabilidade da argamassa (Trab.Argamassa), foi definida uma função através do modelo de análise conjunta (conjoint analysis).

O método da análise conjunta é a abordagem mais popular quando se pretende saber as preferências do consumidor numa pesquisa de marketing. É uma das técnicas onde a decisão do interveniente tem de lidar com opções que simultaneamente podem variar com dois ou mais atributos (Green et al. 2001). A metodologia utilizada tem por base a separação dos vários elementos, em que os intervenientes apenas atribuem um valor para diferentes alternativas ou perfis, a partir das suas preferências (Hurtado e Manuel 2010). Assim sendo, o modelo de análise conjunta é baseado nas escolhas, sendo na realidade um problema de regressão múltipla que permite determinar a importância das ponderações. Este método indica como diferentes atributos são utilizados pela mesma pessoa em diferentes situações.

A metodologia neste trabalho foi baseada nas respostas dadas pelos dois operadores sobre a avaliação por eles efetuada em relação aos seguintes parâmetros respeitantes à argamassa: o manuseamento da própria argamassa, a facilidade de aderência ao suporte, de aperto e de regularização. Os operadores classificaram ainda a trabalhabilidade geral da argamassa no seu conjunto. A avaliação para estes cinco parâmetros foi quantificada em: má; suficiente, boa, excelente.

3.4. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DAS ARGAMASSAS ENDURECIDAS