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4 APLICAÇÃO DA CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇO E ANÁLISE DOS

4.4 Correção das demonstrações contábeis

Uma vez obtido os dados do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultados das empresas da amostra, assim como o índice de inflação do período do estudo, conforme visto anteriormente, será realizada à Correção Monetária de Balanços, de acordo com a sistemática vista no capítulo 3. Posteriormente, depois de obtida as informações relativas à correção das demonstrações contábeis para as empresas da amostra, serão obtidos o total pago em dividendos aos acionistas em cada ano e feito um estudo comparativo com o objetivo de verificar a correlação entre essas duas variáveis.

Para corrigir as demonstrações contábeis, primeiramente extraiu-se do banco de dados Economática®, os valores do Ativo Permanente (AP), Patrimônio Líquido (PL), Resultado de Exercício Futuro (REF) e o Lucro Líquido do Exercício (LL) apurado pela Legislação

Societária (LS) para as empresas da amostra nos nove anos de estudo e transportou-se para o software Microsoft Excel®, onde iniciou-se correção das demonstrações.

Com o objetivo de que a Correção Monetária de Balanços reflita, senão perfeitamente, o mais próximo possível o verdadeiro efeito que a inflação causa nas demonstrações contábeis, será corrigida também a conta de Resultado de Exercícios Futuros – REF. Isso é sugerido por Almeida (1988, p. 104), após ressaltar que o grupo Resultado de Exercício Futuro não possui característica de dívida. Na verdade, o REF corresponde a receitas, custos e despesas já incorridos que, por uma questão de princípios contábeis ficam no balanço patrimonial transitoriamente até serem transferidos para a apuração do lucro líquido do exercício. Por isso será corrigido monetariamente junto com as contas do Patrimônio Líquido.

Como na conta de Patrimônio Líquido já estava somado (diminuído) o lucro (prejuízo) do exercício corrente, subtraiu-se do Patrimônio Líquido o Lucro Líquido daquele ano apurado pela Legislação Societária, para então corrigir-se o PL sem a interferência do LL do exercício. Feito isso, aplicou-se o valor da inflação apurado pelo IGP-DI sobre os valores do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido, obtendo assim a correção do AP e do PL. Os resultados da correção dessas duas contas formaram o Resultado com a Correção Monetária de Balanços.

Após calculado o Resultado com a Correção Monetária de Balanço (RCMB), apurou-se o Lucro Líquido do Exercício após essa correção, sendo formado pela soma do RCMB mais o LL do exercício sem a correção (apurado conforme a Legislação Societária). Por fim, somou- se ao valor do PL já corrigido o novo LL do exercício já com o RCMB. Os valores corrigidos do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido formaram a base para os próximos anos subseqüentes.

Cabe ressaltar que as variações observadas no decorrer de um determinado ano (de 01 de janeiro a 31 de dezembro), tanto para valores do AP quanto do PL, foram acrescidas aos valores corrigidos do AP e do PL do final ano anterior e só então realizou-se as novas correções. Isso foi repetido até o ano de 2004, o último de nosso estudo. Portanto, os valores corrigidos do Ativo Permanente e do Patrimônio Líquido foram sendo transportados ano a ano, idêntico ao que seria realizado se em 1995 não houvesse sido extinta a Correção Monetária de Balanço. As tabelas do Apêndice B mostram o Lucro Líquido do Exercício

antes da correção monetária, o Resultado com a Correção Monetária de Balanços e o novo Lucro do Exercício após a correção para todas as empresas da amostra em todos os anos do estudo, perfazendo um total de 2.050 demonstrações contábeis corrigidas, conforme a tabela 4.3. O resultado da correção monetária das 255 empresas da amostra deste estudo para os anos de 1996 a 2004 está no Apêndice B.

Tabela 3 - Composição da amostra do estudo. Número de empresas da amostra em cada ano Setor de Atividade Econômica 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Total de Demonstrações Corrigidas 1. Agro e Pesca 1 1 2 2 2 3 3 3 3 20 2. Alimentos e Bebidas 14 18 19 19 18 18 17 18 18 159 3. Comércio 6 13 13 13 13 13 13 13 15 112 4. Construção 7 11 13 13 13 13 13 13 13 109 5. Eletroeletrônicos 6 7 7 7 7 7 7 7 7 62 6. Energia Elétrica 18 22 31 33 33 35 36 36 36 280

7. Minerais não Metálicos 2 3 4 4 4 4 4 4 4 33

8. Mineração 3 3 3 3 3 3 3 3 3 27 9. Máquinas Industriais 5 5 5 5 5 5 5 5 5 45 10. Papel e Celulose 7 7 7 7 8 8 8 8 8 68 11. Petróleo e Gás 6 8 8 8 8 8 8 8 8 70 12. Química 16 17 18 18 18 19 19 19 18 162 13. Siderurgia e Metalurgia 23 30 31 31 31 31 31 31 31 270 14. Software e Dados 0 0 0 0 0 0 1 1 1 3 15. Telecomunicações 3 4 19 22 22 23 24 24 24 165 16. Têxtil 21 23 27 27 27 27 27 28 28 235 17. Transportes e Serviços 2 4 7 8 9 9 11 11 12 73 18. Veículos e peças 14 17 18 18 18 18 18 18 18 157 Total de Observações/Ano 154 193 232 238 239 244 248 250 252 2050

Como pode ser observado na tabela 3, a amostra desse estudo é composta de 18 setores de atividade econômica. Esses setores compreendem todos aqueles disponíveis no banco de dados Economática®, com exceção dos setores de Finanças e Seguros, Fundos e as empresas não enquadradas em nenhum setor específico. Cada número da tabela representa o total de empresas de determinado ano que procedeu-se a Correção Monetária de Balanço e obteve-se informações sobre os dividendos para ser analisado na seqüência. Por exemplo, o número 14 na linha do setor de Alimentos e Bebidas e na coluna de 1996 indica que, naquele ano, um total de 14 empresas teve suas demonstrações corrigidas e coletas informações sobre dividendos e será chamada, a partir de agora, de observações.

O setor com o maior número de observações no decorrer dos nove anos do estudo foi o de Energia Elétrica, com 280 observações. Mais uma vez vale lembrar que não foram 280 empresas, mas sim 280 demonstrações contábeis de empresas corrigidas de 1996 a 2004. O total de empresas para esse setor nunca foi maior que 36. O setor com menor número de observações foi o de software e dados, com apenas uma empresa (Universo On Line) tendo aberto capital em 2002. O total de empresas foi crescendo a cada ano, passando de 154 em 1996 para 252 em 2004, perfazendo 2.050 observações nos nove anos e sendo 255 empresas diferentes.