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3 CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇOS E CORREÇÃO INTEGRAL

3.4 Correção Monetária Integral

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) passou a exigir que as empresas de capital aberto publicassem seus demonstrativos contábeis pela correção monetária integral por meio da Instrução CVM nº. 64, de 19 de maio de 1987. O objetivo era melhorar a qualidade das informações que eram transmitidas ao mercado, frente a um processo de deterioração do poder aquisitivo da moeda inflação que assumia níveis astronômicos.

Cabe aqui ressaltar que, por mais bem formulada que possa ser essa sistemática, ela tem o mesmo objetivo da Correção Monetária de Balanços, ou seja, o de restaurar a magnitude monetária dos valores registrados pelo princípio contábil do custo histórico, através da apuração do efeito inflacionário no poder aquisitivo da moeda, ou, mais especificamente, nos itens monetários do Balanço Patrimonial.

O raciocínio implícito nesta metodologia é exatamente o mesmo do da Correção Monetária de Balanços. Todo ativo monetário exposto à inflação gera perda inflacionária e se não for compensado com o ganho gerado pelo passivo monetário, provocará um prejuízo no período. A diferença aqui é que os cálculos para depurar essa perda são processados diretamente no ativo e passivo monetário, ao invés de no Ativo Permanente e Patrimônio Líquido.

A sistemática da Correção Monetária Integral foi desenvolvida pelos professores do Departamento de Contabilidade e Atuária da FEA-USP. A FIPECAFI (2006, p. 500) aponta as seguintes vantagens decorrentes da aplicação da correção monetária integral:

ƒ Apresenta os efeitos da inflação em todos os elementos das demonstrações contábeis; ƒ Corrige saldos finais de itens não monetários que não eram considerados na legislação

societária, tais como estoques e despesas antecipadas;

ƒ Determina a inclusão do ajuste a valor presente nos valores prefixados de contas a receber e a pagar.

Ainda para a FIPECAFI (op. cit.), a utilização da Correção Integral atualiza todos os valores históricos das demonstrações contábeis para uma única data, não devendo ser confundido com valores de mercado ou de reposição, mantendo-se, portanto, o Princípio do Custo Original

como Base de Valor. Ela apresenta algumas razões pelas quais a implantação da Correção Monetária Integral se faz necessária em épocas de inflação, principalmente na alta inflação, que serão resumidas com objetivo de se expor melhor o significado da sistemática da CMI e mostrar a sua importância para o fornecimento de informações contábeis em moeda de mesmo poder aquisitivo:

1. A Correção Monetária Integral avalia a perda da capacidade de compra das disponibilidades e dos valores a receber (ativos e passivos monetários individualmente). Isso porque, mesmo que os empréstimos, as aplicações financeiras e os direitos originados de vendas rendam juros e variações monetárias, a inflação não deixa de reduzir o poder de compra dos valores originais envolvidos;

2. Os valores a pagar geram um ganho da capacidade de compra da empresa. Mesmo que sobre as dívidas da empresa incorram juros e correção monetária, pode ser que a inflação do período seja maior que a soma dessas duas figuras, ou outros encargos. Se isso ocorrer, a empresa terá um ganho monetário;

3. Sem a correção monetária, o custo da mercadoria vendida pela empresa há certo tempo é subtraído da receita de venda de hoje, ocasionando distorções do lucro bruto. Na CMI, o valor da mercadoria vendida é corrigido pela inflação do período, de modo que seja comparada com a receita de hoje com base em moeda de mesmo poder aquisitivo;

4. A Correção Integral considera também a defasagem nos valores de ativos não monetários, como efetuado na CMB;

5. A CMI atualiza os valores das receitas e despesas nas demonstrações do resultado, com objetivo de somar as importâncias dos 12 meses do período de acordo com o poder de compra da moeda em cada mês. Isso gera uma das principais diferenças entre a Correção Monetária de Balanços e a Integral, principalmente em épocas de alta inflação.

De acordo com a FIPECAFI (2006, p. 502), a não observância desses fatores implica em enormes distorções na apresentação de demonstrações contábeis comparativas. Essas distorções impactam em uma série de outras análises subseqüentes, entre elas, a análise de indicadores financeiros da organização. Por isso, a institucionalização da correção integral pela Instrução CVM n.º 64/87 (depois substituída pela Instrução n.º 191/92) representou sensível avanço da Contabilidade como fonte de informação aos diversos usuários.

Almeida (1988, p. 50) apresenta o fundamento básico da Correção Monetária Integral, mostrando como proceder aos ajustes de cada conta das demonstrações financeiras tradicionais para torná-las depurada dos efeitos inflacionários:

1) Itens expressos em reais

a) Da data do Balanço: - Caixas e bancos; - Aplicações financeiras; - Empréstimos;

- Direitos e obrigações realizáveis ou exigíveis até 90 dias da data do Balanço.

Critério: não se ajustam

b) Do passado: - Estoques; - Despesas antecipadas; - Investimentos; - Imobilizado; - Diferido; - Patrimônio líquido;

- Adiantamento de clientes ou a fornecedores; - Receitas;

- Despesas.

Critério: Ajustam-se pela variação do índice que representa a inflação, tomando-

se por base o mês de sua formação ou aquisição

c) Do futuro:

- Direitos realizáveis após 90 dias da data do Balanço; - Obrigações exigíveis após 90 dias da data do Balanço;

Critério: Ajustam-se ao valor presente com base na média aritmética da variação

Por meio dessa sistemática, a Correção Monetária Integral depura os efeitos inflacionários de todos os elementos das demonstrações contábeis, determinando a inclusão do ajuste a valor presente nos valores prefixados de contas a receber e a pagar e corrigindo os saldos finais de itens não monetários.