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Crescimento urbano e transformação do espaço rural na formação das ATRU s

4. Morfologia dos espaços rural e urbano

4.3 Crescimento urbano e transformação do espaço rural na formação das ATRU s

Para a análise das ATRU s no município de São Gonçalo do Amarante fez-se necessário aprofundar a pesquisa na gênese dos seus processos de formação, contextualizando-as como elemento importante no processo de planejamento urbano e gestão territorial.

Buscou-se analisar, assim, os elementos importantes no espaço municipal, como determinantes da estrutura territorial e urbana, característica do ambiente pesquisado. Essa estrutura é abordada freqüentemente como cidade enquanto elemento físico ou como zona rural dependente do urbano , sem a devida consideração das relações entre os elementos que as constituem.

A transformação do espaço físico não se mostra suficiente para caracterizar a estruturação ou reestruturação territorial e urbana, conforme se demonstrou anteriormente, ou ainda, para estabelecer relações de supostas dependências lineares e recorrentes entre zonas rigidamente fixadas na cartografia municipal.

Entende-se então como estrutura urbana e estrutura rural o conjunto de mudanças sócio-espaciais nos elementos que as compõem e não apenas do espaço físico. É fato que através de elementos espaciais buscam-se descrever as estruturas urbanas, como tentativas teóricas explicativas para os movimentos das mesmas (BURGESS, 1968; apud TINÔCO FILHO, 2007), mas deve-se considerar sempre a complexidade da grande diversidade das relações e de seus processos criativos

endógenos e subjacentes, característicos das sociedades modernas, especialmente nos espaços onde as transformações ocorrem de forma dinâmica e expressiva.

Lefebvre (1999) afirma que a sociedade urbana, constitui-se daquela sociedade nascida na industrialização, resultante das transformações descontínuas que modificaram as antigas formas urbanas, e que dominam e absorvem as produções agrícolas. Atualmente, muitas regiões inverteram esse processo do ponto de vista local ou, ainda, regional. Entretanto, observando-se em escala de economia globalizada a pauta econômica rural está intimamente articulada à concentração humana em ambientes fortemente urbanizados.

Para a compreensão da dinâmica da ocupação territorial e urbana que resultou em suas estruturas atuais, verifica-se que na evolução histórica do município, sua morfologia, estrutura tipológica de suas edificações e das relações sócio-espaciais existentes no ambiente urbano, nas ATRU s e nas áreas rurais, evoluíram para o modelo atualmente verificado em seu território.

A história de São Gonçalo do Amarante demonstra que um dos eventos mais marcantes na consolidação de seu território, deu-se com a presença holandesa, a qual marcou profundamente a vida dos colonos e proprietários de engenhos em todo o Nordeste brasileiro e, particularmente, em São Gonçalo do Amarante. A história registra que as primeiras ocupações de terra no município ocorreram no século XVII e está relacionada à existência do Engenho Potengi de propriedade de Estevão Machado de Miranda e a povoação de Uruaçu, com produção expressiva de cana de açúcar e seus derivados (TINÔCO FILHO, 2007).

Com a fracassada tentativa de invadir Salvador, capital brasileira à época (1624), os holandeses redirecionaram sua estratégia de conquista e aportaram em Pernambuco (1630), se expandindo para Alagoas, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte e o Ceará. A capitania do Rio Grande foi incluída no domínio flamengo não por sua produtividade em açúcar, mas pelo fornecimento de suprimentos alimentares oriundos da grande criação de gado vacum existente e que já abastecia as outras capitanias nordestinas.

O Rio Grande caiu sob as investidas dos holandeses em 1633 com a tomada da Fortaleza dos Reis Magos, daí partiram para a povoação mais significativa, o Engenho Ferreiro Torto, localizado à margem direita do Rio Jundiaí, nas proximidades do município de Macaíba. Nessa ocasião, devido à resistência dos seus habitantes, ocorreu o primeiro morticínio empreendido pelos invasores. No ano seguinte tomaram o maior povoado

do Rio Grande, o Engenho Cunhaú e venderam-no ao primeiro governante holandês da capitania, Joris Garstman (TINÔCO FILHO, 2007 p. 11).

Após a saída dos holandeses (1698) chegaram grupos de exploradores, vindos de Pernambuco (1710) para serem os primeiros povoadores da região que hoje corresponde à margem esquerda do Rio Potengi: a cidade de São Gonçalo do Amarante. Ergueram casas assobradadas e uma capelinha, atraídos por terra fértil, com abundância de água.

Os rumos da colonização na capitania do Rio Grande apontam, a partir de então, para o interior, em direção ao sertão, com a conseqüente ampliação da criação de gado, ainda que com forte resistência dos índios à ocupação portuguesa, que ficou conhecida como Guerra dos Bárbaros .

Enquanto as batalhas se processavam no sertão, o litoral seguia prosperando com a produção açucareira, sempre presente na região de São Gonçalo do Amarante, que com o reflorescimento da produção no início do século XIX, junto a Extremoz e Ceará-Mirim, tornou-se um grande produtor de açúcar. Desse crescimento suscitou (1833) o seu desmembramento de Natal e a criação da Vila de São Gonçalo do Amarante.

Mesmo estando em terceiro lugar (1855) no ranking de produção de açúcar no Estado, deixou de ser município, possivelmente por razões políticas e mais ainda pela epidemia de cólera que assolou boa parte do território (1868). Em 03 de agosto de 1874 o povoado volta a ser município. Cinco anos mais tarde é de novo destituído da condição de município, passando a fazer parte do município de Macaíba. Torna-se, mais uma vez, município pelo Decreto nº 57 de 09 de outubro de 1890, fixando então, os seguintes limites físico-territoriais:

[...] ao leste, o município de Natal; ao norte, com o município de Ceará- Mirim; ao sul, limitava-se com linha que, partindo do riacho do Canhão, no rio Jundiaí, localidade de Guabiraba, segue a direção leste-oeste, passando pelas lagoas Uruassu e Tapará, e em seguida, pela estrada do fio telegráfico até encontrar o rio Potengi e por este até a extrema oriental do município de Santa Cruz; a oeste, limitava-se com o município de Santa Cruz (SOUZA, Apud TINOCO FILHO, 2007. p.16).

Foi elevado à categoria de cidade (1938) e parecia consolidar-se enquanto município. Porém, perde mais uma vez a sua autonomia por questões políticas, voltando a fazer parte do município de Macaíba, só que agora com o nome alterado

para Vila de Felipe Camarão. No ano de 1958, no governo de Dinarte Mariz, desmembrou-se de Macaíba para se emancipar definitivamente como município, permanecendo até os dias atuais.

Assim, como cidade criada às margens do Rio Potengi e dedicada à produção de açúcar e criação de gado, foi emancipada, então, através da Lei 2.323 de 11 de dezembro de 1958, desmembrada do município de Macaíba.

Possui uma dimensão territorial de 251 km2 correspondendo a 9,2% do território metropolitano de Natal (RMN=2.729 km2) e a 0,48% do estado (RN=52.797 km2). Possui 69.435 habitantes (BRASIL/IBGE; 2001), correspondendo a 6,2% do território metropolitano de Natal (RMN: 1.116.147 habitantes) e a 2,5% do estado (RN: 2.776.782 habitantes).

Tem volume populacional considerável (cerca de 70 mil habitantes) e a segunda maior taxa de crescimento populacional do período 1991/2000 calculada em 4,86%. As atividades urbanas predominam e o percentual de população em atividades não agrícolas sobe para 90%. Do mesmo modo o volume de pessoas que realizam deslocamentos pendulares intra-regional sobe para 25%47. Em 2000, o Censo Demográfico (BRASIL/IBGE, 2001) registrou na sede de São Gonçalo do Amarante 17.690 habitantes, contra 51.745 dos Aglomerados de Distrito.

Nas projeções do IBGE para o ano de 2005, o município possui 84.788 habitantes correspondendo a 6,7% da RMNatal (1.261.759 habitantes) e a 2,8% do RN (3.003.087 habitantes). Em termos de crescimento da população (2000 a 2005) estima-se que o município passará de 69.435 para 84.788 habitantes, significando um crescimento de 15.353 habitantes, ou seja, 22,11% de crescimento o que corresponde a uma taxa de 4,9% a.a., enquanto que para a RMNatal prevê-se um crescimento de 2,9% a.a. (elevando sua população para 1.261.759 habitantes), e para o RN um crescimento de 1,8% a.a. (elevando sua população para 3.003.087). Possui 48,9% da população em nível de pobreza e 22,5% em estado de indigência. (BRASIL/IBGE; 2005).

Entretanto, esse crescimento de São Gonçalo do Amarante poderá ser bem maior visto que a implantação do aeroporto e da Área de Livre Comércio em seu entorno, deverá constituir-se como forte atrativo para novos residentes, superando

47CLEMENTINO, Maria do Livramento (Coord.). Como Anda Natal. Relatório de pesquisa. Natal: NAPP-

bastante os atuais percentuais de crescimento populacional projetados. Em discussões do Plano Diretor de São Gonçalo do Amarante, a Infraero informou que o padrão de aeroportos associados a Áreas de Livre Comércio, constituídos como tecnopólos, apresentam assentamentos próximos a trezentos mil habitantes (Tóquio, Paris e Hong-Kong), entretanto não há previsões concretas realizadas para essa área, visto não haver qualquer projeto ou plano estratégico desenvolvido, referenciando tal assentamento no entorno do aeroporto de São Gonçalo do Amarante.

Os dados demográficos demonstram que o crescimento da população rural do município não correspondendo a crescimentos compatíveis com o trabalho agrícola, indica uma dinâmica com características mais aproximadas da atividade urbana em grande contingente populacional. Verifica-se que o crescimento de áreas de aglomerações urbanas vai se acentuando no sentido da BR 406, com claro transbordamento da capital metropolitana.

Sua maior participação econômica (em valores) na RMNatal está na Indústria com 9% do total. A agropecuária participa com 6,4% e o setor de serviços com 4,7%. São Gonçalo do Amarante é 3º no ranking dos municípios metropolitanos em valores totais, correspondendo ao 7º lugar em Agricultura, 3º em Indústrias e também 3º lugar em Serviços48. Entretanto, ainda que tenha um PIB percapita de R$ 5.714,00 tem uma renda domiciliar percapita de R$ 1.396,00, denotando que a riqueza produzida no município não se converte em salários ou não é apropriada pela maioria da população.

No ranking do IDH-M na RMNatal, São Gonçalo do Amarante em 2000, atingiu o 3º lugar na média geral (IDH-M=0,695), sendo o 3º lugar em Educação (IDH-M Educação=0,782), 2º em Longevidade (IDH-M Longevidade=0,735), mas o 6º lugar em Renda (IDH-M Renda=0,567), corroborando com o baixo nível de renda da população em geral. Possui 23,6% de pessoas com mais de quinze anos, analfabetas (Isso representa a 3ª melhor colocação na RMNatal, cuja média era de 18,2%); as pessoas com mais de 25 anos possuem em média 4,5 anos de estudo (enquanto Natal apresenta 7,5 anos e Parnamirim 6,9 anos); mas tem 85,9% das crianças de cinco a seis anos, 95,1% de sete a quatorze anos e 75,2% dos jovens

48 CLEMENTINO, Maria do Livramento (Coord.). Diagnóstico para o Plano Estratégico Natal - Metrópole

na escola, o que indica uma mudança potencial de qualidade no capital intelectual do município, ainda que apenas 1,6% das pessoas com quinze a dezoito anos têm acesso ao nível superior.

Isso representa um somatório de problemas para os quais à baixa renda soma-se à baixa escolaridade e à baixa qualificação profissional, não permitirão, no curto e médio prazo, a alocação de postos de trabalho que demandem conhecimento técnico-científico ou tecnológico, como o setor do terciário especializado, em crescimento no município e com fortes perspectivas de rápida ampliação, quando da entrada em operação do novo aeroporto e suas áreas lindeiras ocupadas por setores de comércio, transformação e logística.

Na década de 70, o padrão da malha urbana, compatível em suas dimensões com as demais cidades adjacentes à Natal no período, destacava a presença de pequenos núcleos urbanizados na Sede e nos limites do Município de Natal, ao longo da BR 406, da BR 101 e da RN 160. Nessa década, a ocupação começava a se intensificar estimulada pelos Distritos Industriais dos municípios de Natal, Extremoz e mesmo de São Gonçalo do Amarante, pela política de industrialização desenvolvida pela SUDENE e pelos conjuntos habitacionais que começavam a se instalar na Zona Norte de Natal.

Figura 18 - Malha urbana do município de São Gonçalo do Amarante, com destaque para sua sede e a localidade de Amarante. 1977.

Fonte: Base de dados do Observatório das Metrópoles: Núcleo RMNatal processada por START PESQUISA49, 2007.

Essas localidades limítrofes eram reconhecidas como local de pesca e de produção de sal, aonde pequenos tanques de evaporação e cristalização do sal marinho, situavam-se às margens do Rio Potengi, suprimindo áreas de seus manguezais e atraindo comunidades de pescadores, para o trabalho sazonal de quebra, transporte e peneiramento do sal marinho. Estas comunidades situavam-se esparsamente distribuídas, desde a comunidade denominada Beira-Rio em Natal até a comunidade de Pajuçara, localizada em São Gonçalo do Amarante.

A prática até então desenvolvida era a pesca artesanal e a coleta de ostras e mariscos incrustados nas rochas e madeiras às margens e no leito do Rio, bem como a pesca do camarão, principalmente no momento das vazantes do Rio Potengi e do Rio Jundiaí.

Essas áreas tinham um papel relevante em períodos de grande estiagem no estado, funcionando como um anteparo às famílias de retirantes que vinham à procura de emprego e encontravam nessas localidades possibilidades de sobrevivência com a produção de alimentos para fornecimento à Capital, em trabalhos sazonais agrícolas e não-agrícolas, bem como se integrando às atividades produtivas desenvolvidas pelas comunidades de pesca artesanal e de marisqueiros. Tinham, portanto, características de produção sócio-espacial tipicamente rurais.

Com a intensificação da implantação dos conjuntos habitacionais notadamente na Zona Norte de Natal, provocando o deslocamento da população para essas áreas, principalmente, nas localidades do Amarante e Jardim Lola (Figura 18, abaixo), as relações sócio-econômicas e político-culturais do município, fez com que a ocupação urbana se concentrasse ao longo dos eixos viários e de áreas próximas aos corpos d água, notadamente o Rio Potengi. O corredor formado por essas ligações se constituiu no principal eixo de escoamento de cargas e tráfego pesado metropolitano, no sentido Norte-Sul e da produção agrícola e pecuária desenvolvida na Região.

O sistema viário torna-se, nesse contexto, um dos elementos fundamentais da estrutura fundiária, territorial e de expansão urbana.

Dessa forma, as localidades de Jardim Lola e Amarante constituíam-se na década de 70 com características de ATRU, cuja atenção do município em relação à gestão de sua expansão, ao controle e regulação do transbordamento da malha urbana de Natal e nos mecanismos de gestão dos impactos da migração de trabalhadores atraídos pela construção civil e expansão industrial de Natal, deveria ter sido correspondente a essa força do crescimento. Entretanto, isso não ocorreu concretamente. Sem a devida atenção dos gestores públicos municipais e estaduais, não foram consideradas pelos órgãos de planejamento territorial e urbano como áreas críticas, demandantes de especial atenção.

Figura 19 - Malha urbana do Município de São Gonçalo do Amarante, com destaque para sua Sede e as localidades de Amarante e Jardim Lola, seqüencialmente. 1984.

Fonte: Base de dados do Observatório das Metrópoles: Núcleo RMNatal processada por START PESQUISA, 2007.

Na década de 80 torna-se claro a expansão urbana sobre o espaço rural de São Gonçalo do Amarante, limítrofe à Natal, com a clara expansão das localidades de Amarante e Jardim Lola (NE do município e limítrofe à Natal) como núcleos urbanos dentro do espaço rural do município.

Verifica-se também a interiorização do movimento de ocupação dos espaços municipais, iniciando a formação do núcleo urbano de Maçaranduba (ao Norte), como claros sinais de expansão, transformando a realidade do local, tipicamente produtor de produtos de agricultura familiar, bem como constituir-se no canal de escoamento da produção de pedras de granito para calçamento da localidade de Serrinha, além de abrigar atividades voltadas à produção de mudas de plantas frutíferas, silvícolas e ornamentais, com a instalação da empresa denominada

Figura 20 - Malha urbana do Município de São Gonçalo do Amarante, com destaque para sua Sede e localidades de Amarante, Jardim Lola e a nucleação urbana de Maçaranduba (ao Norte). 1989. Fonte: Base de dados do Observatório das Metrópoles: Núcleo RMNatal processada por START

PESQUISA, 2007.

Nesse período verifica-se o crescimento superior da malha urbana na porção Nordeste do município, quando comparada a sua Sede, decorrente do transbordamento da malha urbana de Natal. A Capital estava experimentando um forte crescimento de sua Zona Norte.

Enquanto a malha urbana de Natal transborda para o território Sãogonçalense, outras ATRU s começam a se constituir na porção Norte do município, às margens da BR 406, explicitando uma tendência de expansão e ocupação territorial de um ambiente rural, por novas produções sócio-espaciais urbanas.

Assim, as localidades rurais de Jardim Lola e Amarante, adjacentes à Zona Norte de Natal, vão se consolidando como porções urbanizadas em superior demografia e extensão territorial quando comparadas à sede do município, ao passo que as localidades de Golandim e Nova Zelândia aparecem no cenário de urbanização, frontalmente dispostas ao conjunto Parque dos Coqueiros em Natal.

Figura 21 - Malha urbana do Município de São Gonçalo do Amarante, com destaque para o crescimento contínuo das localidades de Amarante e Jardim Lola, seguido em menor intensidade por

sua Sede e a localidade de Maçaranduba. 1992.

Fonte: Base de dados do Observatório das Metrópoles: Núcleo RMNatal processada por START PESQUISA, 2007.

Enquanto o conjunto habitacional Parque dos Coqueiros apresentava-se com sua morfologia típica padrão COHAB50 da época, as localidades de Golandim e Nova Zelândia constituem-se em típicas ocupações informais, com ruas sinuosas, sem alinhamento de lotes, com ruas-sem-saída, enfim, sem correlação com os padrões urbanísticos mínimos para assegurar uma qualidade de vida urbana e evitar conflitos e pontos de estrangulamentos.

Mas essa expansão no território de São Gonçalo do Amarante, não foi acompanhada de atualizações em seu perímetro urbano formal. Tal fato resultou em crescimento da população rural do município, segundo dados do IBGE51 que apontam nessa direção. Entretanto, sabe-se que esse crescimento refere-se às porções urbanizadas no ambiente rural.

50 COHAB - Companhia de Habitação criada no âmbito dos estados para desenvolver a política habitacional

planejamento no âmbito do governo federal e governos estaduais, e financiada pelo Sistema Financeiro de Habitação.

Observa-se em São Gonçalo do Amarante as ATRU s não se configuram necessariamente em áreas contíguas ao espaço urbano, mas sua ocorrência está dispersa no espaço municipal, o que as diferenciam das tradicionais zonas de expansão urbana, ocorrendo também, em locais onde o processo de urbanização não iniciou, mas onde a atividade econômica já impõe transformações em suas relações sócio-espaciais e em sua morfologia.

Um aspecto importante que fortalece a análise da malha urbana diz respeito à integração na dinâmica de aglomeração52 urbana. Segundo os dados do Diagnóstico para o Plano Estratégico Natal - Metrópole 2020 (CLEMENTINO; 2007), o Município de São Gonçalo do Amarante, classificado como de alta integração apresenta interações mais fortes no espaço da aglomeração, configurando área de contigüidade de ocupação com Natal (São Gonçalo do Amarante, assim como Parnamirim, possui alta integração funcional com o pólo de Natal).

Figura 22 - Malha urbana do Município de São Gonçalo do Amarante. 2001.

Fonte: Base de dados do Observatório das Metrópoles: Núcleo RMNatal processada por START PESQUISA, 2007.

52Os dados não incluem o município de Monte Alegre, uma vez que sua inserção na RMNatal foi posterior à

base de dados pesquisada pelo Observatório das Metrópoles (2004): Análise das Regiões Metropolitanas Brasileiras: Identificação dos espaços metropolitanos e construção de tipologias . Rio de Janeiro: IPPUR, 2004; disponível em http://www.observatório/tk.

A partir do ano 2000 a malha urbana do Município de São Gonçalo do Amarante aponta para a consolidação, demarcando o eixo de indústria e serviço. Nesse período, é possível observar que o eixo de expansão continua indicando a ocupação ao longo da BR 406, em direção ao Município de Ceará Mirim induzido pelo surgimento de novos loteamentos e conjuntos habitacionais - assim como, um transbordamento da área urbanizada do município de Macaíba em direção a São Gonçalo do Amarante.

Quanto à habitação no âmbito municipal, São Gonçalo do Amarante, nesse ano de 2000, contava com 16,59 mil domicílios, sendo que 30% deles não têm coleta de lixo e quase 20% não se interliga à rede de abastecimento de água.

Figura 23 - Malha urbana do Município de São Gonçalo do Amarante, com destaque para as aglomerações urbanas. 2006.

Fonte: Base de dados do Observatório das Metrópoles: Núcleo RMNatal processada por START PESQUISA, 2007.

Em meados da década de 2000, a notícia propagada de instalação de um entreposto aeroviário de cargas de porte internacional, destinado ao suporte em infra-estrutura voltado a América Latina, e posteriormente ampliado para também funcionar para transporte de passageiros, denominado de Aeroporto de São

Gonçalo do Amarante, levou diversos investidores, nacionais e internacionais, a