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Tipologia edilícia e dos espaços rural e urbano nas ATRU s: característica de

4. Morfologia dos espaços rural e urbano

4.6 Tipologia edilícia e dos espaços rural e urbano nas ATRU s: característica de

Figura 40 - Localização dos principais assentamentos precários em São Gonçalo do Amarante. 2007. Fonte: Bezerra Júnior, F. R. In Tinôco Filho, A. F. (Coord.). 2007.

Na medida em que se distancia da RN-160, em direção ao interior das localidades e nas áreas rurais próximas à Sede, localizam-se com maior freqüência os assentamentos irregulares, os quais se caracterizam pelo seu processo de obtenção do lote na maioria das vezes de maneira ilegal - e na formação edilícia normalmente implantada por autoconstrução.

Conceitualmente, constituem diferentes tipologias, principalmente pelas condições de habitabilidade55 e pelas condições socioeconômicas dos moradores (Figura 40).

55Por habitabilidade, entende-se o conjunto de condições que favorecem a ocupação e a habitação, ou seja, as

Figura 41. Assentamentos irregulares, Rua Parnamirim (Rego Moleiro). 2007. Fonte: Bezerra Júnior, F. R. In Tinôco Filho. 2007.

Em síntese, podemos considerar que as edificações, são na grande maioria conjugadas e térreas, observando o alinhamento das vias e apresentam-se com um bom padrão construtivo. Entretanto, as áreas de Santo Antônio oferecem trechos irregulares dificultando o acesso nas vias, principalmente, nas áreas de ocupação mais precária.

Tinôco Filho (2007) verificou que os assentamentos precários identificados no território do município, geralmente situam-se em áreas mais afastadas da malha urbana central, apresentando construções destinadas à moradia das populações de baixa renda, caracterizando-se por construções de baixo custo, possuindo um parcelamento constituído por lotes de pequenas dimensões56.

Dentre esses assentamentos precários, destacam-se aqueles localizados em áreas em processo de transição rural para urbana, como o loteamento As Dez , a comunidade Padre João Maria , a ocupação São Pedro e a comunidade

Barreiros , detalhados adiante. a) Loteamento As Dez

Localizado nas proximidades da Sede do Município, o loteamento é constituído, basicamente, por casas de taipa, distribuídas em lotes padronizados com dimensões de 10x20m. Segundo os moradores, as primeiras edificações foram erguidas em 1997. A área apresenta graves problemas de abastecimento de água,

ligações clandestinas de energia elétrica, falta de saneamento e instalações sanitárias domiciliares ausentes, que se associam à falta de coleta de lixo, o qual é disposto nas vias a céu aberto. As ruas obedecem a um traçado regular, porém, apresentam-se em leito natural, desprovidas de passeio público ou revestimento. A maior parte dos moradores é desempregada e sobrevive da cata de material reciclável no lixão.

Figura 42 - Tipologia das habitações do Loteamento As Dez , na sede do Município. São Gonçalo do Amarante. 2007.

Fonte: Tinôco Filho, A. F. (Coord.).2007. p. 66.

b) Comunidade Padre João Maria

A comunidade Padre João Maria originou-se de um desmembramento do Loteamento Samburá, sendo constituído por mil lotes de 100m². Apesar de não haver um registro oficial do início das primeiras edificações, pode-se verificar que a partir de 1997 foram instalados os serviços básicos de iluminação, abastecimento de água, pavimentação da via de acesso (Avenida Vereador Aildo Mendes), implantado o telefone público, a construção da escola, os templos religiosos, o Espaço d´Art e a quadra de esporte, dentre outros. Como não houve atenção a sua expansão, houve degradação da paisagem e da qualidade ambiental.

Distante três quiilômetros da Sede do Município, o assentamento tem uma área de aproximadamente dois hectares, com uma população estimada em 1.800 habitantes, distribuídos em cerca de 300 casas, das quais 70% são de taipa. Dentre as 300 famílias, 68% estão desempregadas, 6% são aposentadas e 2% são

pensionistas, caracterizando este contingente populacional em um nível de pobreza bastante elevado.

Associado à questão social de pobreza, a área apresenta graves problemas relacionados à falta de infra-estrutura básica, desde o fornecimento de energia elétrica, às instalações físicas das habitações, desprovidas das condições essenciais de moradia, quais sejam instalações sanitárias e soluções de abastecimento de água potável.

Foram identificadas diversas ligações clandestinas de energia elétrica e casas sem unidades sanitárias. As vias traçadas de modo regular na medida em que as habitações vão se instalando, não possuem revestimento e tão pouco, passeios para pedestres (Figura 42).

Figura 43 - Rua São Bernagé, Comunidade Padre João Maria, na sede do Município de São Gonçalo do Amarante. 2007.

Fonte: Tinôco Filho, A. F. (Coord.). 2007. p. 66.

c) Ocupação São Pedro

A ocupação São Pedro integra a localidade de Santo Antônio. As edificações apresentam baixo padrão construtivo, persistindo unidades habitacionais em taipa. Nessa comunidade, os problemas se repetem com ligações irregulares, ausência da coleta de lixo e acessos sem tratamento (ruas em barro), porém obedecendo a um traçado regular (Figura 43).

Figura 44 - Tipologia das habitações da Ocupação São Pedro, em Santo Antônio, São Gonçalo do Amarante. 2007.

Fonte: Tinôco Filho, A. F. (Coord.).2007. p. 67.

d) Comunidade dos Barreiros

A localidade encontra-se na área de expansão da localidade Rego Moleiro, com predominância do uso residencial. Verifica-se também a ocorrência de problemas relativos à infra-estrutura básica, fornecimento de energia elétrica e água. As ligações à rede pública são em sua maioria de forma clandestinas; as residências não dispõem de unidades sanitárias no interior das edificações, no entanto, a comunidade possui um número bem representativo de habitações em alvenaria (Figura 45).

Figura 45 - Tipologia das habitações da comunidade Barreiros, em Rego Moleiro. São Gonçalo do Amarante. 2007.

Fonte: Tinôco Filho, A. F. (Coord.). 2007. p. 68.

Em todos esses assentamentos precários verifica-se a prevalência da característica de ATRU, onde o processo de urbanização avança, entretanto, com a permanência de estruturas rurais e até mesmo agrícolas. A tendência é o aprofundamento da expansão urbana dessas áreas, por influência, ainda que indireta, do desenvolvimento de âmbito metropolitano a que o município de São Gonçalo do Amarante estará experimentando nessa segunda metade da atual década, com reflexos sobre a vida da população e de sua estrutura urbana e rural.

Evidentemente que o desenvolvimento advindo do terciário especializado, como o previsto no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e na ZPE de seu entorno, não atingirá diretamente a grande massa trabalhadora do município, visto que o nível de conhecimento e a formação especializada exigidos estão muito além do capital cognitivo atualmente disponível no município.

Por outro lado, essas inversões trazem também necessidade de aporte de mão-de-obra não especializada, principalmente nos empregos indiretos gerados, ao passo que se torna um grande estímulo à busca da população mais jovem, para

formar-se e especializar-se com vistas a competir por um emprego bem remunerado no seu próprio município.

Vale a pena ainda ressaltar, que além da infra-estrutura aeroportuária que está em construção em São Gonçalo do Amarante, outros projetos estruturantes (Rodovia Metropolitana e a Modernização do Sistema de Transportes Ferroviários através da implantação de VLT Veículo Leve sobre Trilhos) estão em fase de estudo para implantação na RMNatal, com forte impacto sobre o território municipal de São Gonçalo do Amarante. Esses projetos são, particularmente, fortes geradores de ocupação no seu entorno imediato, ou seja, impulsionadores de formação de novas ATRU.

A Rodovia Metropolitana intensificará a articulação que São Gonçalo do Amarante tem com Natal, aprofundando ainda mais o seu nível de integração metropolitana. O projeto de construção da Rodovia Metropolitana está dividido em três trechos. O trecho 01 , corresponde à interligação de Macaíba a São Gonçalo do Amarante, e deste até Natal, passando pelo aeroporto (em construção) e integrará o sistema aeroviário ao sistema portuário de Natal.

As áreas por onde a Rodovia Metropolitana será construída passa em várias localidades da zona rural do Município de São Gonçalo do Amarante. Isso significará um forte estímulo ao surgimento de novas ATRU s e à dinamização e expansão daquelas já existentes, especialmente por esse plano rodoviário estar articulado à ampliação do sistema de transporte ferroviário, à Ponte Nilton Navarro (que interliga Natal à porção Norte do litoral norte-riograndense e cria uma nova alternativa para integrá-la à RMN) e ao Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, trazendo à região um forte incremento em sua dinâmica sócio-econômica e de desenvolvimento territorial.

Figura 46 - Roteiro previsto para a Rodovia Metropolitana de Natal. 2007. Fonte: Rio Grande do Norte. Via Metropolitana. Natal: [s.n.]. 2007.