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3.2 Desenvolvimento da Análise: Construção do Protocolo de indicadores

3.2.2 Criação dos indicadores e das variáveis

Partiu-se do propósito que o protocolo de indicadores desenvolvido deveria permitir expressar a dinâmica do Programa e os mecanismos evolutivos que lhes estão subjacentes se for aplicado de forma contínua ao longo de alguns anos. Seus usuários poderiam ter uma visão geral do Programa e com isso refletir sobre sua eficiência e desenvolvimento no âmbito municipal, subsidiando assim, o processo de avaliação e decisão de ajustes de rumos do Programa em direção tanto ao atendimento de suas premissas e diretrizes legais quanto na realização do desenvolvimento local e segurança alimentar de agricultores familiares e de alunos atendidos pela merenda escolar.

Jannuzzi (2011) nos lembra das limitações do uso de indicadores e que eles são fruto da ideologia de quem os produziu, ou seja, são uma representação.

Os indicadores assinalam tendências. No entanto, nenhum indicador pode aportar certeza absoluta quanto aos resultados de uma ação ou de um processo, pois sua função é apenas ser um sinalizador: indicadores são instrumentos, não operam por si mesmos, indicam o que devem indicar. (MINAYO, 2009, p.85).

Sendo um indicador,

uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. É um recurso metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do aspecto observado. (FERREIRA, CASSIOLATO e GONZALES, 2009, p.24).

Para Minayo (2009), um bom indicador depende de quatro condições: (i) Normatização e (re)produção histórica permitindo uma comparabilidade ao longo do tempo; (ii) Regularidade na produção destes indicadores para a formação de séries históricas; (iii) Acordado por seus atores nos diferentes níveis (internacional, nacional, regional, local); (iv) Disponibilidade e acessibilidade garantida por um público amplo.

A análise proposta por esta pesquisa foi estruturada por um protocolo de indicadores, eixos, variáveis, dados primários e secundários. Sendo:

Variável, dado ou informação levantado a partir dos dados primários, obtidos nos formulários aplicados nos municípios, e dos dados secundários levantados nos sistemas de gestão do FNDE (SiGPC Contas Online e Sigecon), que irá gerar os indicadores através de cálculos ou estatísticas.

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Indicador, medida qualitativa das possíveis contribuições que o Pnae pode aportar para o desenvolvimento local e a segurança alimentar e nutricional de agricultores familiares, alunos atendidos pela alimentação escolar.

Eixos, representam os temas de análise do protocolo de indicadores (Desenvolvimento Local, Legislação e Segurança Alimentar e Nutricional). Eles assumem dupla função. A primeira foi definir conceitualmente os indicadores do protocolo de análise. Sua segunda função é ser a base do resultado final da análise que é expresso em cada um dos eixos, através do somatório de pontos de cada indicador em cada um dos eixos.

Figura 5. Representação do resultado final

A criação conceitual dos indicadores do protocolo de análise aqui proposto se deu a partir da literatura existente sobre desenvolvimento local e segurança alimentar e nutricional, da legislação do Pnae e dos dados secundários do Programa (prestação de contas). Assim, os indicadores e variáveis foram pensados a partir de três dimensões:

 A Legislação do Pnae: tentando atender partes essenciais tanto das deliberações quanto dos propósitos da Lei 11.947 de 16 de junho de 2009 (Anexo I);

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 O Desenvolvimento Local: baseado no aporte proposto por Bebbington (1999) através dos cinco capitais (capital natural, capital produtivo, capital social, capital humano e capital cultural);

 A Segurança Alimentar e Nutricional: levando em conta as dimensões do Sistema de Monitoramento de SAN do Brasil6.

Especificamente no caso da dimensão “desenvolvimento local” não se tratava de analisar as contribuições do Pnae através de uma análise de “capitais” e sim trazer os diferentes aspectos envolvidos com o desenvolvimento local propostos por Bebbington.

A construção dos indicadores seguiu um protocolo de procedimentos criados especificamente para esta finalidade. Partiu-se, inicialmente, da definição que os indicadores seriam de natureza qualitativa pois os dados secundários disponíveis não permitiam a geração de indicadores quantitativos. Os indicadores qualitativos (subjetivos) diferenciam-se dos quantitativos por permitirem uma apreciação subjetiva ou um juízo de valor sobre questões fundamentais para a avaliação de uma política ou programa (JANNUZZI, 2011).

Assim, uma combinação de variáveis quantitativas (numéricas) e qualitativas (atributos) foi realizada para a construção dos indicadores qualitativos, a qual procurou respeitar os seguintes critérios:

 Quando possível, construiu-se ou selecionou-se indicadores a partir de indicadores ou dados do Pnae já existentes nos SiGPC Contas Online e Sigecon do FNDE, na tentativa de compor um protocolo que demandasse no mínimo possível obtenção de dados primários;

 Quando possível, utilizou-se dados que possuíam produção anual e sistemática e que já estavam incorporados na rotina dos gestores do Programa;

 Os dados provieram de fontes confiáveis;

 Ser de fácil compreensão, aplicação e formulação.

Os indicadores foram constituídos por uma única variável quantitativa ou qualitativa, ou um conjunto de variáveis agrupadas. Assim, o protocolo com 20 indicadores

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Disponível em: KEPPLE, A.W. O estado da segurança alimentar e nutricional no Brasil - Um retrato

multidimensional - Relatório 2014 . Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

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e 42 variáveis foi elaborado para constituição do protocolo de análise que será apresentado no próximo capítulo. Como nem todas as variáveis existiam ou poderiam ser extraídas do SiGPC Contas Online e Sigecon do FNDE, um formulário de pesquisa foi utilizado para o levantamento de dados primários para constituição do protocolo de indicadores.

3.2.3 Levantamento de Campo