• Nenhum resultado encontrado

DOS CRIMES CONTRA DIREITOS PATRIMONIAIS

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 63-65)

ARTIGO 246.º [frustração de créditos]

1. o devedor sujeito a uma execução já instaurada que destruir, danificar ou fizer desaparecer parte do seu património, para dessa forma intencionalmente frustrar, total ou parcialmente, a satisfação de um crédito de outrem, é punido, se a sua insolvência vier a ser declarada, com prisão até 1 ano.

2. o terceiro que praticar o facto com o conhecimento ou a favor do devedor, se este vier a ser declarado insolvente, é punido com prisão até 6 messes ou multa até 90 dias.

ARTIGO 247.º [falência dolosa]

1. o devedor comerciante que com a intenção de prejudicar os seus credores: a) Destruir, danificar, inutilizar ou fizer desaparecer parte do seu património;

b) Diminuir ficticiamente o seu activo, dissimulando objectos, invocando dívidas supostas, re- conhecendo créditos fictícios, incitando terceiros a apresentá-los ou simulando, por qualquer outra forma, uma situação patrimonial inferior à realidade, particularmente por meio de conta- bilidade inexacta ou de falso balanço;

c) Para retardar a falência, comprar mercadorias a créditos, com o fim de as vender ou utilizar em pagamento por preço sensivelmente inferior ao corrente;

é punido, se vier a ser declarado em estado de falência, com prisão de 1 a 5 anos.

2. A mesma pena é aplicada ao concordante que não justificar a regular aplicação dada aos va- lores do activo existente à data da concordata.

3. Qualquer terceiro que, com conhecimento do devedor ou em seu benefício, praticar os factos referidos no n.º 1 deste artigo, se o estado de falência vier a ser declarado, é punido com prisão até 2 anos.

4. É punido nos termos deste normativo, no caso de o devedor ser pessoa colectiva, sociedade ou mera associação de facto, quem tiver exercido de facto a respectiva gestão ou direcção efec- tiva e houver praticado algum dos factos previstos no n.º 1.

ARTIGO 248.º [falência por negligência]

1. o devedor comerciante que, por grave incúria ou imprudência, prodigalidade ou despesas manifestamente exageradas, especulações ruinosas, ou grave negligência de exercício da pro- fissão, criar um estado de falência, se esta vier efectivamente a ser declarada, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 200 dias.

2. Aos factos indicados no número anterior é equiparado o caso de devedor que vier a ser de- clarado falido, quando tenha deixado de cumprir as disposições que a lei estabelece para a re- gularidade da escrituração e das transacções comerciais, salvo se a exiguidade do comércio e as rudimentares habilitações literárias do falido o relevarem do não cumprimento dessas disposi- ções.

3. o procedimento criminal depende de queixa, que deve ser exercida dentro de 3 meses a par- tir da declaração de falência.

64

livr o ii p ar te especial títul

o iii dos crimes contra o p

atrimónio

4. o direito de queixa não pode ser exercido pelo credor que tiver induzido o falido a contrair levianamente dívidas, a fazer despesas exageradas, a dedicar-se a especulações ruinosas ou que o tiver explorado usurariamente.

ARTIGO 249.º [favorecimento de credores]

o devedor que, conhecendo a sua situação de insolvência e com a intenção de favorecer certos credores em prejuízos de outros, solver dívidas ainda não vencidas ou as solver de maneira di- ferente do pagamento em dinheiro ou valores usuais, ou der garantias para as suas dívidas, a que não era obrigado, é punido com prisão até 2 anos ou até 1 ano, conforme venha ser decla- rado em estado de falência ou de insolvência.

ARTIGO 250.º [Agravação]

As penas previstas nos art.s 246.º, 247.º, 248.º, 249.º são agravadas de um terço, nos seus limi- tes mínimo e máximo, se, em consequência da prática de qualquer dos factos ali descritos, re- sultarem frustrados créditos de natureza laboral, em sede de processo executivo ou processo especial de insolvência ou falência.

ARTIGO 251.º [Perturbação de arrematações]

Quem, com a intenção de impedir ou prejudicar os resultados de arrematação judicial ou qual- quer outra arrematação pública autorizada ou imposta pela lei, bem como de concurso regido pelo direito público, conseguir por meio de dádivas, promessas, violências ou ameaças graves, que alguém não lance ou não concorra, ou que de alguma forma se prejudique a liberdade dos respectivos actos, é punido com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias, sem prejuízos da pena mais grave que às violências ou ameaças couber.

ARTIGO 252.º [Receptação]

1. Quem, com a intenção de obter, para si ou para terceiro, vantagem patrimonial, dissimular coisa que foi obtida por outrem, mediante um facto criminalmente ilícito contra o património, a receber em penhor, a adquirir por qualquer título, a detiver, conservar, transmitir ou contri- buir para a transmitir, ou de qualquer forma assegurar, para si ou para terceiros a sua posse, é punido com prisão até 5 anos ou multa até 300 dias.

2. se o agente fizer modo de vida da receptação ou a praticar habitualmente, a pena é de prisão de 1 a 6 anos.

3. Quem, sem previamente se ter assegurado da sua legítima proveniência, adquirir ou receber, a qualquer título, coisa que, pela sua qualidade ou pela condição de quem lhe oferece ou pelo montante do preço proposto, faz razoavelmente suspeitar que ela provém de actividade crimi- nosa, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.

ARTIGO 253.º [Auxílio material ao criminoso]

1. Quem auxiliar outrem a aproveitar-se do benefício de coisa obtida, através de crime contra o património, é punido com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.

2. são aplicáveis as disposições dos artigos 226.º a 227.º.

3. são equiparados às coisas referidas no artigo 252.º os valores ou produtos com elas directa- mente obtidos.

ARTIGO 254.º [Apropriação ilegítima de bens do sector público ou cooperativo]

1. Quem, por força do cargo que desempenha, detiver a administração, gerência, ou simples capacidade de dispor de bens do sector público ou cooperativo, e deles ilegitimamente se apro- priar ou permitir, intencionalmente, que outra pessoa ilegitimamente se aproprie, é punido com a pena que ao respectivo crime corresponder, agravada de metade nos seus limites míni- mos e máximos.

65

livr o ii p ar te especial títul

o iv dos crimes contra a vid

a em socied

ade

ARTIGO 255.º [Administração danosa em unidade económica do sector público ou coo- perativo]

1. Quem, infringindo intencionalmente as normas de controlo ou as regras económicas de uma gestão racional, provocar um dano material importante em unidade económica do sector públi- co ou cooperativo, é punido com pena de prisão até 5 anos.

2. A punição não tem lugar se o dano se verificar contra a expectativa do agente.

3. se o dano patrimonial for de valor superior a oitenta vezes do vencimento correspondente ao índice cem da Função Pública, a pena de prisão é de 2 a 6 anos.

4. se o dano patrimonial for de valor inferior a metade (1/2) do salário correspondente ao ín- dice cem da Função Pública, a pena é a de prisão até 6 meses ou multa até 90 dias, podendo, todavia, o juiz, segundo as circunstâncias do caso, isentá-lo da pena.

TÍTuLO IV

Dos crimes contra a vida em sociedade

CAPÍTuLO I DOS CRIMES CONTRA A fAMÍLIA, OS SENTIMEN-

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 63-65)