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DOS CRIMES CONTRA A huMANIDADE

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 54-56)

ARTIGO 210.º [Genocídio]

1. Quem, com intenção de destruir, no todo ou em parte, uma comunidade ou um grupo nacio- nal, étnico, racial, religioso ou social, praticar alguns dos actos seguintes:

a) Homicídio de membros da comunidade ou do grupo;

b) ofensa grave à integridade física ou psíquica de membros da comunidade ou do grupo; c) sujeição da comunidade ou do grupo a condições de existência ou a tratamentos desumanos, susceptíveis de virem a provocar a destruição da comunidade ou do grupo;

d) Transferência violenta de crianças para outra comunidade ou outro grupo ou impedimento de procriação ou nascimentos no grupo;

é punido com prisão de 10 a 25 anos.

2. É punido com prisão de 1 a 5 anos quem, em reunião pública, por escrito destinado à divul- gação ou através de qualquer meio de comunicação social:

a) Difamar ou injuriar uma pessoa ou um grupo de pessoas ou expuser as mesmas a desprezo público por causa da raça, da sua cor ou da sua origem étnica;

b) Provocar actos de violência contra pessoa ou grupos de pessoas de outra raça, de outra cor ou de outra origem étnica.

ARTIGO 211.º [Crimes de guerra contra civis, feridos, doentes e prisioneiros de guerra]

1. Quem, violando as normas e os princípios de direito internacional geral ou comum, em tem- po de guerra, de conflito armado ou durante a ocupação, praticar sobre a população civil, sobre os feridos, sobre os doentes ou sobre os prisioneiros de guerra alguns dos seguintes:

a) Homicídio; b) Torturas;

c) Tratamentos desumanos, incluindo a sujeição a experiências médicas ou científicas; d) ofensas graves à integridade física ou psíquica;

e) Deportação;

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g) restrições graves injustificadas e prolongadas da liberdade;

h) subtracção ou destruição injustificada de bens patrimoniais de grande valor; é punido com prisão de 10 a 20 anos.

2. A pena é agravada de um quarto (1/4) nos seus limites mínimo e máximo quando os actos referidos no número anterior forem praticados sobre membros da cruz Vermelha ou de outras instituições humanitárias.

ARTIGO 212.º [Subtracção às garantias do Estado de direito são-tomense]

1. Quem, agindo com violência, ameaças ou quaisquer meios ardilosos, fizer que outrem saia para fora do âmbito de protecção da lei penal são-tomense e se exponha a ser perseguido por razões políticas com risco para a vida, liberdade ou integridade pessoal, através de violência e medidas contrárias aos princípios fundamentais do estado de direito são-tomense, é punido com prisão de 3 a 10 anos.

2. na mesma pena incorre quem, pelos mesmos meios, impedir outrem de abandonar aquela situação de perigo ou o forçar a permanecer nela.

ARTIGO 213.º [Destruição de monumentos culturais e históricos]

Quem, violando as normas de princípios de direito internacional geral ou comum, em tempo de guerra, de conflito armado, ou durante a ocupação sem necessidade militar, destruir ou danifi- car monumentos culturais e históricos ou estabelecimentos afectos à ciência, às artes, à cultura, à religião ou fins humanitários, é punido com prisão de 3 a 10 anos.

ARTIGO 214.º [Discriminação racial ou religiosa]

1. Quem:

a) Fundar ou constituir organização ou desenvolver actividades de propaganda organizada que incitem à discriminação, ao ódio ou à violência raciais ou religiosas, ou que a encorajem; ou b) Participar na organização ou nas actividades referidas na alínea anterior ou lhes prestar as- sistência, incluindo o seu financiamento;

é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.

2. Quem, em reunião pública, por escrito destinado a divulgação ou através de qualquer meio de comunicação social:

a) Provocar actos de violência contra pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional ou religião; ou

b) Difamar ou injuriar pessoa ou grupo de pessoas por causa da sua raça, cor, origem étnica ou nacional ou religião, nomeadamente através da negação de crimes de guerra ou contra a paz e a humanidade;

com intenção de incitar à discriminação racial ou religiosa ou de a encorajar, é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos.

ARTIGO 215.º [Tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos]

1. Quem, tendo por função a prevenção, perseguição, investigação ou conhecimento de infrac- ções criminais, contravencionais, contra-ordenacionais ou disciplinares, a execução de sanções da mesma natureza ou a protecção, guarda ou vigilância de pessoa detida ou presa, a torturar ou tratar de forma cruel, degradante ou desumana para:

a) obter dela ou de outra pessoa confissão, depoimento, declaração ou informação; b) A castigar por acto cometido ou supostamente cometido por ela ou por outra pessoa; ou c) A intimidar ou para intimidar outra pessoa;

é punido com pena de prisão de 1 a 5 anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.

2. na mesma pena incorre quem, por sua iniciativa ou por ordem de superior, usurpar a função referida no número anterior para praticar qualquer dos actos aí descritos.

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3. considera-se tortura, tratamento cruel, degradante ou desumano, o acto que consista em infligir sofrimento físico ou psicológico agudo, cansaço físico ou psicológico grave ou no empre- go de produtos químicos, drogas ou outros meios, naturais ou artificiais, com intenção de per- turbar a capacidade de determinação ou a livre manifestação de vontade da vítima.

4. o disposto no número anterior não abrange os sofrimentos inerentes à execução das sanções previstas no nº 1 ou por ela ocasionados, nem as medidas legais privativas ou restritivas da li- berdade.

ARTIGO 216.º [Tortura e outros tratamentos cruéis, degradantes ou desumanos graves]

1. Quem, nos termos e condições referidos no artigo anterior: a) Produzir ofensa à integridade física grave;

b) empregar meios ou métodos de tortura particularmente graves, designadamente espanca- mentos, electrochoques, simulacros de execução ou substâncias alucinatórias; ou

c) Praticar habitualmente actos referidos no artigo anterior; é punido com pena de prisão de 3 a 12 anos.

2. se dos factos descritos neste artigo ou no artigo anterior resultar suicídio ou morte da vítima, o agente é punido com pena de prisão de 8 a 16 anos.

ARTIGO 217.º [Omissão de denúncia]

o superior hierárquico que, tendo conhecimento da prática, por subordinado, de facto descrito nos artigos 215.º ou 216.º, não fizer a denúncia no prazo máximo de 3 dias após o conhecimen- to, é punido com pena de prisão até 4 anos.

ARTIGO 218.º [Incapacidades]

Quem for condenado por crime previsto nos artigos 210.º a 217.º pode, atenta à concreta gra- vidade do facto e à sua projecção na idoneidade cívica do agente, ser incapacitado para eleger o Presidente, membros de assembleia legislativa nacional ou regional ou de autarquia local, para ser eleito como tal ou para ser jurado, por período de 2 a 10 anos.

TÍTuLO III

Dos crimes contra o património

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 54-56)