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DOS CRIMES CONTRA O PATRIMóNIO EM GERAL

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 60-63)

ARTIGO 236.º [burla simples]

1. Quem, com a intenção de obter para si ou para terceiro um enriquecimento ilegítimo, por meio de erro ou engano sobre factos, que astuciosamente provocou, determinar outrem à prá- tica de actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuízo patrimonial, é punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.

2. A tentativa é punível.

3. É aplicável a este crime o disposto nos artigos 226.º e 227.º. 4. o procedimento criminal depende de queixa.

ARTIGO 237.º [burla qualificada]

1. se o prejuízo causado for de valor superior a vinte vezes o vencimento correspondente ao índice cem da Função Pública, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 6 anos.

2. se o prejuízo causado for de valor superior a quarenta vezes o vencimento correspondente ao índice cem da Função Pública, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.

3. se:

a) o prejuízo causado for de valor superior a oitenta vezes o vencimento correspondente ao índice cem da Função Pública;

b) o agente fizer modo de vida da prática de burla; c) A pessoa prejudicada ficar em difícil situação económica; o agente é punido com pena de prisão de 2 a 10 anos.

4. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 226.º.

ARTIGO 238.º [burla relativa a seguros]

1. Quem receber ou fizer receber a terceiro valor total ou parcial de um seguro:

a) Provocando um resultado ou agravando sensivelmente o resultado causado por acidente cujo risco estava coberto; ou

b) causando a si próprio ou a terceiro, lesão da saúde ou da integridade física ou agravando as consequências da lesão da saúde ou da integridade física provocada por acidente cujo risco esteja coberto;

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É punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.

2. se a pessoa prejudicada ficar em difícil situação económica a prisão é de 2 a 6 anos. 3. É aplicável a este crime o disposto no artigo 226.º.

ARTIGO 239.º [burla para obtenção de bebidas, alimentos, alojamento ou acesso a recin- tos e meios de transporte]

1. Quem, com a intenção de não pagar:

a) se fizer servir de alimentos ou bebidas em estabelecimento que faz do seu fornecimento co- mércio ou indústria;

b) utilizar quartos ou serviço de hotel, pousada, estalagem ou outro estabelecimento análogo; c) utilizar meios de transporte ou entrar em qualquer recinto público sabendo que tal supõe o pagamento de um preço; e efectivamente se negar a solver a dívida contraída;

É punido com prisão até 6 meses ou multa até 60 dias. 2. É aplicável o disposto no artigo 226.º.

3. o procedimento criminal depende de queixa.

ARTIGO 240.º [burla informática e nas comunicações]

1. Quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, causar a outra pessoa prejuízo patrimonial, interferindo no resultado de tratamento de dados ou me- diante estruturação incorrecta de programa informático, utilização incorrecta ou incompleta de dados, utilização de dados sem autorização ou intervenção por qualquer outro modo não autorizada no processamento, é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 300 dias.

2. A mesma pena é aplicável a quem, com intenção de obter para si ou para terceiro um benefí- cio ilegítimo, causar a outrem prejuízo patrimonial, usando programas, dispositivos electróni- cos ou outros meios que, separadamente ou em conjunto, se destinem a diminuir, alterar ou impedir, total ou parcialmente, o normal funcionamento ou exploração de serviços de teleco- municações.

3. A tentativa é punível.

4. o procedimento criminal depende de queixa. 5. se o prejuízo for:

a) superior a 40 vezes do índice cem do vencimento da Função Pública, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 300 dias;

b) superior a 80 vezes do índice cem do vencimento da Função Pública, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.

6. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 226º.

ARTIGO 241.º [burla relativa a trabalho ou emprego]

1. Quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, causar a outra pessoa prejuízo patrimonial, através de aliciamento ou promessa de trabalho ou emprego no estrangeiro, é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 300 dias. 2. com a mesma pena é punido quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enrique- cimento ilegítimo, causar a pessoa residente no estrangeiro prejuízo patrimonial, através de aliciamento ou promessa de trabalho ou emprego em são Tomé e Príncipe.

3. É correspondentemente aplicável o disposto nos artigos 226.º e n.º 3 do artigo 237.º.

ARTIGO 242.º [Abuso de cartão de garantia ou de crédito]

1. Quem, abusando da possibilidade, conferida pela posse de cartão de crédito, levar o emitente a fazer um pagamento, e causar prejuízo a este ou a terceiro é punido com pena de prisão até 3 anos ou com pena de multa até 300 dias.

2. A tentativa é punível.

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4. É correspondentemente aplicável o disposto no artigo 226.º. 5. se o prejuízo for:

a) superior a 40 vezes o índice cem do vencimento da Função Pública, o agente é punido com pena de prisão até 5 anos ou com pena de multa até 300 dias;

b) superior a 80 vezes do índice cem do vencimento da Função Pública, o agente é punido com pena de prisão de 1 a 8 anos.

ARTIGO 243.º [Extorsão]

1. Quem, com a intenção de conseguir para si ou para terceiro enriquecimento ilegítimo, cons- tranger outra pessoa, por meio de violência ou de ameaça com mal importante, a uma disposi- ção patrimonial que acarrete, para ela ou para outrem, prejuízo, é punido com a pena de prisão de 1 a 5 anos.

2. se se verificarem as circunstâncias previstas nos n.ºs 2, 3 e 4 do artigo 221.º, a conduta do agente é punida com as penas aí referidas.

3. se forem utilizadas violências, a vítima for posta na impossibilidade de resistir ou a ameaça consistir num perigo para a vida ou de grave lesão da saúde ou da integridade física o agente é punido com a pena de prisão de 2 a 12 anos.

4. se a vítima da extorsão ou a pessoa que haja de sofrer o mal ameaçado se suicidar ou tentar suicidar-se, sendo esta circunstância previsível pelo agente, a pena aplicável é a de prisão de 3 a 12 anos.

5. se os factos previstos no n.º 1 forem cometidos por 3 ou mais pessoas, incluindo o agente, que actuem como grupo organizado, a moldura penal eleva-se de metade.

6. Quem obtiver, como garantia de dívida e abusando da situação de necessidade de outrem, documento que pode dar causa a procedimento criminal é punido com prisão de 2 anos ou multa até 200 dias.

ARTIGO 244.º [Infidelidade]

1. Quem, tendo-lhe sido confiado, por lei ou por acto jurídico, o encargo de dispor de interesses patrimoniais alheios ou de os administrar ou fiscalizar, intencionalmente e com grave violação dos deveres que assumiu, causar a tais interesses prejuízo patrimonial importante, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.

2. É aplicável o disposto nos artigos 226.º e 227.º. 3. A tentativa é punível.

4. o procedimento criminal depende de queixa.

ARTIGO 245.º [usura]

1. Quem, com intenção de alcançar um benefício patrimonial para si ou para outrem na conces- são, outorga, renovação, desconto ou prorrogação do prazo e pagamento de um crédito, explo- rar a situação de necessidade, anomalia mental, inépcia, ligeireza, inexperiência ou relação de dependência do devedor, fazendo que ele se obrigue ou prometa, sob qualquer forma, a seu fa- vor ou de terceiros, vantagem pecuniária, que for, segundo as circunstâncias do caso, manifes- tamente desproporcionada com a contraprestação, é punido com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.

2. Quem, por força das circunstâncias indicadas no número anterior, para conceder ou outorgar, renovar, descontar ou prorrogar o prazo do pagamento de um crédito, fizer com que alguém, sob qualquer forma, se obrigue ou prometa pagar, a ele ou a terceiros, juro ou quaisquer outras vantagens superiores ao limite fixado na lei, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.

3. na mesma pena incorre quem adquirir, a qualquer título, crédito da natureza indicada nos números anteriores, com a intenção de utilizar, a seu favor ou de terceiros, as referidas vanta- gens patrimoniais usurárias.

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4. A pena pode elevar-se até 3 anos de prisão ou multa até 300 dias, quando o agente: a) se entregar habitualmente à usura;

b) Dissimular as ilegítimas vantagens patrimoniais exigindo letras ou simulando contratos; c) Provocar, conscientemente, através da usura, a ruína patrimonial da vítima.

5. As condutas nos números anteriores não são puníveis se o agente, antes de contra ele ser instaurado procedimento criminal:

a) renunciar à entrega da vantagem ou benefício patrimonial pretendidos;

b) renunciar ou entregar o que recebeu a mais do que, sem o excesso usurário, devia ter rece- bido, acrescido da taxa legal desde o dia em que recebeu as vantagens patrimoniais usurárias; c) modificar o negócio, de acordo com a outra parte, em harmonia com as regras de boa fé.

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