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DOS CRIMES COMETIDOS NO ExERCÍCIO DE fuN çõES PúbLICAS

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 104-106)

SECçÃO I Da Corrupção

ARTIGO 452.º [Corrupção passiva para acto ilícito]

1. o funcionário que por si, ou por interposta pessoa, com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, sem que lhe seja devida vantagem patrimonial ou não patrimonial, ou a sua promessa, como contrapartida de acto ou omissão contrários aos deveres do cargo é punido com prisão de 2 a 6 anos.

2. se o acto não for executado, a pena é de prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.

3. Tratando-se de mera omissão ou demora na prática de acto relacionado com as suas funções, mas com violação dos deveres do seu cargo, a pena é, respectivamente, no caso n.º 1, de prisão até 2 anos ou multa até 200 dias e no caso do n.º 2, a de prisão até 1 ano ou multa até 100 dias. 4. se o funcionário, voluntariamente repudiar ao oferecimento ou promessa que aceitara, ou restituir o dinheiro ou o valor da vantagem patrimonial, antes da prática do acto ou da sua omissão ou demora, é dispensado de pena.

5. A pena pode ser especialmente atenuada se o agente auxiliar concretamente na recolha das provas decisivas para a identificação ou captura de outros responsáveis.

ARTIGO 453.º [Corrupção passiva para acto lícito]

o funcionário que, por si ou interposta pessoa com o seu consentimento ou ratificação, solicitar ou aceitar, para si ou para terceiro, sem que lhe seja devida, vantagem patrimonial ou não patri- monial, ou a sua promessa, como contrapartida de acto ou de omissão não contrários aos deve- res do cargo, é punido com prisão até 1 ano ou multa até 100 dias.

ARTIGO 454.º [Corrupção activa]

1. Quem der ou prometer a funcionário, por si ou por interposta pessoa, vantagem patrimonial ou não patrimonial que ao funcionário não seja devida, com os fins indicados no artigo 452.º é punido, segundo os casos, com as penas previstas em tal disposição.

2. se os factos supra referidos forem praticados pelos representantes ou órgãos de pessoa co- lectiva ou equiparada, em nome destas e no interesse colectivo, são as mesmas responsáveis criminalmente, são punidas com pena de multa a fixar entre 10 milhões e 500 milhões de do- bras, podendo ainda ser decretada a sua dissolução.

3. se o facto tiver sido praticado para evitar que o agente, o cônjuge, um adoptante ou adop- tado, ou parentes ou afins até ao 3.º grau se exponham ao perigo de serem punidos ou su- jeitos a qualquer reacção penal, a pena pode ser especialmente atenuada ou mesmo dis- pensada.

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4. A dispensa de pena prevista no n.º 4 do artigo 452.º só aproveita o agente da corrupção acti- va se ele, voluntariamente, aceitar o repúdio da promessa ou a restituição do dinheiro ou van- tagem patrimonial que havia feito ou dado.

5. o agente é dispensado de pena se a prática do facto for resultado de solicitação ou exigência de funcionário como condição para a prática de actos da respectiva competência e, aquele par- ticipar o crime às autoridades.

ARTIGO 455.º [Enriquecimento ilícito]

1. o funcionário que, durante o período do exercício de funções públicas ou nos três anos seguin- tes a cessação dessas funções, adquirir um património ou um modo de vida que seja manifesta- mente desproporcionais ao seu rendimento e que não resultem de outro meio de aquisição lícito, com perigo de aquele património ou modo de vida provir de vantagens obtidas pela prática de crimes cometidos no exercício de funções públicas, é punível com pena de prisão até 5 anos. 2. Para efeitos do número anterior entende-se por património todo o activo patrimonial exis- tente no país ou no estrangeiro, incluindo o património imobiliário, quotas, acções ou partes sociais do capital de sociedades civis ou comerciais, de direitos sobre barcos, aeronaves ou ve- ículos automóveis, carteiras de títulos, contas bancárias a prazo, aplicações financeiras equiva- lentes e direitos de créditos.

3. Para efeitos do n.º1 entende-se por modo de vida todos os gastos com bens de consumo ou com liberalidades realizados no país ou no estrangeiro.

4. Para efeitos do n.º 1 entende-se por rendimento todos os rendimentos brutos constantes da declaração apresentada para efeitos da liquidação de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares, ou que a mesma, quando dispensada, devesse constar.

SECçÃO II Do Peculato

ARTIGO 456.º [Peculato]

1. o funcionário que, ilicitamente, se apropriar, em proveito próprio ou de outra pessoa, de di- nheiro ou qualquer outra coisa móvel, pública ou particular, que lhe foi entregue, estiver na sua posse ou lhe for acessível em razão das suas funções, é punido com prisão de 2 a 8 anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.

2. se o funcionário der de empréstimo, empenhar, ou de qualquer forma, onerar quaisquer ob- jectos referidos no número anterior, com a consciência de prejudicar ou poder prejudicar o estado ou o seu proprietário, é punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal.

ARTIGO 457.º [Peculato de uso]

1. o funcionário que faça uso ou permitir que outra pessoa faça uso, para fins alheios àqueles a que se destinam, de veículos ou de outras coisas móveis de valor apreciável, públicos ou parti- culares, que lhe forem entregues, estiverem na sua posse ou lhe forem acessíveis em razão das suas funções, é punido com prisão até 3 anos ou multa até 300 dias.

2. se o funcionário sem que especiais razões de interesse público o justifiquem, der a dinheiro público um destino para uso público diferente daquele a que está legalmente afectado, é punido com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.

3. se o destino da aplicação irregular não for efectuado para fim público, sendo essa a finalidade legalmente estabelecida, o agente é punido com pena de 1 a 5 anos de prisão.

ARTIGO 458.º [Peculato por erro de outrem]

o funcionário que, no exercício das suas funções, aproveitando-se do erro de outrem, receber, para si ou para terceiro, taxas, emolumentos ou outras importâncias, não devidas ou superiores às devidas, é punido com prisão até 2 anos ou multa até 200 dias.

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ARTIGO 459.º [Participação económica em negócio]

1. o funcionário que, com intenção de obter para si ou para terceiro, participação económica ilícita, lesar em negócio jurídico os interesses patrimoniais que, no todo ou em parte, lhe cum- pre em razão da sua função, administrar, fiscalizar, defender ou realizar, é punido com prisão até 4 anos.

2. o funcionário que, por qualquer forma, receber vantagem patrimonial por efeito de um acto jurídico-civil, relativo a interesses de que ele tinha, por força das suas funções, no momento do acto, total ou parcialmente a disposição, administração ou fiscalização, ainda que sem os lesar, é punido com multa até 200 dias.

3. A pena prevista no número anterior é também aplicável ao funcionário que receber para si ou para terceiro, por qualquer forma, vantagem económica por efeito de cobrança, arrecada- ção, liquidação ou pagamento de que, por força das suas funções, total ou parcialmente, esteja encarregado de ordenar ou fazer, posto que se não verifique prejuízo económico para a Fazenda Pública ou para os interesses que assim efectiva.

No documento SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE. Código Penal (páginas 104-106)