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Crise Econômica na Europa: A Bolha Imobiliária na Zona do Euro

PARTE II PANORAMA HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL

3. Crise Econômica na Europa: A Bolha Imobiliária na Zona do Euro

A União Europeia assim como os Estados Unidos também apresentou um movimento crescente na concessão de créditos hipotecários pelos seus bancos, como mostra o quadro abaixo:

Quadro 10 – Percentual de crédito em relação ao PIB dentro da União Monetária Europeia

Ano % Crédito/PIB 2003 108,13% 2004 110,67% 2005 117,09% 2006 124,10% 2007 133,80% 2008 139,96% 2009 145,88%

Fonte: Banco Central Europeu (2009)

Assim como nos Estados Unidos, a especulação no mercado imobiliário na Europa acabou ocasionando uma “bolha europeia”, que foi um dos grandes fatores responsáveis pela crise econômica de 2008.

As ligações financeiras internacionais e a atuação de bancos transnacionais, em mundo globalizado, permitiu que os problemas de insolvência bancária do sistema bancário norte- americano afetasse da mesma maneira, se não pior, o sistema bancário e de crédito dentro da Zona do Euro.

A figura nº 8 mostra que os preços das residências e das ações apresentaram crescimento extraordinário antes da crise de 2008 e logo após com seu início, os valores despencaram consideravelmente. Isto é uma prova real da existência de uma bolha imobiliária no mercado europeu assim como no mercado norte-americano.

Figura 8 – Preço das residências e índices de valores na Europa

Fonte: Banco Central Europeu (2009)

A Zona do Euro como ator relevante no cenário das finanças mundiais, sofreu os impactos da derrocada do mercado de hipotecas nos Estados Unidos. O boom de crédito e a grande liquidez que a economia mundial viveu no início do século XXI em decorrência desta desregulamentação financeira e liberalização de capital além de políticas monetárias de baixas taxas de juros em diversos países, permitiram que muitos países aplicassem estes financiamentos no mercado imobiliário.

Contudo, não houve uma explosão de concessão de créditos imobiliários, especialmente os subprimes como nos Estados Unidos. O que ocorreu na Europa foi uma crise de pânico generalizada no sistema bancário europeu após a quebra de importantes bancos de investimentos americanos como o Lehman Brothers e o Bear Sterns. Este clima de incertezas dentro da Zona do Euro fez com que houvesse uma retração drástica na concessão de créditos aos agentes econômicos, aumento as incertezas quanto ao rolamento das dívidas de curto prazo. (KRUGMAN, 2009)

Como já mencionado, a liberalização das finanças mundiais e a globalização permitem que desajustes econômicos em um determinado setor consigam alcançar dimensões mundiais em poucos meses. À primeira vista, localizada apenas no mercado hipotecário norte americano, a percepção dos riscos que poderiam envolver diversas economias fez com que em 9 de Agosto de 2007, o banco francês BNP Paribas suspendesse os saques de três de seus fundos. Isto era um claro sinal que os temores quanto a um possível problema de liquidez haviam chegado ao

continente europeu, bem como uma preocupação com a qualidade dos créditos concedidos nos Estados Unidos. (KRUGMAN, 2009, p.173)

A fim de amenizar a tremor financeiro no mercado bancário no Velho Continente, o governo passou a intervir no mercado para socorrer as instituições e passar uma mensagem de otimismo aos investidores. A incorporação de “títulos podres” pelo governo fez com que houvesse uma transferência de riscos destes ativos do setor privado para o setor público.

[...] euro area countries’ bank rescue packages, as announced in September and October 2008, have resulted in a transfer of credit risk from the private to the public sector. Furthermore, together with weakening fiscal positions in the wake of economic crisis, the bank rescue packages seem to have contributed to a sharp widening of intra-euro area government bonds speeds, in particular for member countries with weaker fiscal positions (ECB, 2009, p.37.) Ao mesmo tempo, muitos investidores, temendo os efeitos da crise financeira começaram a comprar títulos do governo em vários países da Europa. (Os títulos do governo são conhecidos por serem extremamente confiáveis, pois são considerados ativos que apresentam risco muito baixo, pois dificilmente um governo deixa de honrar seus compromissos).

No início do ano de 2009, com o agravamento da crise financeira, o crescimento econômico dos países europeus reduziu drasticamente. A queda da expansão do PIB provocou uma redução do consumo das famílias e uma diminuição significativa na arrecadação de impostos pelo governo.

Os graves problemas financeiros que advieram da tormenta financeira de 2007 fizeram com que os padrões de concessão de crédito passassem a ser mais rígidos a partir do início de 2009. As famílias que sofreram forte queda na sua riqueza em decorrência da queda nos seus ativos, principalmente as do mercado acionário e do mercado imobiliário. Com a perda da riqueza e a maior rigidez na concessão de créditos, as famílias reduziram suas poupanças e diminuíram drasticamente a demanda por bens de cosumo duráveis e por imóveis. A queda no cosumo levou a uma queda na produção industrial e, por conseguinte, a uma redução das movimentações financeiras no mercado acionário. (EUROPEAN COMISSION, 2009, p.24)

Para estimular a economia, vários países europeus decidiram cortar impostos e elevar gastos públicos. Esta medida fez com que a posição orçamentária dos países europeus, principalmente da Grécia, Espanha e Irlanda, piorasse drasticamente assim como suas perspectivas futuras. Ao mesmo tempo, observa-se uma queda na atividade econômica e aumento do desemprego. Deste modo, os mercados financeiros começaram a “exigir” maior retorno devido ao grande risco que corriam ao investir em países com problemas orçamentários. Houve uma grande preocupação sobre os títulos do governo dos países pertencentes ao PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia, Espanha) , países que já apresentavam um enorme desequilíbrio fiscal em meados de 2009. (CORRÊA, 2012)

O aumento do risco-país do grupo dos PIIGS fez com que as agências classificadoras de risco, como a Standard&Poors rebaixasse a nota da Grécia, Espanha e Portugal. Este fato gerou

especulações sobre a Zona do Euro em geral e causou um aumento dos spreads cobrados sobre os títulos soberanos europeus, sobretudo o alemão. 12

Atualmente a forma mais utilizada para observar o maior rigor quanto às exigências para liberação de créditos é o movimento dos CDS (credit default swap), que se refere a um pagamento de proteção. Ou seja, além do pagamento de um juro mensal, envolve também o pagamento de um seguro contra calote ou default.

Os gráficos 8 e 9 mostram com clareza o aumento abrupto de risco-país e por consequência de rentabilidade de diversos países europeus tendo como base o título alemão.

Gráfico 8 – Risco-País – Spreads dos títulos de 10 anos

Fonte: Thomson Reuters (2010)

12 O spread é uma das formas de levantar o citado risco-país, este último sendo medido em pontos base. Ele refere-se à diferença de rentabilidade entre um título soberano que é considerado mais seguro (o alemão) e de títulos soberanos do país que está sob análise. Note-se que este spread é consequência de movimentos de mercado e pode ser resultados de operações especulativas contra um determinado país. (CORREA, 2012, p.81)

0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% Alemanha Grécia Portugal Espanha Irlanda Itália

Gráfico 9 – PIIGS Credit Default Swaps (2009-2010)

Fonte: Thomson Reuters (2010)

Conforme Castells (2013) houve uma perda de controle dos valores de retorno dos produtos financeiros no sistema bancário europeu: “O objetivo dos bancos era criar valor acima do valor criado...os produtos financeiros foram vendidos a 60% acima do valor real..isto provocou colapso financeiro”.

O Banco central Europeu, na medida em que a situação se agravava, juntamente com as demais instituições financeiras do bloco, liberou 3,5 trilhões de euros sendo que 1,5 tri foram destinados para garantia de dívidas dos países, programas de recapitalização, liquidez e tratamento de ativos enfraquecidos. Ainda houve aprovação de 1 trilhão de euros como garantias públicas para cobrir os passivos dos bancos que atuam no bloco. Apesar dos esforços, as incertezas quanto à saúde da economia do bloco persistiam e outros pacotes de ajudas milionárias foram sendo criados. Ao mesmo tempo, iniciou-se um temor de que estes estímulos financeiros estavam deixando os Estados-Membros da Zona do Euro extremamente endividados, e que eles poderiam mergulhar em uma profunda depressão econômica com sérias consequências sociais. (EUROPEAN COMISSION, 2009)

Deste modo, a Comunidade Europeia, na tentativa de recuperar a confiança na economia e estimular a demanda agregada, imediatamente, objetivamente e temporariamente, injetou 170 bilhões de euros no mercado com vistas de recuperar a economia e gerar empregos. No entanto os estímulos fiscais eram limitados devido ao Pacto de Austeridade13 implantado pela Alemanha no momento da criação da Zona do Euro. Outro fator que não contribuía para a

13 Tratado de Austeridade assinado pelos 25 dos 27 Estados-Membros da União Europeia que impõe medidas de disciplina fiscal. Cada país está impedido de apresentar déficit fiscal superior a 3% e dívida pública superior a 60% do tamanho do PIB. 0 2 4 6 8 10 12 14 J/09 F/09 M/09 A/09 M/09 J/0 9

J/09 A/09 S/09 O/09 N/09 D/09 J/10 F/09 M/10 A/10 M/10 J/10 J/10 A/10 S/10 O/10 N/10

Grécia Irlanda Portugal Espanha Itália Alemanha

saída da crise financeira pelos países europeus foi a implantação da moeda única europeia. (CASTELLS, 2013)

O erro fundamental do euro é o de ser uma moeda estrangeira – uma moeda que os países da Zona do Euro não têm o poder soberano de emitir. Ao adotar o euro, os países renunciaram à sua soberania, porque um requisito fundamental dela sempre foi a capacidade do Estado-Nação de emitir dinheiro quando não tem alternativa para pagar suas dívidas. O exercício desse poder implica risco de inflação, mas, no caso do euro, esse risco é pequeno- certamente menor do que o custo em que estão incorrendo os países europeus com esta crise. (FILHO, 2012, p.92)

Com este critério, os países europeus, sobretudo os pertencentes ao grupo dos PIIGS, já endividados voluntariamente em moeda estrangeira (para sanear os bancos privados, comprando seus ativos tóxicos), uma moeda em que o país não tem soberania de emitir, deixando-os sem capacidade de pagarem suas dívidas. Nesse sentido, o perigo de contágio mostrou-se eminente para os demais países do continente europeu, especialmente para os maiores credores como Alemanha, Suécia, Holanda, França e Finlândia.

3.1. Crise Fiscal na Europa

A Comunidade Europeia reagiu de forma lenta aos efeitos da crise financeira. Diferentemente do Fed (Banco Central Americano), o Banco Central Europeu relutou em reduzir a taxa de juros ou a fornecer liquidez de maneira ampla. A Comunidade Europeia acreditava desde a sua criação que a disciplina monetária e fiscal seria capaz de manter a competitividade europeia no cenário mundial. No entanto, alguns países da União Europeia, apresentavam historicamente, a propensão de déficits fiscais por adotarem políticas monetárias excessivamente expansionistas. Era o caso dos países do sul da Europa, chamados de PIGS (Portugal, Itália, Grécia e Espanha). Mais tarde, a Irlanda se incorpora ao grupo por seu imenso déficit público. (DIMSKY, 2010)

Estes países não adotaram a política de austeridade fiscal e assim como a França resolveram manter o nível de emprego e preservar a estabilidade econômica. Outros países, sobretudo do norte da Europa, principalmente a Alemanha, adotou a política de austeridade fiscal e de exportação de seus produtos.

Conforme afirmou Manuel Castells em sua palestra no dia 13 de Junho de 2013, no iFHC, a Alemanha é uma das grandes responsáveis pela crise econômica enfrentada por todo o continente europeu, mas principalmente pelos países do sul da Europa aonde a recessão vem castigando a população com altos índices de desemprego e arrocho salarial.

Uma das premissas da instauração do Euro era a eliminação de barreiras comerciais e proteccionistas entre os países aderentes. Esta premissa resultou, muitas vezes, em políticas apoiadas pelo Estado, de “dumping de produção” por parte dos grandes países da Europa, invadindo os países, de economias menores, com os seus produtos. Segundo o sociólogo Castells (2013): “Toda a gente sabe que uma fábrica que tem um potencial para fabricar

1000 unidades por dia, pode, potencialmente e por diversas razões, vender mais barato do que uma outra fábrica concorrente que fabrica apenas 100 unidades por dia.”

A União Europeia, controlada pela Alemanha através do seu controlo do Banco Central Europeu (embora concedendo algumas prerrogativas e benefícios à França, responsável pelas diretrizes da e na política agrícola comum da União Europeia), impôs unilateralmente a política aduaneira da União Europeia. Ou seja, foi a Alemanha que passou a decidir, em termos práticos e objectivos, o que poderia ser importado sem taxas aduaneiras e o que deveria estar sujeito a taxação.

Na medida em que o comércio era livre e isento de taxas, os produtos alemães de alta qualidade e preços competitivos (porque eram produzidos em maior quantidade) invadiram os países do sul do continente de uma maneira avassaladora. Aos poucos, as indústrias locais desses países foram sendo substituídas por produto alemães o que ocasionou a falência de várias empresas e o desemprego aumentou consideravelmente.

Para suprir a falta de competitividade de suas economias, países como Portugal, Grécia, Espanha optaram pelo endividamento do Estado, através do investimento público massivo. O problema é que o crédito bancário é controlado pelo BCE que está sob o controle do governo alemão. Ou seja, a Alemanha foi a maior financiadora de créditos aos países do sul e atualmente a maior credora destes. Segundo Castells (2013), “a Grécia possui uma dívida de 1 bi de euros a Alemanha”.

A demora do BCE em alterar a política monetária, em aumentar as taxas de juros como fez o Fed, somente agravou a situação fiscal da Europa. Com taxas de juros muito baixas, incentivaram o consumo das populações dos países do sul através do crédito bancário e muitos desses produtos eram alemães, ou seja, a Alemanha foi a maior beneficiadora da criação da Comunidade Europeia.

Portanto, a crise financeira de 2008 agravou e muito a situação fiscal de alguns países da Europa, chamado de PIIGS, mas que já estava instalada antes do colapso do sistema bancário americano.

3.2. Consequências da Crise Internacional no Continente Europeu

A crise econômica de 2008 que se iniciou nos Estados Unidos com o estouro da bolha imobiliária e se alastrou por todo o mundo, atingiu abruptamente a Europa devido em grande parte pela interligação dos bancos americanos e europeus. Podemos dizer que enquanto os Estados Unidos apresentam pequenos sinais de recuperação, mas ainda assim enfrentam uma taxa de desemprego de cerca de 9%, a Europa ainda está passando por uma profunda crise econômica. Todo o continente europeu está em crise. A taxa de desemprego da União Europeia é de 13%, enquanto a Espanha apresenta uma taxa de 27% e entre os jovens de 55%. A Alemanha, o país mais poderoso do bloco europeu, houve redução de salários e a Holanda,

outro país que até então vinha apresentando uma economia pouco afetada pela crise, se viu obrigada a cortar gastos sociais em 30%. (CASTELLS, 2013)

Os países que apresentam as maiores forças econômicas da Zona do Euro também sentiram os efeitos da crise financeira internacional porque foram obrigados a realizar pacotes generosos de auxílios financeiros para impedir o colapso de suas instituições bancárias. O governo alemão não forneceu apenas programas de garantias às instituições com problema de liquidez, mas seu programa de recapitalização liberou um total de 80 bilhões de euros sendo 10 bilhões para cada instituição em posição de risco; o que acabou ocasionando um certo desequilíbrio fiscal, mas que foi retomado anos mais tarde, graças ao corte de gastos públicos e aumento na arrecadação de impostos de renda de pessoas física. No caso da França, o governo francês liberou 360 bilhões de euros para recapitalização do sistema financeiro, mas somente para empresas onde o Estado tinha participação. Em 2009, o governo francês entrou em acordo com os governos da Bélgica e Luxemburgo, afetados pela crise econômica liberaram em conjunto mais de 150 bilhões de euros para garantir liquidez em suas instituições financeiras. (PETROVIC e TUSCH, 2009)

Todas essas ações governamentais afetaram o cumprimento do Pacto de Austeridade imposto pelo Tratado da Europa. A França que já vinha enfrentando problemas em sua política fiscal devido ao aumento de gastos públicos decorrentes de problemas demográficos (envelhecimento da população) e problemas de pensão e saúde está se deparando atualmente com uma de suas piores crises econômicas: Crescimento negativo de sua economia, aumento considerável de seu déficit público e alto nível de desemprego como os quadros mostrarão mais adiante.

No entanto, os países mais afetados pela crise de 2008 são, sem dúvida, os países periféricos do continente europeu que por tradicionalmente apresentam menos rigor na condução de seus gastos públicos, se deparam com um aumento enorme de seu endividamento público devido às atuações de resgate da dívida do setor privado decorrentes da bolha de especulação imobiliária. São estes países: Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Grécia.

Conforme explicado no nosso trabalho, todos esses países já vinham sofrendo perda de competitividade no mercado europeu devido à entrada maciça de produtos “importados”, sobretudo alemães em seus países. A adoção do Euro pelos países pertencentes ao PIIGS, também acarretou em um aumento do custo da mão de obra, agravando ainda mais a perda de competitividade de sua produção perante os demais países da união Europeia. A situação só tende a se agravar pela falta de autonomia destes países na condução de suas políticas cambiais. Um dos países mais afetados por essa desigual competitividade foi a Grécia, que por ser um dos países com menor força econômica na Zona do Euro, perdeu ainda mais sua produtividade, presenciando uma enorme deterioração em seus salários e déficits gigantescos em transações correntes.

A compulsão da Alemanha por austeridade, tentando obrigar os países já em dificuldade a adotarem uma política com impostos mais altos e gastos mais baixos, pode vir a ser problemática. Tal política gera um crescimento mais lento do Produto Interno Bruto (PIB),

significando menores receitas fiscais para os governos pagarem suas contas. A perspectiva de diminuição de gastos governamentais acarretou uma série de protestos públicos, e tornou mais difícil para as autoridades adotarem todas as medidas necessárias para se tentar resolver a crise. Além disso, toda a Europa entrou em um período de recessão a partir do final de 2011, em parte devido a estas medidas, e também pela perda geral de confiança entre empresas e investidores.

No entanto, os países mais ricos da Europa têm pouca escolha além de pressionarem as nações mais endividadas a apertarem o cinto, uma vez que eles também estão enfrentando uma forte pressão de seus próprios cidadãos. Os contribuintes em países como a Alemanha e a França se recusam a usar seu dinheiro para financiar o que é visto como um excesso de gastos por parte da Grécia e dos outros países europeus com problemas. Este tipo de desacordo fundamental faz com que seja muito difícil o estabelecimento de um consenso para resolver a crise na Europa.

O número de pessoas sem trabalho na Europa aumentou em 10 milhões desde a eclosão da crise financeira internacional e criando uma realidade que, para especialistas, já deve ser considerada como a maior crise social do bloco europeu desde a Segunda Guerra Mundial. Desde o início da crise em 2008, o número de desempregados passou de pouco mais de 16,1 milhões de pessoas no bloco para um total de 26,3 milhões. Hoje, apenas cinco dos 27 países do bloco tem índices de desemprego iguais ou melhores que em 2010: Áustria, Alemanha, Hungria, Luxemburgo e Malta. Os casos mais dramáticos são justamente dos países que foram socorridos por programas de resgate da UE e do FMI e que, em contrapartida, exigiram cortes em investimentos, em salários e outros gastos sociais. Grécia, Espanha, Portugal e Chipre encabeçam a lista onde o desemprego é mais elevado, com taxas de até 26%. Só na Espanha são 5 milhões de desempregados...Um a cada quatro jovens europeus está sem trabalho. Na Grécia, essa taxa chega a 58%, equivalente aos índices de países africanos em plena crise. Na Espanha, a taxa é de 55%...Outro fenômeno que preocupa: a população está sem trabalho a um tempo cada vez mais longo, transformando o desemprego em um problema estrutural para muitos países