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PARTE II PANORAMA HISTÓRICO DA IMIGRAÇÃO NO BRASIL

1. Nova Era na Economia Brasileira: O Plano Real

Após sucessivos fracassos na direção da economia brasileira, conhecida como a década perdida e com o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em Dezembro de 1992, o Brasil continuava carregando o fardo de ser visto como o eterno “país do futuro”. Um grande país com recursos naturais privilegiados e uma população jovem apta a trabalhar que estavam sendo desprezados por políticas econômicas nocivas à sociedade brasileira. Parecia que o Brasil jamais encontraria o caminho para o desenvolvimento com crescimento econômico e geração de emprego. O país ainda presenciava a fuga de um grande contingente de brasileiros em busca de melhores oportunidades nos países desenvolvidos.

A situação começou a melhorar no Governo de Itamar Franco que sucedeu o de Fernando Collor e nomeou o ex-senador por São Paulo Fernando Henrique Cardoso como Ministro das Finanças em Maio de 1993. Nascia assim o Plano Real.

Sem choques heterodoxos, o Plano Real era um plano elaborado por renomados economistas que tinha como principal objetivo restabelecer a estabilidade financeira do país. De acordo com Pizzato (2009), o plano foi elaborado acreditando que a principal causa da inflação era o descontrole monetário e administrativo do setor público. Assim sendo, foram estabelecidas as seguintes metas:

a) Corte nos gastos públicos;

b) Recuperação da Receita Tributária;

c) Fim da Inadimplência dos Estados e municípios; d) Controle e rígida fiscalização dos bancos Estaduais; e) Saneamento dos bancos federais

f) Privatizações

Colocadas estas políticas em prática, o plano apesar de algumas dificuldades no início se tornou um grande sucesso e a moeda a ser adotada pelo Brasil foi chamada de Real.

De acordo com Economist Intelligence Unit (2009), Brasil passou de uma inflação de mais de 1000% em 1994 para 100% em 1995 e para menos de 5% em 2008.

O sucesso do Plano Real possibilitou a eleição de Fernando Henrique Cardoso para presidência com 2 mandatos seguidos (1995-2002).

Devido à crise asiática com a quebra da bolsa de valores nos países da Ásia como Indonésia, Tailândia e Malásia, o Brasil sofreu um ataque especulativo com uma fuga de capital gerando uma pressão inflacionária e uma drástica queda nas reservas cambiais do Brasil. Para contornar a situação que era extremamente dramática, não restava outra alternativa a não ser aumentar a taxa de juros que claramente teve um efeito devastador na criação de empregos. Com baixos investimentos e aumento do déficit publico o governo de Fernando Henrique enfrentou uma enorme insatisfação popular que deu lugar ao então ex-sindicalista Luís Ignácio Lula da Silva conhecido como Lula de ganhar as eleições presidenciais de 2002.

A gestão Lula iniciou dando segmento à política econômica do governo anterior. Para tanto, nomeou o renomado economista Henrique Meirelles, para a direção do Banco Central do Brasil, dando um forte sinal para o mercado, principalmente o internacional, onde Meirelles era bastante conhecido por ter sido presidente do Bank Boston, de que não haveria mudanças bruscas na condução da política econômica em seu governo.

Ficou estbelecido que a economia do Brasil se sustentaria em 3 pilares fundamentais: Controle da Inflação, Taxa de Câmbio Flexível e Superávit Primário.

O governo Lula deu uma enorme credibilidade internacional ao Brasil. O país fortaleceu a rigidez em suas políticas monetária e fiscal e isso levou a entrada massiva de investimentos estrangeiros no país. De acordo com o Departamento Econômico do Banco Central, o Brasil bateu recorde na entrada de investimentos produtivos. O país registrou US$ 3,534 bilhões em Maio de 2010. Foi o melhor período na série histórica do Banco central iniciada em 1947. Segundo Roett (2010), o PIB do Brasil cresceu de 1,15% em 2003 para 5,71% em 2004 liderado por uma expansão industrial de 7,89%. No ano de 2007 o crescimento econômico brasileiro chegou a 6,1% e em 2008 de 5% (número que pode ser considerado alto, pois a economia mundial estava se desacelerando drasticamente devido a grave crise hipotecária americana que teve um efeito devastador na economia dos países ricos).

As exportações brasileiras triplicaram no segundo mandato de Lula, lideradas pela soja, ferro, aço, carne e carro. Devido a essa expansão econômica Brasil passou em 2008 a ser credor do FMI (Fundo Monetário Internacional) devido ao aumento majestoso das reservas internacionais brasileiras passando de $49,3 bilhões em 2003 para $180 bilhões em 2008. (ROETT, 2010)

O crescimento econômico brasileiro se aliou ao desenvolvimento do sistema financeiro nacional fazendo com que este se tornasse mais sofisticado para alocar recursos de empresários nacionais e internacionais a fim de aumentar a produtividade do país. Em 2009, 3 de 10 maiores bancos mundiais no mercado de capitalização eram brasileiros. Hoje o mercado de capitais do Brasil é o 4º maior do mundo o que vem seduzindo executivos estrangeiros que procuram mercados sofisticados para trabalhar. Isto faz com que o Brasil seja um dos principais interlocutores do G-20 (grupo formado pelas 20 maiores economias mundiais) e um dos responsáveis pela estabilidade financeira internacional. (ROETT, 2010)

Tudo isso criou um campo fértil para a expansão da classe média. Crescimento econômico com geração de empregos e inflação controlada levaram mais de 40 milhões de brasileiros a entrarem na classe média fazendo com que o país seja visto como a nova potência econômica do século XXI.910(ROETT, 2010)

9 Não podemos deixar de salientar que o programa bolsa-família, um programa de ajuda financeira de R$60,00 por mês para as famílias mais pobres nas mais diversas regiões do país, tirou 11.000.000 de brasileiros da extrema pobreza, levando a um ligeiro declínio na desigualdade de renda do Brasil. (ROETT, 2010)

Os gráficos das figuras abaixo demonstram claramente a evolução do desempenho da economia brasileira desde os anos de instabilidade econômica antes do Plano Real até os anos do governo Lula com a retomada do crescimento econômico e geração de empregos, tornando o Brasil um país mais competitivo na captação de cérebros no mercado internacional, juntamente com as demais potências internacionais como Estados Unidos, Alemanha e Austrália.

Figura 2 – Evolução da Taxa de Inflação no Brasil Pós Plano Real

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Uma das maiores empreitadas do governo Lula foi o descobrimento do Pré-Sal. O Pré-Sal é a descoberta de reservas de petróleo abaixo da camada de sal, no subsolo do mar no litoral brasileiro que abrange as regiões desde Santa Catarina até o Espírito Santo. No entanto, a extração deste petróleo demanda pesados investimentos tecnológicos que o Brasil ainda não possui. Para isso, estima-se que vários técnicos e engenheiros venham trabalhar na Petrobrás ou nas empresas que vierem a se instalar no Brasil para a extração deste petróleo e outros recursos naturais. Sem dúvida os oito anos da era Lula colocaram o Brasil na rota do crescimento sustentado e levaram o país a ser um dos mercados mais cobiçados do mundo.

Figura 3 – Crescimento Econômico Mundial e do Brasil

Figura 4 – Evolução da taxa de Desemprego do Brasil

Em contrapartida ao bom momento da economia brasileira, em 2008, o mundo desenvolvido vivenciou uma de suas piores crises econômicas mundiais. O país mais rico e poderoso do mundo entrou em colapso financeiro. Os Estados Unidos viveram e ainda estão sofrendo as consequências desastrosas de uma política econômica neoliberal, baseada em mercados

autorregulados com uma finalidade obsessiva de criação excessiva fictícia de riqueza. (PEREIRA, 2012)

No entanto, é imaturo afirmar que a crise financeira norte-americana que desencadeou um desequilíbrio nos mercados internacionais começou em 2008. Para muitos economistas como Paul Krugman em seu livro A Crise de 2008 e a Economia da Depressão (2009), o governo americano optou por manter a economia superaquecida, em expansão, sem se importar com a ameaça da inflação a fim de obter lucros irracionais no mercado de ativos, como o de ações e imobiliário que já demonstravam sinais de bolhas irreais de crescimento, já na década de 90, como veremos no próximo capítulo.