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Critérios de seleção dos informantes

PARTE I – CAMINHOS DA PESQUISA, APARATO TEÓRICO METODOLÓGICO,

2.2 METODOLOGIA OPERACIONAL

2.2.4 Critérios de seleção dos informantes

Qualquer paciente internado no IPQ, independente do setor e do tipo de patologia que estivesse tratando, e em condições de responder à entrevista, pôde ser incluído entre os informantes.

O critério de inclusão foi 1) Em relação aos pacientes: estar internado recebendo tratamento no IPQ; 2) Em relação aos psiquiatras e enfermeiros: serem atuantes no IPQ; 3) Em relação aos ministros religiosos e voluntários religiosos: serem atuantes no IPQ. O critério de exclusão foi: pacientes com uso intenso de medicação e que, porventura, não estivessem em condições de conceder uma entrevista.

O primeiro critério foi definido pela pesquisadora, tomando como base a necessidade da presença efetiva no hospital de todos os agentes para que fosse possível avaliar se existia algum tipo de convivência, afinidade ou conflito. Já o segundo foi definido à medida que era possível observar a dificuldade que alguns pacientes manifestavam em manter um diálogo sequenciado devido ao quadro atual de sua patologia. Por isso, o critério de escolha foi os que estavam mais acessíveis no momento da entrevista tanto do ponto de vista da disposição quanto do nível de lucidez112. Para obter esse tipo de informação contou se com a colaboração dos

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É arbitrária a definição de “doença mental”. Entretanto, a partir do momento em que o indivíduo encontra se recluso na enfermaria, acredita se que não será o pesquisador que estará apto a julgar quem é mais ou menos capaz de interagir.

enfermeiros que eram normalmente os mais indicados a possuírem esses detalhes, pois acompanhavam dia a dia o desenvolvimento do paciente, conheciam bem as suas limitações naquele momento. A partir disso houve uma triagem no sentido de que esses profissionais indicavam aqueles que estavam em melhores condições para conversar.

As enfermarias que compõem atualmente o IPQ comportam 82 leitos no total113. Elas estão divididas em função das diferentes patologias, como é possível perceber no quadro a seguir. As entrevistas concentraram se nas seguintes enfermarias: Mista; Geriatria; Comportamento alimentar114.

UNIDADE

SIGLA UNIDADE

Nº DE

LEITOS DIAGNÓSTICO EMIS ENFERMARIA MISTA 12

Esquizofrenia, Transtorno Bipolar, Quadros Psicóticos agudos.

EAND

ENFERMARIA ANSIEDADE E

DEPRESSÃO 14

Depressão, Transtorno Obsessivo compulsivo, Transtornos de Ansiedade, Transtorno do Pânico.

ECAL

ENFERMARIA DE COMPORTAMENTO

ALIMENTAR 10

Transtorno Alimentar (Anorexia e Bulimia).

EGRT ENFERMARIA DE GERIATRIA 12

Transtorno Bipolar, Demência, Alzheimer, Transtornos Depressivos, Ideação Suicida.

EHDI

ENFERMARIA INFANTIL E

ADOLESCENTES 9

Transtorno Alimentar (Anorexia e Bulimia) e outros transtornos psiquiátricos.

EDQ

ENFERMARIA DEPENDÊNCIA

QUÍMICA 12

Dependência de Múltiplas Drogas, Alcoolismo, Comportamento Impulsivo.

EMET ENFERMARIA METABÓLICA 13

Depressão, Quadro de mania, Esquizofrenia, Transtorno Alimentar, Demência, quadros clínicos e neurológicos.

Quadro 1 Descrição das enfermarias

Além do mais, o contato e a escolha dos informantes (psiquiatras, enfermeiros, pacientes, ministros religiosos, voluntários religiosos) deram se a partir da apresentação da pesquisa115 e o convite para que participassem. As entrevistas

113 Divisão de enfermagem do IPQ [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por

<enfermagem.ipq@hcnet.usp.br> em 15 jan. 2010.

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A enfermaria Mista foi a de mais difícil acesso pelos quadros mais graves, pelos horários rígidos (horários para medicamentos, para atividades terapêuticas). Já na enfermaria do comportamento alimentar, foi possível um acesso maior aos pacientes, o que fez com que a maior parte das entrevistas fosse realizada nesse setor.

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Com relação aos psiquiatras, a apresentação aconteceu com a ajuda do pesquisador responsável pela pesquisa junto ao Comitê de Ética e junto ao IPQ. Aproveitando um evento que acontecia no Instituto, onde estavam presentes vários psiquiatras (entre assistentes, residentes, colaboradores), a

com os psiquiatras ocorreram muito em função de sua boa vontade, aceitação e disponibilidade. Tudo dependeu muito da influência de um médico mais antigo na casa e do respeito que os demais tinham por ele, além, é claro, da referida boa vontade. Eles sempre aparentavam segurança no que falavam. Já os enfermeiros apresentavam se um pouco resistentes, sempre se mostrando muito ocupados e sem tempo116. Aparentavam desconfiança, na maior parte dos casos, normalmente ponderando bem o que falavam.

A dificuldade de realizar entrevistas não é uma constatação que cause estranheza, sabe se muito bem dos percalços por quais passa um pesquisador. A resistência dos entrevistados pode ocorrer em função de motivos diversos: no caso dos enfermeiros, o receio de falarem algo que pudesse ser usado contra eles, que fizesse com que fossem punidos ou até demitidos; no caso dos pacientes, o temor de perder o direito ao tratamento ou de serem punidos de alguma forma. Neste último caso, a demonstração do referido temor deu se mediante a desconfiança e as respostas pontuais, as quais marcaram em grande medida a realização das entrevistas.

pesquisadora foi apresentada a estes profissionais e foi possível dar início ao contato necessário para posterior realização das entrevistas. Sem essa apresentação e sem o apoio do referido professor/pesquisador, não teria sido possível esse contato, mesmo levando em consideração a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética do HCFMUSP. Outros momentos foram utilizados para a apresentação da pesquisa, por exemplo, as reuniões clínicas, as quais eram acompanhadas por muitos psiquiatras residentes. Com relação aos enfermeiros, algo semelhante aconteceu. A pesquisa foi apresentada para a enfermeira chefe e esta, por sua vez, fez com que a pesquisadora fosse conhecida e recebida pelas enfermeiras responsáveis por cada enfermaria. Estas últimas convidaram e estimularam todos os enfermeiros e auxiliares de enfermagem a participarem da pesquisa. Em relação aos religiosos, houve apresentação da pesquisa aos voluntários, os quais foram encorajados pelas autoridades religiosas a participarem.

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Apesar de ser mais fácil encontrar, nas enfermarias, os enfermeiros que os psiquiatras estes tinham horários determinados para ver os pacientes e tudo acontecia muito rapidamente.