§ 2º Quando o perfil profissional de conclusão e a organização curricular incluírem competências
4.4.1 Os cursos de engenharia
Os cursos de engenharia objetivam a formação do profissional engenheiro generalista, humanista, crítico e reflexivo. Delineia-se, assim, o perfil de um profissional capacitado a compreender e a produzir novas tecnologias em áreas específicas, atuando, crítica e criativamente, na identificação e na resolução de problemas. Em atendimento às demandas da sociedade, essa formação, sob perspectiva ética e humanística, prioriza aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais (BRASIL, 2002).
20 Figura representativa das formas de acesso para os cursos superiores de tecnologia do IFRN, inspirada tanto nas sistematizações apresentadas no Projeto Político-Pedagógico do CEFET-RN (CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO GRANDE DO NORTE, 2005) quanto nas discussões advindas dos fóruns de avaliação das ofertas educacionais, acontecidos em 2010.
Para tanto, é necessário o desenvolvimento das seguintes competências: • aplicar conhecimentos matemáticos, científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia;
• projetar e conduzir experimentos, interpretando resultados;
• conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos produtivos;
• planejar, elaborar, coordenar e supervisionar projetos e serviços de engenharia;
• identificar, formular e resolver problemas de engenharia; • desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e novas técnicas; • supervisionar operação e manutenção de sistemas;
• avaliar, criticamente, operação e manutenção de sistemas;
• comunicar-se, eficientemente, sob forma verbal, não verbal e multimodal;
• atuar em equipes multidisciplinares;
• assumir postura profissional ética e responsável;
• avaliar impacto das atividades da engenharia nos contextos social e ambiental;
• avaliar viabilidade econômica de projetos de engenharia; e • assumir postura de contínua atualização profissional.
Comprometidas com o desenvolvimento sustentável, tais competências constituem fonte estimuladora de atuação criativa para análise de problemas (políticos, éticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais) e formulação de soluções. O engenheiro, portanto, deve estar preparado para atuar, permanentemente, na fronteira do conhecimento, buscando solução técnica e ética para as situações-problema surgidas na dinâmica do exercício profissional.
4.4.3.1 Princípios orientadores e características dos cursos de engenharia De acordo com os Princípios Norteadores das Engenharias dos Institutos Federais da SETEC/MEC, as propostas curriculares dos cursos superiores de
graduação norteiam-se pelos seguintes princípios: • sintonia com a sociedade e o mundo produtivo;
• diálogo com os arranjos produtivos culturais, locais e regionais; • preocupação com o desenvolvimento sustentável;
• estabelecimento de metodologias que viabilizem a ação pedagógica interdisciplinar e transdisciplinar dos saberes;
• realização de atividades de formação em ambientes não convencionais;
• interação de saberes teórico-práticos ao longo do curso;
• realização da pesquisa e da extensão como sustentadoras das ações na construção do conhecimento;
• construção, no processo de aprendizagem, da autonomia dos discentes;
• promoção da mobilidade acadêmica por meio de cooperação técnica intrainstitucional e interinstitucional;
• possibilidade de alteração, intrainstitucional e interinstitucionalmente, no itinerário curricular dos estudantes;
• estabelecimento de procedimentos inovadores para o acesso aos cursos de engenharia e para a certificação dos estudantes;
• comparabilidade de currículo, com adoção de procedimentos que valorizem as ações de ensino, pesquisa e extensão; e
• integração curricular de diferentes níveis e modalidades de ensino, contribuindo para a concretização do princípio da verticalização.
4.4.3.2 Diretrizes e indicadores metodológicos dos cursos de engenharia A organização curricular dos cursos de engenharia, seja na modalidade presencial seja na modalidade a distância, observa os referenciais legais que norteiam as instituições formadoras. Tais referenciais definem o perfil da formação profissional, a atuação dos profissionais e os requisitos básicos necessários à formação do engenheiro. Além disso, estabelecem conteúdos curriculares, modos de prática profissional, procedimentos de organização e
de funcionamento dos cursos.
Os cursos de engenharia devem ser organizados em uma base de conhecimentos científicos e tecnológicos, com uma carga horária mínima de 4.000 horas. A estrutura curricular deve compreender dez semestres letivos, em regime de crédito e com organização por disciplinas. Na matriz curricular, essas últimas – associadas, em alguns casos, por prerrequisitos – dispõem-se de modo a possibilitar flexibilidade de itinerários diversificados.
Apresentam-se, a seguir, as diretrizes e os indicadores metodológicos para os cursos superiores de engenharia, tomando-se, como referência, a estrutura curricular, a prática profissional, os requisitos e as formas de acesso.
Em relação à estrutura curricular, os cursos de engenharia organizam-se em dois ciclos, o ciclo de ciência e tecnologia e o ciclo de engenharia; dois núcleos, o núcleo fundamental e o núcleo científico e tecnológico; e três unidades, a unidade básica, a unidade estruturante (engenharia básica) e a unidade de engenharia.
A Figura 10 apresenta o desenho curricular para os cursos de engenharia em dois ciclos, ressaltando a inter-relação entre os ciclos, os núcleos e as unidades.
Figura 10 – Representação, em dois ciclos, da estrutura curricular para os cursos de engenharia.
Fonte: Equipe de sistematização do PPP (2011)21.
21 Figura representativa do desenho curricular dos cursos superiores de engenharia do IFRN, inspirada tanto nas Diretrizes Curriculares Nacionais para as Engenharias (CNE/CES, 2002) e nas sistematizações apresentadas neste Projeto Político-Pedagógico quanto nas discussões advindas dos fóruns de avaliação das ofertas educacionais, acontecidos em 2010.
O ciclo de ciência e tecnologia contempla tanto conhecimentos de formação geral, voltados para o ensino superior, quanto conhecimentos científicos e tecnológicos gerais, voltados para a área de engenharia. Desenvolve-se por meio de um bacharelado, com terminalidade em seis semestres letivos e com certificação parcial de bacharel em Ciência e Tecnologia (BC&T).
Esse ciclo é composto pelo núcleo fundamental e pelas unidades básica e estruturante (engenharia básica) do núcleo científico e tecnológico, com carga horária mínima de 2.400 horas. Deve habilitar o estudante ao prosseguimento de estudos no ciclo de engenharia, permitindo-lhe, inclusive, mobilidade para outras instituições de ensino superior (IESs) que utilizam a mesma estruturação curricular em dois ciclos.
Como atividade de síntese e integração do conhecimento, deve ser desenvolvido, ao final do ciclo de ciência e tecnologia, uma produção monográfica, registrando-se os projetos técnicos, os projetos de pesquisa e/ ou os projetos de extensão realizados durante o ciclo.
Ao integralizar todos os componentes curriculares do ciclo de ciência e tecnologia, o estudante recebe o diploma de bacharel em Ciência e Tecnologia (BC&T). Desse modo, além de estar habilitado ao prosseguimento de estudos para os cursos de engenharia em dois ciclos, o estudante egresso do bacharelado em Ciência e Tecnologia (BC&T) pode atuar, tanto em empresas privadas quanto em instituições do setor público, no gerenciamento, na pesquisa e nos serviços aplicados à área de ciência e tecnologia; empreender negócio próprio na área de ciência e tecnologia; desenvolver atividades de pesquisa e extensão em ciência e tecnologia; e realizar cursos de pós- graduação lato ou stricto sensu.
O ciclo de engenharia contempla conhecimentos tecnológicos específicos, de acordo com as áreas da engenharia. Estrutura-se, com carga horária mínima de 1.200 horas, em quatro períodos letivos. É composto pela unidade de engenharia do núcleo científico e tecnológico.Como atividade de síntese e integração do conhecimento, deve ser elaborado, ao final desse ciclo, um relatório técnico, registrando-se as atividades realizadas no estágio curricular supervisionado. Ao integralizar todos os componentes curriculares do ciclo de engenharia, o estudante recebe o diploma de engenheiro no respectivo curso.
imprescindíveis ao desempenho acadêmico dos ingressantes. Contempla, ainda, revisão de conhecimentos da formação geral, objetivando construir base científica para a formação tecnológica. Nesse núcleo, há dois propósitos pedagógicos indispensáveis: o domínio da língua portuguesa e, de acordo com as necessidades do curso, a apropriação dos conceitos científicos básicos.
O núcleo científico e tecnológico compreende disciplinas destinadas à construção da identidade do profissional engenheiro.
A unidade básica é relativa a conhecimentos de formação científica, voltados para o ensino superior, e conhecimentos de formação tecnológica básica, voltados para a atuação profissional. As disciplinas que compõem essa unidade devem contemplar conhecimentos de Metodologia Científica e Tecnológica; Leitura e Produção de Textos Acadêmicos; Informática; Expressão Gráfica; Matemática; Física; Fenômenos de Transporte; Mecânica dos Sólidos; Eletricidade Aplicada; Química; Ciência e Tecnologia dos Materiais; Administração; Economia; Ciências do Ambiente; e Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania. A unidade deve contemplar cerca de 30% da carga horária mínima estabelecida para o ciclo de ciência e tecnologia.
A unidade estruturante (engenharia básica) é relativa à formação tecnológica geral, de acordo com a área da engenharia. As disciplinas que compõem a unidade estruturante (engenharia básica) devem contemplar um subconjunto coerente de conhecimentos científicos, tecnológicos e instrumentais necessários para a definição das modalidades de engenharia. Devem garantir o desenvolvimento das competências e das habilidades estabelecidas nas exigências de cada perfil profissional especificado no projeto de curso. A unidade deve contemplar cerca de 15% da carga horária mínima de disciplinas.
A unidade de engenharia é relativa à formação técnica e tecnológica de uma engenharia específica. Contempla conhecimentos intrínsecos à área do curso, conhecimentos necessários à integração curricular e, conforme as necessidades da atuação profissional e as regulamentações profissionais, conhecimentos imprescindíveis à formação específica.
As disciplinas que compõem a matriz curricular devem estar articuladas em uma perspectiva interdisciplinar e orientadas pelos perfis profissionais de conclusão. Ensejam não só a formação de conhecimentos científicos e
tecnológicos mas também a aplicação de conhecimentos teórico-práticos específicos de uma área profissional. A matriz curricular contribui, assim, para uma formação técnico-humanística.
Para atender às exigências pedagógicas e ao perfil da graduação em engenharia, devem ser proporcionadas situações de aprendizagem teórico- prática alicerçadas em métodos integradores e em atividades de pesquisa e de extensão. Trabalho de iniciação científica, projeto interdisciplinar, visita técnica, trabalho em equipe, desenvolvimento de protótipos, monitoria e participação em empresas juniores são exemplos dessas situações de aprendizagem. Em todas elas, devem se desenvolver posturas de cooperação, de comunicação e de iniciativa.
Em relação à prática profissional desenvolvida no decorrer dos cursos de engenharia, deve se considerar o cumprimento de carga horária mínima de 400 horas, distribuídas em 200 horas para cada ciclo
Também devem ser consideradas as modalidades diferentes de realização dessa prática. Para o ciclo de ciência e tecnologia, desenvolvem-se projetos (projetos técnicos, projetos de extensão e/ou projetos de pesquisa) e outras atividades acadêmico-científico-culturais. Essas últimas devem contemplar 100 horas do quantitativo geral da prática profissional. Para o ciclo de engenharia, desenvolve-se estágio curricular supervisionado (estágio técnico), a partir do início da segunda metade do referido ciclo.
Os projetos e o estágio são desenvolvidos no IFRN, na comunidade e/ou em locais de trabalho. A prática profissional ancora-se tanto nos princípios da unidade entre teoria e prática, da interdisciplinaridade e da contextualização quanto na gestão de processos de produção específicos da área técnica
Em relação aos requisitos e às formas de acesso, deve se considerar que a entrada nos cursos pode ser efetivada pelo ciclo de ciência e tecnologia ou pelo ciclo de engenharia, conforme as seguintes possibilidades, representadas na Figura 11:
• processo de seleção, conveniado ou aberto ao público, para portadores de certificado de conclusão do ensino médio (com entrada a partir do primeiro período);
• transferência, tanto para estudantes matriculados em cursos de bacharelado em Ciência e Tecnologia (BC&T) (com entrada do segundo ao quarto períodos) quanto para estudantes matriculados
em cursos de engenharia em dois ciclos (com entrada a partir do quinto período);
• reingresso, para portadores de diploma de cursos superiores de tecnologia (com entrada do segundo ao quarto períodos), para portadores de diploma de cursos de engenharia, de bacharelado em Ciência e Tecnologia (BC&T) em área distinta ou de bacharelado definido no projeto do curso ofertado pelo IFRN (com entrada no quinto ou no sexto períodos);
• reingresso, para portadores de diploma de cursos de engenharia ou de bacharelado em Ciência e Tecnologia (BC&T) na mesma área do curso ofertado pelo IFRN (com entrada a partir do sétimo período); e • reopção, para estudantes matriculados em cursos de engenharia do
IFRN (com entrada para o quinto ou sétimo períodos).
Considerando as condições operacionais requeridas para desenvolvimento da unidade básica (em consonância com as prioridades de atuação educacional da Instituição), deve ser priorizado o ingresso para o ciclo de engenharia ou para a unidade estruturante do ciclo de ciências e tecnologia.
O processo de seleção para o primeiro período do curso pode ser realizado por meio de provas (exames) e/ou de programas, ambos desenvolvidos pela Instituição, destinando-se, para alunos egressos da rede pública de ensino, o mínimo de 50% das vagas. O preenchimento das vagas deve considerar, como mecanismos de classificação, os resultados de vestibular tradicional ou de exames realizados pelo Governo Federal.
O processo de seleção para ingresso no quinto período (início da unidade estruturante / engenharia básica) ou no sétimo período (início da unidade de engenharia) do curso de engenharia deve considerar, como mecanismo de classificação, o resultado de provas (exames) realizadas pela instituição.
Figura 11 – Requisitos e formas de acesso para os cursos de engenharia.
Fonte: Equipe de sistematização do PPP (2011)22.