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POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE PÓS-GRADUAÇÃO

[ ] as inúmeras pesquisas realizadas nos últimos anos com o objetivo de definir um repertório de

4.5 POLÍTICA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE PÓS-GRADUAÇÃO

A pós-graduação no IFRN é resultado de uma política institucional voltada para a produção e a socialização de conhecimentos científicos e tecnológicos, visando formar não só profissionais em nível de pós-graduação lato sensu e stricto sensu31 mas também pesquisadores para atuar na mais diversas áreas profissionais. Além disso, visa verticalizar a educação profissional e tecnológica no âmbito institucional, possibilitando trajetórias acadêmicas cujos percursos podem ir da formação em educação básica à pós-graduação. Essa oferta organiza-se em consonância com as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Desse modo, em consonância com sua função social32, o IFRN oferta cursos de pós-graduação que contribuem “[...] para promover o estabelecimento de bases sólidas em educação, ciência e tecnologia, com vistas no processo de produção de conhecimentos, geração e inovação tecnológica” (BRASIL, 2008, p. 1).

A LDB estabelece que, como nível de educação, a pós-graduação integra-se à educação superior e articula-se com a educação básica. O papel da pós-graduação é delineado nos inter-relacionamentos e nas exigências propostos pela legislação vigente, pelas necessidades e pelos desafios impostos à sociedade. Acrescentem-se, a esses agentes determinantes, as particularidades institucionais e o movimento histórico-social no qual a pós-graduação se insere no Brasil. Esclarece-se que o acesso a esse nível de educação é marcado por discrepâncias entre as regiões do País, mais particularmente na modalidade stricto sensu.

inspirada na concepção de acesso discente presente no Projeto Político-Pedagógico do CEFET-RN (CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO RIO GRANDO DO NORTE, 2005).

31 Os cursos são regulamentados pela Resolução CNE/CES 1, de 8 de junho de 2007 (que estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização), e pela Resolução CNE/CES 1, de 3 de abril de 20011 (que estabelece normas para o funcionamento de cursos de pós-graduação strictu sensu, em nível de mestrado e doutorado).

32 “A função social do IFRN é ofertar educação profissional e tecnológica – de qualidade referenciada socialmente e de arquitetura político-pedagógica capaz de articular ciência, cultura, trabalho e tecnologia – comprometida com a formação humana integral, com o exercício da cidadania e com a produção e a socialização do conhecimento, visando, sobretudo, a transformação da realidade na perspectiva da igualdade e da justiça sociais.” (Ver p. 20).

4.5.1 Concepção e princípios da educação superior de pós-graduação A partir dos anos de 1990, tanto a reestruturação no setor produtivo quanto o crescente desenvolvimento científico e tecnológico, decorrentes da economia global e informacional33, imprimiram, mundialmente, uma série de mudanças de ordem política, socioeconômica e cultural, inclusive com implicações na educação. Essa realidade provocou uma série de reformas no âmbito dos países em desenvolvimento, como o Brasil. Em decorrência, as políticas neoliberais acentuaram as desigualdades entre aqueles que têm acesso aos serviços de qualidade e aqueles que ficam às margens dos direitos sociais básicos. Por outro lado, a partir dos anos 2000, algumas iniciativas, como a ampliação e a interiorização do ensino superior público, contribuíram para que o acesso à educação, à ciência e à tecnologia pudesse beneficiar uma parcela mais ampla da sociedade por meio da educação pública e gratuita.

Sob a perspectiva de garantir a educação pública, laica, gratuita e com qualidade social, as ofertas do IFRN, incluindo a pós-graduação, devem pautar-se em uma concepção humanística e tecnológica, ancorando-se em princípios institucionais, como a integração da educação profissional com a educação básica, a formação omnilateral e a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Assim, requerem-se esforços permanentes de construção e de reconstrução do conhecimento, de modo que os sujeitos e os diferentes setores institucionais, como o da pós-graduação, possam agir crítica, reflexiva e eticamente sobre as concepções e as práticas pedagógicas.

Por sua vez, a construção de uma postura crítica leva à necessidade de se superar a lógica exclusivamente produtivista, inserindo-se, no escopo das produções acadêmico-científicas e pedagógicas, as demandas que atendam à função social da Instituição. Essa postura crítica faz com que os processos e os produtos da sociedade global e informacional possam ser referenciados na sociedade e apropriados de modo sustentável. Atende-se, assim, às necessidades da sociedade na qual o IFRN atua, primando pelo respeito à diversidade e à inclusão social.

33 As últimas décadas do século XX, especialmente os anos de 1990, são marcadas pela globalização da economia mundial, selando também um processo emergente de evolução tecnológica. A base dessa evolução organiza-se em torno da informação, compreendida como a revolução tecnológica. Inaugura-se, assim, um processo em que a mente humana se torna fonte direta de produção, como enfatizam os estudos de Castells (1999). Desse modo, além da globalização econômica, vive-se incluído também em um contexto denominado de sociedade da informática (SCHAFF, 1995).

O IFRN tem, de certa maneira, permanecido atento às mudanças e às contínuas demandas pedagógicas, culturais, técnicas, científicas e socioeconômicas. Torna-se, assim, fundamental aprofundar a interação com a sociedade, por meio do desenvolvimento da tríade ensino, pesquisa e extensão. Para que isso ocorra, é de suma importância a definição de uma política institucional de pós-graduação que fomente o pensamento crítico- reflexivo sobre o papel socialmente referenciado da educação, da ciência e da tecnologia, numa perspectiva inclusiva e emancipatória.

Visando a construção do conhecimento, é necessário que os processos e as práticas pedagógicos decorrentes da pós-graduação no IFRN resultem da articulação entre os saberes formais e informais34. Em sua diversidade, esses saberes são copartícipes nas atividades de pesquisa, de ensino e de extensão, as quais devem ocorrer sob a regência da indissociabilidade, conforme explicitam os princípios institucionais defendidos neste PPP.

Nesse dimensionamento, o IFRN, além das condições já existentes para a oferta da pós-graduação, conta com um lastro de experiências que contribuem para o fortalecimento de tal política. Podem-se evidenciar o programa institucional de pesquisa e inovação; o número de docentes com dedicação exclusiva; a titulação (mestrado e doutorado) do corpo de servidores, aliada à política de formação continuada para elevação dessa titulação; a existência de diversos núcleos de pesquisa em todas as áreas de conhecimento da Instituição; a oferta de bolsas de pesquisa em diferentes modalidades; os projetos de pesquisa científica e tecnológica; o apoio para a apresentação de trabalhos em eventos científicos nacionais e internacionais; a produção acadêmico-científica e cultural de servidores e estudantes, em periódicos nacionais e internacionais; a criação do recente programa editorial do IFRN, calcado em um sistema de produção e de publicação do conhecimento; a constante aprovação de projetos de pesquisas em editais de agências de fomento; e a disponibilidade de infraestrutura física e de biblioteca.

No decorrer dos últimos anos, vem se consolidando o desenvolvimento de projetos de pesquisa e de extensão na graduação tecnológica e na formação de professores. Desse modo, a pós-graduação no IFRN precisa

34 Saberes informais são aqueles que resultam das observações pessoais, das vivências e das experiências pessoais e coletivas. Resultam também da intuição, da tradição e da autoridade. Os saberes formais são sistematizados a partir de concepções filosóficas, epistemológicas e científicas, superando os saberes decorrentes exclusivamente da intuição ou da tradição (LAVILLE; DIONNE, 1999).