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2.1 Considerações iniciais

2.3.2 Das formas de participação

2.3.2.1 Da instigação

Instigação é, segundo Nilo Batista, “a dolosa colaboração de ordem espiritual objetivando o cometimento de um crime doloso”84.

78 BATISTA. Nilo. Concurso de agentes: uma investigação sobre os problemas da autoria e da

participação no direito penal brasileiro, p. 181 e 186.

79 BRUNO. Aníbal. Direito penal: parte geral. p. 271.

80 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal: parte geral. 16ª ed. rev. Por Fernando Fragoso. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 318/319.

81 SANTOS, Juarez Cirino. Direito Penal: parte geral. Curitiba: Lumen Juris, 2006, p. 366/367.

82 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro:

volumen 1: parte geral. 9ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p.

83 ALEMÁN, Código Penal (1871 con la última reforma del 31 de enero de 1998). Código Penal

Conforme já assinalado, dentro da concepção que se entende como correta, o termo instigação abarca tanto a instigação quanto o induzimento85.

Contudo, cumpre destacar que para os autores que entendem esses termos como formas distintas de contribuição, a diferença entre eles é basicamente a seguinte: a instigação seria a contribuição através da qual o agente fomentasse determinado propósito preexistente do autor, ou seja, o instigador seria o agente que contribuísse exortando o autor rumo a uma decisão pela prática do delito. O induzidor ou determinador, por sua vez, seria aquele agente que contribuísse incutindo na mente do autor a ideia criminosa que ainda não existe.

Não vemos nenhuma necessidade prática para essa distinção. O importante, insista-se, é distinguir as contribuições moral e material.

Não vemos, igualmente, nenhuma necessidade de se elencar e diferenciar distintas formas de contribuição moral como fez, por exemplo, Francesco Carrara. Esse autor elencou cinco formas distintas de participação.

Al parecer, este concepto se ofrece como caso único, mas no es así iertamente. Contiene cinco fases que, pertenecientes todas a la misma família, son, sin embargo, muy diversas: el mandante, el que

obliga, el que ordena, el consejero y el sacio. Notas características

de las más señaladas distinguen estas cinco figuras, pues el

mandato, la coacción, la orden, el consejo y la sociedad son entes

jurídicos sustancialmente distintos86.

Estamos com Johannnes Wessels que entende que não há a menor importância em se elencar formas distintas de instigação. Adverte esse autor, com razão, que “é indiferente como o instigador alcança seu objetivo. Meios de instigação podem ser todas as possibilidades de influência volitiva: persuasão, dádivas,

84 BATISTA. Nilo. Concurso de agentes: uma investigação sobre os problemas da autoria e da

participação no direito penal brasileiro, p. 181.

85 BATISTA. Nilo. Concurso de agentes: uma investigação sobre os problemas da autoria e da

participação no direito penal brasileiro, p. 182.

86 CARRARA, Francesco. Teoría de la tentativa y de la complicidad o del grado en la fuerza física del delito. Trad. Vicente Romero Girón. Buenos Aires: Rodamillans Srl, 2000, p. 208.

promessa de recompensa, provocação de um erro de motivo, abuso de uma relação de subordinação, ameaça, etc”87.

O que deve ser considerado relevante, pensa-se, é que a instigação tenha constituído a decisão do autor no sentido de se praticar o crime.

Nesse sentido, adverte Jescheck que

Finalmente, la acción del inductor ha de ocasionar la resolución de cometer el hecho en el autor principal. Si el sujeto a inducir ya se halla decidido a cometer el hecho (omni modo facturas), únicamente concurrirá tentativa de inducción (§ 30 I) o complicidad psíquica88.

Importante destacar, ademais, que a indução necessita ser direta, ou seja, “referida y concretada a una persona determinada y con la finalidad de decidirla a realizar un delito preciso, por lo que la inducción debe presentarse de forma clara e inequívoca”89.

Mais: a indução também precisa ser dolosa. O indutor deve atuar dolosamente, ainda que a título de dolo eventual. Sobre o significado e a extensão do dolo do indutor, Maria Del Carmen Gómez Rivero pondera que

En efecto, cuando se hace referencia al dolo del inductor puede subrayarse con ello, en primer lugar, la necesidad de que éste actúe con consciencia y voluntad de su actuación como tal, es decir, que conozca y quiera la circunstancia de que está induciendo a la realización de un resultado delictivo90.

Para Jescheck, para a configuração da indução há a necessidade do intitulado “duplo dolo”.

El dolo del inductor debe, por una parte, estar dirigido a la producción de la resolución de cometer el hecho y, por otra parte, a la ejecución del hecho principal por parte del autor, incluyendo los elementos

87 WESSELS, Johannes. Direito penal: parte geral. Tradução de Juarez Tavares. Porto Alegre: SAFe, 1976, p. 127.

88 JESCHECK. Hans Heinrich. Tratado de derecho penal. v II, p. 959. 89 QUIROGA, Jacobo López Barja de. Autoría e participación. 1996, p. 129.

90 RIVERO, Maria Del Carmen Gómez. La indución a cometer el delito. Valencia: Tirant Lo Blanch, 1995, p. 334.

subjetivos del tipo y la realización del resultado típico (doble dolo). Un error de tipo en el inductor hacer desaparecer el dolo de inducir, mientras que, por el contrario, un error de prohibición o un error en el tipo permisivo (…) únicamente afecta a la culpabilidad del inductor91. Segundo afirma Luis Greco, a exigência do intitulado “duplo dolo” é uma característica defendida pelo direito positivo alemão e, em verdade, sustentada essencialmente pelos autores finalistas. Luis Greco entende que não há a necessidade desse “duplo dolo” para que se possa falar em participação. Contudo, pondera esse autor que, “apesar de não exigir em tese o dolo duplo para que haja punição por cumplicidade, pouco acabarei diferindo, na prática, daqueles que fazem essa exigência”92.

Por fim, cumpre destacar que nas hipóteses em que o autor já está suficiente e definitivamente convencido a praticar o crime, não há que se falar, evidentemente, em indução93.