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Da Lei de Bases do Sistema Educativo ao XII Governo Constitucional

PARTE II – EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PARA O TURISMO

Capítulo 4. A educação e formação para o turismo em Portugal: de “cluster” setorial à abrangência conceptual: um processo histórico

4.6. Da Lei de Bases do Sistema Educativo ao XII Governo Constitucional

A publicação da «Lei de Bases» (Lei 46/86, de 14 de outubro)abriu a possibilidade de novas modalidades de educação escolar, dado que esta contemplava, no artigo 19º, pontos 3 e 5, que a formação profissional se estruturasse “segundo um modelo institucional e pedagógico suficientemente flexível que permita integrar os alunos com níveis de formação e características diferenciadas”, e “a organização dos cursos de formação profissional deve adequar-se às necessidades conjunturais nacionais e regionais de emprego, podendo integrar módulos de duração variável e combináveis entre si com vista à obtenção de níveis profissionais sucessivamente mais elevados”.

A 5 de abril, a aprovação de uma moção de censura ao Governo apresentada na Assembleia da República pelo PRD, que lhe retira o apoio, leva à dissolução da Assembleia e a eleições legislativas antecipadas.

Em maio, sob tutela do Ministério do Trabalho e da Solidariedade, é criado o Centro Protocolar de Formação Profissional do Setor Alimentar (Portaria n.º 446/87, de 25 de maio). Em junho realizam-se as eleições e o PSD obtém maioria absoluta.

A 17 de agosto de 1987, Aníbal Cavaco Silva assume a chefia do novo Governo, o XI, sendo seu Ministro do Comércio e Turismo Joaquim Ferreira do Amaral87 e Licínio Cunha Secretário de Estado do Turismo; é, então, finalmente tomada a decisão de avançar com os projetos e investimento previstos para a formação turística. No caso da Escola do Estoril (a preços de 1987), o investimento rondava os 1,5 milhões de contos, colocando-se o problema do seu financiamento (Cunha, 2012, p. 360). Recorreu-se, então, como já antes desenhado, a um empréstimo junto do Banco Mundial, complementado com verbas do FEDER e com as contrapartidas do jogo no Estoril (Cunha, 2012, p.360).

Para resolver o problema da escola de Lisboa foi adquirido um edifício em fase de construção, nas Olaias, para aí reinstalar a escola. Como o INFT não dispunha da verba necessária, foi o Ministro do Trabalho e Segurança Social, na altura Mira Amaral, quem interveio, através do IEFP, adquirindo o imóvel e cedendo-o ao INFT, para também nele se

instalar a sua Direção, dada a exiguidade das instalações em uso na rua Duque de Palmela (Cunha, 2012, p.360).

No Algarve, a nova escola, cujo projeto concebido envolvia um hotel de aplicação com capacidade de 136 quartos, um internato para 125 alunos e uma escola com capacidade de 600 alunos, e que tinha um custo previsional de 2,4 milhões de contos (a preços de 1987), avançava em Vilamoura (Cunha, 2012, p. 361).

Figura 24: Visita ao início da construção da escola de Vilamoura.

Fonte: Turismohotel (Verão 2006, p.35)

Em Coimbra, a Câmara Municipal, sob a Presidência de Mendes Silva, disponibiliza a Quinta da Boavista, em estado bastante avançado de degradação, mas com condições de poder ser adaptada a escola, com capacidade para 200 alunos e um internato para 80 alunos. O investimento previsto de 324 mil contos contava com financiamento do FEDER, do Fundo de Reinstalação do Conselho da Europa e da Câmara Municipal de Coimbra (Cunha, 2012, p.362).

Em 1988, a SIPEC – Sociedade Internacional de Promoção de Ensino e Cultura, S.A. – criou o ISPI-Instituto Superior Politécnico Internacional, para aí lecionar cursos especializados com caráter profissionalizante, integrados no ensino politécnico, tendo o curso superior de gestão hoteleira feito parte do lote inicial da oferta formativa (Decreto-Lei n.º 130/88, de 20 de abril). Foi a primeira oferta privada de formação superior em hotelaria, uma vez que em turismo ela já existia.

No mesmo ano, o Diretor geral do INFT, Augusto Severo dos Santos, cessou as suas funções, sendo nomeado para o seu lugar João Borges de Oliveira88, até então Chefe de Gabinete do Secretário de Estado do Turismo. No discurso de tomada de posse, o Ministro do Comércio e Turismo, Joaquim Ferreira do Amaral, pediu que o trabalho desenvolvido fosse continuado e que as novas escolas entrassem em funcionamento tão rápido quanto

possível (Diário, 28 de janeiro de 1988, pp.12-13).Estavam em construção novas instalação para as escolas de hotelaria e turismo do Algarve, do Estoril, de Lisboa e de Coimbra.

Dado o vazio formativo existente desde a extinção do ensino técnico, a oferta de formação inicial profissionalizante de nível escolar, disponibilizada aos jovens que terminavam o ensino básico, resumia-se, quase exclusivamente, aos cursos técnico- profissionais existentes nas escolas secundárias desde 1983 (ANESPO, 2003, p.2).

Apostando inicialmente em 6 cursos técnico-profissionais e 7 cursos profissionais, disponibilizados em 42 escolas públicas e 3 não estatais, o número de cursos subiu para 31 técnico-profissionais e 12 profissionais no ano letivo 1989/90, no continente, oferecidos em 183 escolas públicas e 16 não estatais (ANESPO, 2003, p.2).

O ensino técnico-profissional apostou em cursos com a duração de três semestres, o último dos quais em contexto de estágio, mas, com o decorrer dos anos, foram ganhando força os cursos de 3 anos, conducentes à certificação de qualificação profissional de nível III e à certificação académica de nível secundário (ANESPO, 2003, p.2).

No que diz respeito aos cursos profissionais, em 1989/90 praticamente já só tinha alguma relevância o curso de Auxiliar Administrativo. Aliás, os cursos profissionais viriam a terminar no seguimento da reforma do ensino secundário de 1989 (ANESPO, 2003, p.3).

A necessidade de qualificar o tecido social produtivo levou à criação de uma rede de formação inicial diversificada no âmbito do sistema nacional de educação e formação, tendo para tal sido criadas as Escolas Profissionais (Decreto-Lei n.º 26/89, de 21 de janeiro), a qual, segundo Roberto Carneiro, “representou uma das mais profundas, vastas, significativas e promissoras inovações no panorama educativo português (…) (Marques, 1993, p.12). A CGTP-IN, continuava a defender que “urge criar em Portugal um sistema de ensino profissionalizante/formação profissional de duração mínimo de um a dois anos que abranja todos os jovens com mais de 14 anos que vão ingressar no mercado de trabalho apenas com a escolaridade obrigatória ou sem a ter concluído” (CGTP-IN, 1989, p.56).

Em janeiro de 1989, João Borges de Oliveira é exonerado pelo Ministro Ferreira do Amaral, assumindo interinamente o cargo de Diretor Geral do INFT Luís Garcia Contente, ao tempo Diretor da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto (Expresso, 3 de fevereiro de 1989, p. 9). Nesse ano, é criado o Núcleo Escolar de Setúbal, mediante protocolo de cooperação com a Região de Turismo da Costa Azul, funcionando desde aí em parte do edifício da própria Região de Turismo, no centro histórico da cidade (Umbelino, Rodrigues e Duarte, 2006, p.32).

Na abertura do ano letivo de 1989/90, o GETAP colocou em funcionamento 50 escolas profissionais dispersas por todo o país, com cerca de 2.000 alunos. Destinavam-se sobretudo, aos jovens que tinham concluído o 9.º ano de escolaridade e que pretendiam escolher um percurso de formação alternativo ao sistema regular de ensino. Optavam, por isso, por uma formação profissional fortemente vocacionada para uma inserção no mercado de trabalho, proporcionando uma certificação escolar e profissional dada pelo Ministério da Educação e pelo Ministério do Emprego e Segurança Social, que assim se entrosavam, numa ação conjunta (ANESPO, 13de julho de 1991, p.4).

Todos os cursos em sistema modular permitiam a progressão nos estudos, quer no ensino profissional quer no ensino regular, nomeadamente no acesso ao ensino superior. Com o aparecimento destas escolas, o leque da oferta de formação de nível III alargou-se a áreas que até então não dispunham de formação no nível secundário. Foi o caso da hotelaria, turismo e outros serviços pessoais (ANESPO, 2003, p.4). A implementação da formação modular em hotelaria e turismo foi acompanhada por António Sá, que então integrava a estrutura do GETAP.

Uma dessas escolas, designada de Escola Profissional de João da Mata, dedicada ao ensino das profissões hoteleiras, foi criada em Lisboa por contrato programa entre o GETAP- Gabinete de Educação Tecnológica, Artística e Profissional e o SINDHAT-Sindicato Democrático da Hotelaria, Alimentação e Bebidas (Portaria n.º 698/90, de 20 de agosto); torna-se, assim, na primeira escola a formar para as profissões turísticas fora do sistema educativo do Ministério da Economia.

A Diretiva Comunitária 89/48/CEE, transposta para a legislação nacional (Decreto- Lei n.º 179/89, de 27 de maio),que versava sobre o reconhecimento geral de qualificações profissionais, veio abrir novas perspetivas de mobilidade no espaço europeu. O INFT, que tinha participado no desenvolvimento da diretiva, passou a figurar como entidade certificadora para os pedidos de reconhecimento de qualificações relativas às profissões de Guia-Intérprete Nacional e Correio de Turismo (Umbelino, Rodrigues e Duarte, 2006, p.107).

O Conselho de Ministros aprovou formalmente, a 15 de junho, a criação da Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra e da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril(Decreto- Lei n.º 256/89, de 12 de agosto), e, a 3 de novembro, é assinado o contrato de cessão de exploração da “Estalagem de Santa Maria”, em Santa Maria da Feira, para aí instalar um Núcleo Escolar da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.

Quando, a 6 de novembro de 1989, o Secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional, Bagão Félix, e o Secretário de Estado do Turismo, Licínio Cunha, inauguram as novas instalações da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, no bairro das Olaias, estavam a dar um bom exemplo de articulação e funcionamento da administração pública, conforme sublinhado nos discursos então proferidos.

Figura 25: Inauguração da nova escola de Lisboa, nas Olaias (1989).

Fonte: Diário de Noticias (7 de setembro de 1989, p.23)

Em janeiro de 1990 toma posse um novo Secretário de Estado do Turismo, Miguel Rodrigues Sarmento89, e arranca o programa formativo da nova Escola Hoteleira de Coimbra, tendo como diretor Jorge Costa e subdiretor Teresa São José (Programa de abertura e funcionamento da EHTC, 1989).

Em março, Manuel Coelho da Silva90 assumiu o cargo de Diretor-Geral do INFT. Na intervenção de investidura, afirmou com clareza que “o Turismo não poderá mais ser encarado como um simples fenómeno empírico” (Silva, 1991, p.3), pois afirma “se a aposta de Portugal é no turismo de qualidade, não há turismo de qualidade sem específica formação de recursos humanos”; seria, pois, necessário encetar uma profunda reforma do sistema formativo (Silva, 1991, p.3).

O Secretário de Estado Miguel Sarmento manda suspender a obra de construção da nova escola hoteleira em Vilamoura. O terreno onde estava a ser construída possuía uma grande camada de areia, não detetada inicialmente, tendo havido a necessidade de reforçar estruturalmente os alicerces, o que elevou a previsão de custos para 3 milhões de contos (Cunha, 2012, p.361); contudo, a obra seria para avançar. Não são conhecidos os motivos para o seu abandono posterior, além do argumento então falado de que ficaria distante dos centros urbanos (Cunha, 2012, p.361).

Em abril de 1990, Fernando Faria de Oliveira e Alfredo César Torres assumem as pastas do Ministério do Comércio e Turismo e da Secretaria de Estado do Turismo, respetivamente, e logo em agosto efetuaram uma visita à nova Escola do Estoril, cuja abertura estava prevista para após a conclusão da fase de montagem dos equipamentos então a decorrer (INFT Informação, set/out de 1990, p.2).

No campo das relações internacionais, entre 13 e 18 de novembro, a Associação Europeia das Escolas de Hotelaria e Turismo organiza os seus III Encontros, em Troia, e Lisboa. Estiveram presentes 40 escolas e mais de 250 participantes. As escolas de Lisboa, Porto e Algarve, enquanto fundadoras da associação, foram as anfitriãs deste segundo momento de afirmação europeia da formação realizada nas escolas portuguesas (INFT Informação, set/out de 1990, p.1).

A oferta de formação de nível III de cursos na área da hotelaria, turismo e outros serviços pessoais fora das estruturas escolares do INFT era, no ano letivo 1990/91, proporcionada em 13 escolas, representando 6,2% da oferta educativa das escolas profissionais. Os cursos de nível II sempre tiveram um caráter supletivo nestas escolas, sendo que, neste mesmo ano letivo, os cursos de hotelaria (cozinha/pastelaria e mesa/bar) eram ministrados em apenas 5 escolas, representando 19,2% do total da oferta formativa deste segmento (ANESPO, 2003, p.5).

O facto de a rede de oferta ter sido definida em conjunto por órgãos autárquicos, cooperativas, empresas produtivas, sindicatos e outras forças vivas veio permitir uma melhor distribuição da oferta do nível secundário.

Quadro 8: Promotores de Escolas Profissionais, entre 1989 e 1993

Associações Culturais e Humanitárias 79 24%

Câmaras Municipais 77 24%

Empresas Privadas 65 20%

Entidades da Administração Pública 34 10% Associações Empresariais 42 13% Sindicatos e Associações Sindicais 17 5%

Outros 12 4%

TOTAL 326 100%

Fonte: ANESPO (2003)

O INFT preparou e discutiu, no último trimestre de 1990, e aprovou a 28 de fevereiro de 1991, um “Plano Estratégico 1991/1996” que, para além da análise prospetiva da

formação, permitiu uma escolha estratégica com um horizonte temporal de cinco anos, que assentou em três princípios básicos:

Primeiro – não se limitar à tradicional formação profissional, voltada apenas para uma só profissão, mas avançar decididamente para o que designamos de ensino/formação, ou seja, dar, simultaneamente, aos estudantes não só uma sólida formação profissional, mas também equivalências académicas e preparação para o desempenho de funções; Segundo – Criar um sistema integrado e vertical que permita aos estudantes, e sempre que para isso tenham condições e capacidades, progredirem nas suas formações, incluindo as académicas, podendo, através desse sistema, atingirem os mais elevados graus académicos;

Terceiro – Face ao caracter horizontal e multidisciplinar dos conhecimentos em turismo, desenvolver condições para que, em sistema modular, os estudantes possam adquirir formações especiais complementares, mesmo para além dos cursos terminados (Silva, 1991, p.11).

Nas novas instalações da Escola do Estoril, ainda não completamente equipada, o Governo, através do então Secretário de Estado dos Assuntos Externos e Cooperação, Durão Barroso, promove as negociações que conduziram à realização dos Acordos de Bicesse,

assinados por José Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi, em maio de 1991, acordo que

estipulava a realização de eleições livres e democráticas em Angola, supervisionadas pelas

Nações Unidas.

Em 28 de julho de 1991, foi inaugurado o Núcleo Escolar de Santa Maria da Feira, com uma capacidade máxima de 150 alunos, que desde o ano letivo de 1990/91 já se encontrava em funcionamento, e em Faro a comissão instaladora do Instituto Politécnico propõe e vê aprovada a criação do curso em Gestão Hoteleira, conferindo o grau de bacharel (Portaria n.º 970/91 de 20 de setembro).

Quando, em outubro de 1991, o INFT, já na execução do seu Plano, criou a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (Decreto-Lei n.º 374/91, de 8 de outubro), estabelecimento de ensino superior integrado no sistema educativo nacional ao nível do ensino superior politécnico, esse ato foi uma inovação, pois tratava-se de uma instituição com dupla tutela, a do Ministério do Comércio e Turismo e a do Ministério da Educação, através do, então, Departamento de Ensino Superior. Esta dupla tutela visava “essencialmente, garantir a preparação técnica e cultural especifica deste tipo de ensino

necessários à adequada exploração da atividade turística em Portugal” (Arroteia, 1995, p.17). Um despacho conjunto nomeou a Comissão Instaladora da Escola, com a seguinte composição: como Presidente, o Professor Doutor Jorge Carvalho Arroteia91, Professor Catedrático da Universidade de Aveiro, e, como vogais, o Professor Doutor Carlos Alberto Silva Melo Santos, Professor Auxiliar da Universidade dos Açores, e o Professor Manuel Rosado Caldeira Pais92.

Figura 26: Visita do Primeiro-Ministro ao CETHE.93

Fonte: Umbelino (2006). Os amigos de Else. Lisboa: INFTUR p.5.

Em outubro realizam-se as eleições legislativas, o PSD volta a obter maioria absoluta e, ainda no mesmo mês, no dia 31, toma posse o XII Governo o terceiro chefiado por Aníbal Cavaco Silva. Fernando Faria de Oliveira continua como Ministro do Comércio e Turismo e para Secretário de Estado do Turismo chama Alexandre Relvas, que mantém na Direção do INFT Manuel Coelho da Silva.

Em matéria de educação, o programa do Governo propõe-se dar continuidade às políticas em curso (Almeida, 2011, p.151).

No ano letivo 1991/92, o INFT formalizou um convénio com a Universidade Católica (UC), mediante o qual aquele organismo se responsabilizava por lecionar matérias relacionadas com a especialização em Turismo, integrada no currículo de um novo curso promovido pela UC denominado “Comunicação Social e Cultural”. Tratava-se de uma licenciatura de cinco anos, composta por um tronco comum com três anos, dividindo-se depois em várias especializações, uma das quais a do turismo, prologando-se por mais dois anos (Expresso Emprego, 4 de maio de 1991, p.1). Cumpria-se, assim, um desígnio ainda hoje perseguido de integrar conteúdos de turismo em licenciaturas existentes.

91 Ver nota em Anexo 1 92 Idem, Ibidem

93 Na figura: Aníbal Cavaco Silva, Faria de Oliveira, e Coelho da Silva cumprimentam o Chefe Else Gabriel

Foi ainda constituído pelo INFT um observatório permanente sobre o emprego no setor do turismo em Portugal. Este novo instrumento pretendia dotar as instituições públicas e as entidades privadas de informação estruturada e pormenorizada sobre o emprego no setor (Expresso Emprego, 4 de maio de 1991, p.1). E inicia-se, no mesmo ano letivo, o curso de Guias-Intérpretes Nacionais, na ESHTE, conferindo o grau de Bacharel (Portaria n.º 88/92, de 10 de fevereiro).

A Portaria 756/92, de 4 de agosto, aprovou as normas regulamentares de aprendizagem e pré-aprendizagem nas profissões da área da hotelaria, restauração e turismo: auxiliar de padeiro, empregada de andares/quartos; padeiro; pasteleiro; cozinheiro; empregado de mesa; empregado de bar; técnico para agências de viagens; rececionista de turismo; rececionista de hotel; técnico de alimentação de bebidas, vindo este diploma na sequência do Decreto-Lei nº 102/84, de 29 de março, e das alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 436/88, de 23 de novembro, que tinham enquadrado a formação inicial de jovens em regime de aprendizagem. O diploma foi assinado pela tutela da Educação e do Emprego e Segurança Social, excluindo a tutela do Turismo.

Apenas no ano letivo 1993/94 o INFT viu os cursos de formação inicial que ministrava enquadrados no esquema oficialmente reconhecido para a formação técnica e profissional, para efeitos de equiparação ao ensino regular (Portaria n.º 810/93, de 7 de setembro). Os diplomas de qualificação profissional conferidos passaram a ter o nível de qualificação III, nos termos da decisão do Conselho das Comunidades, assim como a equivalência escolar ao 12.º ano de escolaridade.

No ano letivo seguinte (1994/1995), a oferta pós-secundária do INFT é revista, passando a ter a duração de dois anos letivos e adotando a designação de Cursos de Especialização Tecnológica. São, então, criados os cursos de Técnicas e Gestão Hoteleira, em substituição dos cursos de Gestão e Técnica Hoteleira e de Técnicos de Empresas e Actividades Turísticas, sendo eliminado o curso de Guia-Intérprete nacional. (Umbelino, Rodrigues e Duarte, 2006, p.80). No mesmo ano letivo, a ESHTE, criou os cursos de complemento de formação nas áreas de Gestão e Técnica Hoteleira, Empresas e Atividades Turísticas e Guias-Intérpretes Nacionais. Tais cursos permitiram que os alunos que haviam frequentado esses cursos nas escolas de hotelaria e turismo do Porto e do Algarve pudessem, tendo aproveitamento nesse plano de estudos, obter o grau de bacharel (Portaria n.º 941/93, de 23 de setembro).

Em novembro de 1994 teve lugar no Estoril uma importante conferência subordinada ao tema “Formação de Formadores para a Indústria do Turismo”, organizada pela European Tourism Education Network, com o apoio do Instituto Nacional de Formação Turística. (INFT, 1995, 1.º semestre, p. 49). Como conclusão dos trabalhos, foi elaborada uma declaração, denominada Declaração do Estoril.

Entre os anos de 1994 e 1995, o Instituto Politécnico de Beja aprovou o plano de estudos do curso de Técnico de Turismo (Portaria n.º 943/94, de 24 de outubro) fazendo

transitar o seu ensino da Escola Superior de Educação para a Escola Superior de Tecnologia e Gestão(Portaria n.º 1337/95, de 10 de novembro).

Em 1995, a população universitária era de 270.000 alunos. Comparando-a com os 24.000 existentes em 1960 e os 70.000 existentes em 1975, podemos verificar a expansão deste nível de ensino; no entanto, o País tinha ainda os piores resultados da OCDE e o mais alto nível de abandono de estudos (Ramos, Monteiro e Sousa, 2009b, p.107).

Nas eleições legislativas de 1 de outubro de 1995, a dinâmica de vitória do Partido Socialista voltaria a impor-se, após a vitória alcançada nas eleições autárquicas de 1993 e nas eleições para o Parlamento Europeu de 1994.