COLETÂNEA DE LEIS E JULGADOS EM SAÚDE
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada204, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de complexidade crescente205.
204Legislação:
Ver arts. 24 e 25 da LOS; art. 199, § 1º, da CF.
- Lei n. 9.637, de 15.5.98 - Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do programa nacional de publicização, a extinção de órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais e dá outras providências.
Correlata: - Lei n. 8.958, de 20.12.94 - Dispõe sobre as relações entre as instituições federais de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica e as fundações de apoio e dá outras providências.
- Portaria Interministerial MEC/MCT n. 2.089, de 5.11.97 - Dispõe sobre o registro e o credenciamento das fundações de apoio, na forma da Lei n. 8.958/94.
Comentários: As fundações de apoio, na área da saúde, propõem-se a apoiar técnica e financeiramente as unidades
hospitalares; entretanto, ao invés de oferecerem apoio material e financeiro, utilizam esses serviços como se privados fossem, cobrando pelos serviços que prestam e dando preferência ao atendimento de pacientes que se dispõem a pagar à fundação de apoio por um serviço público, gratuito, de acesso universalizado, ou que possuem planos de saúde. Os recursos arrecadados nesses serviços públicos, parte deles, destinam-se à complementação de salários dos servidores públicos e à própria fundação de apoio. Essa questão tem sido discutida em âmbito judicial, conforme ação civil pública movida pelo Ministério Público do Estado de São Paulo contra o Hospital de Clínicas de São Paulo, aguardando decisão, em grau de recurso, uma vez que em primeira instância a decisão foi favorável ao HC. (Ação Civil Pública n. 2.066/99-3, 13ª Vara da Fazenda Pública da Capital).
205Legislação:
- Portaria MS n. 545, de 20.5.93 - Aprova a Norma Operacional Básica SUS n. 1/93 (NOB/93). - Portaria MS n. 2.203, de 5.11.96 - Aprova a Norma Operacional Básica n. 1/96 (NOB/96).
-Portaria MS n. 1.399, de 15.12.99 - Regulamenta a NOB SUS n. 1/96 no que se refere às competências da União, estados, municípios e Distrito Federal, na área de epidemiologia e controle de doenças, define a sistemática de financiamento e dá outras providências.
- Portaria MS n. 1.359, de 11.12.2000 - Dispõe sobre a habilitação dos municípios na condição de gestão plena da atenção básica.
- Portaria MS n. 373, de 27.2.2002 - Aprova a Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS e revoga a Portaria MS n. 95, de 26.1.2001 que aprovou a NOAS/2001.
- Portaria MS n. 2.215, de 5.12.2001 – Altera a NOAS/2001. - Portaria MS n. 1.666, de 19.9.2002 – Altera a NOAS/2002.
Comentários:
1. A Portaria MS n. 95/2001, que aprovou a NOAS/2001, alterou alguns aspectos da NOB/96, não de forma expressa,
mas por ter disposto de modo diverso sobre a mesma matéria. Como ambas as Portarias são extensas e tratam de matéria muito semelhante e, tendo sido editada em 2002, a nova NOAS/2002 que revogou a NOAS/2001, existe grande dificuldade em se saber quais são as normas da NOB/96 que estão em vigor e de uma variedade de Portarias subsequentes que regulamentam a NOB/96.Também a Portaria n. 2.203/96 não revogou inteiramente a Portaria 545/93.
2. A NOAS/2002 alterou a denominação dada pela Portaria MS n. 1.359//2000 para “gestão plena da atenção básica
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo206 pelos seguintes órgãos:
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde207;
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
daquela norma poderão estar revogadas se o tema disciplinado foi alterado ou revogado pela NOAS/2002; entretanto, grande parte da gestão estadual e municipal do SUS se assenta em mandamentos dessas normas. Somente a leitura atenta de cada norma editada com base na NOB/93, NOB/96, NOAS/2001 poderá levar o interprete a dizer sobre sua revogação, uma vez que a todas essas normas tratam da operacionalização do SUS estadual e municipal, não tendo as duas NOBs sido revogadas expressamente; somente a NOAS/2001 foi expressamente revogada pelo NOAS/2002. Mesmo assim, muitas outras norma, editadas com base na NOAS/2001, podem ou não estar em vigor, dependendo de como a matéria foi tratada na NOAS/2002.
3. Se a NOAS/2001 foi revogada, a Portaria n. 2.215 também está revogada, pois regula artigos da NOAS/2001.
Entretanto ela vem sendo aplicada.
4. A Portaria MS n. 1.666, de 12.2002, reflete a mais absoluto desconhecimento pelo Ministério da Saúde das regras
básicas de técnica legislativa. Esta Portaria manda aplicar disposições da NOAS/2001, revogada pela NOAS/2002 206Legislação:
Correlata: Lei Complementar n. 101, de 4.5.2.000 - Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
207Legislação:
Ver art. 39, § 5º e art. 41 da LOS que tratam da extinção do INAMPS e da transformação da Fundação das Pioneiras Sociais.
- Lei n. 8.101, de 6.12.90 - Dá nova redação ao art. 11 da Lei n. 8.029, de 12.4.90 que trata da organização da Presidência da República e da instituição da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA.
- Lei n. 9.649, de 27 de maio de 1998 – Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências, (ver art. 14, XVIII, que trata da competência do Ministério da Saúde).
- MP n. 2.216, de 31.8.2001 - Altera dispositivos da Lei n. 9.649, de 27.5.98 que dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, e dá outras providências.
- Decreto n. 2.283, de 24.7.97 - Dispõe sobre a extinção do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição - INAN e a desativação da Central de Medicamentos - CEME, e dá outras providências.
- Decreto n. 4.118, de 7.2.2002 – Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios e dá outras providências.
- Decreto n. 4.183, de 4.4.2002 – Dá nova redação ao caput do art. 30 do Decreto n. 4.118, de 7.2.2002 que dispõe sobre a Presidência da República.
- Decreto n. 4.194, de 11.4.2002 – aprova a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do Ministério da Saúde e dá providências.
Correlata: Decreto n. 4.232, de 14.5.2.002 - Dispõe sobre as audiências e reuniões dos agentes públicos em exercício na Administração Pública Federal, indireta, nas autarquias e fundações públicas federais com representantes de interesses particulares.
- Portaria Conjunta MS/SNVS n. 174, de 23.2.2000 – Aprova a sistemática de acompanhamento e avaliação do desempenho da ANVS.
III - no âmbito dos Municípios208, pela respectiva Secretaria de Saúde ou
órgão equivalente.
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios209 para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.
Art. 11. (Vetado).
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde210, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil.
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)211.
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes atividades:
I - alimentação e nutrição212;
208Legislação:
- Portaria MS n. 1.349, de 18.11.99 - Define critérios para encaminhamento de projetos inovadores de municípios que organizaram a Atenção Básica.
209Legislação:
Ver art. 241 da CF.
210Legislação:
- Resolução CNS n. 39, de 4.2.93 – Institui a Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher, integrante do Conselho Nacional de Saúde.
211Legislação:
- Portaria Interministerial MS/MDA n. 279, de 8.3.2001 - Estabelece ação integrada do Ministério da Saúde-MS e o Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA, no Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária na Amazônia Legal - PIACM.
212Legislação:
- Portaria Interministerial MS/MEC n. 925, de 17.6.92 – Dispõe sobre a criação do Programa de Integração Ensino- Serviço e revoga a Portaria 452, de 28.5.90.
II - saneamento e meio ambiente;
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; IV - recursos humanos213;
V - ciência e tecnologia; e VI - saúde do trabalhador214.
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profissional e superior.
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES