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ITEM GESTOR FEDERAL GESTOR ESTADUAL GESTOR MUNICIPAL

17. FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DOS RECURSOS HUMANOS, A

improvisação como técnica de governo - Reflexões sobre gestão e planejamento,

Boletim do Fórum do Desenvolvimento do Serviço Público, Nº 11, Porto Alegre, Julho, 2000.

18. MATUS, C. O Plano como Aposta, ILDES, s/d, São Paulo.

19. MATUS, C. Política, Planejamento e Governo, 2 volumes, Brasília IPEA, 1992. 20. MORAES, A. Direito Constitucional, 7ª Edição, Editora Atlas S.A., 2000.

21. MEDEIROS, H. J. Ministério Público: reforço do poder da cidadania e do controle

social, trabalho apresentado durante a 11ª Conferência Nacional de Saúde, mimeo,

2000.

22. OLIVEIRA, A. G. R. C.; SOUZA, E. C. F. A Saúde no Brasil: trajetórias de uma

política assistencial, In Odontologia Social: textos selecionados, Publicação: Curso

de Mestrado em Odontologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.

23. PEREIRA, L. A. M. As Barricadas da Saúde - Vacina e Protesto popular no Rio de

Janeiro da Primeira República, 1ª edição, São Paulo, Editora Fundação Perseu

Abramo, Coleção História do Povo Brasileiro.

24. PIRES, D. Hegemonia Médica na saúde e a enfermagem, São Paulo, Cortez Editora, 1989.

25. REIS, A. T. Apontamentos para uma Apreciação de Modelos Tecno-Assistenciais em

Saúde, mimeo, Belo Horizonte, 2000.

26. RREZENDE, C. A. P.; PEIXOTO, M. B. P. Metodologia para Análises Funcionais da Gestão de Sistemas e Redes de Serviços de Saúde no Brasil, Série Técnica, Volume 7, Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS, Brasília, 2003.

27. ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e Saúde, 4ª Edição, Médsi - Editora Médica e Científica Ltda, 1994.

Título IX

Algunsprocedimentos administrativos e judiciais utilizados pelo Ministério Público na

proteção dos direitos à saúde. Peças e roteiros.

Princípios Bioéticos

Antes de ingressar propriamente nos procedimentos administrativos e judiciais utilizados pelos Membros do Ministério Público (Federal, os Procuradores da República e Estaduais, os Procuradores de Justiça e os Promotores de Justiça) na promoção concreta dos direitos à saúde, impende sublinhar que, tanto os sujeitos individuais como os órgãos coletivos, representados pelos gestores responsáveis pela políticas públicas de saúde, têm, nos chamados princípios bioéticos, pautas de conduta que se entrelaçam com o Direito e com a Justiça, com a Saúde e com a Vida.

Uma apreciação sucinta desses princípios, que servem de orientação inclusive para medidas coletivas e transformadoras das políticas de saúde, aponta para três grandes linhas: a Beneficiência e a Não-Maleficiência, a Autonomia e a Justiça, valores que se organizam em torno de um valor maior que é a vida, vida individual e coletiva, uma vez que o homem transcende infinitamente o homem.

Princípio da Beneficiência e Não-Maleficiência

Beneficiência significa a obrigação de fazer sempre o bem, individual e coletivamente, e radica no respeito absoluto pela vida humana, a vida concebida como valor fundamental e nuclear, o centro para o qual se dirigem todos os demais valores.

Não-Maleficiência consiste em “primum non nocere”. Nenhum ato, individual ou de política pública, pode prejudicar, causar dano ou promover o mal.

Princípio da Autonomia

Significa que os operadores sanitários têm o dever de respeitar a vontade do consumidor e prestar todas as informações acerca do diagnóstico, do tratamento proposto e das outras formas de tratamento possíveis, de acordo com o nível de compreensão e entendimento, de modo que o consentimento seja livre e esclarecido, sem qualquer paternalismo.

Princípio da Justiça

Impõe, sobretudo, a repartição eqüânime dos recursos, dos benefícios e dos ônus, de modo a evitar discriminação, privilégios e injustiças nas políticas e intervenções sanitárias, pois vivemos num mundo em que os recursos são sempre escassos, enquanto a demanda é cada vez maior. Por esse princípio, busca-se operar uma adequada distribuição desses recursos com vistas a uma alocação com eqüidade. Aqui se aponta também para a necessidade de cooperação com e para a realização de todas as pessoas. Nesse sentido, é um chamamento que convoca a comunidade e o Estado a cuidar daquele que tem mais necessidade e a gastar mais com aquele que está mais enfermo.

Nesse contexto, o lucro ou os interesses econômicos ou materiais não podem ocupar o lugar da solidariedade. Com efeito, em matéria de saúde a idéia de lucro como fim é absolutamente incompatível com a solidariedade, com o respeito à vida humana e com os direitos fundamentais.

A mudança de paradigma na atenção à saúde se dá no sentido de uma abordagem cada vez mais sistêmica, ecológica e comunitária. Diz-se multidimensional e multifatorial esse novo paradigma capaz de tornar o conceito de saúde mais holístico, mais aberto e plural. Nesse espectro amplo, altera-se também a noção de doença. A enfermidade passa a ser vista como produto da falta de políticas sanitárias adequadas.

Assim, a saúde passa a ser tarefa de todos. Uma conquista e uma construção de todas as ciências e de todos os saberes, uma ruptura de todas as “caesuras”, que historicamente dominaram os debates que opuseram o público ao privado.

É urgente, então, aproximar e unir a tecnociência aos direitos humanos, pois os grandes problemas bioéticos e jurídicos surgem no confronto da técnica com a política.

A escotomização das especialidades, as taxionomias diagnósticas, a setorização da saúde e compartimentalização da doença produzem uma desrrealização da saúde, criando a possibilidade de tratar a parte sem ver o todo, compreender a doença, mas não compreender o sistema que a engendra.

No Brasil, somente no final da década de 80, mais precisamente a partir da Constituição Federal de 1988, conhecida como Constituição Cidadã, e das Leis nº 8080/90 e 8142/90, a saúde passou a configurar um direito de todos e um dever primordial do Estado (art. 196, CF).

O desenvolvimento tecnológico, o processo científico, as pressões criadas pelos movimentos das minorias excluídas, a evolução do direito através da consciência de cidadania, a era do consumismo a engendrar a tutela do consumidor (Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90), são alguns fatores que levaram a sociedade a debater não só as questões clássicas do aborto e da eutanásia, mas a enfrentar novas formas de conflito, tais como a doação de órgãos e transplantes, a inseminação artificial, a clonagem humana e sobretudo a distribuição dos recursos de saúde.

Essa evolução das relações sociais foi suscitando a proteção de novos direitos, tais como o direito a um meio ambiente saudável, ao progresso, à paz, à qualidade de vida, à saúde e à morte digna, entre outros.

Nesse contexto, a par da crise econômica e do aumento da expectativa de vida oportunizada pelos notáveis avanços da técnica, cresceu ainda mais o dilema decorrente de recursos cada vez mais escassos face à demanda sempre crescente de atendimento. Surgiram novas questões frente à escassez.

Ademais, como decorrência das novas tecnologias e descobertas científicas, aumentou a sofisticação tecnológica dos diagnósticos e tratamentos, fazendo com que o

problema da alocação e distribuição dos recursos em saúde se agravasse ainda mais. Evitar a discriminação tornou-se um dilema fundamental no âmbito do direito à saúde, onde o princípio constitucional a ser observado é a igualdade de acesso aos serviços de saúde.

O direito à saúde também implica evitar procedimentos e intervenções desnecessárias. Importa também não permitir cobranças extras como meio de ressarcimento pelos preços praticados pelo sistema público de saúde, onde o valor cobrado por uma consulta é reconhecidamente insuficiente, assim como estancar a possibilidade de fraudes no faturamento dos hospitais contratados. Direito à saúde significa ainda não haver desumanidade no atendimento, mas significa também não permitir que a burocracia procrastine o atendimento ou a implementação de uma política, de vez que a saúde não pode esperar.

Quando se trata de concretizar o princípio de justiça, o conflito da escassez, sempre crescente de recursos com uma demanda cada vez maior de atendimento, remete a reflexões profundas, que perpassam os sistemas que organizam a distribuição, os critérios de alocação e a ordem de prioridades na prestação sanitária.

As Diferentes faces dos Direitos à Saúde

Os direitos à saúde são polimorfos no sentido de que se apresentam revestidos das mais diversas formas. Do ponto de vista de sua natureza jurídica, podem ser considerados:

a) um direito fundamental do homem, previsto no art. 25 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamado pela Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é firmatário. Em conseqüência, é um direito auto- aplicável, consoante o art. 5º, parágrafo 1º, CF/88.

b) um direito de primeira geração, uma vez que a saúde se relaciona com a vida, constituindo-se em um direito individual nascido da singularidade do próprio sujeito com a qualidade de ser oposto ao Estado. Nesse sentido, relaciona-se à saúde curativa.

c) um direito de segunda geração, uma vez que é também um direito social, conforme o art. 6º, da CF/88. Um direito de exigir do Estado prestações positivas de saúde. Nesse aspecto, relaciona-se com a saúde preventiva, conforme o art.196, CF/88 e Lei No 8080/90.

d) um direito de terceira geração, porquanto se configura como transindividual, coletivo e difuso. Direito difuso na medida em que não há determinação de seus titulares e também relativo ao Direito do Consumidor, art. 81, I. Como tal, relaciona-se com a promoção à saúde.

e) um direito de cidadania, porquanto insculpido no art. 25, da Declaração dos Direitos do Homem, da qual o Brasil é participante e na Constituição Federal, art. ...

g) um direito público subjetivo oponível contra o Estado, independentemente de previsão em legislação ordinária, passível de reclamação via judicial e/ou administrativa.

h) um direito fundamental auto-aplicável e de eficácia imediata (art. 196, CF/88). i) uma cláusula pétrea. O direito à saúde, relacionando-se à preservação da

vida (art. 60, parágrafo 4º, CF/88), adquire ainda o caráter de cláusula pétrea, uma cláusula de real limite implícito à reforma constitucional, uma cláusula proibitiva de retrocesso social sanitário.

j) o direito à saúde, como direito social, é possuidor de uma característica

positiva de obrigar o Estado a fazer, a agir, a prestar o serviço, mas ao mesmo tempo é portador de uma característica negativa na medida em que o Estado tem o dever de deixar de fazer, de abster-se de atos que possam vir a causar dano aos direitos sociais ou a prejudicar a saúde dos cidadãos. Possui, a um só tempo, um status positivus e um status negativus.

k) um direito de solidariedade. De fato, o direito à saúde também comunga da solidariedade. Essa dimensão comunitária, que leva à construção de uma ordem jurídica e social com fundamento na solidariedade, configura um direito à qualidade de vida (art. 225, CF/88).

Instrumentos de Proteção dos Direitos à Saúde.

I) Instrumentos de Proteção Individual a) direito de petição – art. 5º, XXXIV, CF/88 b) “Habeas Corpus” – art. 5º, LXVIII, CF/88

c) Mandado de Segurança Individual – art. 5º, LXIX, CF/88 d) Mandado de Injunção Individual – art. 5º, LXXI, CF/88 e) “Habeas Data” – art. 5º, LXXII, CF/88

f) Representação Individual ao Ministério Público g) Código de Defesa do Consumidor – Lei No. 8.078/90

h) Recurso Individual aos Tribunais Internacionais de Proteção aos Direitos Humanos, como por exemplo a Corte Internacional de Direitos Humanos.

II) Instrumentos de Proteção Coletiva

a) Mandado de Segurança Coletivo – art. 5º, LXX, CF/88

b) Mandado de Injunção Coletivo – modalidade reconhecida pelo STF para defesa dos direitos sociais, como os direitos à saúde

c) Ação Popular – art. 5o, LXXIII, CF/88 e Lei No. 4.717/65 d) Código de Defesa do Consumidor – Lei No. 8.078/90 e) Ação Civil Pública – Lei No. 7.347/85

f) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – art. 103 c/c art. 102, CF/88

Modelos para Atuação do Ministério Público

I) Modelos Administrativos II) Modelos judiciais

Modelos Administrativos