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SETOR EDUCACIONAL DO MERCOSUL - SEM

No documento INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO MERCOSUL (páginas 62-0)

CAPÍTULO 3................................................................................... 58

3.1 MERCOSUL

3.1.2 SETOR EDUCACIONAL DO MERCOSUL - SEM

O Setor Educacional do MERCOSUL - SEM surgiu a partir do Protocolo de Intenções, firmado pelos ministros da Educação dos países-membros em 13 de dezembro de 1991.

Nesse contexto a educação tem um destaque importante nas discussões e ações do MERCOSUL que culminou com a criação do SEM. O referido setor121 assevera a importância da educação no processo de integração:

O âmbito da educação superior, a necessidade de espaço acadêmico regional, a melhoria de sua qualidade e a formação de recursos humanos constituem os elementos essenciais para estimular o processo de integração.

Entre os seus objetivos e planos de ação estão a produção, difusão e análise das informações a respeito dos sistemas educativos da região, suas conquistas e desafios, a saber122:

Para a área 3, "Integração dos Sistemas Educacionais":

3.1. Criação de um conjunto de medidas no sentido de superar as barreiras jurídicas e administrativas, que permita a mobilidade e intercâmbio de pessoas e bens nas áreas científicas, técnicas e culturais;

3.2. Implantação de um sistema de informações que possibilite o conhecimento dos dados educacionais relevantes dos Países Membros, assim como o acesso ao conhecimento disponível sobre o mercado de trabalho e setores de atividade;

3.3. Criação de uma rede institucional de cooperação técnica, preferencialmente nas áreas de Educação Pré-Escolar, Fundamental, Média, Especial e de Jovens e Adultos;

3.4. Definição de perfis mínimos de formação profissional e técnica, de modo a possibilitar a equivalência de estudos e títulos, facilitando o exercício profissional nos Países Membros;

3.5. Compatibilização dos perfis para a formação dos recursos humanos de nível superior, especialmente dos conteúdos das

120 BRASIL. Disponível em http://www.mercosul.gov.br/perguntas-mais-frequentes-sobre-integracao-regional-e-mercosul-1/sobre-integracao-regional-e-mercosul/. Acessado em 06 de nov. de 2010.

121 MERCOSUL. Setor Educacional do MERCOSUL SEM. Disponível em http://www.sic.inep.gov.br/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=19&Itemid

=37. Acessado em 05 de nov. de 2010.

122 MERCOSUL. Disponível em http://www.sic.inep.gov.br/index.php?limitstart=532. Acessado em 08 de nov. de 2010.

disciplinas fundamentais nas áreas e interesses do MERCOSUL, possibilitando o estabelecimento de mecanismos que facilitem a circulação de alunos, docentes e profissionais na Região.

O órgão máximo do SEM é a Comissão de Ministros, que tem a função principal de propor as medidas necessárias à coordenação das políticas educativas entre os Estados-Membros.

Desta forma, está evidente a preocupação do MERCOSUL quanto à existência de uma integração na educação.

O que motivou a criação de tratados de integração educacional foi a necessidade de expansão dos acordos entre os “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, onde inicialmente, existiam apenas tratados econômicos, agora existem tratados educacionais. Neste processo de internacionalização da educação é importante a observância das diversas legislações que compõe o processo, tendo em vista que cada país possui a sua lei.

3.2 PROTOCOLO DE INTEGRAÇÃO EDUCATICA E RECONHECIMENTO DE CERTIFICADOS, TÍTULOS E ESTUDOS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

Na busca de integralizar a educação básica nos “Estados Partes” do MERCOSUL e seus associados, iniciaram-se esforços na criação de protocolos e na unificação de conteúdos curriculares mínimos que possibilitem o prosseguimento dos estudos nestes países.

A partir do reconhecimento da educação como fator fundamental no processo de integração do MERCOSUL, foram criados três protocolos de integração educacional, os quais receberam denominação similar.

O primeiro protocolo foi denominado de Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não Técnico. Assinado em 5 de agosto de 1994 pelos Governos da República Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai, teve seu texto oportunamente aprovado por meio do Decreto Legislativo n.º 101, de 3 de julho de 1995. Sua

promulgação ocorreu por meio do Decreto n.º 2.726, de 10 de agosto de 1998, como segue:

Promulga o Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não Técnico, assinado em Buenos Aires, em 5 de agosto de 1994.

[...]

Art. 1º O Protocolo sobre Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não Técnico, apenso por cópia ao presente Decreto, deverá ser cumprido tão inteiramente como nele se contém.

Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, em 10 de agosto de 1998; 177º da Independência e 110º da República.

[...]

Na sequência, ocorreu a celebração do segundo protocolo, denominado de Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile.

Entende-se por “Estados Partes” a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O aludido protocolo foi assinado em 5 de dezembro de 2002 e o seu texto foi aprovado por meio do Decreto Legislativo n.º 216, de 30 de junho de 2004. Sua promulgação ocorreu por meio do Decreto n.º 6.729, de 12 de janeiro de 2009, como segue:

Promulga o Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile.

[...]

Art. 1º O Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Fundamental e Médio Não-Técnico entre os Estados Partes do MERCOSUL, a República da Bolívia e a República do Chile.

Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar alteração ou revisão do referido Acordo, ou que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional, nos termos do art. 49, inciso I da Constituição.

Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, em 12 de janeiro de 2002; 188º da Independência e 121º da República.

[...]

Prosseguindo na fundamentação dos protocolos de integração educacional, apresenta-se o terceiro que recebeu a denominação de Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível

Primário/Fundamental/Básico e Médio/Secundário entre os Estados Partes do MERCOSUL e Estados Associados123. Dentre os “estados associados” estão incluídos o Estado Plurinacional da Bolívia, a República do Chile, a República da Colômbia, a República do Equador e a República Bolivariana da Venezuela. Este protocolo, diferentemente dos outros, faz referência aos protocolos anteriores, como segue:

[...] EM VIRTUDE dos princípios e objetivos enunciados no Tratado de Assunção assinado em 26 de março de 1991; e dos termos contidos nos Protocolos de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e Médio Não Técnico, assinado em 5 de agosto de 1994 entre os Estados Partes do MERCOSUL, e em 5 de dezembro de 2002, entre esses, a Bolívia e o Chile [...].

O aludido protocolo foi assinado em 02 de agosto de 2010.

Sendo recente a celebração do protocolo, logo, não está regulamentado em nosso ordenamento jurídico, ou seja, ainda não tem validade interna. Diante deste fato não será asseverado detalhadamente no presente trabalho.

Observa-se que na celebração dos protocolos houve uma mudança na sua denominação. Esta denominação está associada à inclusão de outros países no aludido protocolo e nas modificações das legislações dos países já participantes. E ainda, entre a data de celebração dos protocolos e a data da vigência no país, existe um considerado lapso temporal que, se presume, necessário para adequação dos sistemas de educação dos países ao disposto nos protocolos.

Ademais, nenhum protocolo e/ou decreto foi revogado até o presente momento. Aliás, necessário se faz a vigência de todos os protocolos para não prejudicar os cursos já em andamento sob pena de violação ao direito adquirido124.

123 MERCOSUL. Protocolo de Integração Educativa e Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário/Fundamental/Básico e Médio/Secundário entre os Estados Partes do

MERCOSUL e Estados Associados. Disponível em

http://www.mre.gov.py/dependencias/tratados/mercosur/registro%20mercosur/Acuerdos/2010/peru/Pr otocoloAsociados%20(1).pdf. Acessado em 08 de nov. de 2010.

124 A Constituição Federal, art. 5º, XXXVI restringe-se em descrever:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

A LICC, art. 6º, § 2º disciplina:

3.2.1 CURSOS ABRANGIDOS PELOS PROTOCOLOS DE INTEGRAÇÃO EDUCACIONAL

Os cursos abrangidos pelos protocolos são os pertencentes a educação básica, ou seja, a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio.

Ambos os protocolos vigentes em nosso ordenamento jurídico estabelecem nos seus artigos primeiros que:

Artigo Primeiro

Os Estados Partes reconhecerão os estudos de educação fundamental e médio não técnica e validarão os certificados que os comprovem, expedidos pelas instituições oficialmente reconhecidas em cada um dos Estados Partes, nas mesmas condições estabelecidas pelo país de origem para alunos ou ex-alunos das referidas instituições.

O mencionado reconhecimento será realizado com o objetivo de permitir o prosseguimento dos estudos, de acordo com a Tabela de equivalências que figura como Anexo I e que é parte integrante do presente Protocolo125.

Para garantir a implementação deste Protocolo, a Reunião de Ministros de Educação do MERCOSUL propenderá a incorporação de conteúdos curriculares mínimos de História e Geografia de cada um dos Estados Partes, organizados por meio de instrumentos e procedimentos acadêmicos acordados pelas autoridades competentes de cada um dos Países signatários.

Desta forma, o educando que iniciou sua alfabetização na Argentina poderá se transferir para uma instituição de ensino brasileira e prosseguir

Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada:

[...]

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém que por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.

125 As aludidas tabelas estão inclusas nos seus respectivos protocolos os quais estão presentes nos anexos da presente monografia.

no seu estudo, desde que providencie a equivalência de estudos, nos moldes que a seguir será destacado126.

Para facilitar a operacionalização dos protocolos, ambos no artigo terceiro estabelecem a criação de uma Comissão Regional Técnica que será integrada por delegações dos Ministérios da Educação de cada um dos estados partes dos referidos protocolos, senão vejamos:

Artigo Terceiro

Com o objetivo de estabelecer as denominações equivalentes dos níveis de educação de cada um dos Estados Partes, de harmonizar os mecanismos administrativos que facilitem o desenvolvimento do que foi estabelecido, de criar mecanismos que favoreçam a adaptação dos estudantes no país receptor, de resolver aquelas situações que não estiverem contempladas pelas Tabelas de Equivalência e de valor pelo cumprimento do presente Protocolo, será criada uma Comissão Regional Técnica que poderá reunir-se toda vez que pelo menos dois dos Estados Partes considerarem necessário.

A Comissão Regional Técnica será integrada por delegações dos Ministérios da Educação de cada um dos Estados Partes e sua coordenação caberá aos setores competentes das respectivas Chancelarias. Os locais de reunião serão estabelecidos de forma rotativa nos territórios de cada um dos Estados Partes.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil por meio da Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior no seu portal consular127 estabelece os procedimentos para a revalidação do título obtido no exterior:

Reconhecimento de certificados de estudos de nível fundamental e médio

A revalidação de estudos de nível fundamental e médio é feita pelas Secretarias Estaduais de Educação e não envolve trâmite no Ministério da Educação.

1. Providenciar a tradução do histórico escolar e diploma, de preferência por tradutor público juramentado, ou escola de língua estrangeira idônea, cujo tradutor tenha o Curso de Letras, com diploma registrado no MEC.

126 Ambos os protocolos vigentes disciplinam a matéria no artigo segundo, entretanto, há divergência na nomenclatura utilizada.

127 BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em:

http://www.portalconsular.mre.gov.br/retorno/revalidacao-de-diplomas. Acessado em 05 de novembro de 2010.

2. Estar de posso do histórico escolar relativo aos estudos realizados anteriormente no Brasil.

3. Reunidos esses documentos, recomenda-se dirigir-se à Secretaria de Educação do Estado onde irá fixar residência e solicitar equivalência.

4. Obtida a equivalência, você estará apto a dar continuidade a seus estudos de nível fundamental e médio ou utilizar a documentação para as providências relativas ao acesso ao curso superior128.

No Estado de Santa Catarina o processo de reconhecimento da equivalência dos estudos e a transferência de país estrangeiros para o Brasil é regulamentado pela Resolução CEE/SC n.º 34/99129, que resolve no art. 1º:

Art. 1º Fixar normas sobre:

I – reconhecimento da equivalência de conclusão de estudos, diplomas e/ou certificados;

II – revalidação de diplomas e certificados para o exercício profissional; e,

III – transferência de alunos de país estrangeiro.

Parágrafo único. Para efeitos do disposto no caput deste artigo, entende-se por:

I – equivalência: o reconhecimento de estudos feitos no estrangeiro em um mesmo nível, mesmo que colocados em matérias ou disciplinas diversas, confere ao estudante o mesmo nível em grau de conhecimento e maturidade equivalentes aos do sistema brasileiro de ensino;

II – revalidação de diplomas e certificados: ato através do qual portadores de certificados e/ou diplomas são autorizados a exercer atividade profissional no Brasil;

III – transferência: passagem de alunos de escola de país estrangeiro para o Brasil, para série ou grau de escolaridade correspondentes aos do sistema brasileiro de ensino.

Prosseguindo na fundamentação, a aludida Resolução130 estabelece no art. 2º, § 1º que:

Art. 2º Todos os documentos, em qualquer dos casos previstos no artigo anterior, deverão ser autenticados em Consulado Brasileiro,

128 Para verificar que instituição de ensino tem cursos semelhantes ou afins na sua área, sugere-se consulta à lista de instituições na página web da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação em http://portal.mec.gov.br/sesu/.

129 BRASIL. Estado de Santa Catarina. Resolução CEE/SC n.º 34, de 22 de junho de 1999.

Disponível em http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/legislacao/cat_view/58-legislacao/185-ensino/76-legislacao-estadual/79-resolucoes. Acessado em 08 de novembro de 2010.

130 BRASIL. Estado de Santa Catarina. Resolução CEE/SC n.º 34, de 22 de junho de 1999.

Disponível em http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/legislacao/cat_view/58-legislacao/185-ensino/76-legislacao-estadual/79-resolucoes. Acessado em 08 de novembro de 2010.

com sede no país onde funcionar o estabelecimento de ensino que os expedir.

§ 1º Os documentos redigidos em língua estrangeira deverão estar acompanhados de tradução oficial.

Desta forma, desde que reconhecidos pelo Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina, o educando poderá prosseguir nos seus estudos. E ainda, no pedido de equivalência deverão estar presentes os documentos previstos na Resolução CEE/SC n.º 34/99131, art. 4º:

Art. 4º O interessado deverá encaminhar ao Conselho Estadual de Educação o pedido de equivalência instruído com:

I – requerimento;

II – diploma ou certificado;

III – histórico escolar, com todas as disciplinas cursadas, respectivas cargas horárias, rendimento escolar e resultado final de avaliação.

Nesta perspectiva, o processo de integração da educação básica no MERCOSUL encontra-se consolidado e plenamente eficaz. Aliás, outro resultado não era esperado, a julgar pelo Brasil que estabeleceu constitucionalmente e na sua lei de diretrizes e bases da educação o ensino básico como o ensino obrigatório e gratuito.

3.3 ACORDO DE ADMISSÃO DE TÍTULOS E GRAUS UNIVERSITÁRIOS

É crescente a procura dos estudantes por instituições estrangeiras que ofereçam cursos no ensino superior, especialmente cursos de pós-graduação stricto sensu na modalidade de Mestrado ou Doutorado. Com o desenvolvimento econômico dos países, a exigência do mercado de trabalho por profissionais capacitados e o advento da tecnologia que possibilita a circulação entre os países, as fronteiras dos países se tornaram pequenas. Entretanto, esta procura educacional em outros países deve ser procedida com cautela, conforme será asseverado na sequência.

No intuito de regularizar esta situação os “Estados Partes” do MERCOSUL celebraram o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários

131 BRASIL. Estado de Santa Catarina. Resolução CEE/SC n.º 34, de 22 de junho de 1999.

Disponível em http://www.sed.sc.gov.br/secretaria/legislacao/cat_view/58-legislacao/185-ensino/76-legislacao-estadual/79-resolucoes. Acessado em 08 de novembro de 2010.

para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL, que foi promulgado no Brasil pelo Decreto n.º 5.518, de 23 de agosto de 2005.

A respeito do tema, os países europeus assinaram a Declaração de Bolonha132. É um documento conjunto assinado pelos Ministros da Educação de 29 países europeus, reunidos na cidade italiana de Bolonha. A declaração marca uma mudança em relação às políticas ligadas ao ensino superior dos países envolvidos e procura estabelecer uma Área Europeia de Ensino Superior a partir do comprometimento dos países signatários em promover reformas de seus sistemas de ensino. Nessa região os currículos serão unificados, os créditos multi-validados e os estudantes terão livre mobilidade.

O Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL foi assinado em 14 de junho de 1999 e o seu texto foi aprovado por meio do Decreto Legislativo n.º 800, de 23 de outubro de 2003. Neste acordo, apenas os Governos da República da Argentina, da República Federativa do Brasil, da República do Paraguai e da República Oriental do Uruguai fazem parte. Diferentemente da Declaração de Bolonha, o aludido acordo não prevê a unificação dos currículos e a livre mobilidade do educandos entre os países.

O objetivo do Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL é apenas possibilitar a revalidação do diploma133 expedido por instituição de ensino estrangeira no país de origem do educando. Conforme já asseverado, o ensino superior no Brasil não é considerado “obrigatório”, assim como o seu oferecimento é distinto. Observa-se que existe o mesmo curso com uma carga horária diferente no país, uma vez que a legislação apenas prevê a carga horária mínima para o seu oferecimento, fatos que também devem ser observados nos outros países.

132 ITÁLIA. Declaração de Bolonha. Disponível em http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/F9136466-2163-4BE3-AF08-C0C0FC1FF805/394/Declaracao_Bolonha_portugues.pdf. Acessado em 07 de nov.

de 2010.

133 A expressão “titulo” equivale a expressão “diploma” no Brasil.

Esta admissão prevista no artigo primeiro do Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL somente conferirá direito ao exercício das atividades de docência e pesquisa nas instituições nele referidas, reservando a autonomia para os “Estados Partes” editarem normas específicas para o reconhecimento do diploma para outros fins. Nesse sentido estabelece o aludido Acordo no artigo quinto:

Artigo quinto

A admissão outorgada em virtude do estabelecido no Artigo Primeiro deste Acordo somente conferirá direito ao exercício das atividades de docência e pesquisa nas instituições nele referidas, devendo o reconhecimento de títulos para qualquer outro efeito que não o ali estabelecido, reger-se pelas normas específicas dos Estados Partes.

Por fim, o acordo apenas prevê a carga horária mínima dos cursos para a revalidação e não disciplina a possibilidade de prosseguimento dos estudos em outra instituição de ensino de outro país, diferentemente dos protocolos de integração educacional da educação básica.

3.3.1 RECONHECIMENTO E CREDENCIAMENTO DOS CURSOS

Não bastasse a necessidade de todo e qualquer diploma de curso superior obtido no exterior, ser revalidado por instituição de ensino brasileira, para ter validade nacional, o Acordo de Admissão de Títulos e Graus Universitários para o Exercício de Atividades Acadêmicas nos Estados Partes do MERCOSUL prevê ainda a necessidade dos cursos de graduação e pós-graduação serem reconhecidos e credenciados no país onde são oferecidos.

Neste sentido, disciplina o aludido Acordo no artigo primeiro:

Os Estados Partes, por meio de seus organismos competentes, admitirão, unicamente para o exercício das atividades de docência e pesquisa nas instituições de ensino superior no Brasil, nas universidades e institutos superiores no Paraguai, nas instituições universitárias na Argentina e no Uruguai, os títulos de graduação e de pós-graduação reconhecidos e credenciados nos Estados-Partes, segundo procedimentos e critérios a serem estabelecidos para a implementação deste Acordo. (Grifei).

Desta forma, caberá a cada “Estado Parte” manter informados os demais países sobre quais são as instituições, com seus respectivos cursos,

Desta forma, caberá a cada “Estado Parte” manter informados os demais países sobre quais são as instituições, com seus respectivos cursos,

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