• Nenhum resultado encontrado

4.1 DADOS QUANTITATIVOS: AS ATIVIDADES PROPOSTAS E SUA ANÁLISE EM

4.1.2 Dados quantitativos do LD-Tecendo Linguagens

Do LD-Tecendo Linguagens, também da versão utilizada por docentes de LP do 9º ano do EF, selecionamos duas unidades para dedicarmos nosso foco de um total de quatro disponibilizadas nesse LD para o estudo das competências do português em sala de aula. Dessas unidades, optamos pela escolha dos dois primeiros capítulos de cada uma delas para analisarmos os textos componentes das seções destinadas à leitura e a respectiva seção com atividades de compreensão/interpretação textual, totalizando quatro capítulos para a presente investigação.

Deste modo, foram analisados 17 textos a partir das seções intituladas Prática de leitura e 125 atividades no total considerando as questões que estudamos de cada seção Por dentro do texto que são propostas após as leituras estabelecidas em cada capítulo. Visto que essa primeira parte da análise teve por objetivo identificar a proporcionalidade de atividades que propõem a construção de inferências em questões de compreensão textual que visam avaliar o grau de entendimento do aluno-leitor em relação aos textos estudados nesse LD de português, elaboramos uma tabela para discutirmos alguns resultados obtidos.

Assim, como na análise quantitativa realizada com o estudo do LD-Projeto Teláris volume 9º (Ver Tabela 1), para essa abordagem apresentamos na primeira coluna da Tabela 3 os textos escolhidos para a análise, seguido do número total de atividades da seção Por dentro do texto de cada uma das leituras e na última coluna a quantidade dessas atividades que propõem a construção de inferências conectivas ou elaborativas por parte do aluno-leitor para interpretar as informações lidas. Por fim, na última linha da tabela, exibimos o número total de questões estudadas e a quantidade delas que são estabelecidas como propostas para o aluno-leitor realizar uma dessas inferências para a resolução.

Tabela 3 – Atividades analisadas do LD-Tecendo Linguagens e a sua proporcionalidade para a construção de inferências

Texto(os) Número de atividades analisadas Atividades com inferências O chapéu 13/100% 3/23% O vagabundo na esplanada 9/100% 7/77,7% A pata da gazela 10/100% 5/50% A pata da gazela- continuação 4/100% 2/50% Ana Terra 6/100% 5/83,3% Órion 4/100% 3/75% O carteiro e o poeta 12/100% 2/16,6%

Lira do amor romântico ou a eterna repetição

11/100% 6/54,6%

Essa que eu hei de amar 7/100% 5/71,4%

Excursão 4/100% 2/50%

Educação sexual para jovens: o que as escolas devem ensinar?

8/100% 0/0%

O menino sem imaginação 8/100% 5/62,5%

O menino sem imaginação- Continuação 2/100% 1/50% Fascínio, modelos e linguagem da TV 5/100% 3/60% O carteiro e o poeta- Sinopse 3/100% 0/0% O carteiro e o poeta- Resenha 5/100% 1/20%

Como fazer um filme de amor

14/100% 2/14,2%

Total 125/100% 52/41,6%

Fonte: o autor (2018)

Ao observarmos a Tabela 3, podemos verificar, por um lado, que em algumas seções analisadas destinadas às atividades de interpretação da(s) leitura(s) realizadas(s), são estabelecidas 50% ou mais de suas atividades como uma proposição para o aluno-leitor realizar inferências conectivas ou elaborativas.

Dentre essas leituras, averiguamos os textos Ana Terra; O vagabundo na esplanada; Órion; Essa que eu hei de amar; O menino sem imaginação; Fascínio, modelos e linguagem da TV; Lira do amor romântico ou a eterna repetição; A pata da gazela; A pata da gazela- continuação; Excursão e O menino sem imaginação-Continuação. Por outro lado, percebemos que no trabalho com a leitura a partir das propostas de atividades referentes aos

propostas após a leitura que estimulam a realização de inferências pelo aluno-leitor, tais como as atividades encontradas a partir dos textos Educação sexual para jovens: o que as escolas devem ensinar?; O carteiro e o poeta- Sinopse; Como fazer um filme de amor; O carteiro e o poeta; O carteiro e o poeta- Resenha e O chapéu. Esta observação nos remete para a reflexão de que predomina certa inconstância na distribuição das exigências de atividades que propõem ao aluno-leitor a realização de inferências para entender a(s) leitura(s) abordada(s) a partir do livro didático analisado.

Nesta perspectiva, ao observarmos que em atividades de interpretação de alguns textos são propostas a construção de inferências e em outros não, julgamos importante a discussão de uma questão: a complexidade e o gênero do texto analisado. Sob este aspecto, foi possível verificar, por um lado, que, em textos com gêneros textuais com um maior número de palavras e estrutura sintática complexa, predominam mais questões que exigem do aluno- leitor a construção de uma inferência conectiva ou elaborativa para interpretar as informações do texto estudado. Diante deste contexto, podemos mencionar os gêneros Romance e Conto. Por outro lado, averiguamos que textos ditos menos complexos, visto o número de palavras e complexidade sintática, apresentam questões que requerem do leitor o desenvolvimento e elaboração de um número menor de inferências, considerando a proposta de interpretação. Deste modo, textos do gênero Poema e Poesia, por exemplo, tendem a possuir tarefas de compreensão/interpretação textual que não exigem do aluno-leitor a construção de inferências para entender suas informações.

Considerando as 125 atividades de compreensão/interpretação textual estudadas como um todo, identificamos, assim como no LD-Projeto Teláris para o 9º ano, um número que julgamos ser alto de questões que propõem a construção de inferências conectivas e elaborativas ao considerarmos a quantidade de atividades que selecionamos para analisarmos desse volume. No contexto dos números apresentados, notamos que a quantidade de atividades sugeridas para os alunos construírem esses dois tipos de inferências possui um valor de 41, 6% do total que estudamos nessa etapa do trabalho.

Esta constatação nos possibilita reconhecermos que os alunos-leitores do 9º ano dos anos finais do EF são incentivados a realizarem inferências por intermédio das aulas de leitura ao considerarmos as atividades que avaliam o grau de entendimento após a abordagem de textos. Logo, podemos perceber que, além do processo de construir inferências ser recorrente no dia a dia para a interpretação de determinados acontecimentos (CLARK, 1977; STERNBERG, 2010), com o estudo das competências da língua portuguesa, especialmente da

leitura por intermédio desse LD, os estudantes constantemente encontram a proposta de realizar inferências como avaliação da compreensão das leituras que são sucedidas na escola.

Sob este aspecto, julgamos este número importante para a formação de bons leitores em uma sociedade letrada, visto que, de acordo com Kintsh e Kintsch (2005), a realização de inferências na leitura pode ser estabelecida como um dos processos essenciais para que possamos representar as informações lidas. Em outras palavras, ao ser estimulado a construir inferências, especialmente aquelas do tipo conectivas, o leitor tenderá a selecionar as ideias principais que o autor do texto objetivou expor ao tornar o texto público. Entretanto, reconhecemos que, para desenvolver o processo cognitivo de realizar inferências, o leitor precisará possuir uma certa bagagem de conhecimentos acumulados.

Dentre as atividades com inferências identificadas, também averiguamos os seus respectivos tipos, ou seja, conectivas e elaborativas, conforme apresentados na tabela que segue.

Tabela 4 – Questões identificadas do LD-Tecendo Linguagens com inferências e seus tipos

Atividades com inferências Inferência conectiva Inferência elaborativa

52/100% 27/52% 25/48%

Fonte: o autor (2018)

Com a observação da Tabela 4, verificamos que, a partir de um contexto semelhante aos dados estudados do volume 9º da coleção Projeto Teláris, também não predomina uma diferença significativa entre o número de atividades que propõem aos estudantes a construção de inferências conectivas e elaborativas. Do total das questões identificadas que sugerem a realização de algum tipo delas, 48% exigem a construção de uma inferência elaborativa, enquanto que 52% propõem a realização de uma inferência conectiva de acordo com suas funções no texto.

Esta averiguação nos permite notar que tanto as inferências necessárias para a compreensão quanto aquelas que possibilitam ao aluno-leitor ter a liberdade de adicionar novas informações aos textos lidos, a partir dos seus conhecimentos anteriores, são propostas em atividades que objetivam avaliar o grau de entendimento do texto por parte do aluno- leitor. Deste modo, constatamos que esse LD analisado contempla nas questões com inferências que identificamos mais de 50% de atividades como propostas objetivando que o

aluno-leitor realize uma inferência conectiva para uma boa interpretação das informações do texto.

Logo, ao levarmos em consideração que as inferências conectivas são vistas como importantes para compreendermos as leituras que realizamos, pois elas conectam as diferentes partes do texto para a formulação de uma representação das ideias estabelecidas pelo autor (OAKHILL; CAIN; ELBRO, 2017), verificamos que estas inferências são recorrentes nas tarefas de leitura e na avaliação da compreensão das informações lidas nos textos desse livro que por ora analisamos. Na próxima seção, com a nossa última abordagem quantitativa do Corpus selecionado para a pesquisa, analisamos e discutimos os resultados obtidos a partir do estudo de textos e atividades do LD-Universos para o 9º ano.