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Capítulo 3- TRAJETÓRIAS DAS DEPUTADAS FEDERAIS E ESTADUAIS NO

3.5 De ―companheira de militância‖ a deputada federal

(...) o habitus do político supõe uma preparação especial (BOURDIEU, 1998:169).

Descendente de uma família de trabalhadores rurais, atualmente secretária do Trabalho e da Economia Solidária do Maranhão, Terezinha Fernandes passou por esferas diversas e desempenhou diferentes papéis ao longo de sua trajetória. De aluna do curso de Letras e moradora da casa dos estudantes universitários, militante do movimento estudantil no final dos anos 1970, atuante na construção do Partido dos Trabalhadores no Maranhão, funcionária pública, esposa de político, a deputada federal transitou por múltiplos ambientes, exercendo diferentes atividades. Herdou e adquiriu capitais específicos que lhe ofereceram possibilidades de manobras de conversão para as disputas políticas. Tal é o que procurei evidenciar com a análise que se segue, as diferentes práticas, trunfos e estratégias no percurso de um agente, no caso em pauta, uma mulher maranhense que conseguiu ser eleita deputada federal.

Terezinha Fernandes nasceu em Sobradinho, comunidade rural do município de Barreirinhas41, localizada às margens do rio Preguiça, onde viveu até os 14 anos de idade. De uma família de onze irmãos, foi a única que conseguiu ingressar na universidade. Seu pai foi agricultor e sua mãe conciliava as atividades domésticas com os trabalhos de artesanato de Buriti42. Perdeu a mãe ainda na infância, quando tinha

apenas 10 anos.

Em 1969 se deslocou para São Luís com o objetivo de dar continuidade aos estudos, pois só tinha cursado até a terceira série, passou em São Luís a estudar na escola pública Ivar Saldanha. Na adolescência participou do grupo de jovens na igreja católica da Vila Vicente Fialho, onde morou com o irmão até passar no vestibular para Letras na UFMA em 1977. Depois disso passou a morar no lar universitário. Fato que segundo Terezinha contribuiu para entrada no movimento estudantil. Destaca Terezinha:

41 Município localizado na microrregião Lençóis Maranhenses, com uma distância de 252km de São Luís. 42 Também chamado de miriti, o buriti é a fruta do buritizeiro (palmeira amazônica facilmente encontrada no norte do Maranhão). Semelhante a um coquinho, ele possui uma casca dura, de coloração vinho- avermelhado e coberta por desenhos que lembram escamas. Muitos ribeirinhos têm na palmeira sua principal fonte de renda.

(...) foi na universidade que eu tive minha iniciação política mesmo... aí me mudei para ficar morando na casa do estudante universitário, ficava lá na rua do Norte. Então lá a gente entrava em contato com muita gente, conversava com muita gente, e a casa, o lar universitário de qualquer forma, era um ponto de referência para quem fazia movimento, era um espaço bom para se recrutar militantes e aí por isso que nós fomos procurados. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

Na graduação, conheceu aquele que viria ser seu esposo, Jomar Fernandes, na época estudante do curso de Engenharia e líder estudantil. “(...) nós nos conhecemos

nesse grupo... fundamos o grupo Tarefa que foi por esse que Jomar disputou a presidência do DCE, aí ganhou a eleição em 80”. Terezinha menciona que chegou a

disputar a presidência do Diretório Acadêmico de Letras, mas não conseguiu ser eleita, perdendo para sua colega de curso Lúcia Brandão. Além da participação no movimento estudantil, chegou por volta desse período, a participar também de algumas campanhas eleitorais de pessoas que viriam ajudar a organizar o PT no Maranhão, a exemplo das candidaturas de Haroldo Sabóia e Freitas Diniz.

Terezinha Fernandes, ao relatar sua ―história de vida‖ buscou atribuir coerência às opções que fez devido, segundo ela, a uma consciência política adquirida ao entrar na universidade. Segundo suas narrativas, a entrada na UFMA foi um ponto determinante na sua trajetória. É possível identificar em sua fala elementos que denotam a partir daí um caminhar progressivo43.

(...) A mudança de lá (saída do interior para São Luís) houve lógico uma mudança de vida, mas de qualquer forma a minha visão ainda era uma visão muito restrita das coisas então me transformei numa outra pessoa, abri os olhos a partir do momento que eu entro na universidade. Então em quatro anos eu passo a enxergar a vida, o mundo, o meu quintal, a minha vida com uma realidade totalmente diferente daquilo que eu vivia. E aí, a partir daí que eu tive de fato segurança, que eu inconscientemente, que era na verdade de forma inconsciente, que eu tentava enfrentar só o meu passado de lutar por conquistar um espaço, uma profissão, uma vida melhor, aí eu transfiro isso para minha vida política, aí deixa de ser uma luta só minha e passa a ser de fato uma luta coletiva, aí eu me junto a outras pessoas e a outros grupos que já estavam atuando na época. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

No movimento estudantil, Terezinha destaca sua participação na luta pelo processo de derrubada da Ditadura, menciona as campanhas que fez parte para levantar fundos e mandar para greve do ABC paulista. Cita também a greve em favor da meia

43 Para uma problematização sobre relatos biográficos como construções lineares, apontando para um determinado sentido, ver Bourdieu (2005)

passagem em 197944 em São Luís, iniciada pelos universitários, ressalta em diferentes

momentos a experiência de militar num período de difícil relação dos universitários com a polícia.

Na UFMA, Terezinha e seu namorado começam a fazer parte de uma rede de militantes, muitos continuaram posteriormente a participar da dinâmica política maranhense. O nome de Jomar Fernandes aparece inúmeras vezes, com centralidade nos fatos relatados, demonstrando que ambos debutaram politicamente como militantes e em espaços comuns. Fato que se difere das outras trajetórias das deputadas federais eleitas no Maranhão. Duas - Márcia Marinho e Nice Lobão- apesar de apresentarem laços de casamento com políticos, lembram os casos analisados por Grill (2003) das chamadas ―primeiras-damas‖ 45. Sobre suas atividades de militância destaca Terezinha:

E aí eles (os estudantes) chegaram lá pro Jomar cobrando uma postura de não sei o que, eu sei que Jomar foi e lá eles começaram a história dessa greve, que resultou naquela situação toda. Mas aí mais era o Jomar e o Márcio, que mais se destacavam da Engenharia e o pessoal todo ia atrás do grupo, eles eram muito unidos, então faziam muita confusão. E aí juntando com Juarez não sei se vocês chegaram a conhecer, estava Cintra, ai tava pela UEMA que na época era FESMA estava Joãozinho Ribeiro, o Ivan Teles, deixa eu ver quem mais..., o Júnior que hoje eu não sei que ele faz da vida, um tempo ele ainda teve aí pelo meio da política. Então esse povo todo eram militantes das causas do movimento e tinham lá nossas divisões, mas na hora, o Agenor, com o pessoal que estavam no comando do movimento porque eles estavam no Diretório nessa época né? Foi em 79 e aí foi que a greve de fato acabou tomando corpo. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

A gente pra fazer uma greve vocês não imaginam o que a gente sofria. O pessoal do primeiro escalão ficava escondido, eu, por exemplo, tinha época, que Jomar era escondido que nem eu sabia onde é que ele estava a mãe não sabia, ninguém sabia. O pessoal levava porque era assim esconde o primeiro escalão, e o segundo escalão tem que segurar as

44 A greve que visava ao direito à meia-passagem dos estudantes, alcançou significativa mobilização. Contou com a participação não só de universitários, mas secundaristas, professores e trabalhadores que enxergaram no movimento estudantil uma maneira de expressão possível, dentre as duras amarras da ditadura militar. Várias pessoas foram presas, feridas, ônibus quebrados para que o direito fosse reconquistado. Ver mais em Borges (2006)-Estudantes e Política: movimento estudantil e greve pela meia passagem no contexto da redemocratização. Ciências Humanas em Revista (UFMA)

45 Em relação às candidaturas de ―primeiras damas‖ destaca o autor: ―são alçadas à política em grande parte devido às suas atuações como ―parceiras coadjuvantes‖ das atividades dos maridos, adquirindo notoriedade e sendo impulsionadas pela liderança e prestígio deste‖(GRILL 2003:97). Enquanto que o caso de Terezinha Fernandes se assemelha mais ao que o autor chama de ―companheiras de militância‖, citando como casos ilustrativos, as candidaturas de Miriam Marroni e Maria Helena Sartori, apesar do vínculo de parentesco ser relevante, o autor demonstra que nas campanhas é ― mediante a apresentação das biografias militantes das próprias candidatas que o elo é fixado‖. (GRILL 2003:105) Seria interessante fazer um estudo da Terezinha Fernandes em campanha para observar como isso se processa.

pontas aqui em baixo (...) enfrentar polícia, fugir da polícia, pra garantir que as nossas assembléias acontecessem. Que ai a gente tirava o movimento do campus, trazia pra cá, que aqui a gente fazia era movimento popular mesmo, não era só movimento estudantil, acabava então a gente fazia isso pra mobilizar, ai as lideranças só chegavam lá na hora do ato, depois saiam de novo, pra não serem apanhados. Então a gente trabalhava num nível de radicalidade, de acordo com a realidade que a gente estava vivendo naquele momento. A polícia federal era assim, agora não, mas até alguns tempos atrás, a gente tinha muito ranço, muita dificuldade de conviver com a policia essa coisa toda porque foi um período muito duro né? Muito ruim na vida da sociedade brasileira e na nossa vida, então a gente sabia que precisava endurecer mesmo, garantir que as coisas acontecessem, a gente tinha essa consciência e segurava. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

Foi justamente desse grupo que militava no movimento estudantil no final da década de 1970 e início dos anos 1980, que saíram algumas lideranças para a criação do Partido dos Trabalhadores no Maranhão46. Terezinha conta sobre sua participação na

construção do PT no Maranhão, destacando como eram organizados os núcleos do PT nos bairros, menciona como exemplo os bairros da Divinéia, São Cristovão, Sá Viana e Anjo da Guarda “a gente ia mesmo pros bairros (...) a gente começou a fazer o PT

crescer e tudo”.

Em 1981, Terezinha se formou. Assim como seu esposo ela também já tinha

passado em um concurso na Secretaria de Fazenda do Estado, quando decidiram morar em Imperatriz-MA47. Lá iniciaram e desenvolveram durante muitos anos um trabalho de

consolidação do PT. Em Imperatriz, Terezinha e seu marido, como funcionários públicos, continuaram a militância, agora juntamente com as atividades partidárias, militam na categoria. Participaram de várias campanhas do PT em Imperatriz, no início, sem serem candidatos. ―E só depois de anos a gente lá dentro, trabalhando,

conscientizando, organizando o pessoal. Depois de alguns anos aí a gente cria candidato (...) fizemos greve pra cachorro, parava caminhão nesses postos, sempre na militância política e dentro da categoria”.

Somente em 1986, Jomar Fernandes lança candidatura a deputado estadual. Em 1988 Jomar se candidata a prefeito de Imperatriz, em 1990 a deputado estadual, em 1994, foi candidato a vice-governador na chapa com Jackson Lago, em 1996 candidata-

46 Para maiores detalhes sobre os diferentes segmentos que contribuíram na construção do PT no Maranhão, ver BORGES (2008)- PT Maranhão 1982-1992: origens, organização e governos municipais. 47 Situa-se na divisa com o estado do Tocantins, é depois de São Luís, o maior núcleo populacional do Maranhão, atualmente com 236.311 habitantes. (IBGE)

se a prefeito novamente, mas só conseguiu obter êxito nas eleições de 1998 como deputado estadual e na de 2000 como prefeito de Imperatriz. A ex-deputada ressalta sua participação intensa e constante nas campanhas do marido. Afirma que fazia de tudo nas campanhas, atividades de coordenação, fazer discursos. Ressalta que sua experiência de militante estudantil ajudou muito.

Eu sempre fiz tudo, de campanha o que você quiser pensar, boa parte a gente fazia mesmo desde quando estava no movimento estudantil, o que foi bom nesse período. Nesse período, por exemplo, a gente tinha um mimeógrafo no DCE lá que escrevia o discurso ou escrevia o texto a gente mesmo datilografava a gente mesmo mimeografava a tinta ou a álcool, mas a gente fazia tudo. Então naquele tempo militante era aquele camarada que sabia falar no carro de som pra fazer convite, ao mesmo tempo, mas depois chegamos lá, nós levamos essa experiência pra lá, mas assim nós éramos militantes fabulosos porque tudo que precisava fazer precisa varrer a sede, então a gente varre a sede, ta bom, agora precisa lavar a mão e ir fazer discurso lá na rua grande, ia pra lá e fazia a reunião, então a gente fazia tudo. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

Quando seu esposo assume a prefeitura de Imperatriz em 2001, Terezinha Fernandes passou a ser a secretária de Ação Social do município, o que lhe possibilitou um contato ainda maior com os que ela chama de ―eleitores do PT‖. Ao falar de seu trabalho desempenhado na secretaria, destaca as atividades voltadas para capacitação profissional dos jovens, políticas direcionadas para os idosos, portadores de necessidades especiais e crianças carentes.

Por volta desse período, segundo Terezinha, o PT de Imperatriz começa a cogitar a possibilidade de seu nome como candidata a deputada federal em 2002. Mas Terezinha menciona que não tinha interesse a princípio48, pois não queria sair de Imperatriz, deixar

de acompanhar o governo de seu marido de perto. Mas acabou sendo convencida pelo ―pessoal do PT‖ e por seu esposo.

Pela história que eu tinha no PT no Maranhão, tudo isso. Pelo nível de relação que a gente construiu eu o Jomar ao longo da nossa vida de militância, eles achavam que de repente eu até poderia entrar na disputa pra ganhar (...) Eu nem queria sair de Imperatriz naquele momento, porque eu queria ficar lá com o Jomar, acompanhando ele no governo, então eu digo eu não posso sair daqui, mas aí convenceram o Jomar, depois de 7ou 8 meses de que deveria ser de fato meu nome. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

48 Ao longo da pesquisa citei alguns casos em que a negação inicial a vontade de se candidatar aparece como argumentos nos depoimentos de algumas deputadas, em outros trabalhos (Grill 2008, Kuschnir 2000, 2001) percebe-se que esse tipo de argumento é recorrente nos relatos de vários políticos. Reforçando o que dizem os autores sobre profissionalização política e denegação identidária.

As atividades de campanha de Terezinha Fernandes se deram, em grande parte, por meio de uma dobradinha política com seu amigo de militância, o candidato a deputado estadual, Domingos Dutra. ―Onde eu não tinha espaço e o Dutra tinha lá eu tava, onde

eu tinha eu também levava o Dutra e assim a gente fez e deu certo”, afirma Terezinha.

A relação de apoio não se limitou ao PT do Maranhão, Terezinha se lamenta que, no Maranhão, o PT tem muitas divergências internas, então tinha que contar com o apoio também de outros ―grupos‖ do Partido, a exemplo do PT do Piauí. No seu comício de lançamento da campanha, destaca que contou com o apoio do então deputado federal Wellington Dias49 e fala da importância de dialogar com outros ―grupos‖.

(...) quando eu desci do palanque eu disse cuidado comigo porque eu gostei, eu gosto muito de brincar, eu digo tenham muito cuidado comigo porque eu gostei desse papel, se vocês me derem área eu vou acabar querendo ficar por aqui. Mas o certo foi uma campanha muito boa, uma campanha bonita, porque a gente conseguiu envolver muita gente, que era a diferença naquele tempo, estávamos eu, os grupos, sempre tivemos essas divergências dentro do PT e assim, mas assim, o nosso grupo como a gente tem mais presença pra lá, então a gente dialoga com os outros grupos. (Terezinha Fernandes, entrevista em 03/04/07)

Aqui destaco que tanto o fato do seu nome começar a ser cotado no momento em que seu esposo ocupa a prefeitura de Imperatriz, como as referidas alianças políticas, podem demonstrar a forte relação que há dos diferentes níveis da hierarquia política, nas articulações de uma campanha. Lembra também o apontado por Palmeira (2006) que a lógica política é feita ao mesmo tempo de relações institucionais e de relações pessoais. Candidata pelo PT, Terezinha Fernandes consegue atingir um total de 57.583 votos, sendo eleita em 2002, deputada federal no Maranhão. A maior parte dos votos foram obtidos em Imperatriz, seguido de São Luís e Barreirinhas. Três localidades que Terezinha Fernandes constrói identidades ao longo de seu itinerário, em Barreirinhas acredita que os votos alcançados se devem ao fato de ser sua terra natal e por ali ainda hoje conservar amizades. Em São Luís por sua história de militância, e Imperatriz, a maior percentagem atingida, atribui aos anos de militância partidária e sindical, às relações desenvolvidos no funcionalismo público e principalmente a projeção política de seu esposo no referido município.

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Ocupou o primeiro cargo eletivo em 1992 quando foi eleito vereador de Teresina e em 1994 elegeu-se deputado estadual chegando à presidência do diretório regional do PT, onde ficou de 1995 a 1997. Em 1996 foi candidato a vice-prefeito de Teresina na chapa de Nazareno Fonteles mas não avançou para o segundo turno. Em 1998 foi o primeiro deputado federal eleito pelo PT no Piauí, atualmente é o governador do referido estado.

Menciona que uma das marcas de seu mandato foi combater a ―oligarquia Sarney50‖. De uma forma mais específica, destaca alguns pontos da atuação de seu

mandato. Ressalta que trabalhou muito para garantir a inclusão dos trabalhadores rurais no cenário do Estado, participou também de discussões voltadas para o projeto espacial do Brasil, o que incluía o Centro de Lançamento de Alcântara51, atuou na área do Direito da criança e do adolescente, na educação, lutando por melhorias e expansão do campus da UFMA de Imperatriz, afirma que conseguiu 59 hectares para universidade doados pelo IBAMA. Outra ênfase dada em seu mandato foi a luta contra as privatizações, faz menção principalmente a luta pela não privatização do Banco do Estado do Maranhão- BEM e da CEMAR.

Terezinha afirmou que as atividades políticas sempre absorveram boa parte de seu

tempo, e com a ocupação de um cargo eletivo, o ritmo de trabalho se intensificou ainda mais. O fato dos filhos morarem em São Luís desde 1997, e do marido ser político, facilitava o desempenho de suas atividades. Relata que em Brasília trabalhava o dia inteiro de terça, quarta e quinta-feira, “nas reuniões, nas comissões, era no gabinete

atendendo gente, e era respondendo ligação, e era indo nos ministérios. Mas é bom que você pare, refresque a mente e que você tenha contatos e fique sempre se realimentando com as bases”.

Fica evidente no relato acima, a importância atribuída por Terezinha a habilidade que o político tem que ter na busca por conciliação das atividades desempenhadas em Brasília com os contatos mais localizados. Acredita que poderia ter feito mais pelo Maranhão de um modo geral, mas que em relação ―a sua região‖ trabalhou bastante. A concepção de que o político não pode esquecer-se das ―bases eleitorais‖ está presente na visão de muitos deputados federais no Brasil52. Destaco uma situação em que se pode

50 No decorrer da entrevista, Terezinha Fernandes mencionou que só não disputou a reeleição de deputada federal, para dar sua contribuição na luta pelo fim da ―oligarquia Sarney‖. A ex- deputada foi convidada para ser candidata a vice- governadora de Edson Vidgal (que deixou o Superior Tribunal de Justiça- STJ), pelo então governador José Reinaldo Tavares (PSB) para compor a chapa que disputou o governo do Maranhão contra Roseana Sarney em 2006.

51 Afirma que fez um projeto para que parte dos lucros obtidos com tal atividade fosse repassada para a população que habita nas proximidades do CLA, baseada na experiência da PETROBRÁS em alguns municípios do RJ, com sua saída o projeto foi arquivado.

52 No trabalho de Bezerra (1999), por exemplo, é possível perceber as concepções, práticas e relações sociais produzidas em torno da atuação dos parlamentares orientada para suas "bases eleitorais". O autor

perceber Terezinha atuando como mediadora na liberação de recursos federais para sua ―bases‖.

Então assim a Universidade, por exemplo, quando o Fernando Ramos foi eleito, ai ele entrou em contato comigo, eu disse:olha reitor vem pra cá porque essa bancada foi eleita... , então venha pra cá com seus pleitos, chama pra gente tomar um café e vamos lutar pra gente conseguir dinheiro pra universidade. No primeiro ano nós não conseguimos, mas no segundo ano conseguimos, no terceiro ano conseguimos e todos os anos seguintes a gente conseguia e vai continuar conseguindo.