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Capítulo 3- TRAJETÓRIAS DAS DEPUTADAS FEDERAIS E ESTADUAIS NO

3.3 Deputadas Federais Maranhenses: percursos e comparações

O Legislativo Federal continua sendo um espaço de difícil acesso às mulheres. Nas eleições de 1982 e 1986, não houve mulheres eleitas para o cargo de deputada federal no Maranhão. Os dados revelam que num período de 24 anos, elegeram-se no Maranhão apenas 4 deputadas federais, como mostra o quadro abaixo.

Quadro 5- Mulheres eleitas deputadas federais no Maranhão (1982-2006)

Os dados mostram, ainda, que no Maranhão prevalecem deputadas federais vinculadas às agremiações partidárias tidas como de ―direita‖. Entre as quatro deputadas, duas delas se elegeram pelo PFL (uma hoje é filiado ao PMDB), uma pelo PSC e apenas uma pelo PT. Ao se comparar os dados no que tange ao número de deputadas federais eleitas no Rio Grande do Sul36 de 1982 a 2006 e às filiações partidárias destas, observa-se que, assim como no

Maranhão, a presença das mulheres permaneceu pouco significativa em termos numéricos, foram eleitas nesse período apenas sete deputadas federais. As mulheres passam a marcar presença na bancada de parlamentares do RS apenas em 1994, com a eleição de Ester Grossi pelo PT e Yeda Crusius pelo PSDB. Em relação aos partidos das deputadas federais eleitas no RS, diferentemente do Maranhão, cinco são de partidos situados à ―esquerda‖, sendo três ligadas ao PT, uma inicialmente ao PT e depois ao PSOL e uma ao PCdoB, contra duas que pertencem a siglas localizadas mais ao centro (PSDB e PTB)

A partir do conjunto de casos, sistematizei os dados sobre os percursos das deputadas federais no Maranhão com base nas seguintes variáveis: primeiro cargo eletivo, idade que ocupou o primeiro cargo, número de mandatos, ocupação de cargos públicos e laços de

36 Para uma comparação mais detalhada sobre a especialização política nesses dois estados, ver Grill (2007): Processos, Condicionantes e Bases Sociais da Especialização Política no Rio Grande do Sul e no Maranhão.

ANO N. DE MULHERES ELEITAS DEPUTADAS NOME DAS PARTIDO

1982 0 --- --- 1986 0 --- --- 1990 1 ROSEANA SARNEY PFL 1994 1 MÁRCIA MARINHO PSC 1998 1 NICE LOBÃO PFL 2002 2 TEREZINHA FERNANDES NICE LOBÃO PT PFL

2006 1 NICE LOBÃO PFL (atual

parentesco com ascendente político, como pode ser observado no quadro 6. Faço comparações entre os casos e relaciono com os dados de Barreira (2006) e Grill (2007).

Quadro 6- Quadro sinótico dos percursos das deputadas federais no Maranhão (1982-2006) DEPUTADA PRIMEIRO CARGO ELETIVO IDADE QUE OCUPOU O PRIMEIRO CARGO ELETIVO NÚMERO DE MANDATOS e CARGOS ACUMULADOS NA CARREIRA ELETIVA

FORMAÇÃO/PROFISSÃO OCUPAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS ANTERIORES AO MANDATO DE DEPUTADA LAÇOS DE PARENTESCO COM POLÍTICO ROSEANA

SARNEY Deputada Federal 37 anos

1 mandato de deputada federal (1991 a 1994); 2 mandatos no governo do Estado do Maranhão (1995 a 2001) Senadora (desde 01/02/2003)

Ciências Sociais- UNB

- Assessora no Quadro Técnico da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (NOVACAP) de 1974 a 1976; -Assessora do Secretário de Viação de Obras de 1977 a 1978; -Técnica em planejamento do Instituto de Planejamento Econômico e Social em 1979; - Gerente Operacional do Programa Nacional de Centros Sociais Urbanos (PNCSU) do Instituto de Planejamento Econômico e Social (IPEA) em 1980;

Avós, tios-avó, Pai (foi deputado, senador pelo Maranhão entre 1971 e 1985, governador do Maranhão entre 1966 e 1971 e Presidente da República de 1985 a 1990), tios, irmãos.

Assessora do Gabinete Civil do Governador do Estado do Maranhão em 1981; - Secretária de Estado para Assuntos Extraordinários; Assessora do Senado Federal; Assessora do Gabinete Civil da Presidência da República de 1985 a 1989; MÁRCIA

MARINHO Deputada Federal 31 anos deputada federal 1 mandato de (1995 a 1998)

1 mandato de prefeita em Caxias (2001 a

2004)

Medicina- UFMA Secretária Municipal da Criança e Ação Social, em Caxias, Maranhão, de 1993 a

1994.

Cônjuge (esposo foi eleito prefeito de Caxias

em 1992 e deputado federal de 2002 a 2005)

NICE LOBÃO Deputada Federal 62 anos 3 mandatos de

deputada federal (1998- atual)

Ensino Médio Secretária da Ação Social do Estado do Maranhão de 1991 a

1994.

Cônjuge (esposo foi deputado federal de 1979 a 1987, senador de 1987 a 1991, governador do Maranhão de 1991 a 1994 e senador 1995- atual) TEREZINHA

FERNANDES Deputada Federal 47 anos deputada federal 1 mandato de Letras- UFMA Secretária Municipal do Desenvolvimento Social, em Imperatriz- Maranhão de 2001 a

2002.

Cônjuge (esposo foi deputado estadual de 1999 a 2000 e prefeito de

Imperatriz de 2001 a 2004)

Quando Barreira (2006) apresenta os dados sobre cargo eletivo anterior das deputadas federais no Brasil, afirma que apenas 21% elegeram-se deputada federal sem terem cargos eletivos anteriores. Uma parte significativa já tinha ocupado algum cargo eletivo anteriormente: “As representantes, antes de serem eleitas deputadas federais,

eram deputadas estaduais, vereadoras e prefeita” (BARREIRA, 2006:9). A autora

chama atenção, também, para a ideia de continuidade ou reprodução das funções legislativas, sendo que um número expressivo das deputadas tinha mandatos anteriores de deputada federal.

Quadro 7- Cargo eletivo anterior das deputadas federais no Brasil

Cargo eletivo anterior das deputadas %

Deputada Federal 44%

Deputada estadual/distrital 21%

Vereadora 12%

Prefeita 2%

Não teve 21%

Construído com base nos dados de Barreira (2006)

Essa constatação se difere do que acontece no Maranhão. Como pode ser observado no quadro sinótico, o acesso dessas mulheres de forma direta ao Legislativo Federal, sem passar pelo cargo de vereadora, deputada estadual ou prefeita é de 100%. Dado que não difere muito dos homens no Maranhão, conforme aponta a pesquisa de Grill (2007), quando compara os deputados do Rio Grande do Sul com os do Maranhão no que concerne ao primeiro cargo eletivo ocupado:

Os dados mostram que no RS 47% dos deputados federais começaram a carreira eletiva por posições locais, como vereadores (39%), vice- prefeitos e prefeitos (8% somados); contra apenas 18% no Maranhão que iniciaram por posições do mesmo tipo, isto é, como vereadores (12%) e como prefeitos e vice-prefeitos (6%). Contrariamente, no Maranhão 80% dos agentes investigados debutaram na ocupação de cargos eletivos como deputados federais (44%) ou estaduais (36%). (GRILL, 2007:10-11, grifo meu)

No Rio Grande do Sul, quatro deputadas começaram suas carreiras de cargos políticos por postos nos primeiros escalões (três como secretárias municipais e uma como ministra) e três por mandatos eletivos (duas como vereadoras e uma como deputada estadual).

No Maranhão há um espaço político pouco competitivo e mais fechado, pois não se observa a passagem dessas deputadas por diferentes cargos na hierarquia política, nem mesmo pelo de deputada estadual. Contrastando com a percentagem de cargo eletivo anterior das deputadas brasileiras apontadas por Barreira (2006), onde 12% já tinham sido vereadoras, 21% deputada estadual e 44% ocuparam o mesmo cargo de deputada federal na legislação anterior. No Maranhão as 4 mulheres que conseguiram ser eleitas deputadas federais não iniciaram suas carreiras por posições periféricas e quando prevalece o ingresso ―por cima‖ na carreira política eletiva, quer dizer, diretamente pela ocupação de cargos mais altos na hierarquia política, o controle e a seleção prévia por parte dos agentes já estabelecidos ou das máquinas políticas se mostram decisivos, característica de contextos políticos marcadamente oligárquicos, como é o caso do Maranhão.

O estudo de Costa (1998) sobre a Bahia e outros estados do nordeste brasileiro

conclui que é maior o número de mulheres eleitas pelos grandes partidos e os ‗mais conservadores‘ nos estados que permanecem sob o controle das ‗oligarquias‘, perpetuando os compromissos familiares. Nesses estados, a ideologia feminista é precariamente adotada por parte das eleitas e o exemplo de mulheres que ascendem à elite política pela via dos movimentos sociais são reduzidos. Segundo o estudo de Costa (1998) no Nordeste, entrada das mulheres em altos cargos eletivos da hierarquia política, quando ocorre, na maioria das vezes, se dá em virtude das próprias relações familiares, perpetuando valores da elite tradicional. As oligarquias se utilizam das relações de parentesco para preencher os cargos do poder. Segundo Avelar (2001:50)

“se as mulheres ascendem por esses canais, sua atuação nada tem a ver com as mudanças propostas pelas gerações de mulheres que lutaram pela estruturação de sua própria identidade política”.

Quanto às informações sobre idades de ocupação do primeiro cargo eletivo, estas

traduzem diferenças quando se compara deputados e deputadas no Maranhão. A pesquisa de Grill (2007) revela um ingresso mais cedo entre os homens, mais de 70% dos casos estrearam com idade inferior a 35 anos, sendo que no Maranhão 25% antes dos 25 anos. As deputadas maranhenses estrearam na carreira política de forma mais ―tardia‖ quando comparadas aos deputados. Entre as mulheres eleitas deputadas federais no Maranhão, apenas Márcia Marinho ocupa o cargo antes dos 35 anos. As

parlamentares eleitas pelo Rio Grande do Sul dividem-se entre aquelas que entraram na arena de cargos eletivos precocemente (antes dos 30 anos) - Luciana Genro, Maria do Rosário e Manuela D‘Ávila - e as demais – Kelly Moraes, Ester Grossi, Yeda Crusius e Ana Corso (com 40, 59,50 41 anos) - que entraram tardiamente (depois dos 40 anos). As deputadas federais do Maranhão ingressaram na carreira eletiva após os 30 anos (31, 37, 47 e 62 anos).

Avelar (2001) chama atenção para os ciclos de vida da mulher que, em geral, são

segmentados conforme a situação conjugal e a maternidade como um dos fatores que contribuem para uma entrada ―tardia‖ das mulheres. Mais adiante apresento alguns relatos das deputadas entrevistadas quanto à difícil conciliação entre a dedicação familiar e a política. Avelar (2001) destaca:

Com o casamento, a mulher amplia o campo de suas tarefas domésticas, assumindo outras responsabilidades que irão demandar mais tempo e energia. Com a maternidade, mais ainda, tempo e energia tornam-se cruciais na vida da mulher. As tarefas extra-família tornam-se cada vez mais seletivas. Já a paternidade não significa necessariamente alteração no estilo de vida, razão pela qual os homens podem continuar desempenhando tarefas envolventes, como é o caso da política. (AVELAR, 2001:153)

Isso não significa que devemos desconsiderar o que impõe a especialização na política no que se refere a uma dedicação da maior parte do tempo dos agentes às atividades políticas. Na carreira eletiva elas podem ter entrado com uma idade mais avançada do que os deputados, mas todas tiveram atuação prévia em esferas sociais distintas, que possibilitam um aprendizado lento e progressivo, podendo reproduzir reconhecimento nas disputas eleitorais, como, por exemplo, atuação de Terezinha Fernandes no movimento estudantil, atuação partidária e trabalhos desempenhados nas campanhas do esposo.

Ainda vale destacar que a que entrou mais tarde, Nice Lobão, é a que tem o maior número de mandatos como deputada (está no terceiro mandato, somando atualmente 10 anos de mandatos eletivos). Roseana Sarney iniciou na carreira eletiva em 1991 quando assumiu como deputada federal foi eleita por dois mandatos consecutivos governadora do Maranhão (1994 e 1998) e atualmente é senadora, somando um total de

mais de 16 anos de mandatos eletivos. Márcia Marinho depois de ser deputada federal foi eleita em 2000 prefeita do município de Caxias e atualmente tenta retornar à prefeitura de Caxias sendo candidata pelo PMDB. Esses dados revelam a busca de continuidade dessas mulheres no interior do espaço político maranhense, próprio da exigência da profissionalização política.

Somando-se ao tempo de mandatos eletivos, no estudo da profissionalização política no Maranhão, pude identificar outras variáveis que estabeleceram pistas quanto à lógica do sucesso dessas mulheres nas urnas. Questionei se houve ou não uma reconversão de uma notoriedade profissional, se tiveram acesso ao ensino superior; se estas possuem ou não parentes que ocuparam ou ocupam cargos eletivos; se estas ocuparam cargos não eletivos (tais como secretarias, presidência de partido) previamente; participaram ou não de algum movimento social.

Quanto ao grau de escolarização das deputadas, o investimento no título superior só não é observado em uma deputada, Nice Lobão. Entre os homens a importância dada ao diploma de curso superior também é notória, dentre os deputados estudados por Grill (2007) 85% possuem título superior.

Entre as deputadas maranhenses e gaúchas, em termos de escolarização destaca- se a predominância de casos com títulos superiores, a formação em cursos ligados às áreas de humanas no dois estados e observa-se a maior diversificação das vias de obtenção de títulos superiores no Rio Grande do Sul em relação ao Maranhão. Entre as sete deputadas gaúchas, seis possuem curso superior, sendo que: uma formada em pedagogia pela UFRGS; outra em educação artística pela UCS; outra em Letras pela PUC de Porto Alegre; outra em matemática pela PUC (com mestrado e doutorado); outra em Jornalismo também na PUC e Ciências Sociais incompleto na UFRGS; e; por fim; uma em economia pela USP (com especialização e mestrado). Entre as quatro deputadas maranhenses, três possuem curso superior, sendo que: uma é formada em Ciências Sociais pela UNB; outra em Letras pela UFMA; e, finalmente, a terceira em medicina pela UFMA. (Grill, 2007)

Isso se traduz em diferentes ocupações exercidas. No Rio Grande do Sul, as cinco deputadas que exerceram uma profissão antes de assumir um cargo político são ligadas ao magistério. No Maranhão, as três deputadas que atuaram profissionalmente estiveram vinculadas a funções públicas (administrativas). O que corrobora as indicações sobre o

conjunto dos casos que apontam para o peso das carreiras como professores entre deputados gaúchos e a relevância da passagem por cargos administrativos entre deputados maranhenses.

Quanto ao grau de escolarização e o uso destes como trunfo político, destaco o acionamento feito de forma diferenciada por Roseana Sarney e Terezinha Fernandes, ao se beneficiarem do espaço acadêmico. Enquanto a primeira fez uso nos jornais do título de socióloga na campanha de 1990, a segunda utiliza-se muito mais do espaço acadêmico na constituição de seu capital político oportunizado pela participação no movimento estudantil, do que do título propriamente, mais adiante retomarei de forma mais detalhada a trajetória política de Terezinha Fernandes. Como aponta Grill (2007) ―os trunfos oportunizados pelo acesso ao ensino superior (título, relações, socialização no movimento estudantil, entre outros) são extremamente relevantes para o desdobramento das carreiras políticas‖.

Gonçalves (2006), em seu estudo sobre a trajetória política de Roseana Sarney, destaca os atributos e autodefinições de validação de seu capital simbólico referido à Campanha Eleitoral de 1990.

Vem à tona a formação acadêmica de Roseana Sarney Murad- atributo de sustentação do peso do capital simbólico que afirma deter, independentemente de seu pai José Sarney. Ser ―socióloga‖ constitui-se em capital cultural legitimador que autoriza seu discurso. Falará na condição de candidata, mas de uma candidata que é ―socióloga‖. (GONÇALVES, 2006:95)

Barreira (2006) quando fala no capital político das deputadas e senadoras apresenta situações diferentes que podem ser complementares para se pensar em um perfil político das representantes no Congresso Nacional. A autora destaca duas condições relevantes para a conquista de cargos de representação política: o capital político de base familiar e a participação em movimentos sociais. Mostra que 36% das deputadas e senadoras iniciaram a vida política em movimentos sociais diversos (incluindo lutas sindicais, movimento estudantil, luta pela terra e movimento feminista) e 25% tiveram influência familiar via filiação ou matrimônio com ascendente político e 17% ocuparam cargos de confiança em secretarias do governo. Nas palavras da autora:

Mulheres apoiadas por sindicatos, defensoras de interesse feministas ou atuantes em partidos políticos atestam a importância de se pensar na elaboração de carreiras políticas mediante formas visíveis de atuação no espaço público. A influência familiar também contribui para a ocupação de cargos legislativos (esposas ou filhas de político) ocorrendo também situações de parentesco não excludentes com a participação em movimentos sociais variados (BARREIRA, 2006:12).

No Maranhão, a ocupação de cargos públicos e relações de parentesco com políticos são variáveis sociais que podem ser identificadas em todas as deputadas federais eleitas no período compreendido da pesquisa. Roseana Sarney foi a que ocupou o maior número de cargos públicos antes de se eleger deputada federal, é também a que possui vínculos de parentesco com diferentes ascendentes políticos.

Márcia Marinho foi nomeada secretária municipal da Criança e Ação e Social em Caxias no período em que seu marido Paulo Marinho foi prefeito do referido município de 1993 a 1996. Nice Lobão ocupou o cargo de Secretária de Ação Social do Estado do Maranhão no período de 1991 a 1994, sendo seu esposo Edison Lobão governador do Estado nesse mesmo período. E Terezinha Fernandes foi Secretária Municipal do Desenvolvimento Social de Imperatriz entre 2001 e 2002, nesse período seu esposo Jomar Fernandes era prefeito de Imperatriz.

No Rio Grande do Sul, casos de relações de parentesco com políticos das mulheres eleitas deputadas também podem ser identificados, duas das deputadas federais que iniciaram a carreira como secretárias municipais (Ana Corso do PT e Kelly Moraes do PTB) chegaram ao cargo nas gestões dos maridos prefeitos. Uma das atuais deputadas federais do Rio Grande do Sul, Luciana Genro, é filha de um ex-vereador, deputado federal, vice-prefeito e prefeito de Porto Alegre, além de ser Ministro do governo de Luís Inácio Lula da Silva há 6 anos. Outra parlamentar, Maria do Rosário, é casada com um importante dirigente do Partido dos Trabalhadores que já concorreu a deputado estadual e ocupou cargos de primeiro escalão nos governos controlados pelo partido no município de Porto Alegre, no estado e no país.

Outra variável que destaquei na pesquisa como recurso de legitimação foi o trabalho das representantes no Congresso Nacional. Os dados do quadro 8 mostram que relativizando a idéia de divisão hierárquica do trabalho político das mulheres na Câmara, Roseana Sarney, quando foi deputada federal, não ocupou as comissões cuja presença de mulheres é mais significativa, como Seguridade Social e Família. Na

atuação de Márcia Marinho, Terezinha Fernandes e Nice Lobão pode ser observado a participação em comissões cujos temas em geral são considerados típicos do espaço feminino. Um dado merece ser mencionado, Barreira (2006) afirma que de fato, nunca houve até hoje nenhuma deputada presidente da Mesa Diretora da Câmara. Mostro nos quadros abaixo a participação nas comissões das deputadas federais maranhenses e em seguida com uma finalidade comparativa, apresento o quadro sistematizado por Barreira (2006) com a distribuição nas comissões das 42 deputadas federais eleitas no Brasil em 2002.

Quadro 8- Participação das deputadas federais maranhenses nas comissões

ROSEANA SARNEY

Atuação da deputada Período

Suplente da Comissão de Relações Exteriores 1991-1992 Titular da Comissão de Economia, Indústria e Comércio 1991-1992 Suplente da Comissão Mista da Conferencia das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente 1992

Titular da Comissão Especial PEC n51/90 sob a Antecipação do Plebiscito 1992 Titular da Comissão Especial PEC n45/91 que altera a Legislação Eleitoral 1992 Suplente da Comissão Especial do Projeto de Lei sobre Legislação Consultoria 1992 Vice-líder do Governo Federal na Câmara dos Deputados 1992-1993 Titular da Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias 1993 Suplente da Comissão de Educação, Cultura e Desportos 1993 Titular da Comissão de Educação, Cultura e Desportos 1994

Membro do parlamento Latino-Americano ---

Coordenadora-geral do processo que resultou no impeachment do presidente

Fernando Collor, na Câmara Federal. ---

MARCIA MARINHO

Atuação da deputada Período

Titular da Comissão Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática 1995 Suplente da Comissão Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática 1996-1998 Suplente da Comissão Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias. 1998-1999 Titular da Comissão Desenvolvimento Urbano e Interior 1997

Titular da Comissão Direitos Humanos 1997

Suplente da Comissão Educação, Cultura e Desporto 1995

Suplente da Comissão Seguridade Social e Família 1995-1996

Titular da Comissão Seguridade Social e Família 1996-1999

Trabalho, Administração e Serviço Público, 1995-1996

Titular da Comissão especial de Implementação das Decisões da IV

Conferência Mundial da Mulher: Titular, 1997 1997

Suplente da Comissão PEC nº 25/95, Modifica Caput Art. 5º da Constituição

Federal, Inviolabilidade do Direito a Vida: 1995-1996 Titular da Comissão PEC nº 33-A/95, Altera Sistema de Previdência Social 1995-1996 Suplente da Comissão PEC nº 82/95, Recursos da Seguridade Social ao SUS 1998-1999 PL nº 1.673/96, Doação de Açudes pelo DNOCS: Suplente 1997-1999 PL nº 4.425/94 do Senado Federal, Planos e Seguros de Saúde: Suplente 1996-1997 PL nº 464/95, Critérios de Proteção e de Integração Social aos Portadores de

Deficiência: Suplente 1996-1997

Procuradoria Parlamentar: Suplente 1995-1999

CPI - Adoção e Tráfico de Crianças Brasileiras: Titular, 1995-1996. 1995-1996

Fonte: www.camara.gov.br

NICE LOBÃO

Atuação da deputada Período

Desenvolvimento Urbano: Suplente 2005-2006

Titular Direitos Humanos 2005-2006

Economia, Indústria, Comércio e Turismo: Suplente 2006

Educação e Cultura 2007

Finanças e Tributação: Suplente 2005

Titular da Comissão Relações Exteriores e de Defesa Nacional 2005 Titular da Comissão Seguridade Social e Família 2005

Fixação do Salário Mínimo: Titular ---

PEC nº 3/99, Mandato Eletivo: Titular ---

PEC nº 54/99, Quadro Temporário Servidor Público: Titular ---