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DEFENSORIA PÚBLICA

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Quando se propiciou efetividade ao preceito constitucional da busca pela igualdade social, econômica e política dos seres humanos, o artigo 134 da Constituição Federal do Brasil, descreveu a Defensoria Pública como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, quando presta aos necessitados economicamente orientação jurídica e ao promover defesa em processos judiciais e administrativos.

Para conhecer o trabalho da Defensoria Pública, é necessária uma abordagem dos aspectos históricos, a sua natureza jurídica, a abrangência, a estrutura funcional da instituição, seus princípios gerais e funções institucionais, ao abranger, ainda, no tocante aos Defensores Públicos, as suas garantias, prerrogativas, deveres e proibições.

2.1. Aspectos Históricos

A Defensoria Pública no ordenamento infraconsticional, surgiu no ano de 1954, no Estado do Rio de Janeiro, no âmbito da Procuradoria Geral de Justiça, ao criar os seis primeiros cargos de Defensores Públicos, os quais eram isolados e de SURYLPHQWR HIHWLYR ³1R 'LVWULWR )HGHUDO ± então Rio de Janeiro ± e Territórios, através da Lei Federal 3.434, de 20-.07.1958, implementaram-se os serviços de DVVLVWrQFLDMXGLFLiULD´ -81.(6, p.78).

Após o Rio de Janeiro (1954), na ordem cronológica seguiram-se o Estado de Minas Gerais (1981); Estado da Paraíba (1985); Estado da Bahia (1986); Distrito Federal (1987); Estado de Mato Grosso do Sul e Piauí (1988); Estado de Tocantins (1989); Estado do Amazonas (1990); Estado do Amapá e Paraná (1991); Estado do Pará (1993); Estado de Espírito Santo, Maranhão, Rio Grande do Sul e Sergipe (1994); Estado do Ceará (1997); Estado do Pernambuco (1998); Estado de Mato Grosso (1999); Estado de Roraima (2000); Estado do Acre e Alagoas (2001); Estado de Rondônia (2002); Estado de Goiás e São Paulo (2005) (Ministério da Justiça ± Diagnóstico da Defensoria Pública, 2009).

Dessa forma, a mais antiga Defensoria Pública do país é a do Rio de Janeiro, com 56 anos de existência, enquanto que a mais nova é do Estado de São Paulo, instalada em 2006, sucedendo as atividades até então prestadas pela Procuradoria

Geral do Estado, na área de Assistência Judiciária.

No direito constitucional brasileiro, a Assistência Judiciária teve suas origens a partir da Magna Carta de 1934. De lá para cá, excetuando-se a de 1937, todas as Constituições Brasileiras fizeram menção expressa a esta Instituição, ao estabelecer a prestação da assistência judiciária aos necessitados como um dever do Estado.

a) Constituição Federal de 1934: art. 13, n. 32; b) Constituição Federal de 1946, no art. 141, § 35;

c) Constituição Federal de 1967 e, posteriormente, na EC n. 1 de 1969, no art. 150, § 32;

d) Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, na EC n.45 de 2004, no art. 134, §§ 1º e 2º.

Importante ressaltar que, somente a Constituição Federal de 1988, tratou de criar um organismo público instituído e estruturado com essa finalidade, através da Defensoria Pública.

Essa consagração no ordenamento jurídico brasileiro foi fruto de uma evolução lenta, PDUFDGD SRUFRQVWDQWHV DYDQoRV HUHWURFHVVRV³2FRQWH[WRGHVVD evolução, esclarece-se por opção metodológica, tem como premissa não a assistência técnico-jurídica prestada aos necessitados, mas, a estatização desse VHUYLoR´(JUNKES, 2005, p.77).

2.2. Conceito e Função

O texto da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, tratou de fixar o conceito de Defensoria Pública no caput do artigo 134, com a seguinte redação:

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV.

§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.

§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (Constituição Federal de 1988)

Assim, o texto constitucional define a Defensoria Pública como função essencial à justiça, por ser utilizada como instrumento de transformação social, procurando ofertar acesso à justiça às pessoas menos favorecidas financeiramente, cuja missão se volta precipuamente para a defesa dos necessitados.

É, também, uma instituição democrática por natureza, responsável por amparar a parcela mais humilde da população, e, conseguintemente, por operar transformação de ordem social.

O papel da Defensoria Pública é a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, LXXXIV da Constituição, que reza:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

...

LXXXIV ± O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. (Constituição Federal de 1988).

Na sociedade moderna, é possível verificar HVVD³LQVXILFLrQFLDGHUHFXUVRV´jV pessoas economicamente necessitadas (que não possuem recursos econômicos para constituir advogado) e a dos juridicamente necessitados (o réu no processo penal que, apesar de economicamente capaz não constitui advogado).

2.3. Natureza Jurídica e Competência Administrativa

De acordo com Moraes (1999, S  ³D QDWXUH]D MXUtGLFD da Defensoria 3~EOLFDpDGHXPyUJmRFHQWUDOLQGHSHQGHQWHFRPSRVWRHREULJDWyULR´

A Defensoria Pública é um órgão. Na interpretação de Meireles (1990, p. 63-  ³FRQVWLWXLXPFHQWURGHDWULEXLo}HVHVSHFtILFDVLQVWLWXtGRSDUDRGHVHPSHQKRGDV funções estatais, por intermédio dos seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídicDDTXHSHUWHQFHP´

No tocante à esfera de ação, a Defensoria Pública é um órgão central, pois a sua atribuição de prestar assistência jurídica integral é exercida em todo o território da base política em cuja estrutura administrativa é contida.

Em relação à posição estatal, em conformidade com o escalonamento administrativo, a Defensoria Pública é um órgão do tipo independente, tendo em

vista a independência funcional conferida à instituição e aos seus membros. Apesar dessa independência funcional, assim preleciona Moraes:

a Defensoria Pública é um organismo que se situa vinculado ao Executivo. Porém, com a importante introdução do § 2º ao artigo 134, do Texto da Carta Magna, feito pela Emenda Constitucional 45, publicada em 31-12- 2004, ocorreu a sua total desvinculação daquele Poder, uma vez que tal dispositivo assegurou a sua autonomia funcional, administrativa e, inclusive, financeira. (MORAES, 1999.p.160)

A Defensoria Pública é, ainda, um órgão do tipo obrigatório, uma vez que a sua existência advém de imposição constitucional e não da discricionariedade da Administração Pública. De tal fato decorre que, para os Estados-membros não é facultado escolher se instituem e mantêm a Defensoria Pública, ou não.

1D YLVmR GH 6LOYD  S   ³D 'HIHQVRULD 3~EOLFD p XP RUJDQLVPR GH obrigatória institucionalização e manutenção, por força do próprio art. 134, da &RQVWLWXLomR´

Assim, ante a omissão do poder público em instituir adequadamente a Defensoria Pública, cabe a propositura de ação direta de inconstitucionalidade por omissão, nos termos do art. 103, § 2º, da Constituição Federal.

Por fim, o texto constitucional no Capítulo IV, do Título IV, a Defensoria Pública foi alçada, ao lado do Ministério Público (arts. 127 a 130), da Advocacia Pública (art. 131 e 132) e da Advocacia (art. 133), à categoria de instituição incumbida de exercer uma das funções essenciais à Justiça.

A competência administrativa para tratar da Defensoria Pública da União é da própria União (art. 48, IX, CF). Com relação às Defensorias Públicas dos Estados, a competência administrativa é da titularidade dos respectivos entes da Federação (art. 25, § 1º, CF).

Cada Estado ficou responsável pela edição de leis complementares que iriam implantar e regulamentar a Defensoria Pública, seguindo as normas contidas no art. 102 da Lei Complementar 80/94, que trata das competências do Conselho Superior das Defensorias Públicas do Estado.

2.4. Estrutura da Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Estados

A Defensoria Pública da União, consoante a Lei Complementar 80/94, é composta da seguinte estrutura, de acordo com o art.5º:

A) Órgãos de Administração Superior:

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