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Dignidade Humana e o Surgimento da Expressão Dignidade Humana

No documento Download/Open (páginas 34-37)

Para os seres humanos não pode haver coisa mais valiosa do que a pessoa humana. Essa pessoa, por suas características naturais, por ser dotada de inteligência, consciência e vontade, por ser mais do que uma simples porção de matéria, tem uma dignidade que a coloca acima de todas as coisas da natureza. Existe uma dignidade inerente à condição humana e a preservação dessa dignidade faz parte dos direitos humanos.

Importante, nesse momento, demonstrar como a dignidade humana foi delineada no decorrer da história, bem como esse princípio se configura no Direito Universal e na Constituição Brasileira, de 1988.

Para tanto, o estudo foi dividido em três partes fundamentais. Na primeira, são apresentados alguns pontos importantes sobre a evolução da origem da H[SUHVVmR³GLJQLGDGHKXPDQD´GRVWHPSRVPDLVUHPRWRVDRVdias atuais.

Na segunda parte, são buscados alguns conceitos primitivos e modernos sobre a ³GLJQLGDGHKXPDQD´VRERSRQWRde vista filosófico e também jurídico. E, por ILP QD WHUFHLUD SDUWH D GHPRQVWUDomR GD SRVLWLYDomR GR SULQFtSLR GD ³GLJQLGDGH KXPDQD´QRGLUHLWRLQWHUQDFLRQDOHQRGLUHLWREUDVLOHLURHPHVSHFLDOQD&DUWD0DJQD de 1988.

Em diversos campos filosóficos e sociológicos, foi possível buscar a definição da dignidade humana, como formas de proteção e até mesmo de maior valoração da pessoa humana.

No ponto de vista filosófico, é possível deparar com a moral apoiada com o Direito, na tentativa de se apresentar uma ideia perfeita da noção de dignidade da pessoa humana. Nesse aspecto, o campo filosófico tem como reflexão (ou

cogitatum), a consagração de um valor moral que, após diversos estudos, agregou-

se a um valor jurídico.

do pensamento reflexivo do homem. Tal fato porque este passou a indagar, discutir, refletir sobre a sua própria essência, bem como, de sua própria condição existencial.

Destarte, deparamos com diversos pensamentos e reflexões em que o homem busca a definição exata de sua própria existência. Em um primeiro momento, a pessoa humana possuía um valor intrínseco.

Nesta concepção, todo ser humano possuía um valor próprio, distinguindo-o dos demais elementos da realidade. Com o passar dos tempos, os filósofos evoluíram essa ideia, no sentido de que esse ser humano, na figura de uma só pessoa, representaria toda a humanidade.

Protágoras defendia que o homem era a medida de todas as coisas (homo

mensura) e ANTIFONTE defendeu a igualdade dos indivíduos independentemente

de sua origem. Já estava patente que o ser humano possuía uma qualidade que os distinguia das demais criaturas. Além disso, esse atributo distintivo era uma característica de todos os seres humanos, mesmo diante de eventuais diferenças sociais, culturais ou individuais.

Santo Agostinho também buscou distinguir os seres humanos das coisas e dos animais. 800 anos antes, Platão e Aristóteles também se dedicaram a um objetivo semelhante, elevando o ser humano a um patamar de superioridade frente às demais criaturas.

Faz-se necessário notar que embora existisse essa reflexão acerca da condição humana, ainda surgiam e permaneciam arraigadas ± mesmo no ponto de vista filosófico ± muitas ideias que fundamentavam práticas morais prejudiciais aos seres humanos e que hoje são drasticamente condenadas.

Na Idade Média, São Tomás de Aquino sustentou a divindade da chamada

dignitas humana. Durante o período Renascentista, período em que toda a

sociedade buscava tratar o homem com um ser ativo e responsável pela transformação de sua própria realidade, surgiu o pensamento de Picco Della Mirandola.

Este humanista italiano defendia o homem como um ente dotado de prerrogativa necessária para construir e planejar sua própria existência de maneira livre e independente, sem ingerência abusiva de outros indivíduos.

No século XVI, Francisco de Vitória, com base no pensamento estóico e cristão, posicionou-se em defesa da liberdade e dos respeitos aos povos indígenas e contra o colonialismo espanhol.

No prisma das vertentes do pensamento moderno, a reflexão acerca da liberdade do indivíduo foi lapidada pela filosofia que moveu a Independência Americana e a Revolução Francesa e que se manifestou por meio do Movimento Iluminista do Século XVIII, com origens no século anterior.

Com as ideias advindas da modernidade, havia, então, uma concepção de que a sociedade ideal deveria ser organizada e que visasse à felicidade humana. Essa sociedade ideal, por sua vez, só poderia nascer do respeito aos direitos naturais do homem.

Muitos escritores e filósofos, como Samuel Pufendorf, considerava a dignidade humana como a liberdade nata de que o indivíduo desfrutava, e, isso que lhe era nato, permitia-lhe agir de acordo com sua opção de vida. Logo, essa concepção subjaz que a dignidade era base da liberdade humana.

O alemão Immanuel Kant, dentro de uma visão lógico-filosófica de dignidade humana, buscava mostrar o valor e a necessidade de proteção ao ser humano e assim se expressa:

Essa pessoa humana seria dotada de um valor intrínseco, um valor próprio da sua essência. Esse valor intrínseco seria superior a qualquer preço e, por isso, não poderia ser apreçado ou substituído por coisa equivalente, já que ± como dito ± o ser humano seria um fim e não um meio passível de utilização e manipulação. Do que decorre esse valor intrínseco seria um valor absoluto, uma qualidade absoluta, ou finalmente ± uma dignidade absoluta. (KANT, 2003, p.59).

Em análise, a premissa Kantina, o preço é conferido àquilo que se pode avaliar até mesmo para a sua substituição ou troca por outra de igual valor e cuidado; razão porque há uma relatividade deste elemento ou bem, uma vez que ele é meio de que se há valer para se obter uma finalidade definida. Sendo meio, pode ser rendido por outro igual em valor e forma; ao suprir, de idêntico modo, a precisão a realizar o fim almejado.

Na afirmação de Kant, quando se refere à dignidade absoluta, ao ressaltar que é uma condição ou razão da existência do homem, trata-se, na verdade, da dignidade da pessoa humana, realçando tal afirmação por ser o homem o ser mais importante do planeta, daí a necessidade de sua proteção extrema, pois cada um tem o seu valor.

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