Métodos e Procedimentos
2.1. Definição da População
2.1.1. Caracterização da Amostra
Na impossibilidade de considerar o universo - Educadores Destacados em Apoio Educativo (EDAE), a trabalhar com crianças dos 0 aos 6 anos e famílias das referidas crianças - tomamos apenas uma amostra, de grupo, por conveniência - EDAE que no ano lectivo de 2001/2002, integram as Equipas de Coordenação dos Apoios Educativos (ECAEs) do Centro da Área Educativa (CAE) do Tâmega e famílias das crianças apoiadas pelos respectivos EDAEs.
O CAE do Tâmega compreende os seguintes concelhos, agrupados por ECAEs:
Tâmega A (Amarante / Felgueiras)
Tâmega B (Baião / Marco de Canaveses) Tâmega C (Lousada / Paços de Ferreira ) Tâmega D (Penafiel / Paredes)
Pela limitação de tempo a amostragem orientou-se por princípios não probabilísticos, formando um grupo constituído pelas equipas já referidos. A figura seguinte apresenta a distribuição das EDAEs
ECAEs Tâmega A Tâmega B Tâmega C Tâmega D Total N.°de
EDAEs 11 11 9 15 46 N.°de
Famílias 11 11 9 15 46
CAPÍTULO II Métodos e Procedimentos
2.2. Instrumentos
Para a realização deste estudo utilizamos os seguintes instrumento:
Para a avaliação do nível de intensidade das práticas centradas na família e do valor atribuído pelos Educadores e pelas famílias às referidas práticas utilizamos a Escala "A Self-Rating of Family-Centered Practices in Early Intervention - Brass-Tacks".4
Esta escala foi desenvolvida no sentido de ajudar a clarificar os programas, as equipas e os profissionais de IP, a determinar até que ponto as suas práticas reflectem uma abordagem centrada na família.
Adaptação da Escala:
A escala foi traduzida e, posteriormente, adaptada às famílias e pilotada na Equipa de Coordenação de Apoios Educativos de Guimarães, aplicando-se o instrumento a cinco Educadores Destacados em Apoio Educativo e respectivas famílias de cinco crianças alvo do referido apoio. Após este procedimento a escala foi adaptada, segundo as sugestões dos educadores e das famílias, eliminando alguns itens de forma a conseguir uma melhor adequação à realidade
portuguesa (Anexo 6).
Estruturação da Escala:
A escala "Brass-Tacks" ficou, então, constituída por 21 itens integrados nas seguintes áreas:
- Área # 1 : Primeiros encontros com as Famílias - 4 itens
- Área # 2: Identificação de Metas para a Intervenção (Avaliação da Criança e Família) - 7 itens
- Área # 3: Planificação da Intervenção para a criança e Família - 5 itens - Área # 4: Prestação de Serviços no dia-a-dia à criança e família - 5
itens
4 A escala, inicialmente construída por Mcwilliam & Winton em 1990 foi adaptada por P. J. McWilliam R. A. & R. A McWilliam em 1993, no Frank Porter Graham Child Developmental Center da Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, NC27599-8180.
CAPÍTULO II Métodos e Procedimentos
As áreas referem-se, num primeiro momento, às práticas dos educadores e, num segundo momento, à importância atribuída, por estes, às referidas práticas. Organiza-se sob a forma de escala de Likert de cinco pontos com os seguintes níveis, na primeira parte: Nunca; Raramente; Às Vezes, e; Frequentemente. Na segunda parte as dimensões apresentam-se como: Não é Importante; Tem Alguma Importância; Importante; Muito Importante, e; Critico.
Na versão adaptada às famílias a escala "Brass-Tacks" apresenta o mesmo formato diferindo, apenas, quanto às práticas dos educadores que, para as famílias constitui a percepção dessas práticas (Anexo 7).
Estruturação do Questionário (Caracterização da Educadora):
O Questionário (Anexo 6) tem como objectivo a caracterização dos inquiridos procurando conhecer a idade o estado civil e o sexo. Pretende-se ainda conhecer a formação, o tempo de serviço total e o tempo de serviço em I.P., bem como o tipo de trabalho que as educadoras realizam. A satisfação profissional e a percepção do trabalho em I.P. constituem dados a averiguar com vista a avaliar a forma como os profissionais se encontram neste serviço.
Estruturação do Questionário (Caracterização da Família):
Com o Questionário (Anexo 7) procuramos conhecer as famílias com as quais as EDAE trabalham. Dados como a idade, o sexo, o estado civil e o grau de parentesco com a criança constituem informações que pretendemos obter com este instrumento. Escolaridade, profissão, situação profissional actual,
rendimentos, tipo de habitação e área de residência são informações a recolher que nos permitem avaliar o Estatuto Sócio-Económico das famílias envolvidas no processo de I.P.. A identificação dos recursos que as famílias dispõem, outra questão colocada às famílias, procura avaliar o sistema de apoio à família.
Estes questionários foram pilotados nas já referidas educadoras da EAE de Guimarães e famílias, às quais se aplicou a escala Brass-Tacks.
No processo de pilotagem, e segundo a opinião dos participantes não se encontrou qualquer, razão que justificasse a alteração da estruturação original dos Questionários.
CAPITULO II Métodos e Procedimentos
2.2.1. Condições de Aplicação dos Instrumentos
O primeiro contacto foi estabelecido com o Centro da Área Educativa (CAE) do Tâmega. Procedeu-se aí, ao levantamento exaustivo das Educadoras Destacadas em Apoio Educativo (EDAE), dos concelhos que compõem este território e nos quais actuam as equipas de Coordenação de Apoio Educativo (ECAEs): Tâmega A - Amarante/Felgueiras; Tâmega B - Marco de Canaveses/Baião; Tâmega C - Paços de Ferreira/Lousada; Tâmega D - Penafiel/Paredes.
A aplicação dos instrumentos foi precedida de contacto com os coordenadores das Equipas de Apoios Educativos (EAE), na tentativa de assegurar uma maior difusão e uma mais elevada taxa de retorno, dos mesmos. As ECAEs estabelecem o elo de ligação com as EDAEs.
No contacto inicial formulamos aos coordenadores o pedido de lançamento dos instrumentos, realçando a sua pertinência no actual contexto. Prestaram-se, ainda, indicações sobre o preenchimento e esclareceram-se algumas dúvidas. Para a devolução das escalas e dos questionários, preenchidos, pelos educadores e pelas famílias foram entregues envelopes endereçados e selados.
Depois de distribuídos e preenchidos os instrumentos, pelos EDAEs a exerceram funções com crianças entre os 0 e os 6 anos e respectivas famílias (um por cada educador) os referidos instrumentos foram devolvidos, através do correio, pelas educadoras.
Verificou-se um retorno total dos instrumentos, o que corresponde a 100%
2.2.2. Procedimentos Utilizados no Tratamento dos Dados
O tipo de abordagem por nós utilizada, para este estudo, permitiu-nos recolher um conjunto de informações sobre os educadores e as famílias de crianças acompanhadas; as práticas de intervenção centrada na famílias, dos educadores especializados e dos não especializados e; a forma como as famílias das crianças acompanhadas pelas referidas educadoras percepcionam essas práticas.
CAPÍTULO II Métodos e Procedimentos
Os instrumentos permitiram-nos ainda recolher o valor que os educadores e famílias atribuem ao modelo de Intervenção Centrada na Família.
A definição do problema, os objectivos preconizados para a investigação, o quadro de referência teórico e as hipóteses delineadas, bem assim como o tipo de instrumentos utilizados, determinaram o tratamento e análise dos dados recolhidos, orientados pelo tipo de escala utilizada (de natureza intervalar e de formato tipo Likert de 5 níveis) e pela natureza das variáveis - variável independente qualitativa, planificada dicotomicamente (Almeida & Freire, 2000) e variável dependente de natureza numérica e contínua.
Para a caracterização, tanto dos educadores como das famílias, situamo- nos apenas a um nível descritivo, assumindo a nossa observação um carácter classificativo.
Procedemos a uma análise estatística paramétrica assumindo a natureza
intervalar da medida da escala. Calculamos médias das práticas, dos educadores, das percepções das famílias acerca dessas práticas e da valorização atribuída ao modelo de Intervenção Centrada na Família, por parte dos educadores e das famílias.
Para saber se as diferenças entre as situações são ou não significativas, tomando em linha de conta todas as características da investigação e tendo como objectivo a comparação das médias dos educadores e famílias obtidas na informação da Escala Brass-Tacks aplicamos o teste estatístico T para calcular proporções de variabilidade total dos resultados devidos, quer à manipulação da variável independente, quer às variáveis irrelevantes, no sentido de podermos confirmar ou rejeitar a nossa hipótese experimental, assumindo a probabilidade de 5% para rejeitar a hipótese nula e aceitar que a hipótese possa ser confirmada.
O tratamento estatístico da informação foi efectuado com o apoio do programa estatístico SPSS para MS Windows Release 11.