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6. MOTIVAÇÃO

6.1 Definições de motivação

Minicucci (1995:215) afirma que a motivação é a força impulsionadora do indivíduo para um objetivo. Há dois tipos de forças: a positiva que leva o indivíduo a se aproximar do estímulo, e a negativa, que o afasta. Nuttin (1969:47), ao analisar a motivação negativa, mostra que o princípio fundamental da teoria energética de Freud consiste em dizer que o comportamento é iniciado pela tendência do organismo de fugir do aumento de estimulação e de tensão. Freud falou primeiro no princípio do desprazer antes de adotar a expressão “princípio do prazer”. Dessa forma, o ponto de partida dinâmico do comportamento é a fuga do desagradável mais do que a busca do prazer, como quer o hedonismo. A motivação, concebida como fuga do desprazer, da ansiedade ou do medo, influi profundamente na teoria da personalidade e da conduta. Ele afirma ainda que certos psicólogos interpretam toda a motivação em termos de ansiedade e cita como exemplo Brown8 que explica que o desejo de dinheiro não é a busca positiva de alguma coisa de que se gosta de possuir, mas, antes, a fuga da ansiedade aprendida que o homem experimenta em face da falta de dinheiro. Desse mesmo ponto de vista saiu a afirmação de Mowrer9 de que a ansiedade é o único móvel fundamental da conduta humana no nível do ego. Nuttin (op. cit.) conclui afirmando que a maioria das pesquisas experimentais a respeito da motivação negativa se refere ao conflito, à influência da punição sobre a aprendizagem, ao processo de aprendizagem, à ansiedade e ao medo.

Uma corrente teórica que muito influenciou os estudos sobre a motivação no trabalho se apóia no conceito da motivação intrínseca. A partir dela, Sawrey e Telford (1976:18) definiram a motivação como uma condição interna relativamente duradoura que leva o indivíduo, ou que o predispõe, a persistir num comportamento orientado para um objetivo, possibilitando a transformação ou a permanência de situação. Bergamini (1990a:30) explica isso de forma mais detalhada, afirmando que a motivação nasce das necessidades intrínsecas e que encontra

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Brown, J. S. Problems presented by the concept of acquired drives. In: Current theory and research in

motivation. A symposium. Lincoln: University of Nebraska Press, 1953, pág. 1-21.

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sua fonte de energia nas emoções. Assim, ela pode ser compreendida como algo interno a cada um. Ela não deve ser confundida com o movimento, que é causado pelas reações aos agentes condicionantes extrínsecos ao indivíduo. Para ela,

Muitos dos pesquisadores que trabalharam sobre o tema da motivação também se esqueceram do caráter da continuidade que lhe é inerente. Jamais se conseguirá estar completamente satisfeito, existirá sempre uma necessidade não satisfeita que organizará ou dirigirá novas condutas motivacionais. A satisfação das necessidades humanas passadas não torna o homem passivo e acomodado à vida; pelo contrário, ela o predispõe a iniciativas mais ousadas rumo à sua auto-realização e, assim, jamais se atinge um estado de plena saciação [...]. Não é possível concretizar todas as necessidades e todas as potencialidades do homem, isto significa que ele terá sempre à sua frente uma nova etapa a ser atingida rumo ao desenvolvimento completo de si mesmo (Bergamini, 1990a:30).

Complementando, Bergamini (1990b:51-52) afirma que há evidências de que o comportamento motivacional é afetado pela área de trabalho, e não pelo nível hierárquico, formação escolar, idade e sexo. Sob o ponto de vista concreto, a motivação é intrínseca, e praticamente nada se pode fazer para motivar ou administrar a motivação dos outros. Sob essa ótica, o que resta a ser feito é facilitar o livre curso da energia motivacional contida no interior de cada pessoa e, ao invés de procurar motivar os empregados, a grande preocupação da gerência deve ser agir de forma a não gerar insatisfação no trabalho e frustrações.

Para Frohman (1996:13), a motivação pode ser definida em termos de algum comportamento externo. As pessoas motivadas exercem um esforço maior para desempenhar uma tarefa do que aquelas que não estão. Sintetizando o trabalho, Vroom (1964:15), ao dar uma definição mais descritiva, afirmou que a motivação seria a disposição de fazer alguma coisa, quando esta coisa é condicionada por sua capacidade de satisfazer alguma necessidade do indivíduo. Conseqüentemente, a motivação é vista como uma força propulsora, cujas origens se encontram na maior parte do tempo escondidas no interior do indivíduo. É a motivação intrínseca, e se aplica às pessoas de uma maneira geral, tanto para ações no trabalho quanto fora dele.

Para Lawler III (2000b:79), que ampliou o trabalho de Vroom, a motivação no trabalho é função da importância da recompensa e do grau que as recompensas estão vinculadas a um desempenho ou comportamento específico. A motivação no trabalho foi também definida por Schermerhorn Jr et al.(1999:86) como sendo as forças dentro de uma pessoa responsável pelo nível, direção e persistência de esforço despendido no trabalho. Nessa definição, o nível é a quantidade de esforço que a pessoa emprega, isto é, quão duro trabalha (por exemplo: muito

ou pouco); a direção é o que a pessoa opta por fazer quando está frente a grande número de opções possíveis (por exemplo: se vai empregar o esforço visando à qualidade ou à quantidade do produto); e persistência se refere a quanto tempo a pessoa continua numa determinada ação (por exemplo: desiste se está difícil ou continua tentando).

Outra abordagem nessa mesma linha foi apresentada DeCenzo e Robbins (2001:60), que afirmam que a motivação do empregado no trabalho é a disposição do indivíduo em exercer um esforço para alcançar os objetivos da organização, condicionada pela capacidade desse esforço para satisfazer também as necessidades individuais. A necessidade individual reflete algum estado interior

que faz com que certo resultado pareça atraente. As pessoas podem ser motivadas tanto pelas

recompensas dadas pela organização quanto por recompensas intrínsecas que cada um dá a si próprio. Há grande motivação quando, simultaneamente, as pessoas realizam tarefas que lhes recompensam intrinsecamente, há um bom desempenho e há reconhecimento e dinheiro como recompensa. Esse é o caminho para que as pessoas consigam satisfazer suas necessidades sob a ótica do trabalho.

Esses pressupostos que representam a linha teórica da definição da motivação no trabalho nortearam a investigação de pesquisadores. Os resultados das pesquisas publicados ao longo dos anos podem ser agrupados segundo diversos critérios ou correntes de pensamento. Um bom exemplo desta divisão está nos que apontam ser a motivação intrínseca e nos que a consideram extrínseca. Neste trabalho, a linha adotada para sintetizar o que efetivamente contribui para motivar as pessoas no trabalho estão apresentadas segundo os principais elementos presentes em um plano de remuneração variável.