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Gestão de Turismo, Inteligência Territorial e Gestão do Conhecimento. Dentre elas, ela se aprofunda, respectivamente, nos temas da Gestão de Destinos Turísticos, da Observação Territorial e do Desenvolvimento Baseado em Conhecimento.

Em se tratando da Gestão de Destinos Turísticos, o estudo parte do Sistema Turístico de Leiper (1990), escolhido por sua adequação às diferentes escalas geográficas e por sua fácil compreensão, para, a partir dele, adotar a concepção de Swarbrooke (2000) quando ele trata da distribuição espacial da ocorrência das empresas vinculadas direta ou indiretamente ao turismo. A vinculação das empresas turísticas com os destinos que elas operam (VAZ, 1999; WEIRMAIR, 2004; BENI, 2007; CHEN et al., 2012) também foi considerada e, como consequência disso, foram avaliadas as relações de interdependência existentes entre os atores de um destino conforme as pesquisas de autores como Weirmair (2004), Mayer (2009), Beni (2012) e Brooker e Joppe (2014).

Nessa direção, a importância da colaboração entre os atores envolvidos na produção turística (JAMAL; GETZ, 1995; BRAMWELL; SHARMAN, 1999; HALL; WILLIAMS, 2008; BUDEANU, 2012; ZACH, 2012; SEWERYN, 2014), os comportamentos dos atores (NADJA-JANOSZKA; KOPERA, 2014), o papel da comunicação interorganizaconal nos destinos turísticos (MICHELON, 2003) e a implantação de observatórios de turismo com a finalidade de promover a gestão do conhecimento nos destinos turísticos (VARRA; BUZZIGOLI; LORO, 2012; VARRA, 2012) se tornaram aspectos relevantes considerados no âmbito do estudo.

Depois de debater a importância das iniciativas que visam a ampliação do conhecimento dos atores nos destinos turísticos, o estudo transferiu seu foco para a literatura da área de Gestão do Conhecimento. Nessa temática, a pesquisa foi fundamentada inicialmente nos processos de criação e difusão do conhecimento com base em autores como Polanyi (1966), Nonaka e Takeuchi (1997), Nonaka, Toyama e Hirata (2011). Disso ela avança para a discussão das relações existentes entre o conhecimento e as organizações, incorporando as concepções de autores como Daft e Weick (1984) e Grant (1996) da teoria organizacional do conhecimento.

Já seguindo em direção ao contexto do objeto de estudo dos observatórios de turismo, foi constatado que o reconhecimento antecipado das mudanças do ambiente pode gerar vantagens competitivas para as organizações (ANSOFF, 1975) e que a maior presença de indivíduos com conhecimentos diversificados permite ampliar a capacidade interpretativa das organizações no processo de compreensão de seus

entornos (WHEATLEY, 1999).

Nesse contexto, a abordagem do Desenvolvimento Baseado em Conhecimento foi utilizada ao se considerar que os observatórios de turismo atuam em nível de desenvolvimento social por meio do conhecimento. O Sistema de Capitais do Conhecimento (CARRILLO, 2002) foi adotado como suporte principal para o estudo por causa de sua adequação para análise do objeto de estudo. Esta opção decorreu da sua concepção sistêmica e integradora de elementos materiais e simbólicos (CARRILLO, 2002; 2014); da sua clareza para aplicação e da apropriabilidade que apresenta para realização de estudos de processos de desenvolvimento em situações como as que se identificam nos destinos turísticos.

Considerando o papel exercido pelos observatórios de turismo nos destinos, a pesquisa se concentrou principalmente no conceito do Capital de Inteligência (OLAVARRIETA; RODRIGUEZ, 2014; OLAVARRIETA; CARRILLO, 2014). Este conceito foi articulado com a perspectiva da Inteligência Territorial (CAENTI, 2016), a qual por sua vez se expressa por meio da Observação Territorial (DE SÉDE- MARCEAU; MOINE, 2009) e das suas estruturas e dispositivos de observação que são denominados de observatórios (GIL; FERNANDÉZ; HERRERO, 2015).

Ao adotar a Inteligência Territorial como um dos suportes teóricos, o estudo teve como premissa que os destinos turísticos se configuram como sistemas territoriais, e que, nesse sentido, a Inteligência Territorial pode fornecer subsídios para a melhoria da sua performance (GIL; FERNANDÉZ; HERRERO, 2015). Com esse entendimento o estudo adota autores como Ortoll (2012) e Peña (2013) para compreender a Inteligência Territorial e a De Sède-Marceau e Moine (2009) e Signoret (2011) para compreender as finalidades, as características e as práticas dos processos de Observação Territorial. Também buscou contextualizar o surgimento de observatórios nos Estados Unidos (MURPHY, 1971; BARNES, 1974; DINER, 2017), assim como conhecer de que forma esse processo se desenvolveu na França, país referência nesse campo, por meio principalmente dos estudos de Lenormand (2011), Roux; Feyt (2011) e Chebroux (2015).

A partir disso se discutiram fatores disseminadores dos observatórios em nível internacional (ORTEGA NURER, 2010; DA SILVA et al., 2013); como eles foram definidos (ANGULO MARCIAL, 2009; LENORMAND, 2011; MORALES, 2011; ROUX; FEYT, 2011; GIL, FERNANDÉZ; HERRERO, 2015) e como poderia ser a caracterização deles no contexto das gerações do Desenvolvimento Baseado em

Conhecimento (CARRILLO, 2003); as suas finalidades (BAGDAHN,2012) e tipologias (BOUSSET, 2003; ROUX; FEYT, 2011; BAGDAHN, 2012, CHEBROUX, 2015).

No que diz respeito ao objeto de estudo, a pesquisa focou nos observatórios de turismo e sobre isso apresenta o contexto de surgimento dos primeiros observatórios de turismo do mundo (DESPONTIN, 1989), sua implantação em nível internacional (FIDEGOC; OLACT, 2013; BREGOLIN; FACHINELLI, 2016; VELÁSQUEZ; ALCOCER, 2017; BREGOLIN; FACHINELLI, 2017) e a produção científica sobre o tema, assim como a discussão da sua natureza conceitual (VALERO et al., 2013). Além disso, debateu a confusão conceitual e operacional existente sobre os Observatórios de Turismo que justificou este tipo de estudo (BREGOLIN, 2015). Com base nesse arcabouço teórico foi possível construir o esquema de concepção geral do estudo apresentado na Figura 1.

Figura 1 – Concepção geral do estudo

Fonte: Elaboração do Autor (2016).

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para uma melhor compreensão da pesquisa são apresentados a seguir os conceitos e os pressuposto teóricos que a orientaram. Estes iniciam com a contextualização do setor de turismo e as características da gestão de destinos turísticos, avançam para a influência do conhecimento e da colaboração sobre a competitividade e a sustentabilidade dos destinos para em seguida discutir os aspectos relacionados a criação do conhecimento, sua gestão e seu papel no processo de desenvolvimento; o sistema de capitais e o capital de inteligência; a inteligência territorial, a observação territorial, os observatórios e, por fim, os observatórios de turismo, objeto de estudo desta pesquisa.