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3.1.1 Abordagem e estratégia da pesquisa

O delineamento metodológico norteador de uma pesquisa requer apontar os conceitos fundamentais ou as categorias centrais para inteligibilidade, bem como pensar as formas de identificar tais relações no fenômeno observado (Morin, 2000). A abordagem metodológica do problema desta pesquisa é de natureza quantitativa e qualitativa, nas etapas de coleta e análise de dados, conforme proposto pela abordagem de redução sociológica de Guerreiro Ramos (1996). Ramos (1996) aponta a necessidade de observar os fenômenos a partir do equilíbrio de técnicas e métodos tanto quantitativo, quanto qualitativo. Para Ramos (1996) a análise de fenômenos sociais exige uma visão ampliada que pode ser adquirida a partir de diferentes formas de observação e análise, daí, a busca por diferentes tipos de métodos, de natureza qualitativa e quantitativa, permitem uma compreensão mais próxima da realidade do fenômeno, pois para o autor, a pesquisa social sempre é uma aproximação. Ao analisar a questão do desenvolvimento, o autor identificou que não era suficiente analisar os fenômenos apenas do ponto de vista quantitativo sem considerar a “multiplicidade de estratos” que permeia especialmente as sociedades periféricas (Ramos, 1996, p. 140). Para o autor não é seguro analisar um contexto a partir de perspectivas reducionistas que conduziriam a uma ”falsa compreensão” da realidade (Ramos, 1996, p. 144). Nesse sentido, o autor aponta a complementariedade de técnicas e métodos quantitativos e qualitativos como meio para aproximar-se dos fenômenos sociais e aprimorar o pensar sociológico.

A coleta de dados da etapa quantitativa foi operacionalizada através da utilização de dados de duas fontes de dados, uma primária, outra secundária. A fonte secundária é constituída por base de dados mapeada no Brasil nos anos de 2010 a 2013 pelo Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária [SIES] da Secretaria Nacional de Economia Solidária [SENAES], abrangendo uma amostra de 19.708 empreendimentos econômicos solidários. Os dados primários foram coletados a partir da aplicação de um questionário estruturado formatado em escala Likert de cinco posições junto às mulheres empreendedoras que compõem a Rede Economia Solidária e Feminista no estado do Ceará, seguindo a orientação teórica das propostas de práticas organizacionais femininas de Martin (1993, 2003) e do modelo tridimensional de justiça de gênero de Fraser (2002). Os dados da fonte secundária serviram de base para uma análise exploratória da condição da mulher na ES e os

dados primários foram analisados através da estatística multivariada, onde forma realizadas uma Análise Fatorial e uma Análise de Regressão Múltipla, utilizou-se como ferramenta estatística o software SPSS (Statistic Package for Social Science). Dessa forma, a utilização da abordagem quantitativa, foi instrumental e complementar na observação do fenômeno (Collis e Hussey, 2005; Cooper e Schindler, 2003; Hair et al, 2009; Ramos, 1996).

A coleta de dados da etapa qualitativa foi realizada através de duas fontes. A primeira da realização observações em campo desde 2016, em reuniões e dinâmicas de organização das mulheres no cotidiano da gestão dos empreendimentos, conforme a proposta de Marconi e Lakatos (2010). A segunda fonte de dados qualitativos são as entrevistas semi-estruturadas realizadas junto às mulheres que compõem a Rede Economia Solidária e Feminista no estado do Ceará, conforme roteiros elaborados a partir das construções teóricas realizadas nesta pesquisa, conforme propõe de Creswell (2007). Os dados qualitativos foram analisados sob a perspectiva da história oral a fim de aproximar-se da realidade do contexto das mulheres da RESF, conforme proposta de Meihy (2002), Meihy e Holanda (2007) e Meihy e Ribeiro (2011).

Os dados e análises das etapas quantitativa e qualitativa, complementares na observação das práticas feministas de autogestão no contexto da ES, foram triangulados de forma a fornecer uma aproximação e compreensão do fenômeno observado, de forma a fornecer uma maior aproximação do fenômeno e a compreensão para o atingimento dos objetivos propostos para pesquisa de tese, aproximando-se do fenômeno observado, buscou-se principalmente identificar convergências de resultados, complementações e divergências, conforme proposta de Ramos (1996), Creswell (2007), Stake (1995) e Flick (2009). (Collis e Hussey, 2005; Cooper e Schindler, 2003; Creswell, 2007; Ramos, 1996). Dessa forma, para a compreensão das etapas metodológicas desta pesquisa que objetiva analisar a realidade das práticas de gestão das mulheres no contexto da Rede Economia Solidária e Feminista [RESF], é pertinente recorrer a uma combinação variada de métodos: a) Pesquisa bibliográfica; b) Pesquisa documental; c) Questionários estruturados; d) Entrevistas semi-estruturadas; e e) Observação direta (Diários de campo). Portanto, as etapas quantitativa e qualitativa, conjuntamente, oferecerão base para a análise do fenômeno das práticas feministas de autogestão no contexto da ES, especificamente nos empreendimentos da RESF.

Diante das diversas possibilidades de examinar a articulação entre os contextos e as práticas das mulheres nos empreendimentos da Rede Economia Solidária e Feminista (RESF), como pretendido nesta pesquisa, considera-se imprescindível ter em vista a pluralidade dos movimentos e teorias feministas. Desde as primeiras reivindicações das mulheres pelo direito ao voto até a busca pela perspectiva da mulher subalterna, o pensamento feminista busca realizar as críticas necessárias para elaborar suas construções, nesse sentido, cada escola da teoria feminista, desde a liberal até a (pós)colonialista, estão atreladas às demandas sociais de determinados grupos e contextos históricos. Os avanços advindos das teorias feministas articulam diversas demandas e perspectivas das mulheres, contudo, os pressupostos básicos da crítica feminista são a desigualdade de condições das mulheres e a busca por uma reforma ou transformação do status quo (Calás e Smircich, 2014). A pesquisa utilizará alguns conceitos propostos pelas abordagens feministas radical e pós-estruturalista, contudo, sob o enfoque principal da abordagem feminista (pós)colonialista, que, mesmo divergindo em alguns pontos daquelas perspectivas, apresentam pontos de complementaridade necessárias à discussão sobre as práticas das mulheres inseridas no contexto da Economia Solidária. As críticas residem em uma percepção de que o pensamento pós-estruturalista é elitista e inacessível para discutir a questão da mulher subalterna (Calás e Smircich, 2014). Entretanto, as críticas também consideram o pós-estruturalismo uma dérmache importante para o desenvolvimento dos estudos feministas pós-colonialistas, visto que são abordagens que iniciaram o deslocamento do ponto de vista para o contexto de mulheres fora dos âmbitos centristas. As correntes feministas pós-estruturalistas são precursoras em questionar o essencialismo e a universalidade do ponto de vista e experiências das mulheres, considerando que não existe a possibilidade de uma representação geral e única da mulher, bem como inserem a crítica à forma como o conhecimento é elaborado, desconstituindo a subjetividade em nome de uma pretensa objetividade (Fraser, 2001, 2002, 2003). Ainda que inicialmente não tenha aproximado sua reflexão do ponto de vista da mulher subalterna, as correntes pós- estruturalistas iniciam um debate que foi empreendido pelas abordagens (pós)colonialistas. As teorias feministas pós-colonialistas, a partir do questionamento da visão única, partem para a observação das experiências e perspectivas dos não privilegiados, os que estão na periferia e à margem das discussões centrais até a pós-modernidade, e, que além do gênero, aproxima-se dos recortes de raça, classe, etnia e geração (Bhabha, 1990, 1998; Costa e Ávila, 2005; Lugones, 2007; Mohanty, 2003, 2006; Spivak, 2010). Nos estudos organizacionais o debate sobre a questão da mulher é voltado para o mundo do trabalho, do espaço público produtivo, neste espaço, as desigualdades de condições são mais perceptíveis, ainda que disfarçadas pela

retórica do empoderamento a mulher (Santos, 2017). No que se refere aos estudos organizacionais, tanto o pós-estruturalismo quanto o (pós)colonialismo buscam a subjetividade da mulher em contextos periféricos, a primeira os aspectos os espaços organizacionais de poder e liderança, e a partir daí, desconstruindo a aparente igualdade de gênero e condições nas organizações formais, a segunda, buscando identificar as subjetividades da mulher subalterna, que enfrenta outros tipos de desafios, frequentemente ligadas a movimentos sociais e extratos populares marginalizados. A utilização de conceitos das duas abordagens requer um processo de hibridização capaz de romper com as categorias binárias que visam hierarquizar o pensamento feminista, criando fronteiras entre as teorias, quando, na verdade, o desenvolvimento de ambas depende de uma abordagem que explore as lacunas na produção do conhecimento sobre a questão da mulher em sociedades periféricas. O anseio do (pós)colonialismo em romper com a abordagem pós-estruturalista encontra obstáculos ontológicos e epistemológicos, dilema enfrentado também no debate entre outras escolas. Portanto, afastando-se de dicotomias e particularismos, essa pesquisa realiza a adequação ao contexto, como propõe Ramos (1989) em seu método da redução sociológica, utilizando-se dos conceitos que aderem à realidade do fenômeno, e desconsiderando o que não se adere. Conquanto se utilize conceitos das duas abordagens, a pesquisa se deterá sob as visões (pós)colonialistas, que observam com maior propriedade as experiências das mulheres em espaços periféricos como o contexto da Economia Solidária.

Dessa forma, na busca por investigar as práticas de gestão de mulheres em empreendimentos da ES, esta pesquisa considera aportes das teorias feministas que abrangem o contexto em que essas mulheres vivem e as dinâmicas de redistribuição, reconhecimento e representação das mesmas. Portanto a opção por autoras do feminismo pós-estruturalista e autoras do feminismo (pós)colonialista, visa alcançar uma interpretação das práticas de gestão que esteja o mais próxima possível da realidade daquelas mulheres. Os desafios a serem identificados partem de reflexões sobre o campo epistemológico, considerando-se os processos de construção de conhecimento consoante às críticas ao colonialismo e à dominação ontológica e epistemológica centrista. Busca-se reconhecer em que sentido os aportes presentes na produção acadêmica feminista trazem ontologias (pós)coloniais e em que sentido tais aportes são apropriados neste contexto, e tomando consciência das críticas à impossibilidade de fala do subalterno (Spivak, 2010). Considerando que o objetivo geral da pesquisa é investigar como as práticas das mulheres na Rede Economia Solidária e Feminista refletem a racionalidade substantiva de uma gestão feminista e se concretizam como um modelo exequível em organizações produtivas e a partir das construções desenvolvidas ao

longo do suporte teórico e os aspectos conceituais relacionados aos objetivos da pesquisa, foi possível conceber as seguintes hipóteses a serem avaliadas estatisticamente:

H1) A implementação da redistribuição depende de práticas feministas de gestão. H2) A implementação do reconhecimento depende de práticas feministas de gestão. H3) A implementação da representação depende de práticas feministas de gestão. Ressalta-se que o teste das hipóteses serve ao atendimento do objetivo específico (i), que é identificar e analisar o nível relacionamento das práticas feministas de autogestão empregadas pelas mulheres com as dimensões de justiça de gênero (redistribuição, reconhecimento e representação. Conforme exposto na seção teórica, a abordagem tridimensional da justiça de gênero de Nancy Fraser e as proposta de práticas feministas de gestão de P. Y. Martin relacionam-se em virtude de uma agenda comum, contudo, existe a necessidade de identificar se tais perspectivas aderem ao contexto da Economia Solidária e Feminista, visto que tratam-se de perspectivas elaboradas em outros contextos de práticas. As reflexões que emergem da discussão sobre as práticas das mulheres nas organizações e na sociedade não se limitam apenas à questão do gênero, como concluem Calás e Smircich (2007) e Segnini (2007), trata-se de uma agenda que se amplia para a busca por uma justiça de gênero que se reflita nas práticas sociais. De fato, é necessário certo amadurecimento das organizações que desejem adotar as práticas feministas, no caso dos empreendimentos da ES Feminista autogeridos por mulheres, as hipóteses propostas visam atender especificamente ao primeiro objetivo específico da pesquisa, que é identificar e analisar o nível relacionamento das práticas feministas de autogestão empregadas pelas mulheres nos empreendimentos com as dimensões de justiça de gênero, contudo, também complementará o atendimento e compreensão dos outros objetivos elencados no estudo. A partir dos estudos de Martin (1993, 2003), é possível compreender que existem práticas de gestão específicas que são empreendidas pelas mulheres, e que podem ser tomadas como ponto de partida para a discussão sobre como se desenvolvem as práticas feministas de autogestão dos empreendimentos que compõem a RESF no Ceará.

3.1.3 Definição das dimensões e categorias de análise

Este estudo apresenta as seguintes categorias analíticas, que, a partir das inserções teóricas, auxiliaram na construção e condução dos instrumentos de coleta de dados, tantos quantitativos quanto qualitativos:

a) Organizações substantivas: norteadas por princípios logicamente inter-relacionados, primazia da ação coletiva, respeito às diferenças individuais, busca de equilíbrio entre homem e organização, ação calcada em identidade de valores (Serva, 1996; Ramos, 1989);

b) Autogestão: organização administrativa democrática, onde o conjunto de trabalhadores participam tanto das atividades relacionadas à produção quanto dos processos de tomada de decisão (Singer, 2008; Vieta, 2015);

d) Justiça de gênero: dimensão da justiça social voltada para a emancipação das mulheres em suas dinâmicas sociais, busca a redistribuição em termos de recursos e oportunidades, o reconhecimento das experiências e práticas das mulheres e representação nos espaços de decisão (Fraser, 2001, 2002);

e) Redistribuição: visa principalmente, uma nova apresentação da divisão do trabalho e a redistribuição de renda. Empiricamente foi verificado por meio de entrevistas em profundidade, observação e dados secundários como se manifesta a divisão do trabalho e a redistribuição de renda entre membros organizacionais de gêneros diferentes. Além disso, procurar-se a reconhecer o entendimento de justiça em relação à diferença de gênero no caso estudado (Fraser, 2002).

f) Reconhecimento: é classificado por um modelo de status, em que se exige o reconhecimento às condições dos membros do grupo como parceiros integrais na participação social. Empiricamente foi verificado, por meio de entrevistas em profundidade, observação e dados secundários, como se expressa a participação dos membros organizacionais no processo produtivo como um todo e se existe acessibilidade dos agentes à diferentes processos (Fraser, 2002).

g) Representação: é a preocupação da valoração do gênero através da mudança social política, em que as divisões das áreas de poder se configuram como não excludentes. Empiricamente foi verificado, por meio de entrevistas em profundidade, observação e dados secundários, como o poder está distribuído na organização e como este permite a representação gêneros distintos (Fraser, 2002);

h) Práticas feministas de gestão: formas alternativas de gerir organizações baseando-se em práticas que buscam o reconhecimento do papel da mulher na gestão, questiona a divisão sexual do trabalho, e busca a emancipação das mulheres e resultados transformadores interna e externamente ás organizações (Martin, 1993, 2003);

i) Organização feminista: organização orientada por uma gestão participativa onde o poder e o controle são compartilhados como responsabilidade e não como autoridade,

tencionando a emancipação dos que participam dos processos produtivos (Martin, 1993, 2003).

Tais conceitos mediaram a escolha do paradigma epistemológico da pesquisa, a confecção dos instrumentos de coleta quantitativos e qualitativos, bem como a análise dos dados coletados. Segue quadro com o sumário das variáveis utilizadas para a análise quantitativa.

Quadro 02: Sumário de dimensões e respectivas variáveis

Dimensões Variáveis Descrição

Redistribuição

red1a Para você existe desigualdade de condições entre mulheres e homens.

red1b O trabalho doméstico é dividido em sua casa.

red1c Você é responsável pela maior parte da renda familiar. red1d Você percebe que como mulher acumula muito mais trabalho. red1e Você percebe que ser mulher é uma vantagem na sociedade. red1f Você trabalha mais por amor que por dinheiro.

Reconhecimento

rec2a Seu trabalho no EES é reconhecido pela família. rec2b Seu trabalho no EES é reconhecido pela comunidade. rec2c Você percebe que seu trabalho é importante para a sociedade. rec2d Você sente que sua voz é ouvida.

rec2e Você sente que suas ações são modelo para outras mulheres. rec2f Você se sente como parte da sociedade.

Representação

rep3a O EES tem apoio de políticas públicas.

rep3b Para você o governo se preocupa com a questão da mulher. rep3c Para você deveriam existir mais mulheres no governo.

rep3d A questão da mulher na política é discutida no empreendimento. rep3e As mulheres do EES também são líderes em suas comunidades. rep3f As mulheres recebem formação técnica e sociopolítica.

Pergunta pela questão da mulher

quest1a O EES tem normas, políticas e práticas que valorizam a mulher. quest1b Você é estimulada a participar da gestão do empreendimento. quest1c O trabalho doméstico e de cuidados é reconhecido.

Utiliza a razão prática feminista

razao2a Os problemas do empreendimento são discutidos em conjunto. razao2b Os dilemas são solucionados de acordo com a situação. razao2c A visão feminina permite alternativas diferentes de trabalho. Promove maior

conscientização

consci3a O empreendimento valoriza a mulher no trabalho e na economia. consci3b O EES valoriza as experiências pessoais das mulheres.

consci3c O diálogo e a colaboração são práticas comuns no EES. Promove laços

comunitários e cooperativos

coope4a O empreendimento promove a cooperação com a comunidade. coope4b Você percebe que o coletivo é mais importante que o individual. coope4c A cooperação é uma forma de valorizar o seu trabalho.

Promove democracia e participação

democ5a As decisões no empreendimento são tomadas democraticamente. democ5b Você identifica mais colaboração que exercício de poder. democ5c Você se sente capaz de participar da gestão do empreendimento.

Promove o empoderamento dos subordinados (visão do poder como obrigação)

empod6a Você é encorajada a aprender e a crescer. empod6b Você é levada a tomar decisões.

empod6c Você se sente responsável pelo empreendimento. Valoriza a preocupação

com o outro e os cuidados mútuos

cuida7a Você se preocupa com o outro no ambiente de trabalho. cuida7b Suas necessidades fora do trabalho são compreendidas no EES. cuida7c O cuidado com o outro é uma das preocupações no EES. Luta por resultados

transformadores

transf8a Você percebe transformações pessoais positivas com o seu trabalho.

transf8b Você se sente capaz de contribuir no EES e na comunidade. transf8c A sociedade hoje se preocupa mais com a questão da mulher.

Fonte: Elaborado pela autora com base em Fraser (2001, 2002) e Martin (1993, 2003)

3.1.4 Caracterização das organizações pesquisadas

Segundo mapeamento nacional realizado pela SENAES (2014) entre os anos de 2010 a 2013, a ES abrange 19.708 empreendimentos no Brasil. Destes 19.708 empreendimentos em funcionamento, 7.633 apresentam mulheres como maioria, e 2.874 destes empreendimentos são organizados apenas por mulheres. A Rede de Economia Solidária e Feminista mapeou iniciativas de mulheres, em nove estados nas cinco regiões do país: RS, PR, SP, RJ, DF, PA, CE, RN e PE. O projeto atual vai em frente, visando o fortalecimento da Rede e sua articulação produtiva por segmentos e/ou arranjos locais, desenvolvendo o assessoramento para gestão e comercialização. Assim, busca dar visibilidade e reconhecimento ao trabalho das mulheres, contribuindo com sua autonomia econômica. Também tem como objetivo avançar na construção de indicadores para a economia feminista e nas articulações com as políticas públicas de diversas áreas, compondo estratégias de desenvolvimento local para a sustentabilidade dos empreendimentos em rede. A RESF atualmente abrange 29 redes, contando um total de 222 empreendimentos no país.

Fonte: Sítio Ecosol Feminista (Disponível em http://www.ecosolfeminista.com.br/) Figura 03: Mandala de organização da RESF nacional e redes locais

Fonte: Dados documentais da pesquisa (Documento de Planejamento Estratégico fornecido pela representante da RESF)

No estado do Ceará, a Economia Solidária é composta, segundo mapeamento da SENAES, com 1.390 empreendimentos econômicos solidários em funcionamento, distribuídos em área urbana e rural, organizadas na Rede Estrela de Iracema. A Rede Economia Solidária e Feminista [RESF], amostra da presente pesquisa, atua em 26 empreendimentos formados por mulheres. Os empreendimentos onde a RESF atua, no Ceará, operam nas áreas de artesanato, confecção, agricultura ecológica e familiar e alimentação (RESF, 2016).

Fonte: Sítio Ecosol Feminista (Disponível em http://www.ecosolfeminista.com.br/)

Ressalta-se que, ainda que atue nos 26 empreendimentos, a RESF, oficialmente, conta com 16 empreendimentos, assinalados no quadro seguinte, que foram objeto da análise qualitativa. Observa-se, ainda, que a RESF, no Ceará, atua, por enquanto, apenas em empreendimentos que em funcionamento em Fortaleza. Assim, para a pesquisa quantitativa, foi considerada toda a amostra completa, informada no quadro a seguir, visto que a RESF do ponto de vista funcional agrega todos estes grupos (as ações como oficinas, reuniões e outras reúnem os diversos grupos, a divisão ocorreu apenas do ponto de vista oficial em virtude de mudanças estruturais na política pública de fomento. A pesquisa quantitativa permitirá observar e comparar as observações realizadas do ponto de vista da rede e do grupo maior de empreendimentos.

Quadro 03: Empreendimentos nos quais a RESF atua no Ceará

Empreendimento Localidade Área Associadas Responsável

Aarte - Artesanato em geral. 10 Angelice

AFAF - Artesanatos em geral. 21 Ana Lúcia

Arte e Cia (desde 2004)*

Álvaro Wayne

Artesanatos em geral: bonecas de pano e temáticos, bolsinhas infantis, tiaras e laços