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2. DEMOCRACIA REPRESENTATIVA, LIBERALISMO E

2.3. Democracia burguesa: o sistema representativo segundo John

Na esteira da narrativa das construções contratualistas, Stuart Mill inicia suas considerações ao sistema representativo, recordando que as instituições políticas são construção humana que dependem do arbítrio humano para que

se dirijam a qualquer direção e propósito. Seu pressuposto é que a máquina política requer participação. Ao povo caberá dar-lhe suporte para que funcione bem ou a ela se opor quando não. A resistência ou apoio estão na manifesta destinação dos atos, não às instituições.

Stuart Milll afirma que a forma de governo não é o ponto central do sucesso de uma nação ou do bem-estar de seu povo, mas o que realmente importa é a finalidade do poder exercido. A forma de governo poderia variar conforme o estágio de desenvolvimento de cada povo: “o melhor governo para cada povo é aquele mais propenso a lhe suprir a falta que o impede de avançar ou faz com que avance tropegamente” (MILL, 2018:55).

Embora com outro aspecto, Mill argumenta que a participação do povo é condição fundamental para sustentar a coesão da sociedade. Um povo desinteressado ou sem espírito público não está apto a um governo livre, pois é incapaz de preservá-lo. Um povo que não coopera com a lei e não se revolta com injustiças, não deveria ser governado sob a mesma forma que outro povo que contribuísse com sua aplicação.

Desde esses primeiros dizeres, fica claro, na proposição de Mill, que o povo deve ser considerado elemento ativo e de qualquer governo, seja ele de um, poucos ou muitos. Sua defesa, no campo ideal, está voltada para o governo de muitos (democracia formal), em favor de todos (democracia substancial), cujos ocupantes deveriam ser escolhidos por meio de eleições livres, iguais e regulares (democracia processual), e mediante representação proporcional.

As funções próprias de um governo não são fixas, mas variam nos diversos estados da sociedade. Diz-se que um governo preserva a ordem se ele consegue se fazer obedecer, o que é um requisito para que possa alcançar algum outro propósito. Ordem significa a preservação da paz pela cessação da violência de caráter privado, e expressa uma das condições do governo, a preservação de todos os tipos e graus de bem que já existem. Portanto, todas as qualidades num governo que tendem a incentivar a atividade, a energia, a coragem e a originalidade são requisitos ao avanço e permanência. Permanecer é ora avançar, ora impedir o retrocesso. Sem avanço, sem melhoria, a vida continuaria a ser uma luta incessante contra as causas de deterioração (MILL, 2018:37-43).

Uma das formas de impedir o retrocesso está nas instituições, as quais devem ser regidas por regras de procedimento cuja eficácia seja capaz de garantir os fins da justiça. Ao fortalecer as instituições e formata-las democraticamente, ao mesmo tempo em que se bloqueia o ímpeto de governantes autoritários tendentes à centralização, é aberto espaço para que o diálogo, participação e oposição de ideias se faça presente em diversos níveis. Contudo, conforme já referido, John S. Mill aponta que o povo deve participar ativamente do controle da sociedade, sem deixar ser governado ao acaso. Tanto a participação quanto o bom governo estimulam o povo ao desenvolvimento do bem comum, ao avanço, ao progresso. A participação desenvolve virtudes superiores, como preceituava.

Todo governo que pretende ser bom é uma organização de uma parte das boas qualidades existentes nos membros individuais da comunidade para a condução de seus assuntos coletivos. Uma Constituição representativa é um meio de fazer com que o padrão geral de inteligência e honestidade existente na comunidade, bem como a virtude e o intelecto individual de seus integrantes mais sábios, atuem mais diretamente sobre o governo e um meio de lhes dar uma influência maior sobre ele do que teriam em qualquer outro modo de organização” (MILL, 2018:48).

Um povo que tenha as leis mais justas, a magistratura mais impoluta e eficiente, a administração mais esclarecida, o sistema financeiro mais equitativo e menos oneroso, compatíveis com o estágio de avanço moral e intelectual em que se encontra, estaria num bom caminho para avançar logo para um estágio mais elevado. Se a máquina institucional é tão mal construída que as instituições realizam mal suas próprias tarefas específicas, o efeito se faz sentir de mil maneiras, diminuindo o grau de moralidade e amortecendo a inteligência e atividade do povo (MILL, 2018:49-50).

No entanto, o modelo apontado como ideal seria a democracia representativa. Mill reforça que são o interesse e participação do povo que constroem a melhor constituição: “se a pessoa não tem nada a fazer pelo país, desinteressa-se por ele” (MILL, 2018:62).

Enquanto o despotismo configura a representação autorizativa, segundo a qual “todas as reflexões relacionadas aos interesses coletivos são feitas em seu lugar, e as mentes são formadas por essa renúncia consentida a suas

próprias energias” (MILL, 2018:62), a democracia parlamentar configura a forma mais elevada de representação.

Isso sugere porque nenhum monarca seria capaz de agir sempre em favor do povo e de acordo com o esperado e desejado por seus súditos. Se assim o fizesse não seria mais déspota, mas rei constitucional. Mesmo laborando em atos justos, ao monarca somente seria dado permanecer nessa relação por determinado espaço de tempo, sob pena de impedir o livre exercício de liberdade pela nação, mais um dos seus pressupostos.

Não há nenhuma dificuldade em mostrar que a melhor forma ideal de governo é aquela em que a soberania, ou poder controlador em última instância, pertence ao conjunto inteiro da comunidade, em que todo cidadão não só tem voz no exercício dessa soberania última como também é chamado, pelo menos de vez em quando, a participar efetivamente do governo com o desempenho de alguma função pública, local ou geral (MILL, 2018:66).

“Os seres humanos só têm segurança contra o mal de terceiros na medida em que têm o poder de se proteger e protegem a si mesmos” (MILL, 2018:67). Quando o poder reside numa classe exclusiva, essa classe irá deliberar para si mesma: basta dizer que o interesse dos excluídos corre o risco constante de passar despercebido quando ausentes seus defensores naturais e, quando percebido, é com olhos muito diferentes das pessoas diretamente interessadas. Uma condição inerente aos assuntos humanos é que nenhuma intenção de proteger interesses alheios, por sincera que seja, é capaz de transformar esse aprisionamento em algo seguro ou salutar. Uma verdade ainda mais evidente é que apenas com as próprias mãos é possível realizar qualquer melhoria real e duradoura nas condições de vida (MILL, 2018:68-69).

Ao avaliar uma ação específica, a primeira medida consiste em verificar se ofende ou tem potencial de ofender os direitos dos outros. Se a resposta for negativa, então a ação estará no domínio daquilo que diz respeito ao indivíduo, e a intervenção do governo não se justificaria. “Sempre que houver um dano claro ou risco de dano, seja a um indivíduo, seja ao público, o caso é retirado da província da liberdade, e colocado na província da moralidade ou da lei” (SHAPIRO, 2006:80). No mesmo sentido a manifestação de Paulo Gustavo Guedes FONTES (2013:74):

Além da liberdade propriamente religiosa ou de crença, as revoluções liberais formularam uma ainda mais abrangente, que foi denominada às vezes de liberdade de opinião e que, na nossa Carta Magna, está consagrada como sendo a liberdade de convicção religiosa ou política (art. 5º, VIII).

Essa liberdade mais ampla, que confere ao indivíduo o direito de formular sua própria concepção do mundo e das relações entre os homens, está ligada ao harm principle de Mill.

Contudo, a definição da política não deve ser exclusivamente evitar dano, mas promover a melhor política para a sociedade como um todo. Mill era firme quanto a dizer que a prevenção do dano era um critério importante para determinar a legitimidade da ação do Estado.

Portanto, ao envolver as diferentes expressões na composição do governo, de modo que a partir da representação seja edificado um sistema estatal que, além de elaborar leis e políticas neutras sob o aspecto de respeitarem os mais distintos direitos, seja capaz de incutir no representado um sentimento de envolvimento com a finalidade comunitária, ter-se-ia no modelo representativo proporcional a mais promissora expressão da democracia, pois

a pessoa que age animada por perspectivas promissoras de melhorar sua situação sente boa vontade em relação às outras que buscam ou já alcançaram o mesmo objetivo. [...] Aquele que pesa constantemente sua energia em relação às dificuldades aprende quais são as insuperáveis para ele e quais são as que, embora possa vencê-las, não valem seu esforço. [...] O caráter dotado de iniciativa é não só intrinsecamente o melhor, mas também o mais capaz de adquirir tudo o que é de fato excelente ou desejável no tipo oposto.[...] A inatividade, a inexistência de vontade que constituem um obstáculo mais fatal ao melhoramento do que qualquer canalização indevida da energia, e é apenas por causa disso, quando as massas opõem tal obstáculo, que se torna possível algum grande desvio de uma minoria enérgica (MILL, 2018:73-75).

Da soma de todas essas considerações, evidencia-se que o único governo que pode satisfazer plenamente todas as exigências do Estado social é o que conta com a participação de todo o povo.

O modelo representativo por Identidade, do qual John Stuart Mill é o referencial utilizado, preconiza a sintonia entre os elos da relação. A representação seria um retrato perfeito dos diversos segmentos de opinião. Tal ideia está tão arraigada a ponto de o autor afirmar que o próprio sistema de representação seria adequado apenas se o povo quisesse sua implantação,

agindo para sua preservação e desempenhando as funções que se lhes impusesse. A disciplina do caráter é moldada pelo exercício, por determinado tempo e cada um por vez, de alguma função social,

a educação pública que todos os cidadãos de Atenas recebiam com suas instituições democráticas, mesmo assim os torna, no alcance de ideias e desenvolvimento das faculdades, seres muito diferentes daqueles que não fazem nada na vida a não ser empunhar uma pena ou vender artigos num balcão (MILL, 2018:79).

Ao ocupar tais postos, o cidadão é chamado a avaliar os interesses que não são os seus; a se guiar, em caso de interesses conflitantes, por outra regra que não suas preferências particulares. Assim se sente integrante do público, “não se alimenta praticamente de nenhuma percepção de que os particulares sem alta posição social têm qualquer dever para com a sociedade, a não ser o de obedecer às leis e submeter-se ao povo” (MILL, 2018:79).

Assim afirma por analisar o histórico de nações onde o apreço do povo repousava sobre o Poder Executivo, que exerce o poder direto e a quem se dirigiam as esperanças do público. Por haver uma aparência de maior identificação do povo com o Executivo, Mill afirmava que para a representação parlamentar ser permanente, o povo deveria por ela lutar quando estivesse ameaçada. Essa coesão de interesses pelos assuntos de Estado faria com que o órgão representativo não fosse dominado por pequenos grupos (MILL, 2018:81-83).

Convertendo-se o povo num conselho, a educação política é incutida pelos chefes locais à população em geral com eficiência muito maior do que ocorreria de outra maneira, enquanto, ao mesmo tempo, preserva-se uma tradição de governo por consentimento geral ou, pelo menos, não se tem a sanção da tradição a um governo sem tal consentimento.

Um povo desconectado com o governo gera uma representação desconectada com os interesses gerais, transforma a democracia numa simples disputa por cargos (MILL, 2018:93). O teórico inglês não concebe uma representação segundo a qual não haja identidade entre os elos da representação.

Para tanto, as diversas vertentes sociais – e não somente a “maioria da minoria” - devem ter lugar no corpo representativo. O povo inteiro ou numerosa

parcela, deve participar de eleições periódicas. No controle exercido pelo povo nas eleições reside o controle maior que o faz senhor de todas as operações do governo. A democracia, como podemos extrair dessa leitura, exige densidade de participação, e visa à promoção da igualdade. Observando a democracia apenas como um governo de maioria, é possível que o poder dirigente esteja sob o domínio de interesses seccionais ou classistas, tendendo a uma condução diversa daquela que seria ditada pela atenção imparcial do interesse de todos.

Suponha-se uma maioria (econômica, racial, social, étnica, etc.) se fizesse sobrepor às demais. O real interesse jamais estaria representado. O real interesse a ser considerado não é o aparente interesse imediato, mas sim o que se supõe ser. Todo indivíduo tem interesses presentes e distantes. O risco da democracia reside no interesse escuso dos detentores do poder: é o risco da legislação de classe, do governo voltado para o benefício imediato da classe dominantes, em detrimento duradouro do todo.

É usual que se confundam duas ideias muito diferentes sob o mesmo nome de democracia. A pura ideia de democracia, de acordo com sua definição, é o governo de todo o povo por todo o povo, igualmente representado. A democracia como é em geral concebida e praticada agora é o governo de todo o povo por uma mera maioria do povo, representada de maneira exclusiva. A primeira delas é sinônimo de igualdade entre todos os cidadãos; a segunda, estranhamente confundida com ela, é um governo de privilégios em favor da maioria numérica, que sozinha detém praticamente qualquer voz no Estado (MILL, 2018:135-136).

Apesar de ser certo que a minoria sempre cederá à maioria, o que se reflete nas eleições que consideram exclusivamente a democracia numérica, uma democracia realmente igualitária deveria dar lugar à representação da minoria, fazendo-a de modo proporcional. “Do contrário, não há um governo igualitário, e sim um governo de desigualdade e privilégio”. A democracia verdadeiramente igualitária deve criar mecanismos de representação da vontade das variadas composições da sociedade a fim de que não perca sua inalienável premissa de igualdade (MILL, 2018:137-138).

Mill não levanta a defesa das vontades e discursos individuais, mas que a representação proporcional permita a representação da pluralidade de discursos como uma amostra da população. Embora a representação seja de

indivíduos representados, são seus sentimentos e interesses que vão representados junto aos de outras pessoas. Na falsa democracia, em vez de dar representação a todos, dá apenas às maiorias locais. É o confronto de discursos que permitem o avanço de uma sociedade e a elevação da democracia. Democracia, para Mill, é caracterizada por conflito.

Essa é uma definição de soberania popular que pressupõe paridade de ações e oposições a cada cidadão que, por meio das eleições, configura o corpo governante de modo que todos, proporcionalmente figurados, governem- se e sejam por todos governados. Diferente da proposta de Hobbes, segundo quem a vontade seria transferida, para Mill a vontade conjunta não é substituída, mas está plenamente espelhada na diversidade igualitária da representação.

Mill não considera o parlamentar mero delegado dos eleitores, devendo consulta-los antes de decidir alguma questão importante. Trata esse tema como questão de “moral constitucional”, a ética do governo representativo, o que não tem importância menor do que as questões referentes à constituição em si. Recordemos que Stuart Mill sustenta que qualquer sociedade só se mantém unida se o povo apoiar as leis e se a forma de governo for adaptada àquela realidade. Por isso, converter o representante num mero delegado seria uma forma de reforçar privilégios. Enquanto a lei dá limite aos atos gerais, a moral define o uso do poder.

Essa relativa autonomia do representante que lhe permite ter opiniões diversas das de seus eleitores, vez por outra, ao ser aliada à figuração de vontades coletivas produziria, por outro lado, responsabilização dos representantes perante aqueles em nome de quem exercem o poder político.

É inegável que uma democracia completa tem uma forte tendência de formar os sentimentos dos eleitores segundo esse molde. A democracia não é favorável ao espírito de reverência. A deferência à superioridade mental não deve chegar à autoanulação – à renúncia a qualquer opinião pessoal. Os eleitores, por mais categóricos que sejam seus sentimentos, devem considerar que, quando um indivíduo capaz diverge dele, há pelo menos uma chance considerável de que ele próprio esteja errado e que, mesmo do contrário, vale a pena renunciar à sua própria opinião em coisas que não sejam absolutamente essenciais (MILL, 2018:226).

quais opiniões pretende se guiar, para escolher conforme a concordância no maior número de opiniões possível. Porém, Mill defende que não se deve dar à decisão coletiva todos os temas. Sobre assuntos técnicos, a palavra deveria ser técnica. Pudessem os representantes discorrer sobre cada tópico, cada artigo de uma lei, nenhuma seria aprovada com benefícios de longo prazo. Haveria omissão de cláusulas, inclusão de outras, defesa de interesses privados, retardamento no andamento de projetos.

À medida que o conhecimento avançasse e a educação se tornasse mais difundida, a superstição e a irracionalidade seriam gradualmente substituídas por uma postura científica que influenciaria a opinião pública e, com ela, os cálculos utilitaristas dos administradores no campo da relação com os outros. Nesse sentido, Mill tinha sua própria variante de como substituir o governo pela administração (SHAPIRO, 2006:87).

Em suma, o papel da assembleia representativa não consistiria em executar o trabalho, mas fazer com que ele seja executado, determinando as pessoas a quem deve ser confiado e lhes dar ou negar aprovação nacional (2018:105-107). Mill defendia uma legislatura de experts, cujos projetos deveriam ser aprovados ou negados pela assembleia. Contra esse sistema de formulação de leis pelos “mais preparados” volta-se a crítica marxista, como veremos no próximo tópico.

As atividades da representação são falar e fiscalizar, apontar necessidades, ser um órgão de reivindicações. A assembleia deve ser um corpo onde todos os interesses e opiniões possam ser defendidos, obrigando a todos a o ouvirem. É um sistema no qual a publicidade das opiniões e a exposição da oposição exercem o verdadeiro controle contra abuso de poder. Porém, quanto a uma assembleia de controle, Mill prenunciou o que se veria aguçado nas diferentes formatações representativas que se seguiriam no século XX. Ao ser estabelecido à assembleia como uma de suas funções essenciais a fiscalização dos atos de governo, estimularia a criação de uma burocracia de ambos os lados. Do lado legislativo para ser capaz de fiscalizar, do executivo para ser capaz de laborar.

Não há como hesitar nem por um instante entre um governo representativo, entre um povo com algum grau de maturidade, e a mais perfeita burocracia que se possa imaginar. Mas, ao mesmo tempo, uma das finalidades mais importantes das

instituições políticas é atingir o máximo das qualidades de um que sejam compatíveis para com a outra (MILL, 2018:122).

Por fim, retomando a máxima de que deve haver aderência entre um povo, sua forma de governo e leis que o governam, o autor considera que o governo local é o método mais apropriado para a construção dessa coesão. Segundo essa lógica, a competência do Poder central estaria nos assuntos públicos mais gerais do país. Se não fosse assim, sabendo que a administração da coisa pública exige o suporte de um corpo burocrático, a concentração no governo central produziria a inviabilidade do trato de todos os temas.

O próprio objetivo de ter uma representação local é permitir que os indivíduos com algum interesse em comum, que não partilham com o conjunto geral de seus conterrâneos, possam administrá-los diretamente: se a distribuição da representação local seguir qualquer outra regra que não seja o agrupamento desses interesses conjuntos, vai-se contra sua própria finalidade. Toda cidade, grande ou pequena, tem interesses locais que lhe são próprios e comuns a todos os seus habitantes; toda cidade, portanto, sem distinção de tamanho, deve ter seu conselho municipal (MILL, 2018:266).

O controle local poderia ser exercido pela população próxima, capaz de fiscalizar e controlar os órgãos próprios, mediante representações provinciais. Mill defende que a democracia instrumental, as instituições democráticas estabelecidas e em bom funcionamento prestam-se a um papel decisivo no fortalecimento da própria sociedade, de cada um dos indivíduos.

Alguns talvez pensem que, por mais que a autoridade central supere a local no conhecimento dos princípios de administração, o grande desafio no qual tanto se tem insistido, a educação social e política dos cidadãos, requer que tais assuntos sejam geridos por suas próprias luzes, por imperfeitas que sejam. A