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O desafio da inovação no Brasil

No documento caPital EMPrEEndEdor (páginas 118-123)

EMPREENDEDOR PARA A ECONOMIA

6. O CAPITAL EMPREENDEDOR NO BRASIL

6.3 O 2º censo brasileiro da indústria de private equity e venture capital

6.3.11 O desafio da inovação no Brasil

Fundos FINEP Categoria Status Comprometido Comprometido FINEP HorizonTI Capital Semente Fase de

investimento 20,00 8,00

Terra Viva Private Equity Fase de

investimento 300,00 20,00

Fundo SC Capital Semente Em captação 15,00 7,35

Performa Capital Semente Em captação 15,00 6,00

Brasil Governança Private Equity Fase de

investimento 600,00 30,00

RB Investech III Venture Capital Em captação 200,00 20,00

FCSRec Capital Semente Em captação 20,00 8,00

FINTECH I Capital Semente Em captação 15,00 6,00

CRP VII Private Equity Fase de

investimento 200,00 30,00

Brasil

Agronegócio FIP Private Equity Fase de

investimento 800,00 40,00

Total 2.962,22 281,90

Fonte: FINEP, 2009 apud ABDI (2011, p. 335).

possível estender o conceito de inovação a produtos, a processos, a serviços, a marketing e a sistemas organizacionais.

Assim, ressalta o censo que o termo “inovação” não se refere mais ao campo exclusiva-mente tecnológico, como ressalta a terminologia empregada pelo “Manual de Oslo”, pu-blicado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE.

Não obstante, o conceito empregado pela legislação brasileira não seria o mais atual:

A Lei nº 11.196/2005, conhecida como Lei do Bem e regulamentada pelo Decreto 5.798/2006, é considerada um marco legal da inovação no Brasil, concedendo incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realizem pesquisa tec-nológica e desenvolvimento de inovação tectec-nológica. Seu conteúdo define inovação tecnológica como: “a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou caracterís-ticas ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade”. [...]

No entanto, as definições constantes no Decreto 5.798 supramencionado estão baseadas no Manual Frascati, e não no Manual de Oslo. O Manu-al Frascati faz parte de uma série de manuais definidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pelo National Experts on Science and Technology Indicators (NESTI) ao longo dos úl-timos 40 anos. Dentre os manuais, o Frascati trata de pesquisa e desenvol-vimento (P&D), o de Oslo aborda inovação, o de Bogotá mede a inovação em países em desenvolvimento e o de Camberra mede recursos humanos (Manual de Oslo, 2005; Frascati Manual, 2002) (ABDI, 2011, p. 343-344).

De toda forma, apesar de o censo destacar a Lei nº 11.196, de 2005, regulamentada pelo Decreto nº 5.798, de 2006, como o marco legal da inovação, consideramos ser oportu-no ressaltar, também, a Lei nº 10.973, de 2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.563, de 2005, como diploma relevante, uma vez que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo.

Já no âmbito internacional, o censo ABDI (2011, p. 344) destaca a relevância da World Intellectual Property Organization – WIPO, agência da Organização das Nações Uni-das (ONU) cuja atuação é voltada para o desenvolvimento do sistema de propriedade intelectual no mundo, de forma a estimular a inovação e contribuir para o desenvolvi-mento econômico de acordo com o interesse público. Ademais, o censo ABDI (2011, p. 344-345) destaca os conceitos básicos de inovação nos termos do “Manual de Oslo”:

Inovação: é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significa-tivamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.

Atividades de inovação: são etapas científicas, tecnológicas, organizacionais, fi-nanceiras e comerciais que conduzem, ou visam conduzir, à implementação de inovações. Algumas atividades de inovação são em si inovadoras, outras não são atividades novas, mas são necessárias para a implementação de inovações. As ativi-dades de inovação também inserem a P&D que não está diretamente relacionada ao desenvolvimento de uma inovação específica.

Empresa inovadora: Uma empresa inovadora é aquela que implementou uma ino-vação durante o período de análise.

Empresa inovadora em produto/processo: é a empresa que implementou um produto ou processo novo ou significativamente melhorado durante o período de análise.

Inovação de produto: é a introdução de um bem ou serviço novo ou significa-tivamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos.

Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas, compo-nentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras caracte-rísticas funcionais.

Inovação de processo: é a implementação de um método de produção ou distribui-ção novo ou significativamente melhorado. Incluem-se mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.

Inovação de marketing: é a implementação de um novo método de marketing com mudanças significativas na concepção do produto ou em sua embalagem, no posicionamento do produto, em sua promoção ou na fixação de preços.

Inovação organizacional: é a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas.

Empresa ativamente inovadora: é aquela que realizou atividades de inovação du-rante o período de análise, incluindo as atividades em processo e abandonadas.

Sobre os obstáculos à inovação no País, o censo destaca que:

[...] a inovação não se dá de forma natural. Diversos fatores influenciam na criação deste atributo, dentre elas, o ambiente em que a empresa está situa-da e os recursos que ela tem a sua disposição. De acordo com Michael Ryan

(De Castro, 2005), diretor do CIEC (Creative and Innovative Economy Center), o Brasil apresenta pontos positivos para a inovação como os estudos conduzidos pelas universidades, os recursos humanos de alta qualificação e as publicações realizadas. Contudo, o ambiente desfavorável, que engloba aspectos como burocracia, tributação e a falta de proteção da propriedade intelectual, afeta negativamente a atividade inovadora brasileira. Michael ainda afirma que este pode ser um dos fatores que contribuíram para que o País ficasse atrás de outros emergentes, como China e Índia. [...] Surge então, o papel do governo, que pode contribuir em vários aspectos por meio do suporte aos empreendedores com a maior proteção da propriedade inte-lectual, incentivos fiscais, formação de mão-obra-qualificada, dentre outros (IHS Global Insight/NVCA, 2009) (ABDI, p. 345).

Quanto à situação do Brasil em termos de inovação, o relatório ABDI (2011, p. 353) apresenta os resultados do ranking denominado Global Innovation Index, de 2010, men-cionando que “em março de 2010, o Brasil caiu da 50ª posição para a 68ª entre as na-ções mais inovadoras ao redor do globo. O mesmo ranking classifica a Islândia, Suécia e Hong Kong como as três primeiras nações mais inovadoras”.

No que se refere a investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a menção é a de que o País está em uma situação de atraso em relação às economias desenvolvidas, e destaca possibilidades de atuação da indústria de venture capital:

[...] o Brasil está rumando com atraso para o mesmo patamar dos países desenvolvidos. O país se encontra em um momento em que a indústria já está mais consolidada em parque industrial, máquinas e equipamentos de operação e transporte e, portanto, passa a investir mais em pesquisa e desenvolvimento. Essa situação é muito propícia para a expansão da in-dústria de PE/VC, principalmente venture capital, por se tratar de um elo de cadeia de valor menos interativo em capital físico e mais intensivo em capital intelectual. No Brasil, ainda hoje, a área de pesquisa é muito pouco valorizada pelas entidades governamentais e em grande parte das vezes o agente inovador encontra empecilhos nesta área. Os investimentos privados teriam grande papel e apresentam grandes oportunidades de retorno na área de P&D (ABDI, 2011, p. 357).

Nesse contexto, o censo faz menção a diversos estudos que relacionam investimentos em venture capital com o aumento da inovação:

Diversos estudos internacionais correlacionaram positivamente os investi-mentos realizados, principalmente os de venture capital, com o aumento

da performance em inovação. Consequentemente, tais aportes de capital também influenciam no crescimento do número de patentes.

Romain e Pottelsberghe (2004) e Kortum e Lerner (2000) estudaram a cor-relação entre o venture capital e a propensão a invenção de patentes, com dados coletados de 1965 a 1992 de 530 empresas (tanto apoiadas como não apoiadas por VC) dos EUA. Os resultados corroboraram a hipótese de que a atividade de VC aumenta significantemente a propensão à inovação de patentes. Tykvova (2000) estudou empresas da Alemanha, encontrando re-sultados ainda mais robustos corroborando os rere-sultados obtidos nos dois estudos anteriores (ABDI, 2011, p. 351)40.

Por outro lado, o relatório ABDI (2011, p. 352-353) também menciona que a inovação no Brasil poderia ser muito beneficiada caso a proteção à propriedade intelectual fosse acessível e ampla, e que seria raro que os profissionais brasileiros detenham não apenas conhecimento em sua área de atuação profissional, mas também na área de proteção legal. Assim, as empresas em estágios iniciais de desenvolvimento, sobretudo, devem ter

“maior acesso à proteção da propriedade intelectual e que os investimentos em venture capital (em qualquer um de seus estágios) e a vinculação a parques tecnológicos e a in-cubadoras de empresas ajudam a solucionar esse tipo de problema”. O relatório destaca, ainda, a importância da inovação e da proteção aos direitos de propriedade intelectual para essas empresas:

O fator inovação está muito mais presente em empresas que se apresentam em estágios iniciais do investimento, pois, geralmente trata-se de ideias que promovem diferenciais no mercado. Desta forma, as proteções dos direitos de propriedade intelectual se tornam muito mais relevantes para estas empresas se comparado com as empresas em estágios mais avançados de investimento (Private Equity Later Stage) que já estão mais consolidadas no mercado e podem depender menos do fator inovação (ABDI, 2011, p. 352).

Desta forma, o relatório da ABDI (2011) ressalta a importância do desenvolvimento das empresas promissoras que ainda se encontram em seus estágios mais iniciais de desenvolvimento. Para essas empresas, os investimentos de investidores-anjo, de acele-radoras de empresas e das demais formas de venture capital têm um importante papel a desempenhar.

40 As referências fornecidas pelo censo ABDI (2011) para os estudos citados são: “Romain, A. e Pottelsberghe, B. V. (2004) The Economic Impact of Venture Capital, Deustsche Bundesbank research Paper”; “Kortum, S.

e Lerner, J. (2000) Assessing the Contribution of Venture Capital to Innovation, RAND Journal of Economics 31(4), p. 674-692”; e “Tykvova, T. (2000) Venture Capital in Germany and its Impact on Innovation, Working Paper [Online] Disponível em: http://papers.ssrn.com/paper.taf?abstract_id=235512 [10 Out 2010]”.

7. PROPOSTAS PARA A EXPANSÃO DO

No documento caPital EMPrEEndEdor (páginas 118-123)