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A IMPLANTAÇÃO DO SIGEDUC NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

RIO GRANDE DO NORTE

3.3 DESAFIOS ENFRENTADOS PELA SEEC NA IMPLEMENTAÇÃO DO SIGEDUC

A implementação do SIGEDUC na rede estadual de ensino do Rio Grande do Norte tem sido permeada por muitos desafios, exigindo da gestão da SEEC um envolvimento mais contundente para vencer as dificuldades, abrindo novas possibilidades para melhorar a gestão das DIREC e das escolas.

Dentre os inúmeros desafios, destacamos inicialmente o problema relacionado à infraestrutura tecnológica, principalmente no que diz respeito à conectividade nas escolas. Esse problema é recorrente em toda rede, porém nos municípios de Natal, Macaíba, Parnamirim e São Gonçalo têm sido minimizado em função de uma parceria realizada entre a SEEC e a UFRN, por meio do Instituto Metrópole Digital voltada para a distribuição de internet de qualidade, culminando na implantação da rede GigaMetrópole - cinturão de fibra óptica - que atende as 350 escolas dos citados municípios. Nessa parceria, a UFRN é responsável pela instalação da fibra óptica nas escolas e a SEEC, por meio do governo do Estado do RN, é responsável pela distribuição dos computadores nas escolas.

Outro grande desafio, também relacionado à infraestrutura, refere-se à defasagem do parque tecnológico das escolas, ou mesmo, total ausência de equipamentos tecnológicos (computadores, impressoras, dispositivos suficientes) necessários para a realização das atividades administrativas e pedagógicas das escolas.

Podemos citar, como exemplo, a realização de matrícula, de modo on-line, em toda a rede. Logo que foi implantada no SIGEDUC, essa atividade se materializava como um transtorno para muitos gestores, além de diversas escolas só possuirem um ou, no máximo, dois computadores para a realização de todas atividades administrativas da escola (e, em alguns casos, total ausência de acesso à internet).

Contrariamente a essa disposição, Kenski (2008) alerta-nos de que é preciso cuidado para não privilegiarmos a tecnologia em detrimento da

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aprendizagem. Não importa apenas o uso das TIC para a reformulação de um processo educativo. Isso é possivelmente dispensável quando o pensamento for exclusivamente as situações educacionais como única condição para a concretização de suas propostas didático-pedagógicas em que seu uso não considera interação, troca, comunicação significativa entre os envolvidos. Precisam, nesse caso, ter por premissa básica o processo de ensino e aprendizagem. A autora não nega a relevância da tecnologia nesse processo, porém ressalta que a aprendizagem do aluno deve ser o foco em função do propósito que lhe é conferido.

Um terceiro desafio enfrentado – e ainda persiste em função da rotatividade de gestores – diz respeito à cultura dos gestores em não utilizar recursos digitais, sistemas informatizados, dificultando a operacionalização de matrículas dos alunos. Embora, ao assumirem a gestão das escolas, estes participam de treinamento e capacitações, mas não conseguem atuar conforme o previsto no SIGEDUC.

Ainda em relação à gestão das escolas, uma vez implantado o SIGEDUC, muitos gestores revoltaram-se por não ter sob seu controle, a gestão das vagas de matrículas, ou seja, o processo foi democratizado e toda a sociedade concorria de forma igual. Antes da criação do SIGEDUC, os gestores das escolas podiam selecionar, de forma manual, os seus estudantes, sofrendo inclusive pressão política e exclusão imediata.

Da mesma forma, muitos pais não aceitaram a realização do processo de matrícula on-line, principalmente, porque estavam acostumados a irem às escolas, enfrentar filas quilométricas para realização da matrícula e, por isso, não entendiam que, com o SIGEDUC, a realização das matrículas poderia ser feita na própria residência do aluno, utilizando o computador de forma on-line. Estes apontavam como motivo principal da não realização dessa situação era não ter computador em casa e, consequentemente, também não ter acesso à internet. Em razão dessa realidade, criamos uma central de matrícula na SEEC e nas 16 Diretorias Regionais de Educação para atender aos pais no horário de 08h as 17h.

Um outro grande desafio foi a criação de um procedimento administrativo unificado para matrícula. Todo o fluxo dessa renovação dos alunos veteranos, transferências, novos alunos, enfim, todo esse processo não existia e dificultou

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a implementação do SIGEDUC. A partir desse contexto, criamos o fluxo de matrícula, porém sua efetivação nas escolas foi tumultuada, principalmente, pela resistência dos gestores na adoção de uma de uma prática gestora informatizada.

O maior desafio talvez diz respeito à falta de recursos humanos com competência e perfil adequado para trabalhar com um sistema de gestão totalmente informatizado. Grande parte de gestores, de professores (especialmente aqueles que estavam próximos a se aposentarem), da equipe de apoio pedagógico e da equipe administrativa que não tinham familiarização com equipamentos tecnológicos, detendo-se apenas ao uso de uma rede social (normalmente criada por outra pessoa) ou do aplicativo Whatsapp. Mesmo sendo oferecidas capacitações e treinamento para a utilização do SIGEDUC na função que exercem, esses profissionais demonstravam falta de interesse e motivação para integrar as tecnologias na prática profissional.

Como vemos, parte dos profissionais que integram os setores da SEEC, bem como das DIREC e também das escolas não se comprometeram, inicialmente, com o projeto do SIGEDUC causando muitos transtornos e dificuldades para o gabinete da secretária de educação e o setor de TI da SEEC. Vale ressaltar que até o momento presente há setores da Secretaria que não assumiram ainda suas responsabilidades dentro dos módulos criados no SIGEDUC para facilitar o gerenciamento dos serviços que desenvolvem nesses setores. Podemos citar, como exemplo, o setor de Recursos Humanos, o setor de Transporte Escolar e o setor de Merenda Escolar, em que a falta de compromisso desses setores, em gerenciar suas atividades utilizando o SIGEDUC, reflete em sobrecarga de trabalho para o setor de tecnologias educacionais.

Em meio a tantos contratempos, há ainda a falta de recursos financeiros para ampliar a fibra óptica da rede GigaMetrópole e atender as demais escolas estaduais, uma vez que esse projeto só evidencia escolas de quatro municípios, quais sejam: Natal, Macaíba, Parnamirim e São Gonçalo. Por mais que a SEEC tenha interesse na expansão desse projeto, é impedida pela grande crise financeira porque passa o Brasil e, consequentemente, o Estado do RN.

Da mesma forma, desde o lançamento do SIGEDUC, a SEEC convive com a falta de recursos financeiros para equipar melhor o parque tecnológico da rede

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estadual de ensino. Isso se configura em um sério problema para as escolas, principalmente, por causa dos computadores obsoletos que não comporta a realização de todas as atividades executadas no SIGEDUC. Muitos educadores, às vezes, chegam a utilizar seus instrumentos pessoais e a própria internet.

Por fim, a falta de recursos para realizar capacitações das equipes das escolas no interior do RN tem sido também um grande desafio para a SEEC desde a criação do SIGEDUC. Isso tem dificultado, por exemplo, que todos os professores de cada escola participem dos cursos e/ou oficinas. Estando, na maioria das vezes, representantes dos professores (três por escola), número incipiente, mas o que se comporta até então.