DA ESCOLA VIRTUAL DO SIGEDUC A ESCOLA DIGITAL DO SIGEDUC

As tecnologias são, desde a institucionalização da escola, meios eficazes que auxiliam professores e alunos no processo de ensino e aprendizagem. Nos últimos tempos, novas tecnologias têm surgido em profusão, culminando, desde o final do século XX, com as TDIC, as quais, especialmente no Brasil, exercem grande fascínio, sendo empregadas nas mais diferentes áreas, esferas e meios, contemplando interesses pessoais, profissionais e institucionais (PRETTO, 2002).

Esse é um dos motivos que Demo (2010) destaca em relação às tecnologias, chamando a atenção para que estas sejam “vistas hoje também como “alfabetização”, fazendo parte das “habilidades/competências básicas” (CASTELLS, 1997; 2007. Apud DEMO, 2010, p.19). Porém, o autor ressalta que, nesse contexto, vivenciamos com o problema da inclusão social no sentido de que muitos de nossos alunos, carentes da escola pública, não têm acesso ao computador e à internet em suas residências.

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Da mesma forma que “não saber ler, escrever e contar é forma clara e tradicional de exclusão, não ter acesso à computador e à internet e principalmente não saber lidar com eles passa a ser signo maior de não presença a este tipo de sociedade marcado por informações e conhecimento”. (CASTELLS, 1997; 2007 Apud DEMO, 2010, p.19).

Sendo assim, é fundamental que os gestores e professores lutem para evitar a exclusão de seus alunos no sentido de oferecer uma educação justa e igualitária. Em consonância com essa realidade, Medeiros (2007) enfatiza:

Desse modo, as escolas não podem ignorar a presença das TIC no cotidiano e a sua incorporação ao modo de produzir bens, culturas e visões de mundo, nem abrir mão de uma profunda reflexão a respeito do papel segregador ou inclusivo que elas podem desempenhar na sociedade. Da mesma forma, não pode deixar de responder a expectativa social de preparar os estudantes para o mundo de informações e de tecnologias em que estão imersos e os papeis que poderão assumir nesse cenário multimidiático, na chamada sociedade da informação (e da comunicação) (MEDEIROS, 2007, p.24, grifos do autor).

Medeiros (2007) ainda destaca que

A velocidade de incorporação de novas tecnologias à vida cotidiana, contudo, não tem penetrado nas escolas de forma simétrica, reproduzindo a assimetria da própria sociedade. De um lado, escolas das quais os estudantes saem preparados para escolher as posições que ocuparam no trabalho e na vida social e, de outro, escolas que mal conseguem oferecer aos estudantes uma oportunidade com o mundo com o qual deverão interagir na vida adulta (MEDEIROS, 2007, p.27).

Como podemos perceber, a preocupação da autora é pertinente, especialmente, nas escolas públicas de educação básica, pelo fato de que a distribuição de equipamentos tecnológicos e acesso à internet ainda se constituem um sério problema. Sendo assim, torna-se muito difícil para a escola preparar seus alunos para a vida cotidiana em que a sociedade na qual vive, há uma proliferação de tecnologias digitais e que, a cada dia, outras novas estão surgindo. Porém, a adesão a essas tecnologias ainda é baixa por inúmeros fatores dentre eles a formação e a infraestrutura em cada escola.

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A escola virtual é um modulo do SIGEDUC com baixa adesão por meio dos professores e alunos, mesmo sendo um excelente recurso digital educacional. A partir do estudo dessa tese, constatou-se a necessidade do aprimoramento e das melhorias do módulo e, a partir dessas mudanças, também alterarmos a sua nomenclatura para Escola Digital. Isso porque, o Módulo Escola Virtual possui recursos interativos para realização de aulas, atividades e questionários on-line, assim como gerenciamento de conteúdos, disponibilização de mídias e referências. Há no módulo todas essas funcionalidades: Painel Inicial, Turmas, Estudante, Materiais, Atividade, Configurações, Estatísticas.

Para esse estudo, propomo-nos implementar novas ferramentas que transformem o Módulo Escola Virtual em um espaço pedagógico para o professor e, também, para o aluno, no qual se fortaleça uma cultura digital, na qual a Escola Digital do SIGEDUC passa a fazer parte do cotidiano de cada um deles. Por essa razão, acrescentamos as demais funcionalidades como forma de contribuir para a melhoria desse espaço digital, como igualmente permitir o acesso a informações relevantes para a prática docente.

É fundamental, no entanto, que fiquemos atentos quando pensamos em ensinar utilizando-se de tecnologias digitais, pois,

O que vemos é uma tímida inserção a partir de modelos ultrapassados, instrucionais que, ainda assim, lutam contra o preconceito e a desinformação por parte dos envolvidos com educação formal da própria sociedade (SILVA, p.174).

E, nesse caso, propomos para o professor, que a Escola Digital do SIGEDUC seja um ambiente de formação continuada e de consulta a informações sobre os alunos. Já para os alunos (alunos do 6º ao 9º ano e no Ensino Médio), será um espaço para complementação de aula, de autodidatismo, que igualmente pode ser utilizado em atividades de reforço escolar.

Nossas expectativas em relação à nova configuração da Escola Digital do SIGEDUC estão em consonância com o discurso de Rayol (2009):

Fica claro que, em ambientes de aprendizagem, os recursos didáticos têm grande importância. Eles são o meio pelo qual o professor/tutor chega até o estudante com o intuito de mediar o

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processo de aprendizagem. Ferramentas de interatividade e recursos didáticos são aspectos preponderantes para que a ação pedagógica em ambientes virtuais seja bem-sucedidas. Caso o estudante não cumpra sua parte, o professor/tutor não tem material para utilizar as ferramentas de interação e continuar alimentando o processo. Dessa forma, é preciso que sejam definidos, com clareza, os objetos de aprendizagem, sem os quais não a mediação (RAYOL, 2009, p.129).

Consideramos, pois, que a Escola Digital configura-se como um aperfeiçoamento e, consequentemente, uma melhoria da Escola Virtual. Defendemos, para isso, que os recursos disponíveis hoje diminuam as dificuldades existentes pela distância física entre os estudantes e professores. A tecnologia, dessa forma, permite-nos criar ambientes de aprendizagem nos quais os alunos e os professores sintam-se próximos, contribuindo cada vez mais para o aprendizado, uma vez que estes ambientes possibilitam o acesso, o armazenamento e a distribuição da informação, reverberando em conhecimento e novas aprendizagens.

Como enfatiza Maciel (2004), a escola precisa se tornar um ambiente inteligente, que fomente a aprendizagem a partir de metodologias e recursos que motivem e estimulem a criatividade. Por exemplo, ao invés de filas de carteiras, haja um espaço confortável com computadores para realizar as tarefas, bem como para a comunicação digital em nível local, nacional e internacional.

O autor cita ainda a importância de a escola oferecer atividades pedagogicamente inovadoras e coerentes ao propósito curricular, permitindo também a comunicação entre professores e pais dos alunos, ressaltando o papel da avaliação que deve ser contínua e com ênfase não essencialmente na memorização de fatos ou respostas corretas.

Ainda neste contexto, o referido autor enfatiza que

Na capacidade de o aluno pensar e se expressar claramente, solucionar problemas e tomar decisões adequadamente; com um currículo que reconheça o valor de outras formas de inteligência, além da lingüística e da lógica-matemática, currículo este que ofereça uma visão holística do conhecimento humano e do universo natural que o homem habita; com o uso cada vez menor do livro-texto e do quadro negro e o aumento do uso das novas tecnologias de comunicação, caracterizadas pela interatividade, pela sua capacidade de uso individualizado, pela assincronia (que é tão importante quando a educação é vista pela perspectiva de internacionalização, com o inevitável fato de ter que lidar com fusos horários diferentes), pela não-linearidade

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(que é a maneira mais dinâmica e atual de apresentar informação), e pela capacidade de simular eventos do mundo natural e do imaginário de forma a levar o aluno a perceber fenômeno que antes não faziam parte do ensino formal por falta do apoio tecnológico que permitisse alcançar tais metas (MACIEL, 2004, p. 37).

Podemos inferir pelas palavras do autor (2004), que a criação de “espaços” de aprendizagem on-line requer atenção cuidadosa para que seja um ambiente dinâmico e que possibilite a construção do conhecimento. O Módulo Escola Virtual, de modo sucinto, funcionava como um repositório de dados dos professores, apesar de existir algumas funcionalidades de interação com os alunos, o módulo não conseguia auxiliar o professor a atingir um nível de conhecimento capaz de ajudá-lo em suas decisões no que tange a cada estudante da turma.

Para situações dessa natureza, Silva (2009) convoca-nos a repensar a utilização da tecnologia na prática pedagógica:

É preciso desenvolver uma visão crítica e uma atenção permanente sobre a utilização deste artefato tecnológico poderoso que, ao se sofisticar com velocidade imprescindível, dificulta a percepção da produção simbólica e do controle que se estabelece na rede, principalmente em relação às aprendizagens que ocorrem de uma maneira formal e informal, a partir do contato dos sujeitos com os diferentes saberes que ai se processam (SILVA, 2009, p.172).

Com o novo módulo - Escola Digital do SIGEDUC -, é possível conhecer pedagogicamente cada estudante com informações sobre reprovações em anos anteriores, aprovações e histórico de notas e diversas informações relevantes em relação às condições socioeconômicas sobre cada aluno da turma, etc.

Ainda é possível identificar o grau de instrução do pai, da mãe, etnia do aluno, qual classe social pertence, religião, se usa o Bolsa Família, se possui alguma necessidade educacional especial, dentre outras. Todas essas informações foram geradas para o novo módulo além, evidentemente, da correlação do conteúdo ministrado do professor com a BNCC. Todas essas inovações foram inseridas na Escola Digital do SIGEDUC para aprimorar o nível de aprendizagem dos alunos da rede estadual.

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O módulo Escola Virtual no SIGEDUC não possui grandes acessos e uso efetivo por parte dos nossos professores da rede estadual de ensino, bem como também dos nossos alunos. Podemos constatar essa realidade ao acessarmos o SIGEDUC - Escola Virtual, uma vez que, no ano de 2019, somente 218.648 acessos, por parte de alunos e apenas 21.183, por parte dos professores, ou seja, 9,68% dos nosso alunos acessaram a escola virtual e com os professores não é um cenário diferente de um universo de 9.134 professores apenas 1.896 utilizam a escola virtual, ou seja, 27.9%.

Diante desses números, entendemos que os professores devem ser capazes de integrarem a tecnologia em sua prática pedagógica, a partir de sua inserção em atividades de formação continuada, de forma que estejam preparados para adaptar suas práticas docentes ao dia a dia da sala de aula. Assim, decidimos implementar novas ferramentas e incluir novas funcionalidades para atender cada vez mais a melhoria do processo ensino- aprendizagem, cumprindo um cronograma de formação permanente com toda a rede estadual de ensino.

Para esse fim, o setor da Secretaria de Educação do Estado do RN responsável pela integração de tecnologias digitais na rede estadual pode coordenar os profissionais que desenvolverão as atividades de formação continuada referente à utilização da tecnologia educacional no ensino. Estes profissionais são os professores-formadores, distribuídos nos NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional), localizados nos municípios de cada DIREC. A pretensão é que durante o ano de 2020. os nossos os professores da rede estadual de ensino, iniciem o uso efetivo da Escola Digital e dele faça uso em seus contextos escolares.

4.2. NOVAS FERRAMENTAS DIGITAIS PARA POTENCIALIZAR A ESCOLA