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DESCRIÇÃO DO PERFIL DA FORMAÇÃO INICIAL DOS TREINADORES

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3 DESCRIÇÃO DO PERFIL DA FORMAÇÃO INICIAL DOS TREINADORES

Devido ao significativo aumento de importância que o esporte vem adquirindo na sociedade atual, a formação de treinadores desportivos tem sido recentemente alvo crescente de pesquisas (ABRAHAM e COLLINS,

74 1998; CASSIDY, JONES e POTRAC, 2004; CÔTÉ, 1998; GILBERT, 2002). A importância da formação inicial dos treinadores de tênis de alto rendimento, seja ela pelas vias de aprendizagem informal, não-formal ou formal (NELSON et al; 2006), torna fundamental a análise de resultados em estudos como este. O primeiro importante resultado a ser observado é o perfil da formação dos treinadores de tênis em cursos de graduação em Educação Física, considerando que este curso é o que corresponde à regulamentada intervenção do profissional no treinamento desportivo brasileiro e àquele que aborda cientificamente os aspectos relacionados com as Ciências do Esporte.

Apenas uma pequena parte dos treinadores de tênis de alto rendimento (34,5%) apresentou formação no curso de Educação Física (tabela 5).

Tabela 5: Graduação dos treinadores de tênis de alto rendimento em cursos de Educação Física/Ciências do Esporte.

Graduação N % acumulado % Mestrado 1 3,4 3,4 Especialização 2 6,9 10,3 Licenciatura 1 3,2 13,8 Bacharelado 4 13,8 27,6 Licenciatura e Bacharelado 2 6,9 34,5

Nenhum dos anteriores 19 65,5 -

O % acumulado soma os percentuais aferidos, respectivamente, dos itens de cima para baixo.

Um dos resultados mais relevantes refere-se ao alto percentual de treinadores de tênis de alto rendimento categorizados como provisionados (65,5%), visto que os treinadores têm optado por realizarem suas formações iniciais predominantemente pelas vias informais e não formais (NELSON et al; 2006). Consequentemente, muito poucos treinadores

75 apresentaram formação em pós-graduação em Ciências do Esporte (10,3%), sendo o mestrado a maior graduação encontrada entre os treinadores, com o mínimo de 3,4% dos profissionais. O baixo percentual de treinadores com graduação na área da Educação Física e Esportes (34,5%) preocupa pela baixa oportunidade de vivências científicas na área das ciências do esporte, considerando esta uma ampla área de conhecimentos que engloba, inclusive, o tênis. Desta forma, o resultado evidencia que boa parte dos conhecimentos dos treinadores brasileiros provém da experiência como jogador, conforme reforçam os participantes I.K, R.N.S e R.K (quadro 3). Na pesquisa de doutorado de García (2001), os resultados confirmaram a mesma tendência: dos 20 treinadores espanhóis de alto rendimento analisados, nenhum possuía graduação em Educação Física, possivelmente pelo fato de estarem envolvidos com o tênis desde muito precoce e ainda seguindo por muito tempo a carreira de tenista profissional. Segundo García (2001), a falta de tempo, fruto da carreira de tenista profissional, parece que torna praticamente impossível que os atletas dediquem tempo aos estudos. Esse resultado encontra a crítica do estudo de Cassidy et al; (2009), que verificou que boa parte da maestria profissional provém da aquisição de competências num período de formação educativa. Igualmente, Moreira apud Isidro (2009) indica que os treinadores que possuem uma formação superior em Educação Física apresentam uma noção mais aproximada das exigências de conhecimento teórico que não se adquire apenas da experiência da prática, ou nos cursos de aprendizagem formal iniciais. Esta visão ampliada nas ciências do esporte ganha suporte na declaração de Gustavo Kuerten, que considera que bom treinador é aquele que “[...] tem a visão do todo e domina ao máximo todas as áreas do treinamento desportivo (fundamentalmente do

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tênis), conhecendo, utilizando, coordenando e participando de todos os tipos de treinamento para a performance ideal. [...] o “main coach” (posição naturalmente assumida pelo técnico) deve, para isso, ter pleno conhecimento das ciências do esporte. Três fatores são fundamentais na bagagem de um bom técnico de tênis de alto rendimento: nível de formação acadêmica e especializada, experiência e sistematização (planejamento e avaliação) do treinamento.”. Embora 65,5% dos treinadores sejam representados por provisionados, parecem atribuir valor às aprendizagens formais (NELSON et al; 2006) nas Ciências do Esporte; os participantes demonstraram nos seus relatos o desejo em poder formar- se em Educação Física (ex.: I.K. e R.N.S, quadro 4).

Quadro 4. Percepção dos treinadores sobre a formação inicial ideal para os treinadores de tênis de alto rendimento.

Formação inicial ideal para os treinadores de tênis de alto rendimento

O treinador deve aliar a prática à teoria (I.K).

O ensino à distância é uma boa opção para a formação dos treinadores de tênis de alto rendimento (I.K; R.N.S).

O treinador deve fazer estágios em atividades de mentoring (3).

O treinador deve ter graduação máxima na CBT e outras formações específicas das áreas em que queiram ministrar atividades (I.K).

O treinador deve ter passado pela experiência de todas as etapas de ensino do tênis e apresentar experiência no circuito profissional de tênis (I.K).

As aprendizagens informais por meio das atividades de mentoring são consideradas importantes (3).

O treinador deve aprender por autodidatismo (R.N.S). O treinador deve realizar cursos da CBT (3).

O treinador deve ter formação acadêmica em Educação Física (I.K; R.N.S).

77 As sugestões encontradas sobre a importância da internet e as sugestões para implementação de cursos de Educação Física à distância para os treinadores de alto rendimento foram uma constante no estudo qualitativo, justificada pelo excesso de viagens inerentes da profissão, conforme pode ser exemplificado no depoimento do sujeito R.N.S: “Seria muito interessante que fossem oferecidos cursos de nível superior em Educação Física na forma de ensino à distância; acredito que muitos treinadores, assim como eu, fariam o curso [...] mas a carreira de técnico de atletas de alto rendimento me impossibilitava de frequentar aulas em razão das constantes viagens.”.

Estes resultados conferem com o estudo de Vargas-Tonsing (2007), que objetivou explorar as preferências de 366 jovens treinadores sobre o processo de formação, o interesse a certos tópicos de aprendizado, razões e/ou barreiras para o processo de educação como técnico. Neste, os resultados mostraram que os técnicos valorizaram a disponibilidade da internet como meio de formação. Concorda também com os resultados de Wright et al; (2007) que, em um estudo relacionado às fontes de conhecimento utilizadas pelos treinadores, trinta e cinco jovens treinadores da modalidade de hóquei no gelo da província de Ontário, Canadá, revelaram a importância da internet como uma das situações que revelaram contribuir para a melhoria da sua aprendizagem.

Considerando a importância da formação dos treinadores no curso de Educação Física (CASSIDY et al; 2009 e ISIDRO, 2009), que os forneceria uma noção mais aproximada das exigências de conhecimento teórico que não se adquire apenas da experiência da prática, os resultados

78 referentes ao perfil de formação inicial dos treinadores pela aprendizagem formal em cursos superiores não-relacionados com as Ciências do Esporte tornam-se importantes (tabela 6).

Tabela 6: Descrição das características de formação inicial dos treinadores de tênis de alto rendimento em áreas diferentes da graduação em Educação Física. Graduação N % acumulado % Especialização 1 3,3 3,3 Bacharelado 3 10,0 13,3 Licenciatura e Bacharelado 8 26,7 40,1 Ensino Médio 7 23,3 -

Nenhum dos anteriores 11 36,7 -

Nota.: Os resultados deste estudo apontam formação dos treinadores de tênis de alto rendimento no Brasil em cursos de Economia, Administração em Comércio Exterior, Odontologia e Bacharelado em Direito.

Uma parcela significativa de treinadores de tênis de alto rendimento formou-se em áreas não relacionadas com as Ciências do Esporte (40,1%), o que contrapõe a expectativa de estudos realizados por Isidro (2009), Cassidy et al; (2009), Resende et al (2009) e Wright et al; (2007), quando ressaltam a importância de formação em área afim ao conhecimento necessário para intervenção no esporte. Os resultados apontam formação dos treinadores em cursos de Economia, Administração em Comércio Exterior, Odontologia e Bacharelado em Direito. A importância da especialização para a qualidade de intervenção profissional preconizada pelo estudo de Isidro (2009) levanta a importância de debate para os dados encontrados nesta pesquisa. O resultado mostra que somente cerca de um em cada 3 treinadores são profissionais em Educação Física (34,5%), enquanto que dois terços restantes (65,5%) são de áreas diferentes daquelas em que se pressupõe a intervenção do treinador de tênis. Os

79 resultados parecem justificar o intenso corporativismo e preconceito observado empiricamente no tênis brasileiro entre os treinadores provisionados e os formados em Educação Física. Em um estudo sobre as condições de acesso à formação de treinadores em Portugal, Isidro (2009) ratifica esta questão quando manifestou dados em que os treinadores com outras formações que não em Educação Física consideraram mais importante a obtenção de uma formação acadêmica qualquer para acessarem a condição de treinadores, enquanto que os com formação superior em Educação Física enalteceram a importância de se obter formação específica em Educação Física para exercer a função de treinador.

Resultados diferentes foram encontrados no estudo de García (2001), onde nenhum treinador espanhol apresentou formação em nível superior, mesmo que fosse em áreas distintas da Educação Física. Neste estudo, 20% deles tinham formação inicial formal no 1 grau completo, 25% no B.U.P e 55% no C.O.U.4. Como conseqüência da formação inicial apresentada pelos treinadores espanhóis, nenhum deles participou de disciplinas de tênis em Instituições de Ensino Superior, no curso de Educação Física/Ciências do Esporte, enquanto que 29% dos treinadores de tênis de alto rendimento no Brasil já o fizeram.

A adesão de treinadores em sistemas de formação tem sido estudada em vários países, com Alemanha, Estados Unidos e Espanha

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C.O.U. é o último ano antes da faculdade, depois de cursar B.U.P., que corresponde a "Instruções Superiores" (que na Espanha corresponde a 3 anos: início com 14-15 anos de idade e término por volta de 17 a 18 anos). No final do C.O.U. o aluno recebe um título de Bacharel. Teoricamente, é uma orientação para a Universidade; na prática, é mais um ano de ensino médio em que são dados os conteúdos referentes à prova seletiva das universidades. No entanto, esse modelo mudou nos últimos anos para adaptar ao modelo europeu, que tem o ensino obrigatório até os 16 anos (CHUSI, 2011).

80 através de estudos como o de Nordmann e Sandner (2009), Crespo (2006), García (2001) e Siedentop e Eldar (1989). Neste estudo, pode-se verificar que grande parte dos treinadores de tênis vinculou-se ao sistema de graduação oficial da Confederação Brasileira de Tênis (tabela 7), a fim de certificarem-se no Sistema Nacional de Graduação Profissional (SNGP) da CBT.

Tabela 7: Características de certificação dos treinadores de tênis de alto rendimento pelo Sistema Nacional de Graduação Profissional (SNGP) da CBT Graduação N % acumulado % Instrutor 1 3,2 3,2 Treinador 6 19,4 22,6 Treinador Nacional 3 9,7 32,3 Técnico Nacional 4 12,9 45,2 Técnico Master 4 12,9 58,1 Não graduado 9 29,0 - Outro 4 12,9 -

Onde: Instrutor representa a menor graduação do sistema e Técnico Master representa a maior.

A alta adesão dos treinadores investigados ao Sistema Nacional de Graduação Profissional (SNGP) da CBT (58,1%) contrapõe-se com os dados encontrados nos registros da CBT, onde somente 88 professores do Brasil inteiro graduaram-se no SNGP até o segundo mês de 2011 (CBT, 2010), em um universo estimado em cerca de sete mil professores de tênis (KIST, 2011). O resultado causa estranhamento pelo fato de os treinadores investigados corresponderem a 20,45% de todos os professores do Brasil registrados no sistema. O resultado nos remete a duas possibilidades: a) Grande parcela dos treinadores de tênis de alto rendimento no Brasil aderiu

81 ao sistema SNGP da CBT; ou b) Grande parte dos treinadores de tênis de alto rendimento no Brasil desconhecem o sistema oficial adotado pela Confederação. Empiricamente, observa-se que grande parte dos treinadores pode estar equivocando-se quanto à aderência no SNGP ao considerar que, automaticamente, pertence ao SNGP se cursar qualquer um dos módulos de formação da CBT (módulos A, B, C, D, E e F). Considerando esta hipótese verdadeira, então parece que a CBT não está conseguindo fazer chegar aos treinadores de tênis a proposta oficial do Sistema Nacional de Graduação Profissional (SNGP) da Confederação.

A expressiva quantidade de treinadores com certificação no SNGP (58,1%) vai ao encontro da avaliação dos treinadores de voleibol da Espanha que, no estudo de Resende (2009) 40,3% afirmam que a formação deveria ser efetivada somente pelo sistema desportivo (confederação ou federações), recebendo, o treinador, uma certificação oficial pela via federativa. O participante R.N.S confirma no seu depoimento os resultados do estudo de Resende (2009), enquanto que os participantes I.K e R.K atribuem à CBT e às Instituições de Ensino Superior em conjunto as certificações aos treinadores de tênis no Brasil (quadro 5).

Quadro 5. Percepção dos treinadores sobre instituições responsáveis pela formação legal do treinador de tênis no Brasil.

Instituições que deveriam ser responsáveis pela formação legal do treinador de tênis no Brasil

A CBT deveria ser a instituição responsável pela formação legal do treinador de tênis no Brasil (R.N.S).

A CBT e as instituições de ensino superior (em conjunto) deveriam ser as responsáveis pela formação legal do treinador de tênis no Brasil (I.K; R.K).

82 O nível de participação dos treinadores de tênis de alto rendimento em disciplinas de tênis ou disciplinas com conteúdos de tênis em uma Instituição de Ensino Superior pode gerar informações importantes sobre o grau de participação das universidades na formação dos treinadores de tênis de alto rendimento no Brasil (tabela 8).

Tabela 8. Participação dos treinadores em disciplinas de tênis ou disciplinas com conteúdos de tênis em Instituição de Ensino Superior em Ciências do Esporte/Educação Física.

Participação Frequência (n) Percentual (%) Cumulativo (%) Percentual

Cursou disciplinas com conteúdos de tênis na

graduação 3 9,7 9,7

Cursou a disciplina de tênis na graduação 5 16,1 25,8 Cursou a disciplina de tênis na especialização 1 3,2 29,0

Não cursou 22 71,0

TOTAL 31 100,0

Os resultados apontam que a grande maioria dos treinadores (71%) nunca frequentou disciplinas de tênis em Educação Física, ou mesmo disciplinas com conteúdos de tênis. O resultado evidencia o baixo contato dos treinadores de tênis de alto rendimento com os conteúdos científicos ministrados na universidade, onde somente um em cada três treinadores passou por essa experiência. García (2001), entretanto, encontrou que nenhum dos 20 treinadores espanhóis de alto rendimento participou de disciplinas de tênis em Instituições de Ensino Superior, no curso de Educação Física/Ciências, enquanto que 29% dos treinadores de tênis de alto rendimento no Brasil já participaram.

83 A baixa participação de treinadores de tênis de alto rendimento em disciplinas que tratem sobre tênis fundamenta-se basicamente pelo alto percentual de treinadores provisionados em tênis (65,5%) que, por não terem acessado o ensino superior em Educação Física, restringem sua participação nessas disciplinas. Por outro lado, dos 10 treinadores formados em Educação Física, nove manifestaram ter participado de disciplinas de tênis ou de disciplinas com conteúdos de tênis em sua ementa. Este resultado demonstra o grau de participação da universidade na formação inicial do treinador de tênis formado em Educação Física, que se utiliza desta oportunidade como meio para formar-se como treinador. O resultado implica também na observação de que as universidades estão disponibilizando as disciplinas nos seus currículos, para que fomentem o contato dos acadêmicos com os conhecimentos científicos do tênis. A preocupação pertinente à baixa participação geral dos treinadores brasileiros de alto rendimento (71%) em disciplinas com conteúdos de tênis foi encontrada também do estudo de Isidro (2009), que indica que os treinadores que possuem uma formação superior em Educação Física apresentam uma noção mais aproximada das exigências de conhecimento teórico que não se adquire apenas da experiência da prática. Entretanto, a aproximação da maioria desses treinadores com os conteúdos científicos relacionados ao tênis pode provir de aprendizagem não-formal (NELSON et at, 2006) através de cursos, seminários e eventos diversos. Nestas atividades de formação, 27,8% dos treinadores avaliaram que são escassas as atividades com rigor científico ou que é escassa a adaptação

84 das atividades de índole científica às necessidades e nível de compreensão dos treinadores.

A importância da opinião dos treinadores investigados sobre as características ideais dos programas de formação em tênis promovidos pelas Instituições de Ensino Superior em Educação Física (tabela 9) é justificada pela necessidade de produção de um conhecimento científico que dê suporte para uma ampla discussão dos técnicos e dirigentes do tênis nacional afim de propor uma retificação ou ratificação do modelo atualmente adotado no ensino superior para os programas relativos à modalidade de tênis.

Tabela 9. Avaliação dos treinadores investigados sobre as características ideais dos programas de formação em tênis das Instituições de Ensino Superior em Educação Física/Ciências do Esporte no Brasil.

Afirmações % Discordo totalmente (0%) Discordo (25%) Opinião intermediária /moderada (50%) Concordo (75%) Concordo totalmente (100%)

“O curso deveria ter algumas

disciplinas optativas.” 3,7 0 25,9 40,7 29,6 “É adequado que os alunos possam

especializar-se, optar em sua titulação de tênis por diferentes áreas (tênis recreativo, gestão do tênis, tênis para pessoas com deficiência, tênis de alto rendimento...).”

0 4,2 20,8 45,8 29,2

“É necessária a criação de uma pós- graduação em “tênis de alto rendimento”, centrando os cursos de formação em todas as áreas além do tênis de alta competição.”

8,3 4,2 16,7 41,7 29,2

“É adequado que as disciplinas sejam mais longas e que se tenha menor número delas.”

8,3 12,5 25,0 37,5 16,7

"É adequado que as disciplinas sejam

mais longas.” 0 14,3 0 57,1 28,6

Obs.: Graus de concordância com as características desejáveis conforme escala likert de 5 pontos onde: 1 (Discordo totalmente – 0%); 2 (Discordo – 25%); 3 (Opinião intermediária/moderada – 50%), 4 (Concordo – 75%); e 5 (Concordo totalmente – 100%). Portanto, a escala pode variar de 1 a 5.

85 Observou-se que a maioria dos treinadores concorda ou concorda totalmente (70,3%) que as universidades deveriam propiciar a disciplina optativa de tênis na sua grade curricular; na avaliação dos treinadores de alto rendimento, as disciplinas deveriam longas (85,7%). Segundo grande parte dos treinadores, é necessária a criação de uma pós-graduação em “tênis de alto rendimento”, centrando os cursos de formação em todas as áreas que não sejam o tênis de alta competição (70,9%). Esses resultados concordam com os encontrados nos estudos de García (2001 e 2003), em que os treinadores espanhóis de alto rendimento atribuíram muita importância às disciplinas optativas e à criação de um mestrado em “tênis de alto rendimento”, opções que não existem naquele país. O resultado demonstra quanto os treinadores espanhóis valorizam o papel das ciências do esporte na qualificação do treinamento de tenistas de alto rendimento, independente de nenhum deles ter a graduação em educação Física; observação semelhante pode ser realizada com os resultados encontrados neste estudo. Os treinadores de tênis de alto rendimento do Brasil atribuíram muita importância à possibilidade de especialização do treinador por diferentes áreas do tênis (tênis recreativo, gestão do tênis, tênis para pessoas com deficiência, tênis de alto rendimento, entre outros) (75%), assim com o encontrado no estudo de García (2003) sobre a percepção de treinadores espanhóis de tênis de alto rendimento na concepção das novas qualificações dos técnicos de tênis propostas para a Espanha.

A sugestão de certificação mínima dos professores na CBT, para que estejam aptos a ministrarem aulas no processo de formação inicial de treinadores de tênis, permite a análise da percepção dos treinadores de

86 tênis de alto rendimento do Brasil sobre a qualificação mínima necessária através do Sistema Nacional de Graduação Profissional (SNGP) ao professor para que possa contribuir com qualidade na formação inicial dos treinadores de tênis no Brasil (gráfico 6).

Gráfico 6. Percepção dos treinadores investigados sobre a qualificação mínima necessária no SNGP5 para que o professor possa contribuir com qualidade na

formação inicial dos treinadores de tênis no Brasil.

Na distribuição da qualificação mínima necessária no SNGP dos professores responsáveis pelas disciplinas de tênis ficou ressaltada, especialmente, a graduação de Técnico Nacional, com 34,6% das indicações. Pelo menos metade dos treinadores considera que os professores deveriam ter as maiores certificações no SNGP para contribuir na formação dos treinadores de alto rendimento no Brasil, assim como concordaram os comentários de I.K e R.N.S (quadro 6). Os treinadores espanhóis, no entanto, manifestaram em sua maioria (95%) que os treinadores deveriam ter as maiores certificações na Real Federación

Española de Tenis (RFET) para ascenderem à condição de professor na

5

O Sistema Nacional de Graduação Profissional (SNGP) da CBT classifica os treinadores ascendentemente em: Instrutor, Treinador, Treinador Nacional, Técnico Nacional e Técnico Master.

0 20 40

Instrutor Treinador Treinador

Nacional NacionalTécnico Técnico Master 19,2 19,2 11,5 34,6 15,4 % do s t rei n ad o res

87 formação inicial dos treinadores de tênis (GARCÍA, 2001). O resultado do estudo espanhol ressalta a confiança que os treinadores de alto rendimento daquele país atribuem ao seu órgão máximo do tênis, especialmente no aspecto da formação de treinadores.

Além da alta certificação exigida para os professores, os treinadores participantes avaliaram que os professores deveriam ser bons comunicadores para poderem passar os conhecimentos que têm, ter formação específica nas áreas em que ministrarão aulas e serem profissionais de referência, de reconhecida competência (“O profissional de referência deve ser um símbolo de sucesso” (R.K)). Segundo o

participante, alguns treinadores de tênis de reconhecida competência são capazes de sedimentar certos conhecimentos.

Quadro 6. Percepção dos treinadores sobre as características que