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A obra literária trabalhada durante o estágio foi, como já referimos, Pride and

Prejudice, de Jane Austen. Esta obra foi publicada pela primeira vez em 1813, mas já

tinha sido terminada em 1797. Inicialmente, a obra intitulava-se First Impressions, mas na altura da revisão a autora mudou posteriormente o título. O romance, muitas vezes considerado como uma sátira de costumes, trata da relação amorosa entre duas personagens, Elizabeth Bennett e Sr. Darcy. No início do romance, as personagens têm

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conflitos entre si, mas à medida que a história se desenrola, começam a nutrir sentimentos uma pela outra.

A autora, Jane Austen, foi uma importante escritora inglesa, nascida em 1775 em Hampshire, no seio de uma família pertencente à burguesia. A situação e o ambiente em que cresceu serviram de palco para todas as suas obras. Entre as obras mais conhecidas de Jane Austen, destacamos Sense and Sensibility, Pride and Prejudice, Mansfield Park,

Emma, Northanger Abbey e Persuasion. Estas duas últimas obras foram publicadas já

após a sua morte, que ocorreu em 1815.

Como referimos anteriormente, consideramos que a leitura e a análise prévia do texto a traduzir constitui uma condição necessária à realização de uma tradução adequada. Passaremos, então, a uma breve descrição dos três primeiros capítulos desta obra, que correspondem à parte que foi traduzida durante o estágio.

Primeiro que tudo, podemos ver que o excerto traduzido apresenta traços da narração, que, como foi referido atrás, pode ser definida como a exposição, mais ou menos pormenorizada, de um universo constituído por personagens e eventos, e situados num determinado tempo e espaço. Quanto às categorias ou elementos da narrativa, podemos ainda analisar o texto ao nível da ação, das personagens, do espaço, do tempo e do narrador.

A ação pode ser dividida em central e secundária. A central inclui o conjunto de sequências narrativas de maior importância. Já a secundária é constituída por acontecimentos menos relevantes para a história, mas que completam e esclarecem a ação central. Neste aspeto, podemos dizer que a ação central diz respeito às peripécias da família Bennet, enquanto a ação secundária corresponde à visita do Sr. Bingley a casa dos Bennet. Quanto à organização das ações, ou sequência, esta é caracterizada como encaixada, pois a ação secundária insere-se dentro da ação central.

No que se refere às personagens, agentes da narrativa em torno dos quais gira a ação, estas podem distinguir-se quanto à sua importância como principais ou protagonistas, quando desempenham um papel central, secundárias, quando possuem um papel de menor relevo, e figurantes, quando têm uma posição irrelevante no desenrolar da ação. Assim, podemos dizer que Elizabeth Bennet e o Sr. Darcy são as personagens principais, já que a ação decorre em redor destas personagens. O Sr.

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Bingley, o Sr. Bennet e a Sra. Bennet são personagens secundárias, pois possuem papéis de menor importância. Por fim, os figurantes são as irmãs de Elizabeth, Sir William e Lady Lucas, a Sra. Long entre outras personagens cuja única função é auxiliar a compreensão da ação. Quanto à caracterização das personagens, esta pode ser direta ou indireta. É direta quando é fornecida ao leitor através do narrador ou das falas das personagens, sendo a indireta quando é deduzida pelo leitor a partir do comportamento das personagens. Neste aspeto, todas as personagens de maior importância, as principais e as secundárias, são caracterizadas de um modo direto, umas vezes através dos diálogos entre personagens, outras através das descrições do narrador.

O narrador, por sua vez, é aquele que conta a história. Pode ser participante, quando está presente na ação como personagem principal ou secundária, ou não participante, quando está ausente e não desempenha qualquer papel na ação. Nesta obra, o narrador não desempenha qualquer papel na ação, não interfere, limitando-se a descrever os acontecimentos. É, por isso, um narrador não participante. Podemos dizer ainda que o narrador apresenta uma posição subjetiva, uma vez que, durante a apresentação de certos factos, possui uma posição emocional e sentimental, sobretudo no que diz respeito à descrição de personagens como o Sr. e a Sra. Bennett. Finalmente, o narrador pode ser omnisciente, quando conhece tudo o que diz respeito às personagens e aos acontecimentos; ter focalização interna, quando adota o ponto de vista de uma personagem; ou ter focalização externa, quando apenas conhece o exterior das personagens e da ação. Podemos ver que, na obra traduzida, o narrador é omnisciente, pois em certos momentos conhece o estado de espírito das personagens.

Como foi referido anteriormente, o texto literário pode apresentar fragmentos passíveis de ser associados a diferentes tipos de texto. Podemos, então, encontrar a narração, no relato de ações e acontecimentos; a descrição, na apresentação das personagens, objetos, ambientes, entre outros; o diálogo, na conversa entre as personagens; e ainda o monólogo, quando as personagens falam consigo próprias. No excerto traduzido, podemos observar vários fragmentos dos tipos de texto referidos, como a narração, a descrição e o diálogo. Até ao final do terceiro capítulo, não ocorrem passagens de monólogo.

Finalmente, o tempo e o espaço da narrativa. No texto literário, o espaço não é apenas o lugar onde o evento se realiza, mas pode possuir também uma dimensão social

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e psicológica importante para a compreensão da ação. O espaço físico é o espaço real onde decorrem os acontecimentos. Em Pride and Prejudice, o espaço físico é, sobretudo, a aldeia onde as personagens habitam, Longbourn, alternando entre a casa dos Bennett e o salão de baile. O espaço social refere-se ao ambiente social vivido pelas personagens e cujas características ilustram a atmosfera social na qual as personagens se movimentam. Pelo que pudemos constatar, a família Bennett pertence à classe média. No que diz respeito ao tempo, este é o elemento que indica a sucessão dos anos, dos dias e das horas em que decorre a ação. Podemos distinguir diversos tipos de tempo, como o tempo cronológico, que diz respeito à sucessão dos acontecimentos; o tempo histórico, que se refere à época ou momento histórico da ação; o tempo psicológico, subjetivo e que é vivido ou sentido pelas personagens; e o tempo do discurso, resultante do modo como o narrador escolhe contar a história. Este último, por sua vez, pode ser linear, anacrónico (com alteração da ordem temporal), isocrónico (com sincronia entre o tempo narrativo e o tempo da história) e anisocrónico (com variação da relação entre o tempo da história e o tempo do discurso através de várias estratégias como a pausa, a elipse, o resumo ou a descrição). Embora o texto traduzido não faça referências explícitas à época em que a ação decorre, sabemos que esta se situa algures no séc. XIX, altura em que a autora escreveu a obra. Podemos caracterizar ainda o tempo do discurso como linear, já que o narrador segue uma ordem cronológica dos eventos.

Eis o resumo das principais informações sobre o texto literário traduzido durante o estágio.

Identificação do texto Título e breve descrição Número de páginas

Texto nº 22 “Orgulho e Preconceito” – tradução dos três primeiros capítulos da obra de Jane Austen.

Sete (7) páginas de texto.

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