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7 Resultados e análises

7.4 Os testes de leitura passo a passo 7.5 No Power Point

7.5.2 Paint 1 Elipse

7.5.2.3 Desenho à mão livre invertido

FIGURA 26: Desenho à mão livre invertido.

O Paint oferece três tipos de ferramentas diferentes para o desenho à mão livre:

Lápis, Pincel e Spray. Apesar de exercerem funções semelhantes, as ferramentas Lápis

( ) e Pincel ( ) contêm Propriedades diferentes. As relações de Representação propostas pelo designer serão descomprimidas pelo usuário de acordo com a distinção que conseguir realizar entre as Propriedades desses dois objetos. Os esquemas abaixo buscam ilustrar as relações conceptuais propostas pelos designers, que provavelmente justificaram a escolha dos ícones.

FIGURA 27: Rede conceptual proposta para a ferramenta Lápis.

FIGURA 28: Rede conceptual proposta para a ferramenta Pincel.

Em ambos os casos, todas as Propriedades são mapeadas entre os espaços como Analogias. A diferença básica entre as ferramentas é a possibilidade, no caso do Pincel, de o usuário alterar a sua espessura. Na mescla, a Representação comprime as Analogias entre as Propriedades de cada um, mas não dá conta de explicar suas diferenças, já que os objetos físicos aos quais se referem não possuem as mesmas

Propriedades no ambiente digital. A adequação dos ícones às suas funções fica prejudicada e a diferença entre eles pode não ser percebida pelos usuários.

Rose

Rose desenhou a árvore várias vezes, pois suas estruturas emergentes traziam, além das referências das quais dispunha, seu medo de errar e seu desejo de fazer um desenho o mais parecido possível com o modelo. Na primeira tentativa, ela acionou o ícone do Lápis, mas logo percebeu a diferença na espessura do traço. A pesquisadora pediu que a estudante procurasse por outra ferramenta, que lhe permitisse um traço mais grosso. Rose tentou então o ícone do Spray ( ). Nesse momento, ela ainda não conhecia a opção de ativar as legendas dos ícones e, provavelmente, escolheu essa ferramenta por estabelecer uma Analogia entre a imagem do ícone e a função que tentava localizar. Quando desenhou com o spray, Rose arriscou: “parece um giz”. Claramente, a estudante estava projetando nos espaços input elementos de frames sobre a ação de desenhar fora do ambiente digital, porque não tinha conhecimentos dessa mesma ação no computador.

A pesquisadora sugeriu que Rose procurasse uma ferramenta que lhe permitisse fazer traços mais espessos que o lápis e menos porosos que o spray, e a estudante clica então no ícone do Pincel. Para aumentar a espessura, a estudante não teve dificuldades em escolher a opção correta entre as disponíveis.

Para inverter o desenho, Rose ativou corretamente o ícone Selecionar, após a orientação da pesquisadora de que ela deveria marcar a área a ser invertida, mas não soube usar a ferramenta. Procurando pela ferramenta de inverter, a estudante iniciou uma busca, mas sem construir uma estratégia para localizar o ícone porque não conseguiu ativar informações necessárias para definir o que procurava. Ela passou o mouse sobre o ícone Selecionar forma livre, mas não clicou. Escolhendo o menu

Imagem, encontrou facilmente a opção Inverter imagem. Sua dificuldade foi processar

a forma de ativação das opções, questão que será discutida mais detalhadamente quando tratarmos de casos específicos sobre o domínio sintático.

Gustavo

Gustavo fez o desenho da árvore com o Spray, por opção. Questionado pela pesquisadora, o estudante demonstrou conhecimento sobre outras funções e suas Propriedades: “Tem o lápis, que é mais fino, e tem o pincel também, que dá pra

engrossar”. Tentando localizar uma ferramenta que lhe permitisse aumentar a espessura do traço, o estudante perguntou: “onde fica o sinal de menos?”. Ele ativou no espaço

input da função um recurso de outras versões do programa Paint. Mesmo não tendo

sucesso porque a versão do Paint utilizada não dispunha desse recurso, o estudante demonstrou dispor de um esquema mais refinado sobre o funcionamento do programa. Incentivado a procurar essa mesma opção na interface, Gustavo tentou as opções do menu Editar, em seguida, do menu Arquivo. Tentou também o menu Exibir, até que, orientado pela pesquisadora, localizou o ícone na barra de ferramentas. Nesse momento, ficou claro que seu esquema sobre o funcionamento do programa Paint não trazia informações sobre alternativas para a ação de aumentar/diminuir a espessura dos traços a partir do teclado. Para girar a árvore, Gustavo encontrou a ferramenta de Inverter

imagem, quando clicou no menu Imagem, e realizou essa ação sem problemas. 7.5.2.4 Textos

T a rde de ve nt o At é a s á rvore s

Que re m vir pa ra de nt ro

Chove u

N a c a rt a que voc ê m a ndou Que m m a ndou?

FIGURA 29: Textos da tarefa no Paint.

O programa Paint atribui propriedades para textos diferentes de outros programas como o Word e o Power Point. O ícone de acesso ( ) é semelhante ao da galeria de WordArt e pode ser reconhecido por Analogia, caso o usuário conheça essa ferramenta de outros programas. Da mesma forma, a idéia de “caixa de texto” ou “imagem que contém texto” permanece, já que é necessário delimitar um espaço na tela para inserir o texto. Mas, ao contrário do objeto Caixa de texto do Power Point, os textos no Paint perdem sua propriedade de edição quando perdem as marcas de seleção. Nesse caso, eles passam a integrar uma propriedade que é geral na área de desenho do Paint, ou seja, deixam de atuar como textos e passam a fazer parte do desenho. A conceptualização dessa relação de Mudança entre as Propriedades do objeto, que acontece durante o uso da ferramenta, pode representar um problema para os usuários mais inexperientes, como veremos a seguir.

Rose

Rose demorou cerca de 15 minutos para escrever o texto. Além da dificuldade para localizar as ferramentas, outros obstáculos foram encontrados devido à sua falta de habilidade motora e ao seu desconhecimento a respeito da dinâmica de trabalho no programa. A primeira ferramenta ativada por Rose para escrever o texto foi o Lápis. Questionada pela pesquisadora sobre sua escolha, a estudante respondeu, sem hesitar: “uai, lápis escreve”. Ela projetou no espaço input da função apenas Propriedades relacionadas à suas práticas fora do computador, deixando claro que não pensou na possibilidade de usar o teclado para digitar. Após perceber a inadequação, Rose navegou por vários menus. Sem conhecimentos suficientes para compor os espaços

input e construir estratégias de busca, clicou em Editar, leu em voz alta todas as opções

desse menu, depois clicou em Exibir, repetindo sua “estratégia”, agora de cima para baixo e de baixo para cima, acionou até mesmo o menu Imagem, mesmo procurando uma ferramenta para manipulação de textos. Tentou ainda o menu Arquivo, mas desistiu e começou a procurar pelos ícones. Após 79 segundos, a estudante localizou o ícone.

Em seguida, Rose encontrou diversos obstáculos. Sem elementos suficientes para identificar unidades típicas da interface e seus processos sintáticos, os conhecimentos dos quais dispunha sobre o Paint não eram suficientes para que ela construísse todas as relações necessárias para utilizar essa ferramenta. Não conseguia delimitar um espaço adequado para digitar; desativava toda hora a caixa de texto, perdendo a propriedade de edição; se embaraçava com a função de Desfazer. Para mudar de linha, Rose projetou no espaço da tarefa o reconhecimento de ícones, e não uma ação no teclado. Ela esperava encontrar na tela um ícone que lhe permitisse alterar a linha para digitação.

Gustavo

Gustavo usou primeiro o ícone Selecionar. Sua hipótese era criar um espaço na tela para digitar. Nesse caso, a busca por uma contraparte para a ação que havia conceptualizado fez com que ele construísse uma relação de Analogia entre essa ação e outra que já conhecia, de suas práticas em outros programas. Constatando a inadequação, Gustavo analisou os outros ícones e concluiu, clicando no ícone Texto, “a caixa de texto provavelmente é esse ‘azinho’ aqui”.

Não teve problemas para delimitar um espaço na tela e digitar o texto, mas, para colocar a fonte em negrito, perdeu a propriedade de edição. Mesmo assim, tentou usar as teclas Delete e Backspace do teclado para apagar o texto. Nesse momento, ficou claro que o esquema de Gustavo sobre o funcionamento do Paint não lhe permitiu realizar projeções adequadas para identificar as Propriedades dos textos nesse programa.

7.5.2.5 Envelope

FIGURA 30: Retângulo com cantos arredondados e linhas diagonais. Rose

A estudante não realizou essa parte da tarefa.

Gustavo

Gustavo construiu a imagem do envelope sem hesitação, escolhendo corretamente os ícones de Linha ( ) e de Retângulo arredondado ( ). Assim como a ferramenta Elipse, esses ícones oferecem uma relação de Identidade entre ícone e função. Mas, para mapear essa relação entre os espaços input, Gustavo precisou descomprimir a imagem do modelo e identificar na imagem da carta as duas formas básicas que a compunham (linha e retângulo). A construção da relação de Identidade estava condicionada, portanto, às relações de Disanalogia e de Mudança.