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DOS ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR

1. Desenho e Tipo de Estudo

O estudo obedece a um desenho transversal, exploratório e correlacional, uma vez que os dados foram recolhidos num único momento sem qualquer manipulação das variáveis pelo investigador, procurando especificar e conhecer as características dos participantes (Pestana & Gageiro, 2005).

É correlacional, uma vez que se investigou a natureza das relações ou associações entre as variáveis, grupos ou categorias. Pode ainda ser designado como preditivo, pois o desenho permitiu averiguar se as mudanças numa ou em mais variáveis estão relacionadas a mudanças em outra(s) variável(eis), efeito definido como covariância (Pestana & Gageiro, 2005). Esta tipologia afigurou-se a mais adequada para responder às questões e objetivos de investigação e proceder à análise do comportamento das variáveis, selecionadas teórica e empiricamente.

2. Amostra

A população deste estudo é constituída pelos EES Portugueses. A seleção da amostra orientou-se por princípios não probabilísticos. Trata-se de uma amostra de conveniência acidental (Marôco, 2011), uma vez que todas as Instituições de Ensino Superior do Distrito de Lisboa foram convidadas a participar no estudo, e acreditando ser representativa dos

115 estudantes do Ensino Superior. Embora as amostragens probabilísticas sejam as mais desejáveis, por garantirem que todos os elementos da população têm uma probabilidade conhecida de integrar a amostra, este tipo de amostra colocaria grandes obstáculos ao estudo, dada a sua dimensão. Por outro lado, em Ciências Sociais a amostragem não probabilística é um processo amplamente utilizado pelos investigadores (Gravetter & Forzano, 2009).

2.1. Plano de amostragem

O plano de amostragem orientou-se por princípios teóricos, técnicos e éticos. Dada a dimensão da população do estudo, todos os estudantes de licenciatura inscritos no 1º e 2º ano em Portugal e da impossibilidade de enviar um inquérito para todos os elementos que a constituem, selecionou-se uma amostra não probabilística de conveniência, ou seja, um grupo de estudantes acessível (Gravetter & Forzano, 2009), representativo dos estudantes do Ensino Superior em Portugal33.

Relativamente à idade, a seleção orientou-se por princípios teóricos, para acomodar aspetos conceptuais referentes ao período temporal que se desejava estudar, e incluir EES que ingressaram pelo contingente de maiores de 23 anos. Apostou-se na representatividade em termos de tipos de ensino e áreas de estudo. Como estratégia de recolha de dados, optou- se pelo questionário de autopreenchimento online, ponderando as suas vantagens34 relativamente à população em estudo.

Na primeira etapa da amostragem fez-se um levantamento das instituições do Distrito de Lisboa, usando a informação disponível no sítio da Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES)35. Todas as 77 instituições identificadas foram contactadas por telefone e posteriormente foi endereçando a todos os presidentes e/ou diretores um convite a participar no estudo. A quem aceitou participar foi solicitado que reencaminhasse uma carta aos estudantes inscritos no primeiro e segundo anos de licenciatura, para o correio eletrónico

33 Direção Geral de Estatística da Educação e Ciência DGEEC- no perfil do Aluno 2012-1013, de um total 364,476 estudantes (46,9% vs 53,1% mulheres). Na NUTS II- Lisboa estão inscritos 139,761, dos quais a maioria (12,1%) está na faixa etária dos 20 anos.

34 Economia de recursos na recolha deste tipo de informação (cópias, tempo edição dos dados, construção de bases de dados e cotação) dada a familiarização dos EES com esta ferramenta e comodidade de preencher o inquérito no momento mais conveniente.

116 (Anexo IV). O conteúdo da carta convidava o EES a participar no estudo, seguindo a

hiperligação de acesso ao inquérito IEES36 online, concebido para o efeito, alojado na

plataforma eletrónica Lymesurvey®37. Esta estratégia abrangeu a diversidade de situações que caracteriza o universo estudantil Português, representativas dos diferentes contextos socioeconómicos e tipologia académica atual, possibilitando posteriormente comparação entre estudantes. Por fim foram aplicados os critérios de seleção da amostra:

a) ter idade superior ou igual a 18 anos e inferior ou igual a 24 anos; b) desejar participar voluntariamente no estudo.

2.2. Refinamento da amostra

Das 77 Instituições identificadas 37,6% (29) aceitaram o convite. Recusaram o convite IST, ISE, ISCTE- IUL, Academia Superior de Polícia e a Academia Militar, as restantes não responderam. Acederam à plataforma, um total de 926 estudantes e destes foram eliminados 333, porque entraram e saíram sem preencher uma única questão.

Dos 593 restantes, 27 acederam ao inquérito, mas não completaram o ISM, e seis não cumpriam critérios da idade. Assim, participaram no estudo 560 estudantes, no entanto preencheram a totalidade dos instrumentos 481.

2.3. Caracterização da amostra

A nossa amostra é constituída por 560 estudantes de ensino superior do Distrito de Lisboa. Relativamente às características sociodemográficas, relacionais e académicas, a nossa amostra é maioritariamente do género feminino 79,6% (446), com idades que variam entre os 18 e os 24 anos, situando-se a média em 19,6 anos (DP=1,68). A maioria é solteira 99,3%, praticamente metade (47,5%) não tem uma relação íntima/namoro. Frequentam o 2º ano 51,1% e 48,9% frequentam o 1º ano. 61,25% áreas da saúde e 38,75% noutras áreas.

A maioria (82,7%) frequenta o Ensino Superior Público. 43,6% no Politécnico, 35,2% no Universitário e 3,9% no Militar e Policial. Dos 17,3 % do Ensino Privado apenas 0,3 são do

36 “Inquérito para Estudantes do Ensino Superior”

117 Universitário. Aproximadamente um terço da amostra 32,9% encontra-se deslocado de casa. Metade dos participantes, 52,7%, coabita com os pais em tempo de aulas. Dos restantes participantes, a situação mais comum é coabitar com colega/amigo, (27,3%) ou com familiares (10,4%). Somente 4,1% dos participantes vive sozinho em tempo de aulas, 3,2% vive com o namorado (a)/companheiro(a) e 2,3% tem outra situação. Quanto à situação laboral, só trabalham 13,2% (74), uma média de 21 horas semanais. A NSE a maioria pertence à Classe Média Baixa 37,3%, à Classe Alta 3,2 % e da Classe Baixa 0,5%.

Considerando que as características da população têm que se encontrar refletidas nas amostras utilizadas na investigação, foram considerados dois aspetos fundamentais: 1) a sua significância, que diz respeito ao seu tamanho; 2) a representatividade, que tem a ver com a sua qualidade, ou seja, até que ponto a amostra em estudo é de qualidade. O tamanho da amostra é uma dificuldade comum que os investigadores têm que ultrapassar, sobretudo em Ciências Sociais e Humanas. Para definir o número da amostra, para que a mesma seja significativa, entre outros aspetos, há que considerar nomeadamente os objetivos do estudo, o número de variáveis a estudar e o tipo de análises estatísticas que se pretende efetuar. De um modo geral, recomendam-se valores acima de 500 participantes

Ainda no que respeita ao tamanho das amostras Marôco (2011) consideram que amostras com 500 sujeitos são muito boas, quando se pretende realizar análise multivariada. Nesse sentido, a amostra deste estudo, ao ter 560 participante parece satisfazer os critérios de significância. Em termos de representatividade, neste estudo, houve a preocupação em assegurar que a amostra preservasse algumas das principais características sociodemográficas da população, tendo em conta os critérios de inclusão, maiores de 18 anos e menores que 25 anos inclusive. Assim, apostou-se na diversidade de tipos de ensino e cursos, estando representadas na nossa amostra todos os tipos de ensino superior em Portugal e uma grande representatividade de áreas de cursos no distrito de Lisboa.

No que diz respeito ao género, na nossa amostra, verifica-se uma superioridade na percentagem de mulheres (79,6%> 20,4%) comparativamente com dados do Eurostudent

2012-2015, que apontam para cerca 55,3% de mulheres no ensino superior em Portugal. Esta

diferença pode ser explicada pela participação residual de instituições com cursos maioritariamente frequentados por homens.

118 Europeia (93%) - Eurostudent 2012-2015. Mais uma vez estas diferenças poderão estar associadas à limitação do estudo a estudantes com idade até aos 24 anos. Noutros indicadores, contudo, houve maior aproximação, como na média de idades da nossa amostra que se situa nos 19,6 anos, valor muito aproximada dos 20 anos para estudantes dos primeiros anos do ensino superior (DGEEC)38.