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A implementação do território do Distrito Federal teve como base a abertura do país para uma nova fase de desenvolvimento, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, a partir da transferência da capital, do Rio de Janeiro para o interior do estado de Goiás.

Desde a criação de Brasília, o Distrito Federal cresceu de forma acelerada em virtude da vinda dos migrantes para a nova capital.

Sobre a demarcação das etapas da organização e os períodos nos quais a urbanização se efetivou em Brasília, encontram-se diversos estudos que procuraram delimitar e caracterizar a formação do aglomerado urbano de Brasília, cada um a partir de especificidades inerentes ao foco de seus trabalhos.

Dentre esses, ressalta-se o trabalho de Paviani e Gouvêa (2003) no qual foi apresentada uma análise do acompanhamento do desenvolvimento urbano do DF, seguindo etapas que marcam sua evolução e procurando identificar o contexto social e econômico prevalecente, Os períodos adotados nesse estudo foram: Implementação, de 1956 a 1969; Consolidação, de 1970 a 1985; e Expansão, de 1986 a 2000.

Em linhas gerais, o contexto apresentado por Paviani e Gouvêa (2003) está demonstrado na Figura 8, a seguir:

ETAPA CARACTERÍSTICAS

Etapa 1 – Fase de Implementação de Brasília (de 1956 A 1969)

- A nova capital foi projetada e construída em sintonia com parâmetros elevados de qualidade de vida e de qualidade ambiental;

- O Estado foi o principal agente na estruturação do espaço; - Expansão não planejada do tecido urbano, por meio da criação das cidades-satélites, geridas por autoconstrução e com padrões altamente diferenciados do que havia sido planejado, para abrigar os migrantes pobres; o processo de assentamento foi feito pela Novacap11

- Na prática, as ações de gestão do território mostraram-se seletivas e excludentes; mas a imagem construída era de um espaço igualitário.

Etapa 2 – Fase de Consolidação de Brasília (de 1970 a 1985)

- A organização do espaço no Plano Piloto manteve-se em sintonia com o projeto original; diante do crescimento da cidade, o governo elaborou o PEOT - 197712

- Recomendações para o crescimento na direção sudoeste, ao longo do eixo Taguatinga - Gama, reforçando o crescimento periférico.

- Atuação da SHIS13 e Terracap14 que contribuíram para o

modelo de ocupação

- Embora a gestão do território reafirmasse contradições, a imagem criada era de uma cidade moderna, dinâmica e igualitária, privilegiada pela ação do Estado, com elevados padrões de qualidade de vida e qualidade ambiental.

Etapa 3 – Fase de - Continuam as migrações continuadas para a capital,

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Companhia Urbanizadora da Nova Capital, criada em 1956.

12 Plano Estrutural de Organização Territorial de 1977 – pretendia estabelecer áreas de expansão,

distribuir equipamentos urbanos e definir diretrizes paisagísticas.

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Sociedade de Habitação de Interesse Social – atuação para atender a crescente procura por trabalhadores de baixa renda e funcionários transferidos.

Expansão de Brasília (de 1986 a 2000)

motivadas pela imagem de cidade que continua a expandir-se e dispõe de reservas ilimitadas de terras; a diferença entre a imagem construída e a percebida amplia-se ainda mais. - Significativo crescimento e adensamento da área urbanizada;

- A organização do espaço continuou a reforçar a ampliação da malha periférica; o governo agenciou diversos planos e estudos na tentativa de se estabelecer uma organização territorial planejada: o POT 198515; Brasília Revisitada 1985- 198716; o Pouso 1986-199017; o PDOT 199218 e o PDOT 199719.

- O continuado crescimento da cidade e a forma de gestão do território agravaram a desigualdade existente o centro e a periferia.

- Instituiu-se a RIDE20 como tentativa de enfrentar os

problemas das regiões vizinhas;

- Aprofundaram-se as contradições entre o real e o ideal; acentuou-se a criação de condomínios, pelo parcelamento irregular de áreas rurais, públicas ou privadas, estendendo-se sobre áreas de preservação ambiental.

- O processo continuado de degradação do ambiente, o desenho urbano pouco adequado e a infra-estrutura deficiente reduziram a qualidade de vida.

Figura 8 – Síntese sobre as etapas do desenvolvimento urbano do DF

Em comentário a essas questões, Paviani e Gouvêa (2003) afirmam que as tendências apontam para um ambiente urbano que se expande de forma cada vez

15 Plano de Ordenamento do Território de 1985 (não foi homologado). 16

Brasília Revisitada 1985-1987: Complementação, Preservação, Adensamento e Expansão Urbana (COSTA, 1993).

17 Plano de Ocupação e Uso do Solo – Decreto nº 12.898/90. 18 Plano Diretor de Ordenamento Territorial de 1992 – Lei nº 353/92. 19

Plano Diretor de Ordenamento Territorial e Urbano do DF de 1997 – Lei Complementar nº 17/97.

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Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno – instituída em 1998, para atuar na resolução dos graves problemas das regiões vizinhas.

mais desigual, caótica e depredadora, desafiando tentativas de estabelecer uma ordem planejada do território.

Nesse sentido, Bernardes (2007) assinala a importância do “território”:

O território é a porção de espaço construído na qual as relações de uma sociedade atingem seu maior nível de concretude, integrando as formas, os objetos, os valores e as ações na totalidade dos acontecimentos simultâneos.

Percebe-se que Brasília continua na fase de expansão e que nos últimos anos houve a continuidade do processo de crescimento da cidade e formação de novas Regiões Administrativas.

Em outro estudo que trata da geografia urbana do DF e de sua área metropolitana, Ferreira e Steinberger (2005, apud PAVIANI, 2007), analisaram a história do aglomerado urbano de Brasília em três períodos, resumidos na Figura 9, a seguir:

Período Características

1956 a 1973 Marcado pela conquista do território;

1974 a 1987 Quando ocorreram algumas tentativas de promover o ordenamento da conquista no ambiente do território do DF;

1998 até a presente data Consolidação do aglomerado urbano. Figura 9 – Síntese com períodos históricos da cidade de Brasília

Assim, o processo de urbanização de Brasília acabou transformando-a no conjunto atual de núcleos disseminados no território.