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2.3 A CIDADE DE ÁGUAS CLARAS

2.3.2 Plano de Ocupação de Águas Claras

Os principais aspectos previstos no Plano de Ocupação de Águas Claras, aprovado também pela Lei nº. 385 de 16/12/1992, foram:

 Uma solução que incorporasse características do projeto concebido para o Plano Piloto, pelo arquiteto Lúcio Costa;

 A estruturação segundo o eixo do transporte de massa (metrô);

 A criação de quadras residenciais com baixas taxas de ocupação, predominância de verde e padrões de tranqüilidade e segurança;

 O parcelamento racional do solo, com previsão de abundantes áreas verdes locais para serviços e equipamentos de interesse comunitário;

Cabe registrar o contido no item “Brasília Metrópole” do Plano de Ocupação de Águas Claras:

Águas Claras constitui-se em um elemento fundamental na configuração urbana que delineia para o Distrito Federal. Trata-se de um elo que se faz necessário para assegurar a continuidade urbana: poderá vir a ser um centro metropolitano, rico e complexo, moldado pelas forças econômicas e sociais, de forma a acolher contribuições variadas no futuro desenvolvimento das áreas residenciais, de lazer, comércio e serviços.

Foram ressaltados os seguintes aspectos sobre a localização privilegiada de Águas Claras:

 Ligação entre dois grandes complexos urbanos: Plano Piloto/Cruzeiro/Guará e Taguatinga/Ceilândia/Samambaia;

 Ligação com as rodovias federais em direção ao sul e ao leste;

 Local definido para a construção do metrô, que colocaria a cidade em uma posição central em relação aos pontos de origem e de destino dos usuários;

 Local dotado de beleza cênica e paisagística, aliando o caráter urbano e bucólico.

Consta ainda no item “Brasília Metrópole” do Plano de Ocupação de Águas Claras, que o local havia sido definido como área de expansão urbana pelo PDOT – Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, aprovado em 1992, enfatizando a necessidade de sua ocupação.

Relativamente às restrições de ordem ambiental da área, contidas no item “Análise do Sítio” do Plano de Ocupação de Águas Claras, citam-se:

 O “Projeto Águas claras”, aprovado pelo então Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU que identificava uma série de problemas e apontava para o decapeamento generalizado, com agravamento da erosão e assoreamento do Lago Paranoá, além de chamar a atenção para a proteção dos mananciais ameaçados pelo desmatamento e pela ocupação desordenada da área;

 O Estudo Prévio de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto Ambiental, realizado pelo Programa de Gestão e Educação Ambiental - PROGEA, em 1992, bem como o Parecer Técnico elaborado pelo Instituto de Ecologia e Meio Ambiente - SEMATEC, recomendavam:

 Instalação de estação de tratamento terciário de esgotos;  Proteção rigorosa e efetiva das nascentes da região;

 Preservação da vegetação existente (matas de galeria, cerrado, pomares, etc.);

 Retomada dos projetos de recuperação das cascalheiras e de controle dos processos erosivos;

 Recomendações quanto à saneamento básico e projetos de infra-estrutura.

Dentre as definições para a ocupação do espaço urbano, expressas no Plano de Ocupação de Águas Claras, destacam-se o estabelecimento dos centros de

comércio e serviços em torno das estações do metrô e na vizinhança desses centros, escolas, postos de saúde e hospitais, além da definição de cinco zonas27 de uso urbano para o bairro, conforme Figura 12 a seguir:

ZONAS URBANAS CARACTERÍSTICAS DESTINAÇÃO

A - Área Central Quarteirões centrais: com dimensões de 60X120 metros, situados ao redor da Estação Águas Claras.

Funções centrais do comércio e serviços, áreas esportivas, residenciais e de administração pública, além do Parque Urbano de Águas Claras; Massa edificada mais expressiva do Bairro, com permissão de 15 pavimentos. B – Centros Secundários Áreas predominantemente comerciais e de serviços: com dimensões de 60X120 metros, situados ao redor das demais estações do metrô.

Instalação de residências e atividades de comércio e serviços; Permissão de prédios de mais de 6 pavimentos. C – Área de Uso Misto Quarteirões predominantemente residenciais; situadas ao longo da linha do metrô.

Áreas residenciais, admitindo também usos típicos de comércio local; Permissão de prédios com seis ou mais pavimentos.

D – Quadras Residenciais Áreas residenciais exclusivas: em torno de 6,25 hectares, situadas além do Edificações residenciais multifamiliares, com acesso disciplinado e amplas áreas verdes, podendo incorporar funções

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As diferentes zonas limitam uma dada área da cidade para certo tipo de estrutura. Zonas podem ser, normalmente, residenciais, comerciais, industriais ou mistas.

binário que circunda o metrô.

comerciais e de serviços, de atureza local, e escolas básicas; Permissão de construção de edifícios com pilotis, distribuídos por áreas verdes, de uso coletivo, que somarão pelo menos 55% da área da quadra. E – Áreas de Comércio, Serviços e Abastecimento Áreas para armazéns, entrepostos, atividades industriais, etc.; situadas também ao longo da linha do metrô.

Áreas para atividades comerciais e industriais de maior porte, como instalações de apoio ao funcionamento das infra-estruturas públicas (energia, comunicação, etc.); Permissão de construções com 04 pavimentos no máximo.

Figura 12 – Síntese com as Zonas de Uso Urbano

Quanto ao sistema viário, foi estabelecido que a circulação da cidade privilegiasse o transporte coletivo, com ruas de dimensões largas para comportar o tráfego de ônibus, bem como se previu a estruturação de duas vias arteriais (um binário), com fluxo em sentido único, articuladas entre si.

No contexto do sistema viário, o Plano de Ocupação também previa, a instalação de sinais para pedestres e projetos adequados de travessias, calçadas e outros recursos urbanísticos contemporâneos, além da criação de estacionamentos ao longo das calçadas, em número suficiente para atender a demanda prevista.

Quanto às áreas verdes do bairro previu-se:

 O Parque Urbano de Águas Claras, localizado junto à Estação Principal, medindo 12,9 hectares, como principal área verde da malha urbana;

 A criação de um segundo parque, o Parque Metropolitano, com 63,6 hectares, articulando a malha urbana com a principal Unidade de Conservação, a Granja das Águas Claras, residência oficial do Governador;  Implantação de várias praças públicas com extensas áreas verdes e a criação de áreas verdes e de uso coletivo no interior das quadras e quarteirões, junto às quadras mistas e centrais;

 A recuperação dos recursos naturais e da vegetação existente, e a implementação de seu uso disciplinado.

No que tange aos projetos de infra-estrutura urbana, foram exigidos a observância das premissas a seguir, visando minimizar os impactos ambientais:

1- Canalização da drenagem das águas pluviais para desaguar no Córrego Vicente Pires, abaixo da confluência com o Córrego Águas Claras;

2- Destinação de no máximo 60% de área ocupada com construções, para favorecer a infiltração das águas pluviais;

3- Priorização de projetos com pisos que permitam a infiltração de águas pluviais, para pátios, estacionamentos e calçadas;

4- Orientação de projetos de drenagem pluvial para proteção de aqüíferos subterrâneos e de superfície;

5- Adoção de soluções de tratamento de esgoto terciário para os esgotos terciários;

6- Impedimento de obras de infra-estrutura que possam destruir as matas de galerias ou áreas vizinhas, assegurando a qualidade ambiental das áreas de preservação permanente;

7- Manutenção de pomares e benfeitorias já existentes, objetivando o seu aproveitamento para equipamento comunitário, quando couber;

8- Implementação de medidas para evitar a retirada de vegetação natural, viabilizando seu aproveitamento em projetos de urbanização, sempre que possível;

9- Adoção de medidas para minimizar os níveis de ruídos gerados pelo Metrô, por meio de sistema de ruas encaixadas e de elementos de vedação da faixa de domínio;

10- Implementação de projetos de aprimoramento do sistema viário circundante, para viabilizar o fluxo de veículos resultante da implantação do novo bairro.

Na seqüência, a Figura 13 demonstra os principais indicadores urbanísticos previstos no Plano de Ocupação de Águas Claras (1992):

Áreas do Sítio

Área Total 8,07 km²

Poligonal 6,98 km²

Decreto nº. 13.574, de 18/11/1991

Estrutura Urbana 5,14 km²

Complexo Manutenção do Metrô 0,54 km²

Parque Águas Claras 0,62 km²

Faixas de Domínio e Conservação 0,69 km²

Granja Águas Claras 1,09 km²

Usos da Área Construída

Área construída permitida 6,46 km²

Habitacional 2,90 km²

Comércio, Serviços e Abastecimento 2,71 km²

Institucional 0,64 km²

Área Especial – Campus 0,20 km²

População Estimada (para ocupação total da cidade) 160.000 habitantes

Áreas Verdes

Áreas verdes 3,04 km²

Índice área verde pública

recomendada 18%

Índice área verde Águas Claras 45%

Figura 13 - Indicadores Urbanísticos