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CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO Concetual

“EUROPEAN INNOVATION SCOREBOARD”

1.7 Design, IES-D e Oportunidades

Pensamos que terá que ser na realidade económica e social que as IES-D deverão encontrar os seus principais pontos de fixação - as referências mobilizadoras, investindo em domínios tão diversos como o design e a gestão, a investigação, o desenvolvimento e a tecnologia, a formação dos recursos humanos, estudos e prospetiva, na gestão da informação ou na certificação.

Segundo FIGUEIREDO (1997) na interação Escola – Empresa, aquilo que de parte a parte não é reconhecido, é o funcionamento do sistema como um todo, no qual cada elemento depende, não só de si e dos que o rodeiam, mas também, e cada vez mais, da tipologia das próprias ligações estabelecidas entre todos os elementos.

Para MARQUES (2000) essas relações podem assumir um caráter nacional, e serem integradas numa política de ensino que assente numa negociação sistemática com os parceiros educativos na sua globalidade, incluindo os parceiros sociais.

Um caráter regional assente num diálogo permanente entre as administrações regionais e os parceiros sociais existentes no tecido económico e social regional.

Um nível mais particular. A colaboração geralmente existe mais por iniciativa da escola (ou da empresa) e tem um caráter mais limitado, embora possa atingir um leque grande de funções e de benefícios mútuos.

Segundo a COMISSÃO EUROPEIA (2010e), as empresas devem, portanto, ser mais envolvidas no desenvolvimento dos programas de doutoramento para que as competências dos profissionais correspondam melhor às expetativas da indústria.

Os bons exemplos de abordagem interdisciplinar em universidades são diversos mas é necessário que se reúnam as competências que vão desde a investigação económica à empresarial e desde as competências criativas e de design às competências interculturais 52. A produção de conhecimento é uma tarefa que a IES sempre dominou, mas atualmente a questão põe-se na diminuição dos benefícios económicos do conhecimento nela produzido. PERRY e MAY consideram:

“As oportunidades de desenvolvimento para as universidades situam-se não apenas no plano da inovação através da ligação às empresas, mas também no plano da intervenção social e do desenvolvimento de competências.

(…) Do ponto de vista das universidades, as contradições entre as motivações para a excelência internacional e as motivações para a colaboração de benefício regional parecem evidentes.

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Por um lado, afirma-se que a investigação tem de ser levada a cabo num plano internacional, de forma a preencher os requisitos da excelência de “classe mundial”53; por outro lado, a investigação precisa de estar envolvida em contextos locais e regionais - isto se pretender que os benefícios esperados do conhecimento para a economia sejam concretizados na sua localidade.

(…) No entanto, as instituições tendem a competir em vez de colaborar, ambicionando a obtenção do difícil rótulo de “classe mundial”.

Os elementos das atividades da “terceira missão” que suportam esse papel de “classe mundial”- como as colaborações com a indústria ou a obtenção de financiamentos regionais - são vistos como um degrau na obtenção de uma posição global. Daqui resulta que as atividades menos visíveis - mas possivelmente mais relevantes em termos sociais e económicos - sejam relegadas para o domínio das universidades menos prestigiadas.

A diversificação de papéis acompanha assim a estratificação nos sistemas universitários, com a “terceira missão” a tornar-se a opção de recurso para as universidades que se encontram fora dos escalões mais elevados da hierarquia global.” (2008: 105-128 )

A reflexão referida anteriormente é de extrema utilidade, pois estimula a necessidade de se analisar varias IES-D.

A presente situação de crise económica “catapultou” muito rapidamente a Europa para um cenário onde é urgente encontrar opções que respondam à economia, ao emprego e à competitividade dos países que a integram.

Considerando muito relevante o benefício económico da produção do conhecimento na área científica do design, um grande contributo pode ser dado, não só à inovação, como também aos aspetos sociais e de bem-estar dos cidadãos.

Esta nova inquietação com as necessidades do utilizador dos produtos e com as suas aspirações e expetativas, permite abrir ainda mais o leque de oportunidades, onde diferentes campos de exploração podem servir de inspiração e criatividade.

Todas as possibilidades que se apresentam ao design permitem que este funcione como um impulsionador da inovação. Por um lado, impulsionando os agentes económicos, por outro, permitindo que o desenvolvimento de novos produtos e serviços seja uma vantagem competitiva.

Como a inovação produz também benefícios para as organizações, estas veem nas universidades parceiros estratégicos para o conseguir. Por sua vez, as IES-D vêm nessas

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parcerias condições para o seu desenvolvimento, não só no contexto regional como internacional.

Todos estes fatores conjugados apontam, claramente, para a necessidade de crescimento da “terceira” função das IES-D - mais serviços de inovação e criatividade e a sua adaptação às mudanças económicas de escala global.

Assim, observa-se que os serviços podem permitir o fortalecimento das ligações U-I, mas também a internacionalização da instituição e um posicionamento mais sólido no mercado do ensino superior.

Dado que não pertence à unidade de investigação (UI) a função de prestador de serviços, pois o seu principal objetivo é a produção científica, nas IES-D a criação de uma unidade funcional específica pode ser considerada o agente de interface que dará resposta as ações de inovação.

Assim, considera-se ser realmente atual o surgimento de unidades funcionais com uma certa configuração - interagem com o meio e promovam estratégias de desenvolvimento.

A título de exemplo, uma unidade inovadora será provavelmente a (futura) Design Factory a implementar no Parque de Ciência e Inovação (PCI) 54 no novo campus da Universidade de Aveiro (referido no capítulo Introdução).

Assim sendo, aproveitando o “impulso” que está a ser dado por organizações internacionais expresso pelo interesse em aprofundar estas matérias, inserir-se neste estudo a descrição de novas possibilidades de desenvolvimento para as IES de Design, sustentada pela análise da experiência revelada por instituições de ensino superior de design inovadoras Europeias e também de algumas da América do Norte (EUA) e Ásia.

54 PCI - É uma Sociedade Anónima, constituída por um conjunto de parceiros estratégicos. O presidente do

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