CAPÍTULO II METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
1. Estudo de Caso Intrínseco Quando o investigador pretende uma melhor compreensão de um caso particular que contém em si mesmo o interesse da
2.4 Investigação Aplicada
2.4.1 Investigação Ação
Segundo COUTINHO (2005) a investigação-ação (I-A) “caracteriza-se pela forma interativa como se desenvolve (…) e como permite a produção de saberes ao longo de todo o processo a todo o grupo participativo”.
Para SILVA (p.8, 2002), situa-se entre dois paradigmas. Por um lado, as metodologias quási- experimentais e, por outro, as metodologias qualitativas. Cada etapa é alternada entre a ação e a reflexão, e essa experiência permite ao investigador aprender.
Como a investigação-ação é uma metodologia qualitativa e participativa adota um ponto de vista interpretativo mas é apoiada pela teoria. E como produtora de conhecimentos sobre vivências, pode também tornar-se num processo de construção de novas realidades, pondo em causa os modos de pensar e de agir das sociedades (SANCHES, 2005).
A mudança não só é das suas componentes, como uma das suas características fundamentais. E o plano de investigação levado a efeito é flexível. Isto significa que à investigação estará sempre associada uma ação mais ou menos imediata.
Por conseguinte, pode ser utilizada como uma ferramenta de investigação para diagnóstico ou para avaliar estudos ou projetos-piloto (DICK, 2000).
Em síntese, apresentam-se no gráfico da Figura 8 algumas das principais características do método de investigação-ação (COHEN E MANION, 1994; DESCOMBE, 1999).
Na prática, o projeto ESAD DESIGN STUDIO será configurado através de um processo de investigação-ação (Figura 7). Este projeto a criar na Escola de Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, em 2007, será definido como uma plataforma de interação U-I.
A questão inicial do estudo de campo pretende aferir quais as necessidades reais de uma instituição de ensino superior nacional na área do design em termos de estratégias inovação viáveis a adotar.
58 Nota do autor: O acesso à consulta de informação sobre a caracterização da escola foi facilitado pelos
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Em 2005, o Ministério da Ciência e Tecnologia apresentou o Programa Operacional Sociedade do Conhecimento 2000-2006 e a Medida 7.1 – Desenvolvimento de Centros de Competências em TIC.
Esta medida visava implementar “Design Studios” nas universidades com o objetivo de conseguir resultados na transferência de conhecimento e tecnologia para a comunidade e também apoiar o desenvolvimento de centros de competência de base setorial/regional. Os benefícios decorrentes das sinergias alcançadas constituirão uma “alavanca para o desenvolvimento de clusters de inovação, intensivos em conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento do tecido económico e social de uma região e/ou setor” (UMIC, 2006a). Assim, a experiência de projetos de desenvolvimento de novos produtos e serviços em Design Studios serviria para formar novas competências e facilitar a instalação de novos esquemas de formação avançada em áreas críticas para o desenvolvimento empresarial59.
Figura 7: Características do método de investigação-ação.
Adaptado de COHEN E MANION (1994) e DESCOMBE (1999).
O desafio apresentado era o de promover a relevância da universidade e de aproximação às necessidades das empresas, de forma a relacionar o devido acompanhamento da investigação com aplicação industrial.
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A prática em Design Studios60 facilitaria a difusão da inovação pelos utilizadores, promovendo o contexto institucional que facilitaria a independência das atividades a nível universitário e a competitividade das empresas.
Assim, baseada em leituras realizadas à data, sobre as políticas nacionais para as IES, será programada a aplicação do projeto ESAD DESIGN STUDIO, que pela sua abrangência e interdisciplinaridade envolva a comunidade académica, empresas e outras organizações. Em síntese, serão três os fatores que conjugados determinarão o estudo de campo. A análise do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento 2000-2006, a verificação das estruturas existentes na escola ESAD.cr e a oportunidade de estudar outras escolas internacionais de design de cariz inovador (Figura 8).
Barreto Fernandes, 2006
Figura 8: Fatores que determinaram o campo de estudo, 2006.
Durante o estudo e análise das Escolas Design estrangeiras será possível definir um Modelo Concetual, o qual será avaliado na fase seguinte do projeto.
Assim, para se conseguir arrancar com o projeto será necessário considerar-se uma de duas vias:
Formar uma equipa com alunos do 2º ciclo, tentando rentabilizar as suas aprendizagens e a necessidade da realização de estágios ou desenvolvimento de projetos no âmbito da dissertação numa plataforma de estudo e investigação em Design.
60 Nota da Autora: Recentemente, o desenvolvimento dessa política de ensino resultou na implementação das Oficinas de Transferência de Inovação e Conhecimento – OTIC.
Conjugação Fatores Observação ESAD.cr/IPL Estudo Internacional Escolas Design Análise Prog. Operacionais Sociedade Conhecimento
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Formar uma equipa interdisciplinar composta por docentes e, através dos seus interesses e pesquisas, constituir um projeto com vista à implementação de uma plataforma de estudo e investigação em Design.
Optou-se pela segunda hipótese, dado que a primeira, por força do processo de Bolonha, ainda não poderia ser implementada (em 2006 não havia mestrados na ESAD.cr).
A seguir serão definidas as áreas estruturais do projeto, que podem ser observadas no esquema da Figura 9.
Serão definidas sete áreas operacionais: Planeamento; Gestão; Novas Tecnologias; Marketing; Informática; Tecnologias Industriais; Projeto de Design e considerados três níveis de suporte.
No primeiro nível, estará o planeamento e gestão, os quais servirão para apoiar um segundo nível - das novas tecnologias, do marketing e da informática. Por sua vez, estes dois irão dar suporte à área de Projeto de Design e Tecnologias Industriais.
Barreto Fernandes, 2007
Figura 9: Áreas estruturais do projeto EDS/CEID, 2007
Através de uma pesquisa exploratória empírica, serão identificados na ESAD/IPL os docentes com experiência profissional nas áreas definidas e com condições para integrar o Projeto ESAD DESIGN STUDIO.
Projeto
Design Tecnologias Industriais
Novas Tecnologias Informática Marketing Gestão Planeamento
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Será efetuado um convite a docentes/investigadores com o objetivo de constituir uma equipa de colaboradores com experiência na área do design e afins (ver quadro 35).
Com o decorrer do tempo, serão desenvolvidas ações que permitirão avaliar a capacidade de resposta da equipa. Para cada ação serão criadas equipas mais pequenas de dois a quatro elementos, que darão resposta ao que for solicitado.
Numa fase subsequente, irá proceder-se à análise de programas de financiamento e ao enquadramento do projeto ESAD DESIGN STUDIO nas possíveis candidaturas.
Serão analisados os seguintes programas de financiamento (Anexo 12): Programa Aprendizagem ao Longo da Vida 2007-2013, Programas de Investigação e Inovação e Programas Regionais de Ações Inovadoras.
Com o apoio do Gabinete de Projetos do IPL, será identificado o enquadramento para três programas: Socrates-Grundtvig, Programa Ideias e o Programa Icentro e reunida informação conducente à preparação de candidaturas.61
Co rp o d e C o n h e ci m e n to E xi ste n te s Reconhecimento de um problema atual
São quase inexistentes os estudos que demonstram quais as práticas que permitem a relação U-I numa instituição de ensino superior de design.
No entanto, essa relação existe em enumeras escolas espalhadas por todo o mundo através de diferentes tipologias.
Definição precisa do
problema Que estratégias devem ser aplicadas para criar uma plataforma de Design e Inovação que permita estabelecer a relação U-I.
Definição do método de resolução do problema
Método Indutivo. Exploração Empírica.
Definir o universo das escolas de estudo. Estudos Caso.
Observação e análise das boas práticas existentes nas IES-D a fim de identificar tipologias, objetivos e ações concretas.
Definição de um modelo concetual. Resolução do problema
Realizar o levantamento da realidade.
Apresentar hipóteses através do modelo concetual. Investigação aplicada - criação da plataforma U-I. Confirmação ou reformulação do modelo concetual.
Barreto Fernandes, 2007
Quadro 3: Roteiro Resolução de Problemas. Adaptado do método de BARAÑAMO (p.25, 2004)
61 Nota da Autora: As candidaturas entregues foram para o Programa Icentro - setor materiais e para o
programa Socrates-Grundtvig. Este último obteve financiamento em 2008 para duas bolsas de investigação para uma visita à PUC-RIO (Rio de Janeiro).
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O Quadro 3 apresenta o Roteiro para a Resolução de Problemas, o qual pretende dar uma visão do cenário em que se irá circunscrever o trabalho de campo - projeto EDS-CEID.
Um dos grandes objetivos será reconhecer oportunidades de desenvolvimento com empresas e definir linhas de atuação inovadoras para as IES-D.
Resultará num estudo exploratório de caráter teórico analítico, sobre a aplicação das ações estratégicas das IES-D de referência e do seu posicionamento perante o ensino, a investigação e prestação de serviços de design.
Procurar-se-á igualmente apresentar os dados empíricos que resultarão da investigação aplicada. Tudo isso permitirá aferir a configuração do modelo concetual definido.
Em síntese, o estudo teórico será fundamentado na literatura, dados bibliográficos e documentais referentes à interação U-I com foco no desenvolvimento de novos produtos. E o estudo analítico terá como resultado um modelo concetual, que configurará boas práticas num padrão de inovação.
A metodologia de investigação a empregar é descritiva, qualitativa e aplicada. É descritiva porque tencionará mostrar a situação como ela é. Através da amostra das instituições de design inovadores, descrever-se-á o estudo realizado num determinado espaço e tempo. É qualitativa porque tentará analisar uma realidade complexa de um campo de ação da IES- D frente ao problema da competitividade do mercado. Analisará a interação U-I e tentará compreender e caracterizar as unidades funcionais existentes para o efeito.
É aplicada porque pretende utilizar o modelo concetual, com o objetivo de testar na prática as ações estratégicas - parcerias e a sua eficiência como ferramenta para estudos de atuação no setor - ensino superior de design.