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2.5 Design e Design Thinking

2.5.1 As várias abordagens do design thinking

2.5.1.5 Design Thinking, por Tim Brown

Na visão de Brown (2010), o design thinking é um processo exploratório de ideias e novos direcionamentos. Além disso, o designer deve aceitar as limitações e restrições, pois essas constituem o fundamento do design thinking.

As restrições podem ser mais bem visualizadas em função de três critérios sobrepostos para boas ideias: praticabilidade (o que é funcionalmente possível num futuro próximo); viabilidade (o que provavelmente se tornará parte de um modelo de negócios sustentável); e desejabilidade (o que faz sentido para as pessoas) (brown, 2010, p. 18).

Ou seja, é preciso encontrar o equilíbrio e a integração entre a eficiência, a inovação tecnológica e os desejos e necessidades humanas. Os designers thinkers navegam entre elas com criatividade, mudam o foco do problema para o projeto.

Estes três critérios são utilizados pelo Instituto de Design de Stanford como critérios de inovação em design (figura 6).

INOVAÇÃO EM DESIGN

VALORES HUMANOS (desejável) TECNOLOGIA (praticável) NEGÓCIO (viável)

No modelo proposto por Brown (2010, p. 16) “há pontos de partida e pontos de referência úteis ao longo do caminho, mas o continuum da inovação pode ser visto mais como um sistema de espaços que se sobrepõem do que como uma sequencia de passos ordenados”.

Figura 6: Critérios de inovação em design

Fonte: CASAS E MERINO (2011), adaptado de Instituto de Design de Stanford.

O design thinking pode ser entendido como um modo de ver, que retira-se do pensamento analítico e mergulha numa nova forma de ver o mundo das organizações, com abordagem centrada no ser humano e nas observações do comportamento dos consumidores. Os três espaços sobrepostos à “criação”, são a inspiração, idealização e implementação, conforme figura 7.

A inspiração é fase onde há a coleta de insights, trata de compreender como as pessoas relacionam-se com o mundo onde vivem. Observar as (verdadeiras) experiências, os comportamentos das pessoas ao longo do dia, os chamados “atos impensados” como “o dono de uma loja que usa um martelo como calço de porta; o trabalhador de escritório que cola etiquetas de identificação na selva de cabos de computadores embaixo da mesa” (BROWN,

2010, p. 39). Esses comportamentos podem fornecer informações a acerca de necessidades não atendidas, é preciso ver o que as pessoas não fazem, escutar o que elas não dizem.

Ao entender o consumidor de maneira profunda e ampla faz-se possível recompor o desafio do negócio através dos olhos do usuário final estabelecendo, assim, um contexto humano de inovação e criação de valor (CASAS; MERINO, 2011).

Figura 7: Modelo de Design Thinking

No segundo espaço do processo do design thinking, a ideação ou idealização, é a fase da análise e síntese, na qual se começa a organizar e interpretar as informações obtidas na coleta de dados. Brown (2010, p. 65) define síntese como “o ato de extrair padrões significativos de grandes volumes de informações não processadas, é um ato fundamentalmente criativo; os dados não passam disso – dados – e os fatos nunca falam por si”.

É também nessa fase que se começa a gerar, desenvolver e testar ideias. Brown (2010) explica esta etapa por meio do pensamento convergente e divergente. No pensar convergente, culturalmente, aprendemos a unir uma série de informações, analisá-las e convergir para uma única resposta, esse pensamento é uma forma prática de decidir entre alternativas existentes, porém, não é viável na criação de novas possibilidades. Então, o pensamento divergente, que atua como agente multiplicador de opções a fim de criar escolhas.

Pode se tratar de diferentes tipos de insights no comportamento do consumidor, visões alternativas de novas ofertas de produto ou escolhas entre formas alternativas de se criarem experiências interativas. Ao testar ideias concorrentes comparando-as umas com as outras, são maiores as chances de o resultado ser mais ousado, mais criativo e mais atraente (BROWN, 2010, p. 63).

Nessa etapa também é importante grupos de pessoas com formações diversas e multidisciplinares envolvidas no processo. “Arquitetos, psicólogos, engenheiros com seus pensamentos e visões divergentes podem contribuir de maneira efetiva ao processo” (CASAS; MERINO, 2011, p. 04).

Porém, encontrar a solução não encerra a etapa da idealização, uma vez que faz-se necessário materializar a ideia e vendê-la ao cliente. Após organizar e interpretar o conjunto de dados coletados passa-se a montar dados a fim de construir uma história coerente. Para Brown (2010, p. 65), construir a história significa construir um raciocínio lógico o suficiente de modo que a solução faça sentido claro com a situação em questão. “Uma vez que a ‘matéria-prima’ foi sintetizada em uma narrativa coerente e inspiradora, uma síntese de nível mais elevado é acionada”.

A implementação é marcada como a etapa onde há a criação e desenvolvimento de protótipos do projeto, a fim de testar e refinas as ideias geradas na ideação. Protótipos fáceis e simples de executar auxiliam na minimização de erros e chegar a uma ideia potencial sem esgotar recursos. Ao fim dessa etapa faz-se necessário desenvolver uma estratégia de comunicação para explicar a ideia final (CASAS; MERINO, 2011). E para isso, a utilização de histórias e apresentações podem se mostrar mais envolventes que programas de

apresentação de slides quanto se pretende contar com a adesão das pessoas (NEUMEIER, 2010).

Quanto mais o design thinking expandir-se pela organização, atingindo todos os níveis hierárquicos, a empresa pode descobrir novas oportunidades de mercado, definindo estratégias de crescimento e evolução.

Assim como as teorias do design thinking desenvolvidas por demais autores, inspiração, idealização e implementação, são espaços sobrepostos e não estágios sequenciais de uma metodologia inflexível.

Para sintetizar os principais autores que discorrem acerca do design thinking propõem- se o quadro 3:

Quadro 3: Quadro comparativo autor/teoria design thinking

OS MODELOS DE DESIGN THINKING PROPOSTOS PELOS AUTORES BROWN (2010) MARTIN (2010) PINHEIRO (2011) FRASER (2012) VIANNA et al (2013)

PRIMEIRA FASE INSPIRAÇÃO MISTÉRIO

DESCOBRIR DEFINIR

1ª MARCHA

(Exploração) IMERSÃO

SEGUNDA FASE IDEAÇÃO HEURÍSTICA DESENVOLVER

2ª MARCHA (Desenvolvimento do Conceito) IDEAÇÃO TERCEIRA FASE IMPLEMENTA-

ÇÃO ALGORITMO DELIVERAR

3ª MARCHA (Design Estratégico

para negócios)

PROTOTIPA- ÇÃO

Fonte: Compilado pela autora (2013)

As teorias de design thinking proposta pelos autores pressupõe a divisão em três fases, é possível também utilizar mais de uma metodologia ou várias ao mesmo tempo, tudo depende do projeto em que se está trabalhando e dos resultados que se pretende alcançar.

Na proposta de Brow (2010) a etapa da inspiração busca entender, observar e sintetizar, a ideação ter por objetivo montar protótipos e por fim a fase de implementação que visa implementar a solução ao mercado.

O funil do conhecimento, proposto por Martin (2010) envolve a análise de um mistério, a restrição da área de investigação, pela heurística, e por fim o algoritmo a organização da heurítisca para solução do problema.

O processo do diamante duplo de Pinheiro (2011) é o único que utiliza quatro etapas, porém as duas primeiras, descobrir e definir podem ser encaixadas na primeira etapa dos demais pesquisadores.

Enfim, por mais que sejam tratadas por nomes diferentes as etapas propostas pelos autores, basicamente, seguem os mesmos passos, a identificação do problema, coleta de dados e implementação da solução. Portanto, para fins desse estudo opta-se duas abordagens do design thinking, o modelo proposto por Brown (2010) e modelo de Vianna et al (2013).

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