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A inovação abrange e incorpora diversas outras ideias e conceitos, como de novidade e mudança. Não há uma definição única sobre o termo, pois cada autor/pesquisador, ao longo do tempo atribui-lhe significados com base nas pesquisas realizadas e resultados obtidos.

Do latim innovare, o termo “inovação” tem uma tradução aproximada de “alterar a forma de algo estabelecido para criar algo novo” (PINHEIRO; ALT, 2011, p. 17). Ainda, Barbieri; Álvares (2004) destacam que inovação vem da palavra innovatione entendida como renovado, tornado novo.

Indiscutível é o fato de que a inovação é determinante para a diferenciação de empresas. Com a disseminação do Total Quality Management, nos anos 90, nasce um novo caminho para a inovação, não mais ligado apenas a soluções tecnológicas e sim visando aprimorar produtos e processos. Além de soluções tecnológicas é preciso explorar novos mercados, novas formas de contato com clientes a fim de satisfazer as necessidades destes (VIANNA et al, 2012).

Porém, melhorias na experiência do cliente não podem ser realizadas unicamente por meio de processos e mentalidades tradicionais, precisa-se adotar uma nova abordagem. No cenário de competição global, pequenas e grandes empresas já haviam percebido a necessidade de superioridade tecnológica ou excelência em desempenho, assim este fato não era mais novidade, não era mais inovação (VIANNA et al, 2012).

A intensa necessidade de diferenciação pelas empresas faz com que o design se tornasse cada vez mais estratégico. E se produtos e serviços de uma empresa trouxerem embutidos em si os valores, perspectivas competitivas e princípios de qualidade da empresa

nada mais coerente que esses produtos e serviços ganharem também um destaque estratégico. As empresas que já adotaram o processo de design em sua estrutura, ou seja, focando no ser humano e na multidisciplinaridade, guiam o consumidor para uma experiência de interação com um produto ou serviço (VIANNA et al, 2012).

A lei federal brasileira nº 10.973, dispõe como inovação a “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços”. Já no caso da inovação tecnológica esta constitui-se como o desenvolvimento de bens, produtos ou processos aperfeiçoados na organização, sendo que para isso não há obrigatoriedade de ser novo no mercado ou setor em que a empresa atue, ocorre o novo – inovação – quando o produto ou processo passa a atuar na empresa (GOULART; MONTIBELLER, 2010).

Nessa mesma perspectiva, Pinheiro e Alt (2011) trazem em seus estudos a inovação como fator preponderante do design thinking, onde esta não está necessariamente ligada a um avanço tecnológico, uma vez que a tecnologia é considerada commodity ao passo que inovação é significado.

A fim de propagar a visão da inovação aos seus clientes, o estúdio de criação live|work Brasil, consultoria de inovação focada na construção e melhoria de serviços, elaborou, durante um brainstorm, uma lista de dez boas práticas declarando o que, genuinamente, não é inovação (PINHEIRO; ALT, 2011):

1) Aquela rede social não é uma inovação;

2) O aplicativo que você está desenvolvendo para o iPhone, iPad ou Android não é uma inovação;

3) A embalagem mais bonita e diferente do mercado não é uma inovação; 4) Aquela ideia fantástica não é uma inovação;

5) O hardware mais rápido do mundo não é uma inovação; 6) O software mais esperto do mundo não é uma inovação; 7) Aquilo que você pensou “fora da caixa” não é uma inovação;

8) Aproveitar a “janela” de lançamento e correr para colocar logo algo no mercado não o posicionará como inovador;

9) O mais novo avião de sua frota, sozinho, não é uma inovação;

10) Não adianta espernear para todos que a sua marca é inovadora. Isso não o posiciona como inovador.

Explicando o item nove da lista, os autores destacam: “E nem a nova fachada ou o interior decorado e high-tech da sua loja. (...). São os processos e pessoas que giram em torno disso que criam o meio através do qual consumidores interagem com a sua marca”.

Ou seja, entender processos e pessoas torna-se muita mais importante do que a tecnologia e/ou estrutura física presente no empreendimento, sem o foco nas pessoas não há inovação. Ainda, de acordo com o autor “a inovação é fruto da criatividade colocada em prática com o intuito de gerar resultados positivos para o negócio e criar impacto positivo para as pessoas” (PINHEIRO; ALT, 2011, p. 24).

Por sua vez, Bes e Kotler (2011) também avaliam que sem criatividade não há inovação. Os autores ainda ressalvam que nem sempre inovação está atrelada à nova tecnologia, mas sim como novos modos de aproveitar as tecnologias existentes.

Também observam que não se deve confundir inovação com criatividade, uma vez que ideias e novas tecnologias sozinhas não são suficientes. “O processo de inovação deve ter pessoas para gerenciá-lo; novas habilidades, mas relacionadas com o gerenciamento empresarial, são necessárias para garantir o sucesso da materialização da ideia no mercado” (BES; KOTLER, 2011, p. 21).

A outra questão fundamental sobre quando se estuda eventos de inovação é saber de onde ela surgiu. De Masi (2003, p. 555) destaca que hoje o impulso para renovar pode vir de diferentes lugares: do acaso, do insucesso, do mercado, dos fornecedores, parceiros, clientes, gerentes, operários. “Outras vezes [a inovação] resulta de novas descobertas e de novas tecnologias que estimulam novas necessidades ou que permitem, finalmente, satisfazer necessidades incubadas por muito tempo”, e cita como exemplo o caso da substituição do vinil pelo CD.

O ato de inovar pode ser estimulado também por migrações, alterações demográficas e sociais e até do aumento da criminalidade. Na maioria das vezes, um novo produto, serviço ou método engloba e incorpora ideias já existentes, que num primeiro momento, podem não apresentar congruência alguma.

Para muitos autores, no nível organizacional, o sucesso de inovação aplicada – gerando rendimento econômico – apresenta-se como introduzir inovações em produtos e processos. A inovação de produtos refere-se a introduzir no mercado novos produtos, o que significa maior abrangência e participação, além de melhor rentabilidade. Levando em conta que o ciclo de vida dos produtos é cada vez menor, portanto, exigindo do mercado versões novas e melhoradas (MOREIRA; QUEIROZ, 2007).

O modelo Ford T era um exemplo do ritmo da inovação na sociedade industrial, pois “já naquela época um produto era inventado, desenvolvido e lançado. Depois disso, se tinha sucesso, era logo aperfeiçoado, até atingir a fase de maturidade (...) e a substituição por novos produtos melhores” (DE MASI, 2003, p. 554).

Nesse sentido Moreira e Queiroz (2007, p. 3) destacam que a inovação de produtos pode ser vista como a mais evidente e importante modalidade de inovação dentro da organização, pois “sua ligação com o mercado e com a competitividade é imediata”.

No entendimento de Tidd et al (2003, p. 31), Henri Ford mudou drasticamente o conceito de transporte, não por ter inventado o motor ou desenvolvido o processo de montagem do mesmo, mas “sua contribuição residiu em mudar o modelo de um padrão que oferecia um produto artesanal feito sob encomenda por um especialista para poucos clientes abastados, para outro que disponibilizava um automóvel para qualquer cidade a um preço que ele podia pagar”. A mudança artesanal-produção em massa foi uma revolução na forma de criação e venda de carros e demais produtos da época.

Porém, as vantagens geradas pelas empresas inovadoras somente são válidas até o momento em que não são imitadas. “A menos que a organização seja capaz de progredir para uma inovação ainda maior, arrisca-se a ficar para trás, já que os demais tomam a liderança ao mudarem suas ofertas, processos operacionais ou modelos que orientam seus negócios” (TIDD et al, 2008, p. 26).

Para Joseph Schumpeter, considerado ícone da teoria econômica e da inovação, a fim de obter vantagem estratégica, empresários faziam uso da inovação tecnológica com um produto, serviço ou processo. Destacando que isso dará certo por determinado tempo, pois outros empresários tentarão imitá-lo, “disso resultando que outras inovações surgirão e o aumento de novas ideais amortizará os lucros de monopólio até que um novo equilíbrio seja alcançado” (TIDD et al, 2008, p. 27).

Então o ciclo se repete, outro empresário procurará inovações para seu negócio, que posteriormente serão imitadas e superadas. É o que Shumpeter chama de “destruição criativa”, onde a constante busca pelo novo destrói velhas regras e institui novas, buscando sempre novas fontes de lucratividade (TIDD et al, 2008).

Ainda, para Schumpeter (1939 apud PINHEIRO; ALT, 2011, p. 17), a inovação acontece quando há uma mudança dos valores nos quais um sistema está baseado, em sua teoria do Ciclo Econômico “a razão para que uma economia saia do estado de equilíbrio e entre em processo de expansão é o surgimento de inovações que alteram as condições prévias desse equilíbrio”. Continua o autor, que as inovações são fundamentais para o crescimento

econômico e “as inovações abrem espaço para novas formas de prosperidade, e esta reorganização de valor é fundamental para manter uma economia crescendo”.

Fechando com a definição de Peter Drucker (1962, p. 64 apud Barbieri; Alvares, 2004, p. 16) “a inovação pode tomar a forma de menor preço; mas também podem ser um produto novo e melhor (mesmo por um preço mais alto), uma nova comodidade ou a criação de uma nova necessidade. Pode ser o encontro de novas finalidades para produtos velhos”.

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